André Bueno

O PROBLEMA EM FALAR SOBRE ‘ORIENTE’ NO BRASIL
André Bueno

O texto que aqui se segue foi publicado, originalmente, em 2013, no site do Projeto Orientalismo. Penso que ele continua, infelizmente, muito atual – e sigo aqui fazendo algumas pequenas alterações no que diz respeito ao nosso panorama acadêmico.

Antes de tudo, gosto sempre de frisar que uso aqui a expressão ‘Oriente’ de forma vaga – o que tem merecido críticas justas – mas que se adéqua ao nosso pobre quadro de estudos ‘orientais’. De uma forma ou de outra, o pesquisador de qualquer civilização asiática, no Brasil, ainda é demandado como uma excêntrica personificação estereotipada do Orientalista. O campo das Ciências Humanas – com exceção notável das Relações Internacionais – tem se revelado continuamente como um espaço de embates, derivados do preconceito arraigado contra o estudo de qualquer coisa ‘Não-Ocidental’ [outra denominação aqui, a meu ver, absolutamente vaga também].

Qualquer reclamação nesse sentido é um tanto óbvia; mas o que pretendo, aqui, é analisar um pouco mais detalhadamente os expedientes empregados para dificultar a vida daquele que se dedica ao estudo de qualquer civilização asiática – e que usualmente sofre dos mesmos percalços. Não é, de fato, uma leitura muito agradável: mas é necessário compreender o longo percurso que ainda teremos que trilhar, para que consolidemos, no futuro, uma grande comunidade de estudiosos desses vastos ‘Orientes’.

Introdução
Já se passou mais de uma década desde que inaugurei o Projeto Orientalismo [www.orientalismo.blogspot.com.br] em 2000. Nesse tempo, para além de divulgar a história antiga de China e de Índia, tentei prestar atenção nas possíveis mudanças de percepção, acerca da Ásia, que ocorreriam tanto no meio acadêmico quanto junto ao público leigo. É possível atestar algum aumento no interesse sobre as civilizações asiáticas; mas quase sempre, ele é contemporâneo e superficial. Alguns poucos especialistas estão se aventurando no mundo das culturas tradicionais ‘orientais’– e temo profundamente se nosso mundo universitário será consciente e responsável o bastante para aproveitar a experiência que eles estão adquirindo.

Entendo que esse breve comentário inicial sirva para contextualizar as experiências que tenho testemunhando ao tentar publicar, em português, artigos e ensaios sobre civilizações asiáticas. Passado mais de dez anos, continua sendo difícil, no Brasil, estudar e publicar - academicamente - sobre China ou Índia. Não abordo a vertente esotérica, sempre presente e prolixa, mas que não depende de um embasamento significativo. Refiro-me a dificuldade, ainda reincidente, de abordar os pontos de vista ‘asiáticos’ ou ‘orientais’ nos meios de publicação ‘científicos’. Uso ‘asiáticos’ e ‘orientais’ entre aspas porque essas são redundâncias naturais, provenientes de uma cultura preconceituosa – a nossa própria cultura -, com o qual estamos acostumados, de certa forma, a lidar e desconstruir. O que pouco se explica, contudo, é a recusa dos meios ‘científicos’ em aceitar artigos sobre esses temas – o que reproduz, ainda, uma atitude de puro desconhecimento, rejeição e ignorância sobre os campos da história ‘não-ocidental’ [como se tal conceito fosse também possível e viável]. Nesse texto, pois, quero analisar alguns aspectos dessas experiências com as quais um estudante sério de história ou filosofia terá que lidar. No atual contexto, claro, ensaios como esse funcionam quase como uma mensagem numa garrafa. Ainda assim, porém, impõem-se como necessário esclarecer algumas questões pertinentes ao estudo dessas civilizações – sem o que, nossa formação como especialistas em Ciências Humanas deixará de fora, praticamente, dois terços do mundo.

O desinteresse
Qual a razão da academia não se interessar, no geral, pelo estudo das culturas asiáticas? Há uma recusa, quase sistemática, em admitir ensaios e artigos sobre temas ligados a Ásia. Tais publicações só ocorrem, comumente, no meio jornalístico – sempre atual, e atento com as mudanças que estão ocorrendo no mundo. No entanto, desconhece-se o cerne dessas culturas milenares e tradicionais. Na verdade, ignora-se. Quando algo de China, Índia ou Japão é apresentado, limita-se a uma apresentação de elementos filtrados e superficiais – festas tradicionais, culinária, folguedos de artes marciais. O hiato permanece. Da Ásia econômica para a Ásia do Kung fu Panda, um extremo não explica o funcionamento do outro. Isso se deve, de fato, a nossa formação cultural, que herdou o Orientalismo do século 19 e ainda não o abandonou. Como bem explicou Edward Said [1998] – numa tese ainda não superada – o ‘Oriente’ foi construído pela Europa como uma entidade cultural amorfa, indistinta, carregada de preconceitos e impossibilidades. Veja-se: o próprio termo ‘Oriente’ designa qualquer coisa situada geograficamente de Israel até o Japão. Um olhar rápido mostra as profundas diferenças nesse amplo conjunto de civilizações. Mesmo assim, é comum ouvirmos perguntas do tipo: ‘o que o pensamento oriental diz sobre isso?’ E que respostas queremos ouvir?

A praga do Orientalismo de duzentos anos atrás permanece forte em nossa mentalidade. Ela é necessária para ‘salvaguardar’ nossa cultura. Precisamos acreditar que estudar o outro é desimportante, porque isso reforça quem somos nós. Isso nos coloca no topo de uma hierarquia imaginária de culturas. Quanto mais o outro é ‘inferior’, isso nos concede importância. Achamos incompreensível o modo de vida e a abnegação dos ‘asiáticos’. Não temos a mínima ideia do que seja uma cultura milenar, e nos jactamos de ter um modo de vida ‘ideal’. Qualquer coisa – no caso do Brasil – seria melhor do que estar na ‘Ásia’ ou na ‘África’. Bom mesmo só os Estados Unidos ou a Europa. Tão bom, que alguns brasileiros vão, inclusive, estudar história do Brasil na Europa. Obviamente, não me cabe julgar aqueles que vão realmente adquirir instrumental teórico ou documental lá fora; afinal, isso é necessário. Mas torna-se incompreensível, a meu ver, que alguém entenda como ‘estranho’ ir até a China ou Índia para fazer o mesmo. Esse é o ponto central da questão. A orientação acadêmica reforça a continuidade de um preconceito que se estrutura no currículo: não há ‘Ásia’ ou ‘Oriente’ na maior parte das universidades brasileiras. As abordagens ainda são limitadíssimas, e desestimuladas a continuar. Como isso é possível, num mundo globalizado em que o impacto asiático pulsa tão fortemente? Essa ausência se reproduz, diretamente, no modo como os estudantes de ‘humanas’ leem as civilizações asiáticas. Há uma gradação ideológica para sua abordagem: de início, são desnecessárias; depois, passam a ser misteriosas e intrigantes; por fim, o aprofundamento as torna uma excentricidade. No fim, o especialista em ‘oriente’ torna-se tão exótico quanto o exotismo ‘inútil’ ao qual ele se dedicou.  Não raro, pois, estamos absolutamente despreparados para lidar com as novas realidades teóricas, metodológicas e temáticas no campo da história e do pensamento. Resta-nos a perspectiva de trancar-se numa redoma, por meio de projetos obscuros, que visam excluir do estudo acadêmico qualquer coisa que não esteja ligado ‘a nossa história’. E como isso se reproduz em nossos problemas de formação?

A questão conceitual
Assim sendo, uma das dificuldades de publicar qualquer ensaio sobre ‘Ásia’ ou ‘Oriente’ no Brasil começa, justamente, pela total incompreensão do conceitual cultural, histórico e filosófico dessas civilizações. Grande parte dos avaliadores é incapaz de acessar realidades conceituais diferentes de suas próprias. Isso tem sido um recurso eficaz para refutar qualquer tentativa de se aproximar de temas como Índia ou China. Não se trata de uma ignorância ou incapacidade assumida – ‘não posso avaliar tal assunto’ – mas sim, de julgar irrelevante um assunto previamente desconhecido! Ironicamente, porém, o primeiro argumento é comumente utilizado, de modo hipócrita, para justificar o segundo, criando um ciclo vicioso: não há especialistas para avaliar tais textos; e consequentemente, sem orientações seguras, eles nunca se formarão.

