Rodrigo Henrique Araújo da Costa

O PROJETO DE NAPOLEÃO BONAPARTE PARA O EGITO: CONSIDERAÇÕES SOBRE ORIENTALISMO
Rodrigo Henrique Araújo da Costa

O presente ensaio visa pensar brevemente a noção de orientalismo presente nas expedições/invasões napoleônicas ao Egito e como se deram essas incursões. Para Edward Said, em Orientalismo – O oriente como invenção do Ocidente, o orientalismo é produto de circunstâncias que são fragmentos, ou seja, visões distorcidas da realidade que é o Oriente. Para ele, nem o termo Oriente nem o conceito de Ocidente têm estabilidade ontológica. No entanto, orientalismo também pode ser uma disciplina em si. Sendo assim, as dimensões do conceito de orientalismo podem ser entendidas no nível acadêmico, ontológico/epistemológico e também como discurso de dominação. Para Said, um dos projetos mais vultosos de orientalismo a obter sucesso operacional foi aquele criado por Napoleão Bonaparte em uma série de campanhas de dominação sobre o Egito, entre o fim do século XVIII e o século XIX. É importante perceber como as grandes nações européias promoveram a destruição física, a inquietação política e uma série de choques implacáveis e irremediáveis no mundo oriental, algo também trabalhado em A Era das Revoluções e A Era dos Impérios, de Eric Hobsbawm. 

Para Said, existem dois tipos de conhecimento sobre o Oriente, “existe uma diferença entre o desejo de compreender por razões de coexistência e de alargamento de horizontes, e o desejo de conhecimento por razões de controle e dominação externa” (2007, p. 15). Inúmeras vezes isso já ocorreu com o Oriente, esse constructo semimítico que, desde a invasão do Egito por Napoleão, pode inaugurar um projeto colossal do ocidente sobre o Oriente, projeto este que já foi feito e refeito um sem-número de vezes, sempre pela força agindo por intermédio de um tipo de conhecimento, cujo objetivo é dizer que tal ou qual é a natureza do Oriente. Pensar de modo totalizante e unitário o Oriente é uma ignorância frequente, quando, na verdade, encontramos uma variedade estonteante de povos, línguas, experiências e culturas. Para Said, as sociedades orientais sofreram um ataque tão maciço, calculadamente agressivo em razão de um suposto atraso, de sua falta de democracia e de sua supressão de direitos que simplesmente esquecemos que noções como modernidade, iluminismo e democracia não são conceitos consensuais que se encontram no Ocidente. Ou seja, como os Ocidentais poderiam, ao final do século XVIII, aplicar isso ao Oriente? O pensamento Ocidental acreditava que podia mudar a cultura Oriental e seus costumes. Desta forma, analisa Said, das mesas diretoras acadêmicas e de poder político, usando de estereótipos, agiram com as mesmas justificativas para o uso da força e da violência. Em A invenção das tradições, de Eric Hobsbawm e Terence Ranger, percebemos a antiga e inatacável superioridade dos europeus, como algo inventado, construído sobre bases não existentes, mas que pretendiam ser científicas. Portanto, sobre a polarização oriente-ocidente, há uma responsabilidade intelectual e moral dos acadêmicos, e é necessário desmistificar essa polarização. Vejamos uma série de pinturas tidas como orientalistas, de Jean-Léon Gérôme e Léon Cogniet:


Imagem 1: Napoleão diante da esfinge, de Jean-Léon Gérôme, 1867-1868. Imagem 2: General Bonaparte e seus funcionários no Egito, de Jean-Léon Gérôme, 1867. Imagem 3: General Bonaparte no Cairo, de Jean-Léon Gérôme (1824–1904), 1863. Imagem 4: A Expedição do Egito sob as ordens de Bonaparte (em 1798), de Léon Cogniet (1794-1880), 1835.

Johann Wolfgang von Goethe, escritor e estadista alemão, foi um dos primeiros a pensar sobre orientalismo. Relatou que ocorre no ocidente uma estandardização e uma homogeneidade sobre o Oriente que devemos prevenir. Para Goethe, em seu livro O divã ocidental-oriental, devia-se repensar o Oriente, pois, havia uma avaliação superficial da intrusão imperial e uma maneira sumária de lidar com a imensa distorção introduzida pelos impérios europeus na vida dos povos ditos “menores”. Vários países e povos foram e continuam sendo alvo de estereótipos e generalizações. Cada uma das fases do orientalismo (o britânico, o francês, etc.) produziu seu próprio conhecimento distorcido do outro, bem como suas próprias imagens redutivas e preconceitos étnicos e religiosos. Para Said, o orientalismo trouxe uma demonização de um inimigo que não existe “o oriente”. Ainda para Said, estamos tratando de um conjunto de ideias abstratas que celebram a excepcionalidade de uma suposta civilização do mundo ocidental, denegrindo a relevância do contexto e vendo as outras culturas com descaso. O problema também se encontra na invenção de identidades coletivas para multidões de indivíduos que na realidade são muito diferentes.

