OS FESTIVAIS EGÍPCIOS: MITO, MAGIA E RELIGIOSIDADE
Maura Regina Petruski
O Egito antigo está presente na contemporaneidade sob as mais diferentes formas, contextos e interesses, isso não podemos negar. Mas o que faz com que essa sociedade desperte o fascínio dos hodiernos, que continuam buscando explicações a partir da materialidade de vários suportes por eles deixados, tentando entender o mundo por eles almejado e construído? A resposta talvez esteja na força dos sujeitos que ali viveram e partilharam, cada qual a sua maneira, ao deixaram suas marcas e contribuições no espaço que elevaram essa sociedade a condição de atemporal predominada pela referência da estruturação de uma realidade conduzida pela diferença e rotulados de distintas formas pelos seus posteriores que tentaram compreendê-los.
Símbolos, traços e particularidade de uma cultura foram eternizados em artefatos que serviram de inspiração que foram apropriados e ressignificados ao longo do tempo, que reafirmam sua monumentalidade diante dos olhos dos observadores, os quais trazem à tona a história de uma sociedade que não se deixou apagar sob o território árido do nordeste africano.
Rosalie David, faz menção a essa perspectiva quando escreveu que,
“os antigos egípcios deixaram um rico legado, o qual, além de monumentos bem-preservados, artefatos e restos humanos, inclui uma extensa literatura religiosa e secular. Todas essas fontes nos possibilitam compreender e interpretar ideias e conceitos que, em alguns casos, se originaram há 5000 anos” (2011, p.40).
E, de certa forma, é a sua perspectiva religiosa que mais despertou a curiosidade, visto que construíram concepções de crenças atreladas a dimensões políticas e sociais que transformaram sua trajetória em práticas de um porvir sustentadas e organizadas num complexo sistema que lhes assegurava a continuação da vida fundamentando condutas e modos para sua existência na tentativa de busca pela imortalidade.
Um amplo panteão de deuses com características antropozomórficas onde homens, animais e forças ocultas se misturavam e estabeleciam um conjunto de crenças transformadas em representações imagéticas que criava uma identidade religiosa, que foram construídas para serem lidas simbolicamente. De acordo com Filoramo e Prandi,
“os comportamentos e sinais, as linguagens e os símbolos são o objeto privilegiado da antropologia religiosa, para a qual a experiência do sagrado interessa não só em suas origens, mas também na sua explicação em mitologias e cosmogonias, crenças e rituais observáveis como experiência humanas” (2003, p.205).
Eram os deuses que concediam benesses aos mortais, sendo que no decorrer da história dessa sociedade, uns foram ganhando mais visibilidade e relevância em relação aos demais, como também o inverso, quando outros foram perdendo o lugar alcançado sendo substituídos.
E para honrá-los os egípcios criaram várias formas de intermediação, dentre elas estão os festivais que refletiam anseios de indivíduos que canalizavam para esses momentos suas forças na busca pela atuação desses seres superiores no mundo terreno.
Tais comemorações foram organizados pelos sacerdotes como forma de ordenar a vida civil e religiosa do Egito faraônico, que eram celebrados tendo como parâmetro de referência três modalidades de calendários: o primeiro; o calendário Lunar, de 30 dias dividido em três semanas de 10 dias, o segundo; o calendário civil, de 365 dias, tendo como base o sol e possuindo três divisões: Akhet ( inundação), Peret (semeadura) e Shemu ( colheita); e o terceiro, o calendário sótico, baseado no ciclo da estrela Sótis.
Contudo, sua estruturação foram advindas de duas instâncias, do faraó e de alguns representantes da classe sacerdotal, que estabeleceram e configuraram quais seriam as honras festivas que deveriam ser oferecidas aos deuses, observando-as, podemos enquadrá-las em três categorias; os dedicados a um deus(a), para homenagear os mortos e os dos ciclos do trabalho agrário.
Esses eventos eram aguardados com entusiasmo pelos nilóticos e poderiam durar um dia somente ou mais, variando com as intenções das comemorações. Além de que, ao longo do tempo, dias foram acrescentados a temporada festiva, chegando a alcançar até o número de doze, dependendo da relação e proximidade que o faraó tinha para com o deus homenageado em função de seu devotamento, pois nesse caso a honraria se dava com mais grandiosidade, brilhantismo e pompa.