Essa ‘negação’ conceitual é absurda, ainda, porque toma como inviável analisar um ‘conceitual estranho’ [como o do pensamento chinês, por exemplo], pela sua impossibilidade de compreensão ou prova. No entanto, estudantes ocidentais se debruçam sobre o mundo das ideias platônico, ou sobre o imperativo categórico kantiano, como coisas ‘reais’ e/ou ‘prováveis’? Não seria a compreensão de lógicas alternativas a nossa uma excelente e intrigante via de estudo? No entanto, o especialista em China ou Índia vez por outra é tratado com hostilidade, por conhecer um vocabulário estranho. Essa ‘estranheza’ é a primeira via de negação ao outro.

Problema da ‘adequação’ conceitual
Mesmo assim, os ‘abusados e pretensiosos’ orientalistas apresentam seus artigos para publicação, buscando caminhos numa academia respeitável e exigente. Todavia, a incompreensão do conceitual alheio leva o analista a negar seu desconhecimento, em busca de um atalho que o permita evitar um conflito com o proponente. Ele invoca, então, uma ‘inadequação’ conceitual ou temática. O artigo proposto nunca se integra ao escopo conceitual do periódico. Posso dar um exemplo pessoal: escrevi um artigo sobre a formação da iconografia budista, analisando – especificamente - uma estátua budista que guarda aspectos interculturais euro-asiáticos notáveis. Óbvio, esse é o meu entendimento do tema. O artigo circulou problematicamente por alguns periódicos por um problema de ‘inadequação temática’. No periódico de história, o argumento era: ‘o artigo é de arte ou filosofia’. No periódico de arte, ‘era de filosofia ou religião’. No de filosofia, ‘era de religião ou de arte’. No de religião, ‘era de filosofia, arte ou história’. Dito isso, o leitor pode ser levado a acreditar que o artigo era um desastre total. Mas, como depois ele acabou sendo publicado, tenho em mente que, finalmente, um conselho científico mais preparado compreendeu a lógica interna do mesmo, e se dispôs a assumir sua publicação – uma atitude ousada no meio acadêmico. Assim, pois, qual era a dificuldade das outras comissões científicas para analisá-lo? Qual a brecha para que ele fosse tão ‘inadequado’?

A leitura dos pareceres mais comuns demonstra o desconhecimento e o preconceito acerca de temas presentes no mesmo: incompreensão do conceitual da arte chinesa [Arte? Filosofia? Religião?], do Budismo [Religião? Filosofia?] e mesmo dos elementos mais básicos da história chinesa. Notável mesmo, porém, é receber considerações do gênero: ‘é possível pensar numa arte religiosa budista?’ – como se o barroco ou a arte sacra no Ocidente fossem absolutamente desprovidos de valores religiosos! Essa questão nos leva a um terceiro problema: a ‘busca conceitual dirigida’.

Busca conceitual dirigida
Um terceiro impedimento, articulado as considerações anteriores, se trata de direcionar a questão conceitual a um problema de ‘conexão’. Não raro, espera-se que um artigo sobre ‘o pensamento oriental’ ou a ‘história asiática’ verse sobre um tema ou problema calcado na ‘tradição ocidental’. Ou seja; de partida, o texto não se propõe a estudar qualquer uma das tradições asiáticas por si mesmas, mas sim, a partir de uma análise estranha a elas. Um exemplo notável disso: qualquer um que estude o pensamento chinês ficará chocado em saber o quase total desinteresse dos chineses pelo verbo ‘ser’, tão caro a origem da filosofia Greco-romana. Tal busca redundará em fracasso, se o pesquisador partir do pressuposto que o verbo ‘ser’ é fundamental para a construção do raciocínio filosófico. Essa é uma atitude comum entre pareceristas: se não há ‘no outro’ aquilo que buscamos a partir de nós mesmos, o ‘outro’ acidentalmente será desinteressante, imperfeito ou inferior. Essa lógica é evidentemente excludente, e contraria toda uma postura contemporânea de inclusão e reconhecimento da diferença. Mas, infelizmente, é uma salvaguarda para a submissão do ‘outro’ a um conjunto de interesses bastante específico e limitado de nossa academia.

A tradução forçada
A quarta questão, que permite limitar um pouco mais a já escassa boa vontade em compreender os ‘asiáticos’, se trata da tradução conceitual forçada. Sabemos que os conceitos são, em geral, polissêmicos – ou, podem ser interpretados de modo diferente por teorias divergentes. Qualquer curso acadêmico pressupõe, inclusive, uma discussão de visões teóricas diferentes sobre um mesmo tema [um curso de sociologia semestral pode comportar, por exemplo, a visão de quatro teorias clássicas, tais como Comte, Marx, Weber e Parsons] para ilustrar, justamente, a diversidade de interpretações e sistemas sobre a ideia de ‘sociedade’. E, no entanto, quando nos dirigimos à questão da história e do pensamento asiático, buscamos ingênua e amadoristicamente uma ‘tradução ideal’ de certos conceitos!!! Porque a ausência de consenso entre os ‘asiáticos’ é um problema? Será que buscamos o consenso entre eles porque não o temos? Ou será o consenso uma forma de ‘limitação’ do pensamento do ‘outro’? Novamente, permita-me dar um exemplo: quando tentamos traduzir a palavra Tian 天, em chinês, de imediato podemos afirmar que ela significa ‘Céu’ [pois, é o que ela representa]. Todavia, dependendo do contexto, ela pode significar ‘dia’. Na teoria confucionista, ‘Céu’ é utilizado para designar o conjunto de leis ecológicas [ou ‘Natureza’]; na teoria caminhante [daoísta], ‘Céu’ significa a contraparte natural da ‘Terra’ – e para os caminhantes, a ‘Terra’ é o plano em que vivemos, e por isso, talvez mais importante do que o próprio ‘Céu’. Por fim, os budistas usariam o ‘Céu’ como um conceito religioso transcendental [parecido com o ‘Céu’ dos cristãos] [Zhang, 2002]. Essa polissemia permitiu que ‘Céu’, portanto, fosse usado como termo [ou conceito] em análises científicas, filosóficas, religiosas e cotidianas. No contexto, pois, a palavra adquire uma carga específica. Qualquer bom tradutor sabe disso. Mas no caso específico de ter que lidar com os ‘asiáticos’, essa se torna uma eficiente artimanha para justificar a ‘imprecisão’ de suas formas de pensamento - e consequentemente, a ‘incompreensão’ que ela gera nos avaliadores. É ‘difícil e trabalhoso’ lidar com tradições incapazes de ‘construir conceitos sólidos’. Esse subterfúgio malicioso é extremamente eficiente, ainda mais em periódicos que não permitem refutações aos pareceristas.

Divulgar ou Publicar?
Por fim, precisamos destacar esse último problema, tão sério ao estudo do ‘Oriente’, que constitui na difusão dos conhecimentos construídos acerca das civilizações asiáticas. Usei duas palavras sinônimas para destacar uma diferença de perspectiva: ‘divulgar’ seria a produção de textos vulgarizadores, de acesso ao público comum, com fim de promover temáticas históricas e culturais alternativas; já ‘publicar’ se remete, aqui, a produção de textos científicos, feitos dentro do ambiente acadêmico, para um público restrito.

Desde já, sou obrigado a questionar se a boa vulgarização do conhecimento – a ‘divulgação’ – pressupõe a ausência de pesquisa. São trabalhos cuja temática é reduzida, o escopo focado, e a linguagem acessível. Eles servem para formar um cabedal de conhecimentos gerais mais amplo, e estando disponíveis, ajudam a construir uma sociedade mais informada, sólida e consciente. No entanto, a ‘divulgação’ é muito mal vista pela academia. Ela é tida como algo ‘menor’, necessariamente ‘inferior’ aos textos ‘publicados’ no âmbito universitário.