Para Facina e Castro, em capítulo intitulado As resistências dos povos à partilha do mundo, a expansão imperialista do século XIX foi um novo passo no processo de mundialização da ordem capitalista. As populações africanas e asiáticas foram subjugadas e incorporadas à ordem européia e tal expansão neocolonial teve conexões profundas com o processo de desagregação da “velha ordem” colonial, bem como com a emergência do nacionalismo entre os povos. As conquistas não foram necessariamente militares, e não utilizaram somente a violência aberta como meio de expressão, pois elas também foram conquistas culturais e de cunho religioso. De acordo com um dos primeiros historiadores a refletir sobre o neocolonialismo, Henri Brunschwig, em A partilha da África negra, as potências buscavam novas áreas de investimento de capitais, motivadas pelo capitalismo industrial e financeiro. O neocolonialismo se apresentava como altruísta e levaria aos colonizados melhores condições de vida dados pela civilização européia. O ideal de “levar a fé aos infiéis” na colonização do século XVI foi substituído pela “missão civilizadora” do século XIX. A dominação imperialista era realizada por meio da administração direta, através da exploração de terras, da mão-de-obra e do controle da produção local. As potências contavam com o apoio das classes dirigentes locais, mas promoviam a dependência das colônias, assim, as disputas entre potências por áreas coloniais agravaram conflitos e estimularam o armamentismo. 

Foi da noção de orientalismo que surgiu a concepção de neocolonialismo visto como “um conjunto de práticas militares e culturais desenvolvidas por potências para exercer domínios sobre outros estados politicamente independentes” (2006, p. 218). Em seguida a isso, para embasar a dominação européia sobre possessões na África e na Ásia, surgiram teorias racistas por toda a Europa, que tentavam comprovar cientificamente a inferioridade dos povos conquistados. Sobre o conceito de raça, Sérgio Pena e Telma Birchal escrevem que, “não existem raças humanas do ponto de vista genético ou biológico, porém, esses mesmos autores concordam que o conceito de raças possui existência social, daí deriva o racismo, a transformação da diferença em desigualdade”. Explicando o ideário civilizatório, Marc Ferro (2004, p. 22-3) reflete que os europeus entendiam a expansão colonial como o objetivo final da política e que ingleses e franceses foram os primeiros a associar os benefícios do imperialismo ao triunfo da civilização, assegurados pelo avanço da ciência e pelo sucesso da teoria da seleção natural de Darwin. Conforme Edward Said, “Embora fossem quase imediatamente precedidas por ao menos dois projetos orientalistas capitais, a invasão do Egito por Napoleão em 1798 e sua posterior incursão no Oriente teve de longe a maior consequência para a história moderna do Orientalismo” (2007, p. 118). Antes de Napoleão, apenas dois esforços tinham sido feitos, ambos por eruditos. O primeiro foi realizado por Abraham Hyacinthe Anquetil-Duperron (1731-1805), que viajou para a Ásia para provar a existência real de um povo eleito por Deus e das genealogias da Bíblia. Depois de examinar uma série de documentos, ultrapassando sua primeira meta, partiu rumo à Índia encontrando depósitos secretos de textos avésticos e completando sua tradução do Zend-Avesta. Pela primeira vez, o Oriente era revelado à Europa na materialidade de seus textos, línguas e civilizações e o Oriente adquiria a precisa dimensão intelectual e histórica com que apoiar os mitos de sua distância geográfica. O segundo foi William Jones (1746-1794) que, além de abrir panoramas sobre o Oriente, codificou, tabulou e comparou dados. Deixou a Inglaterra rumo à Índia, em 1783. Em seguida, foi nomeado para uma posição honrosa e lucrativa na Companhia das Índias Orientais, onde deu início a uma trajetória de estudo pessoal que devia reunir, cercar e domesticar o oriente e transformá-lo numa província da erudição européia. Jones adquiriu um conhecimento efetivo do oriente e dos orientais, que mais tarde deveria torná-lo o fundador indiscutível do orientalismo, codificando e submetendo a infinita variedade do Oriente a um “digesto completo” de leis, figuras, costumes e obras. A conclusão dos dois primeiros tomada por Edward Said foi que,

“O orientalista europeu julgava ser seu dever resgatar parte de uma perdida grandeza do passado oriental clássico para “facilitar melhoramentos” no Oriente do presente. (...) Anquetil e Jones, por exemplo, só adquiriram o seu conhecimento sobre o Oriente depois de ali chegarem. Foram como que confrontados pelo Oriente inteiro, e foi só depois de um certo tempo e de um considerável aperfeiçoamento que conseguiram reduzi-lo a uma província menor (2007, p. 122-123)”.

Vejamos, abaixo, pintura de Napoleão na Batalha das Pirâmides, e os dois sujeitos históricos tratados, acima.