Nem sempre o representante do Estado faraônico se fazia presente nesses períodos de solenidades, em muitos casos ele designava outros para representá-lo, sendo que em sua grande maioria o escolhido era integrante da classe sacerdotal, fato esse justificado porque alguns rituais só poderiam ser consumados por pessoas desse segmento.
Era por intermédio das festas que os moradores da terra da esfinge chegavam próximos dos seus deuses, isso porque em outros momentos de sua religiosidade lhes era proibido o acesso ao interior do templo e seus arredores, dada a importância desse espaço para os egípcios e a organização da sua sociedade que vetava essa possibilidade. Assim, no conjunto festivo, temos dois momentos; a fração privada e restrita das celebrações que se davam no interior templário que contava com a presença dos sacerdotes, sacerdotisas, algumas dançarinas e músicos, sendo que cada segmento desses ocupava um lugar específico no espaço sagrado, porém somente os religiosos adentravam na sala do deus(a). E a outra, a parcela visível e pública, quando a população se juntava a esses formando o coletivo.
E, diante da impossibilidade de participação total nos festivais, os indivíduos compartilhavam a presença materializada dos deuses quando acontecia a sua exibição pública, a partir de sua saída oficial do templo, etapa ímpar e esperada por todos.
Nessa perspectiva, Julio Gralha registrou que,
“Em vários festivais durante o ano egípcio, sobretudo o de Opet, as imagens das divindades deixavam os templos e, em pequenos santuários em forma de barca, eram carregadas nos ombros dos sacerdotes de onde, de acordo com o ritual, estariam acessíveis aos outros segmentos da sociedade egípcia. Entretanto, a imagem do deus não era visível, com a exceção possível do deus Min (divindade parecida com Amon tendo o falo ereto). Durante o festival de Opet, que anualmente rejuvenescia o deus e o rei, Amon-Ra do templo de Karnak viajava até o templo de Luxor (a poucos quilômetros) e, em cortejo, o santuário da barca no qual o deus estava encerrado, podia ser visto pela população que acompanhava o cerimonial; em dado momento, Amon-Ra fornecia respostas através de oráculos e era acessível às preocupações humanas. Mesmo assim, esta imagem do deus não podia ser vista” (2016, p. 268).
A parte processional era uma característica comum nos festivais, sendo que o trajeto percorrido era variado podendo ser realizado entre dois pontos estabelecidos ou então visitar outros templos próximos ao seu.
Quando cumprida em solo, o percurso poderia ser subdividido com o estabelecimento de paradas obrigatórias que se davam por um curto espaço de tempo para a realização de rituais, sendo que algumas das estruturas eram montadas especialmente para essa circunstância. Entretanto, outras, eram integrantes do próprio espaço, de caráter e uso permanente pelos moradores locais sendo incorporadas e desfrutadas como fração do caminho do séquito. Essas serviam também como descanso para os carregadores que se restabeleciam do cansaço do peso sobre seus ombros.
Uma das vias processionais mais grandiosa trilhada durante os festejos era a do trajeto que ligava Karnak a Luxor, utilizada durante festa de Opet, a qual contava com uma avenida ladeada com várias esfinges que culminava com o templo do deus Amon.
Temos também as procissões fluviais que se davam nas águas sagradas do rio Nilo, quando inúmeros barcos se moviam seguindo a barca que transportava a imagem do deus(a). Muitas saíam do ponto inicial, outras, ficam esperando no meio do percurso integrando-se as demais. A que acontecia em honra a deusa gato Bastet, na cidade de Bubástis, era nessa perspectiva.
Para participarem dessas horas de laudação muitos indivíduos se deslocavam de longas distâncias, fazendo com que o festejar se transmutassem muitas vezes em ‘festas de peregrinação', pois pessoas de várias partes do território saíam em direção ao local da celebração, sendo que nesse caso não eram as estradas ou caminhos que eles utilizavam, mas sim o rio Nilo o qual servia de elo ligação entre o ponto de partida e o de chegada.
Destaca-se que essas não eram as únicas oportunidades de comemoração que estavam presente entre os egípcios, pois também encontramos outras modalidades de festas, ou heb, que poderiam ser de cunho privado ou público, civil ou particular.