Ora, as ‘publicações’ são outra forma de produção científica, focadas justamente na difusão de um conhecimento técnico e específico, fundamental para o desenvolvimento da academia – mas inútil, se não for vulgarizado ao público comum. Uma analogia simples nos explica isso: de que adianta um medicamento moderno e eficiente se ele não for distribuído? As ciências humanas não seriam assim? Anos de conhecimento são transformados em pílulas, que administradas cotidianamente, ajudam a curar os males – ou, anos de pesquisa são versados em pequenos textos, que aos poucos nos curariam do nosso desconhecimento. Muitas vezes, não compreendemos a lógica subjacente à produção do texto vulgarizado [nossa ‘pílula’], mas ele nos conduz a formação de uma saúde intelectual mais efetiva, tolerante, diversa e abrangente – e que por vezes, pode redundar numa saudável curiosidade.

Todavia, a academia tende a repudiar temáticas alternativas – como o ‘Oriente’ – e menosprezar a própria divulgação dos saberes. Como livrar-se, pois, dessa armadilha logocêntrica?

Conclusão
Voltamos, pois, ao início. A constatação desses problemas, ao longo de mais de uma década, não pode se impor em definitivo como uma barreira a produção do conhecimento. Para todo esse quadro pouco animador, é preciso dizer que alguns veículos isolados têm se aberto a novas temáticas e campos de saber – incluso, aí, o campo das civilizações asiáticas.

Por outro lado, não podemos dispensar os critérios e métodos ‘ocidentais’ – o que seria um erro tão grave quanto aceitar qualquer texto sobre Ásia sem referências. É necessário flexibilizar, fazer dialogar conceitos, símbolos e ideias – como propôs Raimon Panikkar [2000] – de modo a criar uma verdadeira cultura de entendimento. É válido, apenas para citar um exemplo, estudar o Hinduísmo ou o Daoísmo a partir de uma ‘perspectiva religiosa’ desde que se admita, pela investigação de suas lógicas internas, que elas podem ter características e conceitos que escapam aos nossos parâmetros tradicionais de análise. Esse tipo de desafio é que nos permite, inclusive, estender, reformular e aprimorar nossas ciências humanas. Somente quando nos obrigamos a fazer dialogar nossos saberes, é que evidenciamos suas falhas e incompletudes; e delas, surgem os aperfeiçoamentos que dinamizam a sobrevivência do pensamento.

Os pontos de atrito e conflito são inúmeros, e continuarão a existir enquanto persistir esse arcaico orientalismo ideológico que compartilhamos. Contudo, o mundo atual exige outro nível de integração que não podemos ignorar. O diálogo intercultural é uma das pautas contemporâneas – em nível interno nas sociedades pluriétnicas, e em nível internacional, na busca de uma nova ordem mundial que harmonize a vasta plêiade de culturas. É urgente a necessidade de ler, produzir e divulgar/publicar material qualificado, em nossos meios, sobre tais questões. E dessa urgência, que porventura não permite atalhos, que talvez possamos modificar o difícil quadro dos ‘estudos orientais’ no Brasil.

Referências
André Bueno é Prof. História Oriental da UERJ.

IRWIN, Robert. Pelo amor ao saber: os orientalistas e seus inimigos. São Paulo: Record, 2008.
PANIKKAR, Raimon. Religión, Filosofía y Cultura. Polylog, 2000. Disponível em: https://them.polylog.org/1/fpr-es.htm
SAID, Edward. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo: Companhia das letras, 1998.
ZHANG, Dainian. Key Concepts in Chinese Philosophy. Beijing: Foreign Languages Press, 2002.

126 comentários:

  1. Bom dia! No Brasil vivemos uma história eurocentrica e muitas vezes a história oriental é muito pouco divulgada ou estudada. Os livros didáticos mesmo trazem pouquíssimos conteudos sobre historia oriebtal. como podemos mudar isso?

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    1. Boa noite, André Bueno. Por que os nossos livros de História falam tão pouco sobre esses povos? E porque o desinteresse de estudar história da China, Índia ou Japão se temos hábito de cópia suas culturas em nosso cotidiano?

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  2. Em primeiro lugar, gostaria de dizer que adorei a iniciativa do evento, tanto pelo tema quanto pelo desenvolvimento online.

    Há tempos venho procurando uma introdução aos estudos "orientais" e aqui no texto ficou bem claro pra mim porque tem sido tão difícil chegar a algum ponto de partida. Por outro lado, com as referências que obtive aqui - e outras que virão nas próximas leituras - creio que meus primeiros passos serão mais firmes agora.

    Obrigada!

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  3. A escassez de conteúdos acerca da História Oriental é notória no Brasil, dificilmente se encontram livros tais quais existem da História Ocidental. Simpósios como este são de suma importância para aprofundamentos, assim como cursos de especialização deveriam ser ofertados pelas universidades brasileiras. A pesquisa "in loco" da História Oriental é economicamente inviável aos profissionais da área, haja vista - infelizmente - ser uma classe mal remunerada no Brasil. Já que não temos tantos materiais disponíveis por que não importar o que já se encontra produzido lá? aí barramos na questão da tradução, mas quem sabe um contato, por meio de algum projeto de pesquisa, com as comunidades orientais não resolva essa questão.
    Silvio Cesar Masquietto

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  4. Bom dia Professor, trazendo este questionamento para o campo do ensino médio,ao pegarmos em livros didáticos, é notório a falta sobre a questão oriental principalmente no campo da história, pois geralmente so se encontra na parte da geografia, e limitando um pouco mais no âmbito da UERJ em si, que para conseguir te alguma disciplina de Japão tem que pegar no andar de Letras, como o senhor acha possível alterar esse panorama de "ignorância" principalmente em relação ao Japão, já que o senhor dá algumas matérias de China e Índia, acha que talvez uma lei como aconteceu com o ensino de África para trazer o Oriente para os estudos brasileiros?
    Leonardo Irene Pereira Guarino

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    1. Oi Leo,
      Talvez o caminho seja esse mesmo-criar uma lei. Infelizmente, da parte acadêmica, se encontra pouco apoio entre os pares. O trabalho de dialogar com os muitos Orientes, hoje, é feito por muita gente, menos o pessoal de Humanas [o que pra mim significa um grande fiasco!]. Vamos ver se as pressões geopolíticas darão conta de mudar esse panorama; do contrário, o Brasil se condenará a ignorância. =)
      André Bueno

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  5. Existe uma distância cultural latente! O mundo globalizado acaba sendo um discurso que não representa a realidade mundial de hoje! A própria integração no Brasil, com as culturas ditas orientais, é muito recente! A pergunta é: Podemos superar isso aos poucos academicamente falando, mas e socialmente? Digo no cotidiano de fato... onde estamos e estão as pessoas que estabelecem a todo momento este diálogo, por vezes não amistoso e estereotipado!
    Vitor Moises Nascimento Therezo

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    1. Oi Vitor,
      Hoje o diálogo com os 'Orientes' é liderado por empresários, militares e médios empreendedores. Os profissionais de Humanas insistiram - e de fato, ainda insistem - em isolar-se nas suas bolhas [com exceções na área de Geografia e de RI]. Se não houver uma mudança consciente nesse sentido, que se expresse numa nova educação, então, estaremos fadados novamente aos preconceitos que constroem a visão limitada de mundo na qual nos inserimos. Não é raro que eu veja pessoas criticando chineses aqui no Rio: "eles falam alto, bebem, ouvem música alta, querem ostentar com celular...". Me pergunto qual a diferença dos chineses pra maior parte dos brasileiros. Sim, precisamos de convivência e aprendizado, urgentes! =)
      André Bueno

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  6. Ótimo texto, abordando exatamente um problema sério que infelizmente vivemos não só aqui no Brasil, mas seria então possível dizer que a tese de Edward Said cria o "Orientalismo" é o mesmo que um Dispositivo que o Foucault utiliza? E quais seriam as medidas de intensivo no meio acadêmico para podermos trazer esses estudos ao dia a dia, tendo em vista que são uma gama bem finita de trabalhos traduzidos ao publico em geral?
    Ass Leonardo Monteiro Alves

