Rodrigo Galo Quintino

RELEITURAS DO PERÍODO “MUROMACHI BAFUKU” ATRAVÉS DO FILME OS SETE SAMURAIS
Rodrigo Galo Quintino

Introdução
Os temas e conteúdos históricos são recorrentes as salas de cinema desde os primórdios da sétima arte, tornando a ficção histórica um dos gêneros mais apreciados entre os espectadores. Kornis (1992) ressalta, no entanto, que ao abordarem determinados períodos ou acontecimentos históricos, os filmes não retratam a realidade em si, mas trazem uma reconstrução desta utilizando uma linguagem artística própria, construída de acordo com o contexto histórico no qual são produzidos.

O presente trabalho busca uma breve reflexão sobre o filme Os sete samurais (1954) dirigido pelo celebre cineasta japonês Akira Kurosawa, com o objetivo de analisar as releituras apresentadas a respeito do período histórico apresentado. Também é proposto verificar quais foram as influencias do diretor para o desenvolvimento de tal representação da realidade.

Desta forma se fazem necessárias algumas abordagens e técnicas específicas para tomar um filme como material de pesquisa. Vanoye e Goliot-Lete (2002) argumentam que para uma melhor analise é necessário à desconstrução, de forma mais ou menos aprofundada, do filme, obtendo assim os diversos elementos distintos que formam a obra em conjunto. Napolitano (2015) aponta também três possíveis abordagens para trabalhar a relação entre História e cinema, sendo elas: Cinema na História, História no cinema e História do cinema.

O filme e as influencias de Akira Kurosawa
Lançado em 1954, Os sete samurais é um filme japonês dirigido por Akira Kurosawa, considerado um dos maiores cineastas da história do Japão, produzido pela empresa Toho sob o comando de Sojiro Motoki, e com a distribuição brasileira pela Europa Filmes.

O filme se passa no inicio do século XVI, período no qual o Japão passava por uma violenta guerra civil. É apresentada uma aldeia de produtores rurais constantemente atacada por saqueadores. Em uma medida desesperada para não morrerem de fome, os moradores decidem contratar samurais para defender o vilarejo.

Com três atos bem definidos, o filme retrata a busca dos aldeões pelos samurais e as motivações pessoais de cada um para entrar na causa até chegar a um total de sete, a elaboração de um plano e o treinamento dos camponeses para enfrentar os saqueadores e a batalha final e decisiva. A película se divide em dois momentos, separados por uma inscrição acompanhada de trilha sonora, que dura cerca de 10min.

Kurosawa desenvolve muito bem a relação entre os personagens, mostrando aspectos do cotidiano do vilarejo e apresentando uma possível interpretação acerca da figura do samurai dentro do imaginário popular do período. Aspectos a respeito da cultura e mentalidade dos samurais também são evidenciados.

As atuações carregam um elevado grau de intensidade, o que indica uma possível influencia do teatro tradicional japonês, em especial o teatro de comedia chamado de kyôguen.

A presença de elementos dos westerns, filmes que retratam a expansão para o oeste dos Estados Unidos, também pode ser observada, sobretudo o trabalho do diretor norte-americano John Ford.

A respeito das influencias dos westerns na cinematografia mundial Vugman (2006) argumenta que “[...] o sucesso do gênero não se limitou ao público; sua influência sobre a cinematografia de outros países pode ser observada em filmes de samurais japoneses [...]”. Vieira e Alencar (2016, p. 272) também discorrem a respeito do assunto:

“Durante toda a sua história, o cinema de samurai influenciou e foi influenciado pela cinematografia ocidental. Essa troca pode ser vista de forma clara na relação entre os filmes de samurai e os de faroeste. Tanto Akira Kurosawa quanto Masaki Kobayashi, dois importantes diretores de filmes de chanbara, por exemplo, citam John Ford como uma influência importante para suas obras. Os filmes de Kurosawa em particular foram fonte de inspiração para uma grande variedade de filmes de faroeste.”

Os sete samurais serviria futuramente de inspiração para outro western, a produção Sete homens e um destino (1960). O mesmo movimento pode ser observado em outras obras do diretor, como Yojimbo – O guarda costas (1961), que serviu de base para o filme Por um punhado de dólares (1964), dirigido pelo italiano Sérgio Leone (THORNE, 2008).