Imagem 5: A Batalha das Pirâmides, óleo sobre tela de Antoine-Jean Gros (1771–1835), 1810. Imagem 6: Abraham Hyacinthe Anquetil-Duperron ( 1731 – 1805). Imagem 7: Retratado de Sir William Jones (1746-1794), por Joshua Reynolds (1723–1792).   

Antes dos planos de Napoleão, era característico de todos os projetos orientalistas que muito pouco podia ser feito de antemão para preparar o seu sucesso. Essa perspectiva muda com o projeto napoleônico. As campanhas militares da França no Egito começaram desde a Revolução Francesa, e foram comandadas por Napoleão Bonaparte desde os anos de 1798 e 1799. Além de ser uma campanha militar, foi também acompanhada de grande projeto científico, no qual se empenharam muitos acadêmicos franceses, compostos na Comissão Francesa das Ciências e das Artes do Egito por 167 cientistas, técnicos e artistas e uma força militar de mais de 32 mil homens. 

A Pedra de Roseta, por exemplo, foi encontrada durante esta campanha por um soldado de nome Bouchard, em 1799. Napoleão acreditava que era necessário ir ao Oriente e que a Europa não lhe proporcionaria mais glórias, como as que o Oriente podia proporcionar. Observemos que Bonaparte relacionava as glórias dos grandes imperadores da antiguidade a sua própria glória na investida do Egito. A imagem do Egito era de abundância e sedução, mas outra grande coisa interessava: as glórias do Egito Antigo. Napoleão queria nada menos do que apoderar-se de todo o Egito, e seus preparativos prévios foram de uma magnitude e minúcia sem paralelo. Parecia que o caminho para o leste era inevitável tanto em suas vantagens, como em seu objetivo de barrar os avanços da Inglaterra. 

Para Ricardo Vélez Rodriguez, no artigo Napoleão Bonaparte: imperador dos franceses duzentos anos depois, 1804-2004, Napoleão sentia-se atraído pelo oriente desde sua adolescência. A ideia de invasão ao Egito foi amadurecida, tornando-se um projeto executável. Segundo Said, “o Egito era um projeto que adquiriu realidade na sua mente, e mais tarde nos seus preparativos para a conquista, por meio de experiências que pertencem ao domínio das ideias dos mitos colhidos de textos, e não da realidade empírica” (2007, p. 124). Para Nina Burleigh, tais cientistas passaram por condições extremamente adversas, incertezas e doenças, arriscaram suas vidas e entraram não como dominadores, mas como especialistas, estudando desde as pirâmides até a fauna. De fato, tais cientistas foram os primeiros do Ocidente a refletir sobre o Egito Antigo. No entanto, a imagem dos cientistas que levavam apenas lápis ao invés de espadas e materiais de laboratório ao invés de canhões é romantizada e até utópica. 

Napoleão confiava bastante na visão do Conde de Volney sobre o oriente, notadamente, por conta de seu livro de nome Voyage en Syrie et en Égypte, de 1787. Para Said, o filósofo e historiador orientalista

“via o Oriente próximo como um lugar provável para a realização da ambição colonial francesa. O que Napoleão aproveitou em Volney foi a enumeração, em ordem ascendente de dificuldades, dos obstáculos a serem enfrentados no Oriente por qualquer força expedicionária francesa (2007, p. 125)”.

Ainda, “Volney (...) considerava que havia três barreiras à hegemonia francesa no Oriente (...): uma contra a Inglaterra, uma segunda contra a Porta Otomana, e uma terceira, a mais difícil, contra os muçulmanos”. (2007, p. 125). Para Said, a obra de Volney constituía um manual para atenuar o choque humano que um europeu sentiria diante do oriente. Segundo Edward Said (2007, p. 126), Napoleão usou eruditos para administrar seus contatos com os nativos. Tentou provar que estava lutando pelo Islã, usando de uma tática que parecia benigna, mas que na verdade era seletiva e estrategicamente pensada. Para melhor desempenho da análise, vejamos as seguintes imagens:


Imagem 8: A Pedra de Roseta, Museu Britânico, Londres. Foi decifrada por Jean-François Champollion, em 1822. Imagem 9: Napoleão viajando pelo Egito. Pintura de Jean-Léon Gérôme, 1863. Imagem 10 : Constantin François de Chassebœuf, Conde de Volney (1757 –  1820). Escultura do francês David d'Angers (1825).