Um elemento que deve ser lembrado em relação a intensidade dos festejos é que ela não era a mesma nas várias localidades egípcias, referência cuja explicação pode ser estabelecida a partir de sua configuração urbana, pois a mesma estava dividida em cidades (niwt) e aldeias (dmi), visto que possuíam funções distintas no conjunto do Estado faraônico e, consequentemente, sua própria estrutura já era uma restrição para que algumas das fases comemorativas acontecessem. Nesse caso temos como referência a supremacia dos festivais que se davam em cidades como Tebas, Bubástis e Menfis.
Outro aspecto a salientar no que se refere a intensidade das comemorações, é que elas intercorriam de forma sincrônica, ou seja, aconteciam em distintos lugares numa mesma temporalidade o que contribuía para que a sua grandeza se fizesse nos centros maiores em detrimento das menores.
Essas eram bastante musicalizadas com sons provenientes de instrumentos como sistros, crotálos, pandeiros, tamborins, harpas e flautas, que proporcionavam inspiração às dançarinas que esbanjavam sensualidade nos movimentos corporais quando braços e pernas executavam coreografias e performances num jogo de sentidos estimulando a atenção dos presentes. Tanto a música quanto a dança eram utilizadas como forma de comunicação renovando os laços entre os terrenos com os seus superiores. Muitos hinos eram recitados em vários momentos, visto que através da música se afastava e acalmava forças temíveis que tentassem agir durante a realização dos ritos, chamando para a presença do divino.
E é, a partir das inscrições contidas no interior dos templos, nas estelas, estátuas, túmulos, papiros e ostracas que obtemos informações a respeito dos antigos festivais egípcios, cujos calendários festivos mais antigos conhecidos remontam ao período da quinta dinastia (2479-2311), sendo que o mais completo e preservado é o que se encontra registrado no Templo de Milhões de Anos do faraó Ramsés III (1194-1163), em Medinet Habu.
Na obra de Heródoto intitulada Histórias, também encontramos menção às comemorações festivas religiosas que se passaram em algumas das cidades da terra dos faraós. Assim escreveu o autor:
“Os Egípcios celebram todos os anos grande número de festas. A mais importante e cujo cerimonial é observado com maior zelo é a que se realiza em Bubástis, vindo em segundo lugar Heliópolis, em honra a Ísis. Em Bubástis, situada no meio do delta, existe um grande templo consagrado à referida deusa, que em grego se denomina Deméter. A festa de Minerva, celebrada em Saís, é a terceira em importância. A quarta se realiza em Heliópolis, em honra ao Sol; a quinta em Buto, em louvor de Latona, e, finalmente, a sexta em Paprémis, dedicada a Marte” (1964, p. 139).
Outro documento que ficou registrado sobre os festivais é a Estela de Ikhernofret, que traz informações a respeito do Festival de Osíris que acontecia na cidade de Abidos, na qual encontramos elementos relacionados a preparação da comemoração que se subdivide em três etapas: a batalha travada pelo deus e a derrota dos seus inimigos, a sua morte e a transferência de seu corpo ao túmulo em Peker, e o seu renascimento ao amanhecer.
A interpretação que se dá a esse festival é que com a derrota dos inimigos de Osíris, confirmaria a elevação do faraó como o único e legítimo herdeiro de sua posição como o ‘Senhor dos egípcios’. Essas passagens relatadas na estela foram encenadas durante todo o período que o evento foi realizado, ou seja, ao longo de quase dois mil anos, como forma de rememorar a importância e a força desse personagem na sociedade faraônica.
Joaquím Barceló, quando analisou as celebrações festivas que se passaram nas sociedades do mundo antigo, escreveu que
“el sentido originário de la celebración festiva exige entender la acción humana em relación directa com lo divino, porque sin la intervención de los dioses los esfurzos humanos no puedem prosperar ni dar frutos” (1998, p.81).
Ainda, de acordo com o autor,
“en la fiesta correspondiente, al hombre se le brinda la oportunidad de participar en una obra divina, la de re-crear una realidad y de restablecer su orden originario, haciéndole así colaborador de los dioses” (1998, p.81).
Normalmente, os festivais religiosos eram regados pelo consumo exacerbado de bebidas, tais como o vinho e cerveja, como também de pão, carne e frutas, sendo que os alimentos, algumas vezes, eram oferecidos pelos sacerdotes. Nessa ocasião, havia a liberação para o consumo de peixe, o que não acontecia no restante do ano, pois a ingestão desse animal aquático era restringida em diversas partes do território egípcio, devido ao tabu imposto fundamentado pelo mito de Osíris, pois foi um peixe que comeu o falo dessa divindade.