Os aspectos interculturais apresentados em sua obra tornaram Kurosawa extremamente bem sucedido fora do contexto japonês, como destaca Novielli (2007, p. 192):

“Kurosawa é, sem dúvida, o mais conhecido de todos os diretores japoneses no Ocidente, e seus filmes sempre tiveram as maiores probabilidades de distribuição em todos os países; talvez esteja também entre os principais objetos de estudo e fontes de inspiração para os diretores ocidentais”.

O período Muromachi Bakufu
Durante o chamado período Kamakura (1192-1333 d.C), conhecido como período dos governos militares, o Japão sofreu com tentativas de invasões mongóis, forçando os governantes a investir fortemente em seu exercito. Destaca-se no período que o poder político não se encontrava no imperador, mas nos membros da família Hojo (YAMASHIRO, 1964).

Yamashiro (1964) argumenta que após a expulsão dos invasores, devido aos muitos gastos bélicos, o governo entrou em uma fase de instabilidade econômica, sem poder premiar os samurais que se destacaram nas batalhas e passavam dificuldades devido aos gastos de guerra.

Aproveitando-se da situação, o Imperador Godaigo Tenno, sob o auxilio de Takauji Ashikaga, um general que se rebelou contra o governo vigente, consegue reconquistar o poder político pondo fim ao xogunato de Kamakura.

O mesmo autor (1964) afirma que Takauji Ashikaga por sua vez, após não ter seu pedido de se tornar xogum atendido, se rebelou novamente, agora contra o próprio imperador, colocando um membro da família Komyo, rival da família imperial, no titulo de imperador em Kyoto e conquistando o titulo de desejado. Com isso Godaigo foi forçado a fugir para Yoshino, levando o exemplar verdadeiro do cetro real e fundando sua própria corte que rivalizava com a de Kyoto.

Segundo Henshall (2014) Godaigo fugiu de Kyoto para Yoshino, onde estabeleceu sua corte, deixando o Japão com dois imperadores. A dualidade prosseguiu até Yoshimitsu (1358-1408 r. 1369-1395), neto de Takauji, reunificar as duas prometendo aos membros da corte de Yoshino, chamada de corte do sul, que alternariam no poder com os de Kyoto, ou corte do Norte. A linhagem da corte do Sul, porém, deixou de existir em pouco tempo, pois Yoshimitsu não cumpriu sua promessa.

Com a unificação das cortes do Norte e do Sul se consolidou o xogunato de Ashikaga, período conhecido como Muromachi Bakufu, datado de aproximadamente 1333 a 1568 d.C. e marcado por uma grande desorganização administrativa.

Como apresenta Yamashiro (1964, p. 81) “[...] o shogunato de Ashikaga, que governou o Japão por cerca de 250 anos, foi caracterizado por um caos quase permanente e intermitente guerra civil”. Tal característica se evidenciou devido ao estilo de vida caro e o descuido com a administração pública por parte dos xoguns, iniciado por Yoshimitsu, que se entregou a um luxo excessivo causando um déficit no tesouro, forçando o xogunato a aumentar a cobrança de impostos e causando um grande descontentamento da população.

Segundo Sakurai (2007), tanto os camponeses, que tinham seus produtos e terras taxados, como os comerciantes, obrigados a pagar impostos e pedágios pelo transporte de suas mercadorias, demonstraram insatisfação com as politicas adotadas pelo xogum, se rebelando em uma série de levantes e revoltas e ocasionando o enfraquecimento político e econômico. A mesma autora (2007) afirma que os gastos para conter as manifestações acabavam por forçar a cobrança de mais impostos, gerando assim um circulo vicioso.

Para Henshall (2014), a maior das revoltas é a chamada guerra civil de Onin, que durou aproximadamente de 1467 a 1477, revelando a incapacidade do xogunato de conter a agitação da sociedade e inaugurando um período de distúrbios civis conhecido como Era dos Sengoku, ou estados em guerra.