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    1. Oi Leo,
      De certa forma sim. Said fez, de fato, uma análise do que já existira - a 'moda' do Orientalismo no século 19, reproduzida na arte e na literatura - mas colocando-o num contexto teórico de entendimento. Quanto ao ambiente acadêmico, o que precisamos simplesmente é abrir um espaço. Se há pouco feito, é porque há pouco interesse ou abertura. Abrindo-se o espaço, começam os trabalhos; e aos poucos, vai se fazendo o longo, mas fértil, trabalho de tradução, produção e divulgação. =)
      André Bueno

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  7. Pelo que entendi do texto, o primeiro passo a ser dado para a concretização do estudo do orientalismo é a aceitação dos trabalhos acadêmicos, produzindo, assim, bases cada vez mais amplas do estudo destas sociedades. A produção desses trabalhos acadêmicos, a partir de uma problematização do multiculturalismo tão proposto pelos ocidentalistas e a contraposição de autores orientais e ocidentais, não seria uma maneira eficaz de abrir espaço no ambiente acadêmico? De que maneira, após concretizar o orientalismo na academia, seria possível levar o estudo das sociedades orientais para o ensino fundamental e médio, em face do currículo atual das escolas?
    Ass Alex Borges

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    1. Oi Alex,
      O movimento de renovação deve ser, simplesmente, articulado com a realidade. Tanto a academia deve produzir, por uma questão de ciência, quanto o conhecimento deve ser vulgarizado, de modo a construir interesses e conhecimento geral. De fato, a geração escolar atual está até em melhor situação que a minha. Alguns poucos livros já tem umas tantas páginas sobre Ásia e África, adaptadas dos manuais. Mesmo assim, esses alunos vão para a universidade e se decepcionam, porque lá, não há nada-sim, em algumas instituições de ensino simplesmente não há nada sobre Ásia. Por isso, temos que começar com o pouco que temos, pois de forma gradual isso muda. Só não podemos mais repetir a velha cantilena de: "não estudo Oriente pq não tem profe na faculdade...e não tem profe na faculdade pq não teve Oriente"...
      =))
      André Bueno

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  8. Boa Tarde Professor!
    Desde já quero parabenizar pelo tema da pesquisa. Como já foi dito sabemos que o nosso país vive uma história eurocêntrica e a história oriental é muito pouco estudada.
    Gostaria de saber quais foram as dificuldades encontradas para realização dessa pesquisa?? Quais motivos que levaram a realizar essa pesquisa ??

    Atenciosamente
    Patrícia Machado

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  9. Com toda essa diversidade social, cultural, política, econômico, histórico sobre a Ásia e seus estudos, sendo muito pouco explorada no Brasil sobretudo nas universidades; tendo poucas linhas de pesquisas e métodos sobre estudos asiáticos (ou pelo menos é o que parece); em vários cursos de humanas e principalmente de história não tem quase nada no currículo sobre a Ásia. Particularmente eu me sinto perdido em tentar estudar a Ásia e suas respectivas sociedades e populações. por onde podemos começar tais estudos?
    Ass. Thayllon Monteiro Veloso

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  10. Primeiro gostaria de lhe parabenizar pela perseverança em lutar para mudar essa realidade de preconceito e negação em relação a história oriental. No seu texto você coloca a dificuldade dos meios científicos em aceitar artigos sobre China e Índia.Na sua opinião que medidas poderiam ser tomadas para mudar essa realidade?

    NOADIA DA COSTA LIMA

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  11. Olá. Inicialmente gostei muito do texto. Não tenho muito conhecimento nessa área. Sou professora de História e lembro que na faculdade eu tive uma disciplina de História Oriental. Não me sinto preparada e instrumentalizada para trabalhar com o tema. Seu texto ajudou a buscar referências e conhecer o seu blog. O sr. tem conhecimento se há em algum currículo escolar essa preocupação com o oriente? Quero trabalhar com um sexto ano sobre a cultura chinesa e indiana; o sr. teria alguma sugestão inicial de referência para eu trabalhar?Obrigada.
    Paola Rezende Schettert

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    1. Cara Paola,
      Existem alguns bons materiais para isso em português. "Explorando a China", de Wang Tao, e "Explorando a Índia" de Anita Ganeri são bons livros pra se usar em sala de aula. "Os chineses" de li po kan também. Ademais, podemos recorrer a experiências didáticas nesse sentido. O livro "chineses antigos", de joe fullman, editado pela ciranda cultural, traz brincadeiras e jogos sobre China para ajudar no aprendizado.
      Quanto aos currículos, bem, ocasionalmente a história da Ásia aparece, mas nada definitivo foi estabelecido até agora. É uma área a ser desbravada. =)
      André Bueno

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  12. A cultura asiática/oriental vem se inserindo aos poucos no Brasil de forma cultura, entretanto, é realmente visível essa dificuldade em expandi-la para o campo acadêmico. Sendo assim, você acredita que a crescente presença da China no mundo poderá, de alguma forma, contribuir para o aumento de estudos asiáticos/orientais no Brasil? Pois, o fortalecimento da China não chama atenção apenas para o campo político e econômico, algumas pessoas poderiam se interessar pela cultura milenar chinesa.
    Rafaela Schuindt Santos

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    1. Cara Rafaela,
      Com certeza! Mas sempre resta um receio: o de criarmos chinatowns, japatowns, indiantowns, etc... De criarmos um modo de convivência distante, pouco inclusivo e mesmo, preconceituoso. A ênfase apenas nas relações econômicas não dá conta de compreender a diversidade. Todavia, os próprios brasileiros caem nessa. vejo cursos de língua chinesa em que os alunos só querem aprender chinês pra fazer negócios, sem minimamente entender alguma coisa de Cultura Chinesa. Esse é um passo certo para a construção de severos equívocos.
      Vamos trabalhar para que não seja assim. =)
      André Bueno

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  13. Amanda Martins Olegário9 de outubro de 2017 às 12:50

    Olá, professor. Seu texto é muito interessante assim como a História Oriental. Sempre tive vontade de estudar mais sobre o assunto, principalmente a história indiana, mas é difícil encontrar materiais acadêmicos que tratam sobre isso e na minha faculdade de História não ministram essa disciplina, e penso algum dia escrever um artigo sobre a temática. Quais autores e/ou obras você sugere? Desde já, obrigada.
    AMANDA MARTINS OLEGÁRIO

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  14. Primeiramente gostaria de parabenizar pelo excelente texto! Muito bem escrito e bem embasado.
    Pelo que percebi do texto e pelo contexto histórico-social do Brasil, não é só a cultura oriental que não é vista com "bons olhos". Tudo que é diferente e não enraizado, não serve para os nossos padrões. Contudo, percebo que, principalmente entre os jovens, a cultura oriental vem se expandido principalmente pelos desenhos e mangás. Acredito que esse poderia ser um bom gancho para implementarmos na nossa grade curricular, o ensino do orientalismo.
    A pergunta que gostaria de fazer é, na Europa ou nos Estados Unidos, também tem a dificuldade de falar sobre "orientalismo"? Esse é um problemas mais cultural-local, ou é algo proveniente do ocidentalismo como um todo?
    Patricia Iris da Silva Peres

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    1. Oi Patrícia,
      A questão é que o Brasil ainda tropeça em um orientalismo do século 19. Estados Unidos e Europa já tem cadeiras universitárias, livros, materiais e especialistas em China, Índia, Japão, etc... Fazem filmes e documentários sobre o tema, e ninguém discute se isso está certo ou errado. Simplesmente se faz, e isso propicia as condições de um conhecimento geral muito mais amplo do que temos aqui. No Brasil, quem estuda Ásia ainda é tratado como um orientalista do século 19, um excêntrico que tem que entender quase de tudo. Ainda estamos vivendo o conto de Lima Barreto, 'O Homem que sabia Javanês', pois muitos dos que se dizem especialistas, pouco sabem na verdade.
      Na Argentina, Peru ou México, temos já muitos estudiosos de oriente, então, é um problema bem brasileiro mesmo.
      Quanto ao uso de mangás e animes, é um gancho sim, inclusive contemplado por outros textos nesse evento. Em relação aos estudos sobre Japão, podemos até mesmo dizer que já evoluímos bastante, se comparados a China e Índia. Todo bom material é sempre útil, e não devemos de modo algum deixar de lado esses recursos, que são atraentes e instigantes. =)
      André Bueno