Por fim, vale dizer que os festivais eram uma forma de transmissão de elementos da religiosidade egípcia, na preservação de valores e crenças de uma sociedade que muito foi buscada no sentido de compreensão, além de que, eram aplicados como um instrumento de legitimação do poder por parte de poucos numa terra de muitos.
Referências
Maura Regina Petruski é professora doutora do departamento de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
Email: mpetruski@uol.com.br
BARCELÓ, Joaquim. El Sentido Religioso de la Fiesta em el Mundo Antiguo. In: GRAMMATICO, G. et alli. (eds.). La Fiesta como el Tiempo del Dios. Santiago: CEC, 1998. p.77-86.
DAVID, A. Rosalie & MACHADO, Angela. Religião e Magia no Egito Antigo. Rio de Janeiro:Difel, 2009.
FILORAMO, Giovanni e PRANDI, Carlo. As ciências das religiões. 3ª ed. SP: Paulus, 2003.
GRALHA, Júlio. Aspectos da divindade no Egito (Reino Novo) Iconografia e a imagem como elemento de culto nas relações deus humanidade e deus-faraó. Revista Mundo Antigo – Ano V, Volume V, Número 09, 2016. p. 265- 280.
HERÓDOTO. Histórias. Clássicos Jackson, 1964.
Gostei muito da leitura e trabalho, gostaria de ler mais casos/pesquisas se possuir algum livro ou mais artigos (das referências, uma parte não conhecia). Sempre me chamaram atenção a mitologia egípcia e este trabalho veio para somar. Mas gostaria de saber se haviam tarefas destinadas aos homens e mulheres nestas festividades? E se sim, essas tarefas variavam em relação a posição que homem/mulher assumiam na sociedade egípcia?
ResponderExcluirMaria Paula dos Santos Silva
Olá Maria Paula! Obrigada por ler meu texto.
ExcluirA história da civilização egípcia é fascinante mesmo! A produção dessa temática é recente no Brasil, vem pegando as publicações de especialistas de grandes centros de pesquisa europeia como França, Espanha e Inglaterra. Quanto as tarefas podemos dizer que as que aconteciam no interior do templo, em sua grande maioria, eram realizadas por homens, isso não quer dizer que as mulheres não participassem, elas eram as dançarinas, porque a música tinha um papel importante, as tocadoras de instrumentos musicais, as responsáveis por preparar o que seria utilizado nos rituais, porém eram os homens que atuavam mais significativamente. Outro aspecto, quando a cerimônia chegava ao espaço público aí não se via mais tanto essa separação de papéis. Não podemos esquecer que era uma sociedade hierárquica, com classes sociais bem definidas e isso atingiria todos os aspectos.
Att. Maura
Boa noite! Gostaria de fazer duas perguntas:
ResponderExcluir1- A dança e a música no Antigo Egito possuíam apenas a função religiosa? Visto, a presença de musicistas e cantoras dentro dos templos e suas presenças em festivais religiosos. Poderia discorrer um pouco a respeito. Como a dança e a música eram encaradas no culto religioso, como acesso ao ou como manifestação do divino?
2- Com relação a bebida, mais ou menos no sentido da primeira pergunta, a exacerbação do consumo de bebida alcoólica era tida como acesso ao divino também? Gostaria que falasse um pouco mais sobre essa relação. Do consumo ou da própria bebida e do religioso.
Obrigada
Olá Jéssica! Quanto a sua primeira pergunta relacionada a dança, podemos dizer que ela era vista como uma forma de comunicação entre o indivíduo e o elemento sagrado. Normalmente eram as mulheres as responsáveis por essa função, e estavam ligadas a um dos tipos de rituais religiosos, que poderiam ser realizadas para pedir, agradecer ou louvar os seres superiores. Era algo importante no seio dessa sociedade, comprovado pela significativa presença nas pinturas encontradas em diferentes aportes. Outro aspecto que pode ser mencionado é a dança e a música no sentido de entretenimento, ligado a diversão mesmo, principalmente nos palácios e casas de segmentos elevados dessa sociedade.
ExcluirA segunda pergunta quanto a bebida não podemos pensar com o olhar do homem contemporâneo em relação ao teor alcoólico, porque eram bem pequeno. A cerveja e o vinho eram as principais, consumidos por parte de população, não diariamente, porém nos festivais acontecia em maior proporção.