As representações apresentadas no filme
O filme se inicia mostrando os saqueadores sondando o vilarejo agrícola onde se desenvolve grande parte da trama. Kurosawa opta por introduzir os antagonistas primeiro, passando a sensação de real ameaça para o vilarejo, que é apresentado como imerso na pobreza. Os habitantes do local em um ato desesperado, após se reunirem para debater o assunto e consultarem o patriarca do local, decidem por contratar samurais para defendê-los contra os invasores.

Durante os períodos compreendidos antes da restauração Meiji, as famílias entre os agricultores possuíam uma estrutura patriarcal, onde os chefes das famílias as representavam nos conselhos das aldeias (SAKURAI, 2007). Tais características se evidenciam nas cenas iniciais, onde, após uma longa discussão, os habitantes buscam o conselho do patriarca mais velho da aldeia para decidir qual medida deve ser tomada.

Outro aspecto introduzido no inicio, e que é revisitado diversas vezes durante o filme, é o aparente temor por parte de alguns camponeses para com os samurais. Observa-se uma clara objeção por parte de alguns com o conselho do ancião da aldeia de contratar samurais para defendê-los.

Alguns personagens mostram também uma relativa aceitação com a situação em que se encontra a aldeia, que é evidenciada pelo discurso por eles empregado de que essa seria sua sina, e que camponeses são destinados a sofrer. O diretor introduz assim a ideia de diferença de classes sociais no Japão do período abordado.

Sobre isso, Yamashiro (1964) afirma que desde o período Kamakura já havia se estabelecido uma divisão composta por classes sociais distintas.

Mesmo com a aparente divergência de opiniões, o conselho é acatado, e um grupo de quatro camponeses liderado por Rikichi (Yoshiro Tsuchiya) vai até a cidade mais próxima à procura dos samurais, tarefa que se mostra difícil uma vez que teriam de encontrar guerreiros saudáveis e dispostos a lutar apenas por comida.

O primeiro samurai a se juntar ao grupo é Kambei, interpretado por Takeshi Shimura. Na cena de introdução do personagem, para realizar o resgate de uma criança que foi feita refém por um bandido, Kambei se disfarça de monge tendo que raspar seu cabelo. Fingindo oferecer comida ao sequestrador, ele rapidamente entra no local onde a criança estava preza e a salva.

O ato de astúcia e habilidade chama atenção dos camponeses e do jovem Katsushiro, interpretado por Isao Kimura, que deseja se tornar um samurai e passa a caminhar com Kambei. Os aldeões veem a oportunidade e os convidam para a missão. Após ponderar Kambei aceita o desafio, traçando um plano de defesa no qual deduz que seriam necessários sete samurais.

Com a ajuda de Katsushiro, Kambei recruta outros samurais para a missão, sendo eles: Gorobei Katayama, interpretado por Yoshio Inaba; Shichiroji, amigo de Kambei vivido por Daisuke Kato; Minoru Chiaki, interpretado por Hayashida Heihachi e Kyūzō, por Seiji Miyaguchi.

O ultimo a se juntar ao grupo é Kikuchiyo, vivido por Toshiro Mifune em grande atuação. Esse, embora se apresente como um samurai e carregue uma espada, é extremamente desajeitado, bruto e temperamental.

A questão do temor pelos samurais é novamente abordada na película. Em um ato extremo, a personagem Shino, interpretada por Keiko Tsushima, é forçada por seu pai, Manzo (Kamatari Fujiwara) a cortar o cabelo, se vestir como um homem e se esconder na floresta. Os demais moradores se escondem em suas casas, de modo que os samurais, ao chegarem ao vilarejo, o encontram vazio e com aparência de desabitado.

O panorama muda rapidamente quando, enquanto os recém-chegados estão em uma audiência com o patriarca do vilarejo, é ouvido o barulho do sino que avisa da chegada dos invasores. Os moradores, em desespero, saem apressadamente de suas casas se aglomerando em volta dos samurais e suplicando por ajuda. Kikuchiyo revela então que não existia invasão, e ele próprio havia soado o alerta para forçar os aldeões a sair de suas casas, e expor para todos sua indignação com a maneira que foi recebido.

O temor e desconfiança da população se justificam pelo fato do Muromachi Bakufu ser comandado exatamente por samurais. O próprio Takauji Ashikaga participava da classe dos bushi (IBID, 1964).