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  15. Olá! Gosto do texto e da iniciativa de criar espaço para o estudo desse mundo oriental. Porém, você não acha que essa abertura, para ser legítima, tem que ultrapassar o
    âmbito do "respeito à diversidade cultural religiosa" - no caso da Índia, por ex. - uma vez que, para o estudioso da cultura védica, por mais que ela esteja guardada no seio do hinduísmo, é visível que este tema não é religião? As escrituras falam apenas de "conhecimento" e nesse termo está sim incluso práticas físicas vistas por nós como religiosas, mas que no fundo seriam respaldadas na visão de que não há distinção entre a causa inteligente e material do universo. O que você pensa disso?
    E, você citou a tradução conceitual, mas e a tradução da língua mesmo? O sânscrito no caso indiano é uma dificuldade realmente, daí deriva boa parte dos problemas em pensar a índia e retirar essa capa de orientalismo de tabela que se encontra nas poucas leituras disponíveis em português/inglês/francês/alemão.

    Alina Silva Sousa de Miranda

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    1. Oi Alina,
      Quando estudamos qualquer civilização, começamos por um determinado ponto de partida. Assim, se vamos estudar religiões da índia, isso não é um problema; o problema surge quando fundamentalistas e preconceituosos dizem que não se deve estudar o outro justamente por serem diferentes. Assim, penso que a questão é como estudamos; isso traz, no fim, novas perspectivas. É isso que faz revermos nossos conceitos, ideias, etc.
      Quanto a questão da tradução conceitual, refiro-me ao fato de que se busca na língua da outro aquilo que já possuímos. Exemplo: já ouvi dizer que o português é uma língua mais sensível porque só nela tem "saudade".... Ora, todas as línguas tem expressões similares. Esse ponto de vista é uma armadilha, que visa apenas reafirmar o entendimento de quem o defende. Não se busca o conhecimento do outro. A tradução, inevitavelmente, possui uma complexidade tal que exige adaptações. Mas, quando bem feita, ela nos traz novidades, novos olhares, enfim, a diversidade tão pretendida no entendimento. =)
      André Bueno

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  16. Boa tarde, Professor.
    Ao ler o seu texto pude sentir um pouco da angústia que os pesquisadores das “sociedades orientais” sentem ao se deparar com uma total distanciamento e despreparo da temática nas diversas áreas das humanidades em relação aos seus estudos. Sou graduanda do curso de história e confesso que no meio do curso eu já tive contato de estudo com China, Japão e Índia, precisamente em uma disciplina intitulada “história antiga oriental”, porém, quando abordada em outras disciplinas é de forma generalizada, restando aos alunos que apresentam seminários, levar alguma informação que na nossa visão eurocentrista seria uma curiosidade “besta”, mas que observado de um ponto de vista mais cuidadoso, mostra-se algo de suma importância para a busca de respostas as nossas indagações carregadas de um preconceito formado ao “analisar” uma sociedade oposta. Como forma de interromper o ciclo vicioso exposto no teu texto, você considera a inserção de ementas que contemplem os estudos orientais, a partir do ensino fundamental se faz viável ou é uma discussão de cunho conteudista para o ensino superior/graduação? Obrigada!!!
    Virgínia Genuíno Lira

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    1. Oi Virginia,
      com certeza! E não apenas de Ásia: de tudo! De oriente, de índios, de Oceania... Ainda há muito a ser estudado, só precisamos abri as possibilidades. Para o ensino básico, precisamos apenas criar as perspectivas - se isso for feito, a universidade só precisa acompanhar o movimento. =)
      André Bueno

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  17. André,

    Minha única crítica a este simpósio foi mencionada também em seu texto: o uso do termo "Oriente". Penso que, mesmo se existe uma única civilização derivada da cristandade latina e chamada de "Ocidente" (discutível, mas não precisamos entrar nesse espinheiro aqui), não existe um laço cultural entre Oriente Médio, Índia e Leste Asiático, por exemplo, que torne possível falar em um "Oriente" coerente.

    A única coisa em comum entre as civilizações asiáticas é serem não ocidentais, e se realmente precisamos dividir o mundo em duas partes, provavelmente faz mais sentido juntar de um lado Ocidente e Oriente Médio, que compartilham raízes gregas e abraâmicas, e do outro lado Índia e China, com religiões cármicas. Também um arranjo grosseiro e discutível, mas preferível ao atual, se não fosse pelo problema político de identificar ocidentais e muçulmanos no mesmo pacote, ou de diminuir o caráter supostamente único do Ocidente. Se dependesse apenas de mim, iríamos enterrar a expressão "Oriente" e falar de cada civilização específica, ou usar o termo Ásia, que só supõe proximidade geográfica.

    O que pensa sobre o "Oriente"? Expressão conveniente ou problemática?

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    1. Oi Emannuel!
      Me lembro que há muitos anos atrás, quando fiz um curso sobre China Antiga, resolvi usar o nome Kongzi ao invés de Confúcio, como seria no original. Ninguém entendeu de quem eu falava. Após explicar, um dos alunos ficou feliz de saber que iríamos estudar "aquele japa do Budismo"... rsss
      Oriente é uma bela palavra, mas continua a ser um péssima ideia. É problemática; significa simplesmente "onde nasce o sol", o que dá a dimensão do desconhecimento de quem a usa de forma convicta, na formulação de conceitos e teorias. MAS... continua conveniente - infelizmente - em nosso panorama universitário. Quando pensamos esse evento, havia o desafio de congregar estudiosos e curiosos em torno desse tema - as "várias Ásias possíveis". E que palavra sintetiza isso em nosso imaginário?
      Aos poucos, penso, será possível precisar melhor o uso dos termos, e "Oriente" irá encontrar um lugar mais adequado. Todavia, enquanto ainda nem temos uma cadeira de "História Asiática", é preciso chegar ao público com os termos de uso mais comum - até mesmo para desconstruirmos o conceito, como se faz necessário. =)
      André Bueno

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  18. Antonieta A'Costa Rodrigues9 de outubro de 2017 às 15:17

    Boa noite.
    Suas palavras fazem muito sentido quando lembro que fiquei encantada pela disciplina de História da Antiguidade Oriental durante o curso universitário, e tinha o firme propósito de aprofundar-me em pesquisas relacionadas a esses temas tão interessantes e pouco pesquisados em nosso país, mas fui sistematicamente desencorajada ao longo dos mais de quadro anos de curso. Acabei cedendo às pressões e escrevendo sofridamente sobre assunto que "coubesse" nas tradicionais linhas de pesquisa da instituição.
    Obrigada pelas palavras de, eu diria até, incentivo.

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  19. Boa noite!
    A iniciativa do simpósio é realmente muito interessante! Sou estudante de História e vejo mesmo que estudamos até mesmo na própria graduação pouquíssimo o Oriente. Relembrando minha vida escolar não estudei quase nada sobre a Ásia e o Oriente e quando via alguma coisa foi sempre com os "olhos europeus". O que de fato enquanto professores atuando junto às crianças e adolescentes podemos fazer para mudar essa concepção?