Att. Maura
Olá! Desde pequena sou apaixonada pela História do Egito, principalmente a mitologia egípcia. Seu texto é muito interessante e lendo-o fiquei me perguntando por que o povo não podia ver a imagem da divindade e eles podiam ter, digamos, uma cópia da imagem do(a) deus(a) em suas casas? Desde já, obrigada :)
ResponderExcluirAMANDA MARTINS OLEGÁRIO
OLá Amanda!
ExcluirPodemos trabalhar com a ideia de que o que envolve a religião se encaminha para o imaginário e ao mistério, que quanto mais envolto mais obscura fica a sua revelação. Além de que a partir do momento em que a imagem 'verdadeira' do deus saia de sua casa que era o templo para ultrapassar a barreira e chegar ao mundo dos humanos ela era vista com mais perspectiva de sagrada. As imagens de casa eram réplicas.
Att. Maura
Após a leitura do texto, identificou-se que os egípcios realizavam várias festividades em homenagem aos faraós, as quais eram celebradas ainda no mundo antigo. Percebeu-se que a autora é pesquisadora da cultura egípcia e a minha inquietação é em relação das permanências dessa cultura. Sabe-se que as sociedades atuais buscam preservar a cultura dos seus antepassados. Em relação a sociedade egípcia, como a sociedade está organizada na atualidade? Ainda são realizadas algumas festividades citadas no texto?
ResponderExcluirOlá! Hoje é a cultura do mundo árabe que prevalece. Não temos mais os elementos da antiguidade, muitos povos por lá passaram e, aos poucos, foram incorporando novas perspectivas.
ExcluirApós a leitura do texto, identificou-se que os egípcios realizavam várias festividades em homenagem aos faraós, as quais eram celebradas ainda no mundo antigo. Percebeu-se que a autora é pesquisadora da cultura egípcia e a minha inquietação é em relação das permanências dessa cultura. Sabe-se que as sociedades atuais buscam preservar a cultura dos seus antepassados. Em relação a sociedade egípcia, como a sociedade está organizada na atualidade? Ainda são realizadas algumas festividades citadas no texto?
ResponderExcluirInês Valéria Antoczecen
Olá Inês! Não, muitos povos ocuparam gradativamente esse território desde a antiguidade e novas referências culturais foram sendo implantadas. Romanos, gregos, povos bárbaros, ingleses levaram a sua cultura para essa região, além de que os princípios e doutrinas religiosas também mudaram. Atualmente a cultura árabe que predomina.
ExcluirAtt. Maura
Olá!
ResponderExcluirEu tenho três questões, um pouco fora do que foi citado, mas agradeço caso possa responde-las.
Em primeiro lugar, me refiro ao Período de Amarna, nele Akhenaton e Nefertiti, tidos como deuses faziam um caminho diariamente entre o palácio em que moravam (no norte) e o palácio administrativo da cidade (no centro). No caminho, as pessoas se amontoavam para vê-los passar. Queria saber, então, a relação disso com as procissões dos deuses, se houver. Sei que é um evento diário, mas os dois são tidos como deuses, filhos de Aton e fazem aparições públicas (ou pelo menos é o que a arte amarniana nos revela).
A segunda questão é em relação aos eventos. Existiam dias específicos para as festividades, mas o que marca esse dia? São características naturais? A relação de algum dia da semana com algum deus?
A terceira pergunta, pra finalizar, é em relação a mandrágora. Sei que você não chega a mencioná-la no texto, mas gostaria de saber se o uso dessa planta, que é alucinógena, era reservado a alguma festividade específica ou poderia ser usada em qualquer festival. Como acontecia esse uso?
Priscila Scoville
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá Maura! Parabéns por seu trabalho.
ResponderExcluirAtravés da leitura de seu artigo, algumas questões começaram a surgir em mim. Acredito que muitas delas escapam ao próprio recorte de pesquisa, embora ainda estabeleçam ligações com o objeto. Passemos então as questões.
Pensando nas relações estabelecidas entre Ocidente e Oriente, a que você atribui este fascínio desproporcional que a cultura do Egito antigo causa nos pesquisadores e que a cultura do Egito da contemporaneidade não consegue suscitar? Desse modo, ao que me parece, no âmbito escolar isso resulta numa concepção de Egito que não consegue sair da antiguidade não passando por nenhuma outra periodização, ao contrário dos países europeus que temos a história amplamente difundida do período mais remoto até o mais recente.