Observa-se tal aspecto em outra cena apresentada posteriormente no filme, na qual Kikuchiyo encontra armaduras e diversas vestimentas de guerra escondidas com Manzo e as leva para os demais bushi, para que possam utiliza-las na batalha. Logo que veem o encontrado, eles o repreendem dizendo que é desonroso para um samurai utilizar as vestimentas de um companheiro morto. Fica implícito que os pertences eram de samurais mortos pelos próprios aldeões. Kikuchiyo se irrita, alegando que os camponeses eram sim astutos, mesquinhos, oportunistas e assassinos, e que quando farejam a batalha, caçam o derrotado. Mas que, quem os havia deixado daquela maneira eram os próprios samurais. Após a situação se estabilizar, os samurais traçam um plano de defesa iniciam o treinamento com os aldeões.

Henshall (2014) diz que durante o período em questão, interesse e medo eram mais determinantes que lealdade. Tal característica pode ser observada tanto no comportamento de alguns samurais do período, quanto dos camponeses.

Durante todo o segundo ato do filme, Kurosawa desenvolve a relação entre os samurais, e a interação com os moradores da aldeia. A película utiliza da caracterização do passado para tratar de diversos temas pertinentes ao período em que foi produzida, característica originaria das peças de teatro jidaimono, originarias do século XVII (VIEIRA E ALENCAR, 2016).

Enquanto Kambei e Shichiroji analisam a aldeia, Katsushiro encontra Shino na floresta. O jovem, em uma luta corporal, percebe que se trata de uma garota e passa a visita-la periodicamente, chegando a lhe oferecer o arroz que recebia como pagamento. Shino opta por levar o alimento até uma idosa que vivia sozinha, cujos parentes foram mortos pelos saqueadores. Katsushiro é visto por Kyuzo entregando seu arroz a Shino. O jovem revela então a situação da senhora aos demais samurais, que passam a ajuda-la. Velhice, morte e miséria, temas comuns à sociedade japonesa na década de cinquenta, em reconstrução após o fim da segunda guerra mundial, são trabalhados através desta senhora.

Através da relação entre Shino e Katsushiro, o filme explora novamente a questão da desigualdade social. Em diversos momentos é mostrada a dificuldade de ficarem juntos devido a pertencerem a grupos sociais diferentes.

Em certo momento da película, três espiões são vistos próximos a aldeia. Após Kikuchiyo ser visto por descuido, os demais bushi os perseguem, matando dois deles e capturando o terceiro, que revela o esconderijo dos bandidos. Os moradores da aldeia, enfurecidos, tentam linchar o espião sobrevivente enquanto os samurais os contem. A população só para as investidas quando a idosa surge com um instrumento agrícola na mão. Os samurais não a impedem de vingar a morte de seu filho.

Em uma investida com o intuito de diminuir o número de adversários na grande batalha, Minoru Chiaki, Kikuchiyo e Kyuzo queimam o local de estadia dos bandidos.

Na cena é revelado que Rikichi teve sua esposa, Heinachi, tomada pelos saqueadores. Minoru Chiaki, na tentativa de impedir Rikichi de entrar na casa em chamas e salvar sua amada, acaba sendo atingido por um tiro. Rikihi não consegue salvar Heinachi, que morre queimada junto a casa em chamas.

As cenas seguintes mostram também o passado de Kikuchiyo. Para executar o plano de Kambei três casas da aldeia e o moinho no qual o patriarca vivia precisariam ser evacuados. O patriarca, no entanto, se recusa a deixar seu lar. Com a chegada dos bandidos, o moinho é queimado com o patriarca, um jovem casal e seus filhos dentro. Kikuchiyo corre para a construção tentando retirar as pessoas de lá. Salvando uma criança, ele chora e revela que era filho de camponeses, e que aquilo havia acontecido com ele em sua infância.

O terceiro ato inteiro é dedicado à batalha dos os camponeses e bushis contra os saqueadores da aldeia. Kyuzo consegue sozinho atacar os adversários em sua guarnição e pegar uma arma de fogo. Kikuchiyo vendo a façanha decide se provar e abandona seu posto tentando conseguir também uma arma. O posto em que ele era responsável fica vazio, sendo atacado pelos saqueadores, que conseguem matar Gorobei.