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  20. Boa noite, professor André Bueno.
    Levando em consideração o fato de que nos "Orientes" prevalecem sistemas de pensamento e de compreensão do mundo significativamente distintos daqueles predominantes no mundo ocidental, gostaria de saber se as metodologias de pesquisa (em antropologia, história e sociologia, e.g.) empregadas no Ocidente seriam válidas para se analisar e estudar os povos do Oriente Médio e do Extremo Oriente? Por exemplo, não haveria uma "Sociologia" desenvolvida na China, de forma independente da existente na porção Oeste do globo?
    Além disso, surtiram me dúvidas quanto ao tema central de seu escrito. O Sr., bem como boa parte do restante dos participantes, chamaram a atenção para um problema capital: a existência de uma série de preconceitos no que diz respeito ao Oriente de uma forma geral. Entretanto, após apontado um dos óbices para a integração intercultural, mister se faz buscar meios de eliminar o espinho.
    Como fazer isso, então, sabendo que há diversos empecilhos de caráter político e ideológico? Como colaborar para uma alteração da "vontade de saber", no dizer de Foucault, das pessoas de nosso país, já que a mesma sempre possui raízes profundamente históricas e, inclusive, psicológicas? Quais seriam os benefícios a serem alcançados a partir da consolidação desse diálogo intercultural?
    Obrigado pela atenção e muita paz!
    João Antonio Machado

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    1. Caro João,
      Gilberto Freyre já dizia que não haveria Brasil sem o africano e o asiático. Em um livro que recolhe vários ensaios e capítulos de sua obra, chamado "China Tropical", Freyre nos revela como esses muitos Orientes estão enraizados no Brasil... Precisamos, pois, redescobrir isso, para recriarmos essa identidade brasileira, e enfrentar, justamente, os preconceitos e barreiras que foram construídas. Esse é um benefício indelével, e uma conquista intelectual e moral.
      No mais, sim, os chineses tem aplicados seus saberes tradicionais nas ciências humanas, tais como sociologia, história, arqueologia, etc. Nem sempre, claro, seus pontos de vista são aceitos, justamente por mexerem na reformulação de conceitos - o que até então tem sido uma "privilégio" acadêmico euro-americano. Mesmo assim, a força das sociedades asiáticas tem forçado revisões inúmeras desses paradigmas, o que há de ser proveitoso em breve em termos epistemológicos. =)
      André

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  21. Mais um comentário sobre uma postagem muito boa que vi agora! Essa ideia de Ásia e Oriente e índios... aqui no Brasil percebo muito isso! As pessoas até mesmo acadêmicos pasmem com essa concepção de que no final é tudo a mesma "coisa"! Ideias totalmente preconceituosas, pura falta de conhecimento e pior de vontade de conhecer!

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  22. Sabendo que os temas relacionados ao Oriente vem ganhando espaço atualmente no Brasil, seu artigo é um exemplo disso. No entanto, esses são na maioria trabalhos e pesquisas acadêmicas, e desse modo o ensino básico no Brasil ainda continua voltado para o ensino de história a partir da ótica eurocêntrica, vemos isso com facilidade nos livros didáticos, que ainda é em grande maioria o único material pedagógico disponível para o professor, principalmente no ensino básico público. Como os professores do ensino básico podem trabalhar e discutir os temas orientais a partir de uma ótica não eurocêntrica? Daniele Moraes Santos.

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  23. Artigo íncrivel, gostei muito. Sou formada em História e durante toda a minha graduação praticamente estudei sobre a cultura ocidental (não à toa já que nossos colonizadores são ocidentais), e pouquissimas coisas sobre a cultura oriental. Então, eu gostaria de saber qual seria na sua opinião, a forma de tratar sobre este assunto com mais frenquência? Como superar o preconceito de tratar de outras culturas no nosso país?

    Natália Cristiane Oliveira dos Santos

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  24. Boa noite professor, o seu texto explicita as inúmeras barreiras a serem superadas na produção de conhecimento e divulgação sobre o "oriente" em nosso país. Neste intuito, penso que uma aproximação com o campo dos Estudos Culturais em educação possa nos ajudar a transpormos essas dificuldades. Neste campo o conceito de Pedagogias Culturais reconhece os artefatos culturais como cinema, música e televisão como importantes dispositivos pedagógicos que nos ensinam a agir e ser como somos. Desta forma, nós professores da Educação Básica podemos utilizar de mangás, filmes, jogos eletrônicos para desestabilizarmos os orientalismos tão naturalizados em nossa cultura. Assim, além do já premiado filme "A Partida", de 2008 de Yojiro, no qual aborda muito bem o tema da morte a partir da cultura Japonesa no qual podemos refletir sobre as possibilidades de entendimento da morte nas culturas humanas. Quais outros filmes produzidos e dirigidos na Ásia tu indicas para trabalharmos com temas transversais como gênero, trabalho, educação buscando outros olhares das diferenças a partir das diversas culturas do continente Asiático?

    Leonardo Moura Campani.

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    1. Oi Leo,
      tem muuuitos filmes bacanas, de tudo que é época. Vou te indicar uma fonte bacana:
      http://366filmesdeaz.blogspot.com.br/search/label/China
      De vários países, esse blog tem raridades e filmes ótimos! =)

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  25. Boa noite! Durante a leitura do artigo, por sinal, bastante instigador, me veio a mente o seguinte: quando iniciamos nossos estudos em História, seja na graduação ou na escola, começamos pelos estudos de povos e civilizações da Antiguidade concentrados na Ásia para, depois, partirmos para a Europa. Do velho mundo europeu em diante, percebe-se uma "lacuna" desses estudos, revivicados através da difusão do islamismo e do arabismo como algo perturbador da ordem imposta pelo mundo eurocêntrico, o qual sufoca até mesmo os estudos voltados para a África, continente matriz, ao lado do asiático, do despertar da humanidade. A situação fica ainda mais complicada quando lembramos que o Cristianismo teve sua raiz no Médio Oriente, assimilado a custa de muito sangue pela Europa medieval, "mãe postiça" da religião como a conhecemos. Sendo assim, a História Oriental como um todo esteve - e está - sempre presente nos estudos históricos e nas mais diversas civilizações, ainda que não concentrada numa disciplina a parte como vemos hoje com a História da África, em alguns cursos, uma disciplina optativa, para não dizer marginal da grade principal. Portanto, a questão não se resolve em tentar superar preconceitos ou resiliências em relação aos estudos orientais, mas sim em promover uma assimilação consciente de que tais estudos fazem parte de um todo histórico global, capaz de explicar os diversos matizes e transformações que se perpetuam continuamente na construção da história e do conhecimento humanos.

    Rayanne Gabrielle

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  26. Olá,colega professor! Parabéns pelo seu artigo.Como os demais comentários já referenciam,as abordagens acerca deste assunto são vagas.Se a universidade que deveria dar o pontapé inicial,não está nem aí.E a Educação Básica,o Ensino Médio? Utilizo um livro da Moderna,6º ano,que nada fala da Pérsia.Entrei em contato com a editora e nada me respondeu.O livro do 7º,nem menciona a Índia.Porém,tenho feito a minha parte e vou para a pesquisa com os alunos.Por certo, a ocidentalização não acha necessário falar de Malala,de Kailash,Gandhi,Gênghis Khan, e tantos outros expoentes do mundo oriental.Infelizmente mais um ISMO elitizado perturbando o verdadeiro conhecimento.Nada contra os ISMOS DO SÉCULO XIX que levantaram a bandeira dos menos favorecidos.Só tenho a dizer que nós docentes precisamos estar atentos com os tais currículos oficializados e excludentes que chegam nas nossas escolas, porque se tudo está NATURAL precisamos DESNATURALIZAR.Axé!

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  27. Olá André! Parabéns pela iniciativa! Acho que uma maneira de resolver o problema é criar não só espaços como este, o que você tem feito muito bem, como também começar a criar ferramentas institucionais (como uma revista de sinologia brasileira) que permitam sinólogos lusófonos publicarem para seus pares. A inadequação que você sentiu em relação ao seu trabalho nas revistas já existentes tem a ver não só com o nosso contexto como, também, com o fato de tais revistas acadêmicas não se prestarem ao objetivo especíico de publicar sobre sinologia. Acho que isso é mais uma missão que você vai ter que pegar. srsr

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    1. Oi Bony!
      Pois... é bem aquela. Todavia, se vez ou outra já consegui publicar, é pq algumas comissões já entenderam que o instrumental está lá, a questão é verificar um ou outro detalhe de conteúdo, rsss
      Sim, mas em breve, acho que uma revista de Sinologia será bem vinda! =)
      abraço!