Houveram transformações na cultura egípcia com a chegada de um novo paradigma religioso? Como este novo paradigma religioso lidou com a cultura material da sociedade egípcia precedente a ele e que hoje nos possibilita produzir conhecimento acadêmico a partir dele?
Gustavo Lion Alves de Oliveira
Boa noite, Maura Regina, muito interessante o seu artigo, você inicia o seu texto "O Egito antigo está presente na contemporaneidade sob as mais diferentes formas, contextos e interesses, isso não podemos negar.". A pergunta é que relação podemos fazer do Egito antigo com o Brasil de hoje?
ResponderExcluirHeron Lourenço Rodrigues.
Olá! A relação inicial é conhecer como os homens viveram em diferentes espaços temporais tentando compreender o significado da cultura criada para aquele contexto, principalmente porque é muito diferente da brasileira. Durante séculos tentou-se descobrir as representações por eles construídas e a aproximação começou ainda no período imperial. D.Pedro II visitou terras egípcias, trouxe exemplares de artefatos e acervou no Museu Nacional no RJ. Em cemitérios, temos túmulos construídos com sinais e referências egípcias, pessoas decoram suas casas em estilos arquitetônicos.
ExcluirAtt. Maura
Olá Heron! Está ligada a ressignificação de simbologias dessa sociedade, por exemplo utilizando na arquitetura cemiterial elementos da cultura egípcia. Temos em muitos cemitérios brasileiros exemplos dessa referência, túmulos em forma de pirâmide, o uso das esfinges, os mausoléus. Pessoas que decoram suas casas (ou parte dela) com traços egípcios.
ExcluirAtt. Maura
Boa noite Maura!
ResponderExcluirMaravilhosa abordagem sobre os rituais religiosos do Egito e sobretudo da relação e participação do povo nas festividades.
Gostaria de saber se as festividades e os rituais eram alterados ou sofriam mudanças de acordo com as dinastias dos faraós, pois poderiam ter relação política de dominação sobre o povo em determinado momento ou situação em que o povo estivesse atravessando. Obrigado!
Ass: André Luiz da Silva!
Boa noite!
ResponderExcluirGostaria de saber se atualmente ainda acontecem essas manifestações, mesmo com suas ressignificações...
Eduarda Oliveira Silva
Parabéns por seu trabalho, amei obrigada, civilização egípcia é maravilhosa, uma sociedade tão organizada e complexa, sua arquitetura impressionante,vemos o quão essa sociedade era evoluída, inteligente, enfim sua cultura é bem interessante de analisarmos e eu me encanto pelo Egito, com as crenças em vários deuses, os mitos, suas crenças, suas festividades, é maravilhoso.
ResponderExcluirQuais eram as principais festividades do Egito? Caso possa me responder Gostaria de saber se na sociedade egípcia atual ainda continua com algum dos ritos antigos e se a crença em vários deuses ainda permanece tão presente como antigamente?
Boa tarde!
ResponderExcluirparabéns pelo excelente trabalho. Gostaria de saber, se para a população participar de alguns rituais era necessário disponibilizar uma espécie de "pagamento"? Através dos rituais realizados, ocorria expansão territorial? Há fontes que relatam como era realizada a "convocação" para população participar destes rituais e se era necessário uma preparação pra realizar relatos a respeito do mesmo?
Taynara Zulato Rosa
Mais uma vez parabéns pelo texto, sou um interessado pela cultura egípcia, embora não seja muito conhecedor.
ResponderExcluirA respeito da religião, minha dúvida é se a religião egipcia tem alguma relação com a religião grega, com o culto de deuses familiares?
Neste sentido, como a família egípcia se relacionava com a religião?
Rafael Egidio Leal e Silva
IFPR Umuarama
Olá Rafael Silva. Peço sua licença para me intrometer e responder sua questão, já que sou pesquisador sobre Egito Antigo há alguns anos.
ExcluirPrimeiramente, relação da religião egípcia com a grega vai existir dependendo do período. Como o Egito se torna um Estado helenístico a partir da conquista de Alexandre Magno, você vai começar sim a ver sincretismo de práticas e divindades.
Agora, até onde sabemos, não há exatamente deuses familiares no sentido grego. Os estudos sobre "religiosidade popular" nos mostram que algumas divindades tinham bastante apreço por questões apotropaicas e de auxílio doméstico, como Bes e Tawaret. O próprio Osíris também foi bastante popular após a ascensão de seu culto.