Durante a noite que antecede a batalha final, Katsushiro e Shino tem seu amor consumado. Manzo, ao procurar sua filha para se despedir, acaba por flagrar o casal dormindo junto. Furioso, o pai arrasta Shino para o pátio principal da aldeia, reprimindo-a e a castigando duramente por, segundo ele, ter sido seduzida por um samurai. A cena aborda repressão sexual e liberdade feminina, temas intrínsecos e pertinentes à sociedade da época de produção da película, visto que Sakurai (2007) destaca um choque de mentalidades a respeito do papel feminino na sociedade japonesa pós-guerra, quando o aumento dos direitos das mulheres contrastavam com os valores tradicionais. 

Após Shichiroji tentar acalmar Manzo, Rikichi o repreende, argumentando que os jovens se amam, e que sua filha não havia sido entregue aos bandidos.

O filme utiliza muito bem o efeito da chuva na batalha final que ocorre na manhã seguinte a da cena acima citada. Kyuzo morre por um tiro. Kikuchiyo, tentando vingar companheiro, também é acertado. Antes de morrer, porém, ainda consegue derrotar o líder dos saqueadores.

Sobrando apenas Kambei, Shichiroji e Katsushiro, como samurais vivos, a batalha termina com vitória dos aldeões, que conseguem se defender.

O filme se encerra com os aldeões cantando e cultivando arroz. Katsushiro observa Shino trabalhar na lavoura. Segundo Sakurai (2007) o trabalho dos camponeses era efetuado tanto por homens como por mulheres, como é evidenciado na cena.

Kambei observa o local onde foram enterrados os quatro samurais mortos, e comenta com Shichiroji que eles haviam sido derrotados naquela batalha, mas os aldeões ganharam, confirmando uma fala do inicio do filme, na qual argumenta com Katsushiro que nunca havia ganhado uma batalha.

Considerações Finais
A respeito de Kurosawa, Novielli (2007, p. 193) que destaca que “A complexidade artística de sua filmografia e a extrema riqueza estilística o tornaram um dos diretores mais importantes de toda história do cinema [...]”.

Visualmente belo e inovador, Os sete samurais faz jus as palavras da autora. Apresentando uma ambientação histórica extremamente bem executada, o filme promove uma releitura interessante do período Muromachi Bakufu ao mesmo tempo em que demonstra sensibilidade ao tratar de temas pertinentes a sociedade japonesa da década de cinquenta.

Referências
Rodrigo Galo Quintino é discente de Licenciatura em História pela Universidade do Sagrado Coração (USC – Bauru/SP).  
Mail: rodrigogquintino@outlook.com

HENSHALL, Kenneth G. História do Japão. 2 ed. Lisboa: Edições 70, 2014. 
KORNIS, Mônica Almeida. História e cinema: um debate metodológico. Estudos históricos, Rio de janeiro, v. 5, n. 10, p. 237-250, 1992. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/view/1940>. Acesso em: 01 de jun. de 2017.
NAPOLITANO, Marcos. A História depois do papel. In: PINSKY, Carla Bassanezi (org.). Fontes Históricas. 3 ed., 2 reimpressão. São Paulo: Contexto, 2015. p. 235-290.
NOVIELLI, Maria Roberta. História do cinema japonês. Tradução: Lavínia Porciúncula. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2007.
Os sete samurais. Direção: Akira Kurosawa. Produção: Sojiro Motoki. Japão: TOHO C. Ltda., c1954. 1 DVD (207min), fullscreen, preto e branco.
Por um punhado de dólares. Direção: Sérgio Leone. Produção: Arrigo Colombo e Giorgio Papi. Itália, Espanha, Alemanha: Paragon Multimedia, c1964. 1 DVD (99min), widescreen, color.
SAKURAI, Célia. Os Japoneses. São Paulo: Contexto, 2007.
Sete homens e um destino. Direção: John Sturges. Produção: John Sturges. Estados Unidos da América: Mirisch Company, c1960. 1 DVD (128min), wildescreen, color.
THORNE, Roland. Samurai Films. England: Kamera Books, 2008.
VANOYE, Francis; GOLIOT-LETE, Anna. Ensaio sobre análise fílmica. Tradução: Marina Appenzeller. 2 ed. Campinas: Papirus, 2002.
VIEIRA, Marcelo Dídimo Souza; ALENCAR, Jorge Couto de. Chanbara: História e honra no cinema de samurai japonês. Pós, Belo Horizonte, v. 6, n. 12, p. 157 - 174, novembro, 2016. Disponível em: <https://www.eba.ufmg.br/revistapos/index.php/pos/article/view/453>. Acesso em: 20 de jun. de 2017.
VUGMAN, Fernando Simão. Westerns. In: MASCARELLO, Fernando (org.). História do Cinema Mundial. Campinas: Papirus, 2006.
YAMASHIRO, José. Pequena História do Japão. São Paulo: Editora Herder, 1964.
Yojimbo – o guarda costas. Direção: Akira Kurosawa. Produção: Tomoyuki Tanaka e Ryuzo Kikushima. Japão: TOHO C. Ltda., c1961. 1 DVD (110min), widescreen, preto e branco.