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  28. Vejo que além do Oriente há outras regiões com poucos trabalhos acadêmicos e que proporcionam aos interessados maiores informações e fontes.
    De fato, China, Japão e cia, não são trabalhados como deveriam, em uma escola ou mesmo ensino superior, além do mais, uma das únicas coisas que são passadas desde o ensino fundamental é o Japão na 2 Guerra Mundial e como ele se reestruturou após este evento. Histórias atuais ou mesmo antiga de alguns países orientais estão a desejar no mundo atual.
    Bruna Liana Teza Canarin
    Graduanda em História - UFOP

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  29. Olá senhores amantes de História Oriental,
    Quão pertinente é para os dias de hoje a arguição do autor do texto O PROBLEMA EM FALAR SOBRE ‘ORIENTE’ NO BRASIL
    André Bueno:
    Qual a razão da academia não se interessar, no geral, pelo estudo das culturas asiáticas?
    EVALDO SOUSA PIMENTEL

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  30. Pelo texto ficou claro que a historiografia brasileira (ou mesmo ocidental?) não procura abrir espaço para temática oriental quando da construção científica relativa este tema. Diante disso pergunto ao nobre professor, pela experiência já adquirida sobre o tema, países como a China, a Índia ou o Japão também não procuram situar historicamente a cultura ocidental como inferior a deles?
    TOMÉ SOARES DA COSTA NETO

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    1. Caro Tomé,
      Isso podia acontecer até o século 19, mas depois da dominação ocidental na Ásia, ficou evidente que não seria mais possível sustentar um sinocentrismo ou um indocentrismo, por exemplo. Há uma luta, contudo, por partes dessas civilizações, em se fazerem reconhecidas, novamente, como milenares, tradicionais, poderosas, etc. Nisso, é possível ocasionalmente encontrar traços de nacionalismo exacerbado, que podem vir no futuro a romper esse equilíbrio. =)

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  31. Boa tarde! Adorei o tema, me lembra de um trabalho da faculdade que realizei. Com isso, sabemos que o ensino da história oriental ainda é pouco abordado dentro da sala de aula, e pode-se perceber que até mesmo os livros didáticos não volta tanto para esse estudo. Isso causa um distanciamento entre as culturas ocidentais e orientais. Assim, em sua opinião como um educador deve trabalhar dentro de sala de aula para romper esse estranhamento entre as culturas? Como valorizar o ensino da história oriental mesmo não sendo tão enfatizado no currículo escolar?

    LARISSA SANTOS DA SILVA

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  32. Heverton Montes Fontoura10 de outubro de 2017 às 09:56

    Boa tarde, agradeço a oportunidade em poder participar. A cultura oriental, é tão espetacular, quanto "milenar", é um assunto que me agrada muito. Gostaria de saber, em uma abordagem mais ampla sobre o assunto o seguinte: a dificuldade em se abordar o tema seria somente no Brasil, ou nos outros países latinos, predominam também esta questão?
    Héverton Montes Fontoura

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    1. Oi Heverton,
      Países como Argentina, Peru, México ou Cuba já tem estudos sobre Ásia bem mais avançados que nós. Infelizmente, é uma condição bem brasileira mesmo.
      =)

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  33. Boa tarde! É notável a falta de relativização cultural e desinteresse pelo interculturalismo presente na academia, mesmo que sem querer, acaba-se expressando uma opinião ou manifestação etnocêntrica. Sobre a filosofia, existe uma grande dificuldade em se reconhecer o surgimento da filosofia fora da Grécia, ao meu ver, isso pode estar associado à nossa dependência do princípio de identidade; dizemos isso "é ", tales de mileto disse que a água É o princípio de tudo. "A filosofia surgiu na Grécia porque a palavra filosofia surgiu lá, etimologicamente " geralmente essa é a explicação dada. Muito antes de Tales dizer que a água "É", na China, no século 12 antes de Cristo, os chineses já haviam fundamentado sua visão cosmológica e utilizaram um verbo diferente, utilizaram o verbo "estar". Adotando a lógica do Yin e Yang,podemos dizer que antes de surgir a palavra filosofia na Grécia e assumir uma conceituação(filosofia É isso ), na China já se tinha um aparato filosófico e que pensando dentro de uma perspetiva talvez existencialista e independente da etimologia, a filosofia, mesmo sem passar a receber tal nome, já existia, ou seja, ela simplesmente "estava "? Essa escolha pelo "estava ", a fiz pelo fato de ao olhar num dicionário de filosofia, a mesma possui denominações diferentes, então a cada momento determinado da história, ela foi, então tem estado em constante mudança.
    Arthur D'Elia dos Santos

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    1. Oi Arthur,
      o texto da conferencista Jana Rosker pode dar uma boa ideia sobre isso. Nesse ponto, somos mesmo herdeiros dos gregos; a própria denominação "oriente' é deles, como um outro espaço geográfico e cultural. Todavia, perdemos dos gregos o melhor - sua curiosidade, seu interesse, o sentido de busca. Se retomarmos isso, a coisa se conserta.
      =)

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  34. Parabéns pelo artigo e pela corajosa iniciativa do Simpósio, André.

    Emiliano Unzer Macedo.

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    1. Caro Emiliano,
      E se não fosse sua fértil e corajosa participação nessa iniciativa, esse simpósio não estaria tão legal e tão rico! Nós que agradecemos sua presença! =D
      abração!!

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  35. Boa tarde, professor André Bueno.
    Em primeiro lugar, gostaria de lhe parabenizar pelo belíssimo trabalho e excelente texto. Como graduanda em história, percebi a falta de debates/estudos no meio acadêmico em relação a História Oriental, visto que tão pouco se fala da Cultura Oriental em âmbito escolar.
    Gostaria de pedir encarecidamente alguma sugestão de referência para ampliar meus estudos sobre História Oriental.
    Grata!
    Taciane Lílian Pereira da Silva

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  36. Comentário para: Benedito, Natalia, Silvia, Patricia, Thayllon, Noadia, Antonieta, Marilisia, Daniele, Ivanize, Bruna, Evaldo, Larissa e Taciane,
    Como as perguntas são próximas, tentarei resumir meu ponto de vista.
    Para mudar qualquer situação - acadêmica ou escolar - é preciso simplesmente começar. Precisamos apenas requisitar a presença desses outros em nossos currículos, e estudar para criarmos o nicho. História da África passou algum tempo atrás por isso; e hoje é uma área rica de estudos no Brasil. Podemos fazer o mesmo, basta começar.
    Para dar suporte nesse sentido, foi criado o Projeto Orientalismo [www.orientalismo.site] que tenta dar subsídios e materiais para estudos sobre China, Índia e Japão. A partir dali, poderemos encontrar referências e materiais para iniciar esse trabalho. Estão todos convidados! =)
    abs!

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  37. Olá, professor. Parabéns pelo trabalho!

    O graduando em História encontra uma série de barreiras na Universidade para iniciar seus estudos e pesquisas acerca da história e cultura Orientais. Entre as barreias, destaco: inexistência de conteúdos programáticos que referem-se ao tema; docentes despreparados; falta de materiais e fontes de pesquisas nos Núcleos de Estudo e Pesquisa. Tendo em vista este panorama, como a aluno e futuro professor-pesquisador deve se preparar?
    Por que a história e cultura Orientais não são valorizadas e abordadas de forma satisfatória nos currículos da Educação Básica e do Ensino Superior de História?

    Taís Cristina Melero

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  38. Caro professor André Bueno, minhas saudações!

    Diante da consistência do tema História Oriental em nosso país, especialmente, destaco, no Nordeste, gostaria de felicitá-lo pela oportunidade de dar prumo a essa discussão em torno do Oriente no contexto, como exemplifico do ensino de História. Amalgamados em um cenário que privilegia valores, culturas e aportes ocidentais, encontramos dificuldades visíveis em traçar um panorama sobre o Oriente sem que, de alguma forma, reproduzamos posicionamentos reducionistas em torno de suas principais características. Meu comentário e inquietação deriva de como, de maneira crítica e histórica, podemos tratar do Oriente numa perspectiva um tanto mais sólida e diversa, sem reducionismos.