Quando pareceu óbvio para Napoleão que sua força era demasiado pequena para se impor aos egípcios, ele tentou fazer com que os grupos egípcios interpretassem o Alcorão em favor da grande armeé. As estratégias funcionaram e logo a população do Cairo parecia ter perdido a sua desconfiança em relação às forças de ocupação. Depois, Napoleão deu instruções para que o Egito sempre fosse administrado por meio dos orientalistas e dos líderes islâmicos convencidos da glória francesa. O triunfo de Napoleão foi preparado muito antes de uma expedição militar. Para Said, “A ideia de levar junto uma academia completa é uma aspecto dessa atitude textual para com o oriente. (...) Muitos [orientalistas] foram politicamente úteis, do modo como muitos tinham sido para Napoleão no Egito” (2007, p. 127). Said entende que um dos objetivos principais de Napoleão era tornar o Egito aberto, totalmente acessível ao escrutínio europeu, ou seja, “o Egito deveria tornar-se um departamento da erudição francesa” (2007, p. 128). Para Said, a obra de Napoleão sobre o Egito deveria ser um empreendimento universal, uma grande apropriação de um país por outro, registrado em 23 enormes volumes na Description de l’Égypte. A singularidade desta obra está na atitude para com o tema central, e é essa atitude que fez o mundo se interessar pelo estudo efetuado pelos orientalistas. Na História da Arte, encontramos uma série de pinturas que representaram as batalhas da França no Egito, conforme, abaixo:

Imagem 11 : Batalha das Pirâmides, de Louis-François Baron Lejeune, 1808. Musée National des Châteaux de Versailles, França. Imagem 12 : A batalha das pirâmides, de François Watteau, 1798-1799. Museu de Belas Artes, Valença, França. Imagem 13: Batalha Naval de Abukir. Pintura de Thomas Luny (1759–1837), de 1798.

Outro personagem importante para entendermos a conquista do Egito é Jean-Baptiste-Joseph Fourier. Ele deixa claro no Préface historique de Description de l’Égypte que o projeto francês é que cria o Egito. O Egito era o ponto focal das relações entre a África e a Ásia, entre a Europa e o Oriente, entre a memória e os fatos. Uma das citações de Fourier, apresentada por Said diz: 

“Situado entre a África e a Ásia, e comunicando-se facilmente com a Europa, o Egito ocupa o centro do antigo continente africano. Esse país (...) é o lar das artes e conserva inúmeros monumentos; seus principais templos e os palácios habitados pelos seus reis ainda existem, mesmo que seus edifícios menos antigos já tivessem sido construídos na época da Guerra de Tróia (2007, p. 128-129)”.

Jean-Baptiste-Joseph Fourier justifica a expedição napoleônica como algo que precisava ser realizado no momento em que aconteceu. A notícia de que os franceses estavam no Oriente espantou toda a Europa. Mas, “apenas um herói poderia unir todos esses fatores”, era o que descrevia Fourier ao avaliar Napoleão. Vejamos algumas imagens:


Imagem 14: Folha de rosto de Description de l’Égypte, edição de 1809. Imagem 15: ilustração de frontispício de um dos volumes de Description de l’Égypte, publicado pelo governo francês entre 1809-1823. Imagem 16: Napoleão visitando as vítimas da peste de Jaffa. Pintura de Antoine-Jean Gros, de 1804. Imagem 17: Jean-Baptiste Joseph Fourier (1768-1830), retrato de 1823.

Edward Said descreve as características do projeto orientalista da Description de l’Égypte. Para ele, “A história registrada na Description suplanta a história egípcia e oriental, identificando-se direta e imediatamente com a história mundial, um eufemismo para a história européia”. (2007, p. 131). Ainda nos debruçando sobre Said:

“[o] fracasso militar da ocupação do Egito por Napoleão não destruiu a fertilidade de sua projeção global para o Egito e o resto do oriente. Bem literalmente, a ocupação deu origem a toda a experiência moderna do Oriente interpretada a partir do interior do universo de discurso fundado por Napoleão no Egito (...) (2007, p. 132)”.

Em concordância com Said, para os orientalistas clássicos, salvar uma história do esquecimento equivalia a transformar o Oriente num teatro para as representações do Ocidente. É como se descrever o Oriente em termos Ocidentais modernos significasse retirá-lo da obscuridade em que permaneceu negligenciado por tantos séculos e o iluminasse na moderna ciência européia. Servia também como contraste, como se os orientalistas quisessem acentuar a racionalidade dos hábitos ocidentais. 

Para nós, esta modesta reflexão possibilita entender também a Conquista do Egito por Napoleão por meio das pinturas e imagens. De fato, nos detivemos na revisão do livro de Edward Said, cujas análises abriram espaço para todo um campo de estudos. Notadamente, no tópico “Projetos”, do Capítulo 1, “O alcance do orientalismo”, adentramos os detalhes do texto, compreendendo que cada um dos sujeitos citados devem ser analisados de modo mais relacional. O próprio Napoleão Bonaparte seria um campo à parte, tamanha a vastidão de referências sobre ele. As pinturas sobre Napoleão no Egito também mereceriam um estudo detido. Além do próprio estudo do Egito Antigo, a Egiptologia, e o abre alas que representou a Description de l’Égypte. Assim, friso que não foi nossa intenção resumir este tema de empreendimento universal a tão poucas palavras, mas sim o de enfatizar e refletir sobre alguns dos principais problemas encontrados. Faltou-nos também elencar com mais afinco as consequências mais duradouras das Campanhas, como a idealização por Lesseps e construção do Canal de Suez, que aproximou o Ocidente do Oriente de modo singular, representativo e entusiasmaste. 