8 comentários:

  1. Adoro os 7 Samurais não apenas por um ser um filme maravilhoso em termos cinematográficos mas por retratar uma aspecto mais humanizado da imagem do samurai para além do "guerreiro honrado". Mais do que um exemplo de ideal a ser alcançado, o caminho do guerreiro, o bushido, tem um aspecto profundamente definidor da identidade niponica que implica na busca de equilíbrio entre as ambições pessoais e o contexto social ao qual indivíduo está inserido.É justamente dentro desta tensão que os samurais de Kurosawa se constroem e mais do que serem figuras idealizadas,eles são ferramentas de profunda crítica social tanto do passado quanto o presente japonês. A versão anime dos 7 Samurais também carrega a marca e espírito do filme original, mesmo sendo ambientado em um Japão futurista distópico, povo de samurais que abandonaram seus corpos para habitar gigantescos corpos robóticos.
    Luiz Felipe Urbieta Rego

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    1. Olá Luiz, muito obrigado pelo comentário.

      O Akira Kurosawa influenciou e ainda influência diversos diretores, e promoveu inumeras inovações cinematográficas, mas ele é um dos meus diretores favoritos principalmente pelos aspectos que você destacou.

      Você destacou bem que bushido e os bushi tiveram e tem uma enorme influência na identidade nipónica, Os Sete Samurais explora isso fugindo da figura idealizada do samurais, trabalhando dessa forma diversos aspectos referentes a conflitos socio-culturais e de mentalidade do Japão pós-guerra. Kurosawa sabe utilizar o plano de fundo histórico para tratar de assuntos contemporâneos a ele.

      Rodrigo Galo Quintino

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  2. Boa noite, Rodrigo.
    Até onde eu saiba, "Os Sete Samurais" é uma das obras mais famosas de Kurosawa, no que diz respeito aos filmes sobre bushi. Pois, de modo geral, além desses há igualmente obras suas que retratam a vida no cotidiano, como "Viver", por exemplo.
    Sabendo, então, que em seus "chambara" dialogam com elementos dos westerns produzidos em países do Ocidente (tornando, para nós, a narrativa bastante envolvente), gostaria de lhe formular algumas questões.
    Esse envolvimento que acontece ao assistir os "jidaigeki" de Kurosawa, nem sempre ocorre ao ver-se outros de seus filmes que tratem de temáticas distintas. Justamente porque às vezes parece não haver uma ponte com o que nós ocidentais estamos acostumados a presenciar em material audiovisual, deixando clara a existência de questões um tanto obscuras. De certo modo, isso não vem a ocorrer em algumas obras (vide "Dersu Uzala" que transmite conceitos bastante claros ao telespectador). Mas em outras sim, como é o caso de "Madadayo", onde boa parte das piadas e ações dos personagens são estranhas e de entendimento um tanto complicado àquele que as vê. Acredito tratar-se de uma questão de distanciamento cultural.
    Assim sendo, o Sr. por acaso não saberia me indicar obras que pudessem ajudar no entendimento de filmes como "Madadayo", ou então de livros que introduzissem o leitor ao universo cultural japonês? Teria igualmente a recomendação de algumas boas biografias sobre o diretor, que estivessem traduzidas para o português ou para o inglês?
    Muito obrigado pela atenção!
    João Antonio Machado