Já a relação entre a família com a religião é um pouco mais complexo. As análises arqueológicas sobre moradias têm apontado para a existência de locais internos nas residências para o culto a divindades. Agora, quando vamos para a religião funerária, a relação se torna mais nítida para nós, visto que a manutenção do funeral e do culto ao indivíduo morto era uma prerrogativa da família, principalmente dos filhos.
Thiago Henrique Pereira Ribeiro
Obrigado! Muito esclarecedor!
ExcluirBoa noite, agradeço pelo texto bastante instrutivo. Gostaria de saber em relação a questões de contexto funerário, se há alguma informação de expressões artísticas que ocorriam para sepultamentos. E se sim, essas festividades se diferenciava em relação a hierarquia social e gênero?
ResponderExcluirJuliane Carla Guedes Lima da Silva
juliguedeslima@gmail.com
Olá Maura, tudo bem? Parabéns pelo seu texto. Sou pesquisador sobre Egito Antigo e é sempre bom encontrar colegas que falem sobre essa civilização pelos eventos afora.
ResponderExcluirDevo confessar que senti um certo incômodo com seu texto por um motivo bem simples: você menciona a magia no título, mas ela não apareceu no decorrer de sua "fala". Acontece que a chamada magia egípcia é meu tema de pesquisa no Mestrado, principalmente em relação com a religião, então admito que li seu texto na esperança de você abordar como a magia se dava nos festivais.
Como nunca me dediquei muito a estudar os festivais egípcios, gostaria de te pedir que, se pudesse, expusesse esse papel da magia nas festividades, caso haja, claro. Normalmente, e me lembro aqui principalmente de John Baines, a atuação oracular dessas imagens divinas em procissão é apontado como um ato relativo à magia. Mas e para além disso? Heka (ou akhu, talvez) era presente?
Thiago Henrique Pereira Ribeiro
Bom dia, Petruski
ResponderExcluirGrato por compartilhar o texto. Certamente será muito útil àqueles que pretendem adquirir noções gerais e importantes sobre o tema. Também gosto de pensar práticas religiosas na Antiguidade e refletir sobre pontos de contato com movimentos religiosos contemporâneos. Não é difícil perceber as semelhanças, não é mesmo?
A questão que nos ocupa consiste em refletir sobre por que tais práticas persistem na contemporaneidade?
Esta reflexão faz com que nos conheçamos mais, ou seja, entendamos, pela alteridade das experiências humanas, como a nossa sociedade foi forjada.
Bom dia Maura, parabéns pelo artigo. Lendo seu texto consegui compreender muitas facetas da religiosidade egípcia e uma questão sobre o cristianismo me veio a mente: Qual a influência da religião egípcia para a escrita do Pentateuco?
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ResponderExcluirSeu trabalho está excelente, nós faz viajar no Egito antigo, gostaria de fazer duas perguntas, sobre as festividades no período do Faraó Akenaton elas continuaram ocorrendo mas em prol de um único Deus Aton ou não?
É com relação a Deusa gata,por ela ser adorada os gatos também eram considerados pequenos deuses ?
Gizeli Pantoja Soares Lobo
Boa noite professora, seu trabalho é excelente, impossível não notar a semelhança das festividades deles em relação as festas cristãs. A minha curiosidade é boba, é que quando você afirma que:
ResponderExcluir"nessa ocasião, havia a liberação para o consumo de peixe, o que não acontecia no restante do ano, pois a ingestão desse animal aquático era restringida em diversas partes do território egípcio, devido ao tabu imposto fundamentado pelo mito de Osíris, pois foi um peixe que comeu o falo dessa divindade."
Se a restrição era devido a esse mito, me fez questionar o porquê da liberação da ingestão logo em uma festividade religiosa? Obrigada
Fernanda Pereira dos Santos
Boa noite professora Maura. Seu texto foi excelente, maravilhoso do início ao fim.Sou uma grande apreciadora da cultura egípcia.Vejo no Egito Antigo a desenvoltura no qual esse povo teve em relação às ligações que os mesmos usaram do rio Nilo com seus diques e aperfeiçoamento da agricultura, o seu potencial na navegação proporcionando o comércio em toda a extensão do Oriente, assim como a grandeza das festas seguindo seus rituais nos quais nos chamam atenção até os dias atuais.
ResponderExcluirValéria Cristina da Silva.
Curso de História -UERN