Referências 
Rodrigo Henrique Araújo da Costa é doutorando em História pela Universidade de São Paulo. Prof. Me. em História pelo PPGH/UFPB. Atualmente, Prof. Substituto, classe assistente, nível 1, da Unidade Acadêmica de História da UFCG.

BRUNSCHWIG, H. A partilha da África negra. São Paulo: Perspectiva, 1974.
BURLEIGH, Nina. Miragem - Os Cientistas de Napoleão e Suas Descobertas no Egito. São Paulo: Editora Landscape, 2008.
D. J. PENA, Sérgio e S. BIRCHAL, Telma. A inexistência biológica versus a existência social de raças humanas: pode a ciência instruir o etos social? REVISTA USP, São Paulo, n.68, p. 10-21, dezembro/fevereiro 2005-2006.
FACINA, Adriana e CASTRO, Ricardo Figueiredo de. As resistências dos povos à partilha do mundo. In.: O século XX / organização, Daniel Aarão Reis Filho, Jorge Ferreira, Celeste Zenha. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000. 
FERRO, Marc. (Org.) O Livro Negro do Colonialismo. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.
HOBSBAWM, Eric. RANGER, Terence. A invenção das tradições. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984.
RODRÍGUEZ, Ricardo Vélez. Napoleão Bonaparte – Imperador dos franceses – Duzentos anos (1804-2004). Revista da Universidade Federal de Juiz de Fora, 2004.
SAID, Edward. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. Trad. de Rosaura Eichenberg. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
SILVA, Kalina Vanderlei, SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de Conceitos Históricos. São Paulo: Ed. Contexto, 2006.

Filmografia consultada
O Egito sob o olhar de Napoleão - Acervo Itaú. Disponível no You Tube: https://www.youtube.com/watch?v=H6MiYKAJiPU 
Egito: A Obsessão de Napoleão. Documentário da Discovery Civilization. Disponível no You Tube em: https://www.youtube.com/watch?v=lWGVOpXH2n0 
Construindo Um Império: Napoleão. History Channel. Disponível no You Tube em: https://www.youtube.com/watch?v=P4Q_dU0iTAA 

21 comentários:

  1. Você considera que houve apenas fatos tristes e negativos em torno dessas invasões,ou que também isso trouxe fatos positivos para ambas as partes? Esse choque cultural entre os dois extremos pode ter contribuído para a cultura exercida no Egito na atualidade? Obrigado.
    Edivaldo Rafael de Souza

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Edivaldo Rafael de Souza, seja bem-vindo. O objetivo principal passava necessariamente pelo domínio bélico; um exército especial fora criado especificamente para a conquista do Egito. Desta forma, a Comissão das Ciências e das Artes, embora com equipes fortalecidas, ocorriam de modo tangencial junto às intenções de domínio e de demonstração de força. Houve potencial violência. O período francês foi curto, se comparado com os domínios árabe e otomano e domínio britânico. Sem dúvidas, o impacto sobre o Egito e sua cultura foi enorme, influenciando o Egito contemporâneo, que só se tornou independente em 1922, após deixar de ser protetorado britânico. Perceba o tanto de conflitos, guerras e violências que o Egito passou; isso foi bem negativo, nos termos da pergunta que você me colocou. O outro lado, é que hoje é uma nação moderna; após a Primavera Árabe (2011), retoma a estabilidade política e também econômica; também possui Forças Armadas muito fortes, talvez, a mais forte de toda região geoestratégica; o Canal de Suez ainda tem grande importância, mas isso podemos discutir em outro momento.
      Um abraço,
      Rodrigo Henrique Araújo da Costa

      Excluir
  2. No caso do Egito antigo, por muito tempo houve uma discussão sobre sua identidade étnica. Até que ponto esse período tentou contrastar, se tentou, a forçosa ideia de um Egito branco em relação ao resto da África para justificar a eugenia e o imperialismo, assim fazendo a presença européia como uma especie de caridade? Existiu esse argumento?