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    1. Boa noite, João.
      Realmente, principalmente devido a proximidade e influencia dos westerns, Kurosawa é muito reconhecido por seus épicos de samurai, de modo que filmes como "Vida", "Sonhos" e "Madadayo" acabam não sendo tão reconhecidos no contexto ocidental. Sem dúvidas o distanciamento cultural é um dos fatores, vide o fato de outros diretores japoneses igualmente importantes em seu contexto, como Yasujiro Ozu e Kon Ischikawa, serem menos conhecidos no ocidente.
      Não conheço nenhum livro ou trabalho acadêmico em português que trate especificamente sobre "Madadayo", mas o livro "Kurosawa: Film Studies and Japanese Cinema" de Mitsuhiro Yoshimoto apresenta um capítulo dedicado ao filme. É também a minha primeira recomendação de obra sobre o diretor.
      Quanto a cultura japonesa, de caráter mais introdutório "Os Japoneses" de Célia Sakurai, e as obras de José Yamashiro, em especial "Pequena História do Japão" e "História da Cultura Japonesa" são bem interessantes. "O Japão: dicionário e civilização", de Luis Fréderic, também apresenta muitas informações interessantes e é bem abrangente.
      Com relação ao Akira Kurosawa, além do livro já citado recomendo a sua autobiografia "Something like an autobiography", o nome foi traduzido para o português como "Relato autobiográfico" e as duas versões não são muito difíceis de encontrar. O livro The Warrior's Camera: The Cinema of Akira Kurosawa de Stephen Prince também é muito interessante.
      Sobre a produção cinematográfica nipônica de maneira mais geral, "História do Cinema Japonês", da Maria Roberta Novielli.
      Agradeço muito o comentário, peço desculpas pela demora e espero ter ajudado de alguma forma.
      Rodrigo Galo Quintino

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    2. Que nada. Não precisa se desculpar não.
      Agora tenho indicações para estudar por um bom tempo. Muito obrigado. Ajudará bastante na minha ampliação de conhecimentos.
      Um forte abraço e bom evento!

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    3. Sou eu quem agradeço. Forte abraço e um ótimo evento!

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  3. Boa noite, Rodrigo.
    Ótima exposição do tema proposto, está de parabéns. Gostaria de saber se em suas pesquisas, você conseguiu traçar as origens da classe guerreira dos samurais e semelhanças dos membros desta classe com seus homônimos dos séculos XVII e XVIII antes da era Meiji?
    Tulio Ribeiro de Almeida.

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    1. Boa noite, Tulio.
      O que pude destacar das pesquisas foi que os samurais muito provavelmente surgiram durante o período Haian, datado de aproximadamente 794 a 1192, segundo José Yamashiro no livro "Pequena História do Japão".
      Devido a falta de forças do governo no período, havia um grande déficit no quesito de proteção, sobretudo nas zonas rurais, o que forçou os proprietários de terra a organizarem grupos para sua proteção e defesa. Esses grupos em questão viriam a ser a classe dos samurais. A própria corte, enfraquecida, começou a recorrer a eles para conter qualquer agitação ou motim que poderiam surgir.
      Sua importância e a confiança que adquiriram dos senhores de terra fizeram dos samurais uma classe muito poderosa, chegando a governar o Japão no período Kamakura, como evidenciado no texto.
      Com a unificação e estabilização após o período Sengoku, o Japão viveu um período de relativa paz, marcando o inicio do declínio dos samurais. É durante essa época que surgiram figuras como Miyamoto Musachi, que escreveu a famosa obra "O Livro dos cinco anéis".
      Os códigos de honra em batalhas dificilmente seriam aplicados em um período de grandes conflitos internos e externos, que exigiam batalhas e ações militares de caráter mais prático, de modo que a construção da imagem do samurai como guerreiro honrado se estabeleceu durante os períodos de paz, ao longo dos séculos XVII e XVIII.
      Agradeço muito pelo comentário, e espero ter ajudado.
      Rodrigo Galo Quintino

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