    Ana Raquel Andrade Bastos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Ana, tudo bem?
      Sua questão é complexa. Gira em torno da ideia de supremacia européia, das teorias racistas e do ideal civilizatório do branco, e isso tudo surge somente após as expedições napoleônicas, no século XIX. Foi do Orientalismo que surgiu a concepção de neocolonialismo como sendo “Um conjunto de práticas militares e culturais desenvolvidas por potências para exercer domínios sobre outros Estados politicamente independentes”. (Dicionário de conceitos históricos, Kalina Silva e Maciel Silva, p. 218). Sobre o conceito de raça, Sérgio Pena e Telma Birchal escrevem que: “Não existem raças humanas do ponto de vista genético ou biológico, porém, esses mesmos autores concordam que o conceito de raças possui existência social e histórica, daí deriva o racismo, a transformação da diferença em desigualdade.” (D. J. PENA, SÉRGIO e S. BIRCHAL, TELMA. A inexistência biológica versus a existência social de raças humanas: pode a ciência instruir o etos social? REVISTA USP, São Paulo, n.68, p. 10-21, dezembro/fevereiro 2005-2006). O Egito pertencia ao Sultão da Turquia, que, por sua vez, pertencia ao Império Otomano. A casta de governantes que se chamava mamelucos era predominante. Said diz que "que sua força [a de Napoleão] era demasiado pequena para se impor aos egípcios". Sua questão transpassa ideias que também são Orientalistas, de tomar o Egito como totalizante e frágil diante de um imperialismo francês. Havia relações de forças ali, não foi "os franceses chegaram e dominaram tudo". Todo caso, Napoleão "usou a inimizade egípcia para com os mamelucos (...) com o fim de travar uma guerra singularmente benigna e seletiva contra o islã" (2007, p. 125). Os egípcios viam com muita desconfiança a ocupação francesa. "Napoleão tentou em toda parte provar que estava lutando pelo Islã" (idem, p. 126). Não foi uma expedição fácil, pelo contrário. O poder bélico dos mamelucos e dos árabes contra Napoleão, na batalha das pirâmides por exemplo, era superior. Com a entrada dos britânicos ao lado dos turcos (os mamelucos), os franceses perdem várias batalhas, também enfrentaram a peste bubônica. Não há nenhum tipo de ideia de caridade, não percebi também a ideia de um Egito branco; não nesse projeto napoleônico, em fins do século XVIII e início do XIX. Os egípcios não careciam disso, eram bem fortes, participavam das configurações de forças. Quando a gente pensa o Egito dessa maneira, estamos tomando-o como o constructo semítico que falei no corpo do texto. Veja que não estou negando a concepção Ocidental sobre o Oriente, de superioridade, etc. Mas será que tinham essa superioridade mesmo ou isso não é parte de uma representação que nós mesmos Ocidentais fizemos sobre esses povos? Para Said, a construção do Canal de Suez (2007, p. 140) transubstancia o Oriente, que passa de uma hostilidade resistente a uma parceria obsequiosa e submissa. O Oriente também modificou os europeus, veja o exemplo de Lane, que teve uma influência que o desestabilizou, com relação à liberdade sexual que tinha no Egito e que "irritava a sensibilidade europeia" (Idem, p. 232-233).

      Um abraço,
      Rodrigo Henrique Araújo da Costa

      Excluir
  3. Jéssica Kotrik Reis Franco10 de outubro de 2017 às 10:09

    Boa tarde!

    Levando em consideração a Egiptologia, como ciência que estuda o Antigo Egito, e tendo em vista que, França e Inglaterra, mais atualmente, Estados Unidos, possuem hegemonia neste ramo de estudos, no que se refere a produção bibliográfica e pesquisa, sobretudo, França e Inglaterra, pois deram origem a própria Egiptologia, eu gostaria de saber se na análise de Said, tais estudos, hoje disseminados pelo mundo inteiro, são tão somente, uma construção ocidental, pontual do período analisado por ele, ou se há ponderações a respeito, não necessariamente, partindo do próprio Said, mas de outros críticos. Confesso que minha leitura de Said, como acadêmica de História e pesquisadora da área de Egito, são rasas, tendo em vista que, não utilizo a abordagem do Orientalismo. Contudo, como já tive contato com em leituras acadêmicas, e como considero importante esclarecer-se a respeito de outras perspectivas historiográficas, gostaria de saber se essa minha leitura de Said é equívoca.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Jéssica,
      O termo "Orientalismo" tem vários significados. Mas, no sentido que você colocou, o Orientalismo como campo de estudo, de produção bibliográfica, de pesquisa, etc, surge justamente no fim do século XVIII com as expedições napoleônicas, neste sentido, como uma construção do Ocidente. O subtítulo do livro de Said é exatamente este "o Oriente como invenção do Ocidente". De fato, como você frisou, é o modo como a Europa, notadamente, representou sobre outras partes e povos do mundo. No entanto, acredito que não se limita a isso. Outros campos de estudo têm elaborado ideias sobre aquilo apresentado por Said em Orientalismo. Edward Said escreve um outro livro importante após este último o "Cultura e Imperialismo" Outra forma de entender é que Orientalismo não ficou restrito ao âmbito do Oriente Médio. Seguiu para o extremo Oriente, a Índia, o Caribe, etc. Seguiu também para outras categorias como território, cultura, Imperialismo, resistência. Como vimos, o termo é abrangente, e merece nossa atenção.
      Um abraço,
      Rodrigo Henrique Araújo da Costa

      Excluir
  4. Achei bem interessante, tratando do Egito é algo que me encanta, parabéns pelo seu trabalho. O Ocidente sempre era visto como superior, pensavam mudar a cultura oriental. De que forma as invasões Napoleônicas atingiram, modificaram a cultura Egípcia?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Beatriz,
      Foi o que tentei responde a Edivaldo Rafael de Souza, acima.
      Um abraço,
      Rodrigo Henrique Araújo da Costa.

      Excluir
  5. Olá, Marcos, agradeço o elogio.
    Como você mesmo frisou, a ideia de Samuel Huntington se fixa no pós-guerra fria. As hipóteses dele contrastavam com as de Francis Fukuyama. De fato, o que entendemos por globalização mudou a lógica daquilo que poderíamos entender como "choque de civilização". Para Said, "Orientalismo é, em grande medida, um livro ligado à dinâmica tumultuosa da história contemporânea" (2007, p. 13). Orientalismo e Choque de civilizações, têm, em algum ponto, um sentido semelhante. No entanto, Orientalismo tem uma dimensão outra, que é muito mais Ocidental que Oriental, que é a da moderna cultura político-intelectual. A meu ver a ideia de Choque de civilização pode levar a uma concepção de Oriente puro, inocente, frágil, que cairia fácil nas malhas do Ocidente após o choque. A perspectiva de "Orientalismo", diz Said, híbrida, "amplamente histórica e 'antropológica'" (2007, p. 55). Há o Orientalismo como fenômeno cultural também. Quando pensamos "Islã", quando pensamos "Egito", os "conflitos arábe-israelenses", veja a carga de quase intangível superioridade Ocidental que imaginamos e representamos de diversas formas, o Oriente estando sempre em posição de derrota abjeta, de transformação pós-contato com o Ocidente e passando a ser pró-Ocidente de maneira automática. Perceba as perguntas, acima, e verá que elas são parte do que entendemos de "orientalismo", caricaturando o Egito, o Egito passivo diante dos Impérios europeus. É como se após o choque ou o contato com Napoleão não restasse outra coisa do que antes chamávamos Egito. E não é assim. Veja que "Orientalismo" faz toda a diferença para nossos estudos. É importante também deixar claro que Said recebeu muitas críticas, pois Orientalismo é um termo que une o Leste e o Oeste, não é só um conjunto de ideias aguerridas e prontas para matar e aniquilar, mas um outro modo de conceber as separações e os conflitos que haviam alimentado gerações de hostilidade, guerra e controle imperial (2007, p. 465). Sendo assim, respondendo sua pergunta, os dois conceitos podem dialogar; mas a ideia de Choque de civilizações é também Orientalismo, é também uma visão equivocada do Ocidente sobre o Oriente.

    ResponderExcluir
  6. Oi Rodrigo, muito interessante a sua proposta. A partir do exposto pelo artigo, bem como, pela discussão que está sendo desenvolvida aqui, percebo que o Orientalismo representa um paradoxo: Ao mesmo tempo em que existe um projeto colonialista criado a partir de um interesse de dominação cultural, epistêmica, econômica, etc., por outro lado, também vislumbramos um Oriente a partir do exposto por Said: “O Oriente como um lugar de peregrinação é um deles; também o é a visão do Oriente como espetáculo, ou tableau vivant” (Ibidem, p. 166). Said cita o filósofo alemão Friedrich Schelling, que em um projeto orientalista romântico, desenvolveu um estudo sobre a Índia, dizendo que a cultura e a religiosidade hindu poderia derrotar o materialismo e o mecanicismo ocidental. Então temos representações do Oriente que oscilam entre o apreciativo e o depreciativo? De que forma elas se relacionam? De que forma elas funcionam dentro desse mecanismo colonial? Abraços .
    Pepita Afiune

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Pepita, agradeço o interesse.

      Se eu responder que as representações do Oriente são apreciativas ou depreciativas, ou mesmo oscilando entre isso, estarei retirando a atitude crítica necessária para pensarmos o Orientalismo.
      Veja a resposta que dei para o Edivaldo Rafael de Souza

      Att,

      Rodrigo Henrique da Costa

      Excluir
  7. Olá, boa tarde.
    Gostaria de perguntar como era a figura da mulher egípcia no projeto orientalista de Napoleão Bonaparte (se presente), ou mesmo em outros. Sua imagem era idealizada mais no aspecto positivo, negativo ou ambos (dependendo do contexto da construção ideológica e de seus fins)?

    Ass.: Daniel Roberto Duarte Granetto.

    ResponderExcluir
  8. Olá, Daniel, obrigado pela pergunta.
    Entre as páginas 232 e 233 de Orientalismo (2007), Said retraça que "As excentricidades da vida oriental, com seus calendários esquisitos, suas configurações espaciais exóticas, suas línguas irremediavelmente estranhas, sua moralidade de aparência perversa, eram bastante reduzidas quando apareciam como uma série de itens detalhados, apresentados num estilo de prosa europeia normativa. [...] Na maioria dos casos, o Oriente parecia ter ofendido o decoro sexual;tudo sobre o Oriente - ou pelo menos o Oriente-no-Egito de Lane - transpirava sexo perigoso, ameaçava a higiene e o decoro doméstico com uma excessiva "liberdade de relações sexuais" [...]".Bom, aqui, Said expressou parte da visão francesa. Devemos também nos deter sobre a ideia de uma Egiptologia que estava dando os primeiros passos. As pirâmides, os sarcófagos, as estátuas, tudo isso ainda era visto como um grande mistério. Certamente, as mulheres egípcias, principalmente, as que eram membros da classe alta da sociedade, eram caricaturadas ou tiveram traços superlativizados, em aspectos de encanto, como Nefertiti, Cleópatra.
    Agora, se analisarmos algumas pinturas da primeira metade do século XIX, por exemplo, As mulheres de Argel por Eugène Delacroix, de 1834, e A odalisca e a escrava, de Dominique Ingres, de 1842, iremos perceber uma estereotipação muito maior da mulher oriental, de seu corpo (um embranquecimento), de suas vestimentas, etc.

    Um abraço,

    Rodrigo Henrique Araújo da Costa.

    ResponderExcluir
  9. Olá!
    Durante a leitura fiquei pensando se a missão napoleônica no Egito e a participação de forças europeias na Guerra da Crimeia do século XIX poderiam ser vistas como esforços similares de dominação de regiões estratégicas sob domínio de povos "menos civilizados". Qual a sua visão sobre isso?
    Obrigada!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Natália, como vai?

      A meu ver, são totalmente diferentes. O empreendimento de Napoleão sobre o Egito tem outras ordens, os objetivos eram outros. Há semelhanças em si mesmas no fato de serem operações de poder e de guerra, com potenciais violências, vulnerabilidade de determinados grupos locais. Mas na Guerra da Crimeia percebe-se uma coalizão de nações fortes envolvidas contra a Rússia imperial.

      Att,

      Rodrigo Henrique Araújo da Costa

      Excluir
  10. Sabe-se que após a Revolução Francesa, Napoleão Bonaparte tinha como objetivo dominar o comércio europeu, buscando estabelecer seu domínio no continente, fato que modificou várias sociedades, inclusive a sociedade brasileira, sendo que a família real portuguesa foi obrigada a fugir de Portugal devido as ameaças sofridas, permanecendo no território brasileiro, mesmo contra a vontade do rei. Em relação ao continente asiático, qual era o objetivo das invasões organizadas por Napoleão? Ele buscava estabelecer o comércio entre os dois continentes ou somente tinha sede de poder e buscava dominar o território e tornar-se dono das terras asiáticas?


    Roziane Belinski

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Rosane,
      Sabe-se que Napoleão nutria, desde jovem, enorme interesse pelo Oriente e pelo Egito. O artigo de Ricardo Vélez Rodriguéz, que está nas referências e disponível na internet, pode te ajudar bastante nesta questão. No caso do Egito, o desejo não era somente dominar.

      Att,

      Rodrigo Henrique da Costa

      Excluir
  11. Prof. Rodrigo,
    Excelente texto! Sou mais uma curiosa e entusiasta da História. Ler seu texto foi rico para mim, pois conhecia o livro Description de l’Égypte, já que a UFMG possui um exemplar dessa obra em seu acervo de obras raras. E na visita à época da graduação (sou bibliotecária), o livro me espantou, mas já me perguntava sobre a verdadeira intenção de Napoleão ao produzir aquela obra. Passei por algumas disciplinas no Departamento de História da UFMG, mais precisamente na linha de pesquisa Ciência e Cultura na História e então, alguns professores citavam as expedições, inclusa essa. Obrigada pelas referências, serão muito úteis para minhas leituras de lazer e curiosidade. Deixo uma breve questão: vivemos hoje também uma construção da África, do Mundo Árabe pelos ocidentais. O que os historiadores podem contribuir para dar voz a essas civilizações e então possamos conhecê-las muito além do que nos é passado pela visão ocidentalista?
    Um abraço,
    Letícia Alves Vieira
    leticia.alves@gmail.com

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Letícia,
      Que privilégio enorme que vcs têm na UFMG de ter essa obra monumental e de grande importância. Fico contente que meu trabalho possibilite novos estudos sobre o Orientalismo, a História Antiga e a História do Egito Antigo. Os historiadores têm uma relevância nessa área, mas também os arqueólogos, antropólogos e os egiptólogos.

      Um abraço,

      Att,

      Rodrigo Henrique da Costa

      Excluir
  12. Muito bom texto, uma excelente abordagem de amplo espectro. Entretanto gostaria de um aprofundamento na questão do misticismo de Napoleão ao lidar com elementos religiosos fora da compreensão cristã.
    Teria Napoleão se apropriado de um sonho do Império Mundial como os da antiguidade, ao se deparar com as conquistas grandiosas de outros imperadores por ele descobertas no Egito e adjacências?

    aloisio rodrigues de souza

    ResponderExcluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.