    Abraços,

    Rômulo Rossy Leal Carvalho - UFPI

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  39. Bom dia professor,
    Sem querer ser repetitiva, queria parabenizar a iniciativa não só pelo tema do Simpósio, mas também a iniciativa de se fazer um Simpósio Eletrônico. Todos os envolvidos na organização do evento estão de parabéns!
    O texto me esclareceu muitíssimo e confesso que nunca tinha atentado pra esse vácuo que temos na nossa formação acadêmica...
    Segundo o texto a falta de estudos aprofundados sobre "as culturas orientais" se dá, entre outros, pelo fato de que "Precisamos acreditar que estudar o outro é desimportante, porque isso reforça quem somos nós. Isso nos coloca no topo de uma hierarquia imaginária de culturas."
    A minha pergunta é: Poderia ser somado a este e a tantos outros motivos, o fato de termos uma educação com valores baseados no Cristianismo, ou isto não seria um motivo relevante pra escassez de estudos sobre essas "diferentes" culturas?

    Elaine Silva de Moura

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    1. Elaine, um ótimo gancho!
      O Cristianismo nasceu onde?
      Somos muito mais orientais do que pensamos!...
      Então, se falamos de um Cristianismo fundamentalista, exclusivista e intolerante, então ok, ele atrapalha sim - e demais!
      Mas se falamos do Cristianismo de Jesus, de Francisco de Assis, dos Jesuítas ou mesmo de Leonardo Boff, então estamos falando de uma ética de vida não só aberta, mas disposta a um diálogo fértil com todos 'os outros'.
      Assim, penso que um sentido reduzido de cristianismo é parte do problema; mas o outro lado disso é que muitos cristãos brasileiros não se preocupam que seus relógios venham da China. ;) Então, esses preconceitos fazem parte de um conjunto maior, e mais amplo, que diz respeito a sermos alguma coisa; e que, para se auto afirmar, precisa menosprezar o outro. Isso é, ainda, uma atitude imatura e insegura. É isso que tem atrasado tanto nossa busca por todos os outros que existem =)
      André Bueno

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  40. Bom dia ,primeiro parabenizo o evento e que este convite a curiosidade sobre o estudo do oriente seja aceito e entendido por mais estudantes e centro de estudo.

    não é só o estudo do oriente que encontra dificuldade no Brasil, veja o nosso estudo sobre o Brasil, muito mal sabemos a cultura dos povos nativos desta terra.
    como citados no seu texto globalização avançando sobre o oriente e nós não fazendo um pingo de força pra entender sua cultura e história . devido a problemas de dominação cultural e fechamento dos espaços em prol do conhecimento único de visão europeia e norte americana outras nações não tem espaço pra colocar suas necessidades ,sua história e cultura em posição que essa globalização possa respeitar o diferente -temos medo do desconhecido e fazer uma cultura estranha é um processo psicológico de dominação, fazendo esse conhecimento descartável. Temos uma língua mundial que é o inglês e o estudo do mandarim só interesse comercial .

    devido ao sistema capitalista que ensina a dividir e dominar e o processo de produzir trabalhadores que possam manter o capitalismo.o estudo e conhecimento de outra cultura poderia fazer algo perigoso para a estrutura capitalista que ao meu ver seria o entendimento e respeito do outro. Já que a logica de dominar e inferiorizar impera como sentimento desse sistema comercial e acaba com a solidariedade e união.

    como derrubar a mentalidade dessa educação mercadológica e funcional ,que avança de forma arrasadora ,passando por cima do interesse puro e simples do estudo e conhecimento de outra cultura .?

    você acha que ideias vindas de outras culturas , como a oriental pode vir a ameaçar um sistema econômico e até, de forma de relacionamento da entre o povos, tendo em vista que China e Brasil grandes territórios e uma população ainda crescente e resistente?

    Joseilton Soares Mendes

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    1. Joseilton,

      Enquanto o André não responde vou dar um palpite. O sistema político brasileiro tem interesse em perpetuar a ignorância. Para a economia capitalista não é tão simples, porque um certo conhecimento da cultura do outro ajuda. Um empresário brasileiro interessado em fazer negócio com a China, mas que nunca ouviu falar em guanxi ou como é a relação entre o PCCh e o meio empresarial, está em clara desvantagem. O interesse econômico promove um conhecimento parcial, instrumental, e mesmo assim maior que a média hoje. Daí os Estados Unidos terem desenvolvido os "area studies", estudos por região geográfica, durante a Guerra Fria.

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    2. Um cenário fácil de imaginar e ainda mais desastroso: o sujeito está na China, ouviu falar que o budismo é forte ali, não sabe nada sobre o Tibete e desanda a elogiar o Dalai Lama. Um tiro no pé em potencial.

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    3. Emannuel respondeu de forma perfeita!
      Só quero adicionar um ponto: por outro lado, embora eu não seja particularmente afeito a ideia de que o mercado deve tudo reger, por outro lado, ele pontualmente pode revelar fraquezas políticas ou deficiências educativas. O despreparo do Brasil para 'fazer negócios' com os asiáticos tocou o alerta de nossa ignorância. Todavia, o pessoal de Humanas tem que acordar e responder a esse apelo.
      =)
      André Bueno

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  42. Refletindo sobre seu texto surgiu um questionamento de ação de ensino. Acredito que um dos recursos que poderia ser utilizado para aproximar os alunos de questões que envolvam, por exemplo, a Índia, poderia ser a apresentação de alguns filme de Bollywood. Essa indústria cinematográfica é encantadora, apesar de difereri dos padrões tradicionais de Hollywood, acaba por ser também um desafio fazer com que o aluno preste atenção e seja tocado por um filme da industria de Bollywood. Mas acho que essa é uma questão interessante de se colocar em pauta. A maioria dos estudantes possuem uma imagem estereotipada dos países asiaticos e poucos conhecem, por exemplo, que existe uma industria cinematográfica gigantesca como Bollywood. Acho que trabalhar com essa questão pode tornar mais fácil um diálogo inicial sobre a cultura indiana e ajudar a despertar a atenção para estes países.

    Larissa Henrique

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  43. boa tarde, essa dificuldade se deve muito, ao fato de no ensino fundamental e médio praticamente não ter materiais sobre a historia oriental. Em sua opinião, se houvesse um material mesmo que básico, melhoraria o estudo do oriente no brasil?
    Thiago Ramon Sobral Clarindo

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  44. Onésimo dos Santos Maximiano Filho.11 de outubro de 2017 às 10:48

    Quero de início te parabenizar pelo belo artigo, realmente existe uma dificuldade em se encotrar um material mais aprofundado sobre a cultura oriental. Digo isto porque em janeiro passado estive com um grupo de amigos em Londres e todos gostaram dos museus, da artes egípicias, mas quando chegamos na parte da África, alguns não quiseram entrar, percebi um certo preconceito pelos artefatos africanos, um outro citou negativamente as religiões africanas. Não quero ser polêmico aqui mas a religião (diferente do cristianismo) praticada pelos orientais não seria um dos motivos pela falta de interesse em um aprofundamento de pesquisas?

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  45. Em "Terras Tupiniquins" ainda predomina dois fatores importantes:o eurocêntrismo e o pensar de ser desimportante o estudo de cultura.Mas no contexto atual o mundo exige um diálogo intercultural.
    Venho indagar agora como o mundo acadêmico abrirar um espaço para tal estudo?

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  46. Em "Terras Tupiniquins" ainda predomina dois fatores importantes:o eurocêntrismo e o pensar de ser desimportante o estudo de outras culturas.Mas no contexto atual o mundo exige um diálogo intercultural.
    Venho agora indagar como o mundo acadêmico abrirar um espaço para tal estudo?

    Roziane Alves de Oliveira

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  48. Boa tarde, professor! Primeiro gostaria de parabenizar pela belíssima análise e também dizer que, minha professora História Antiga e outros sempre usam seus textos, então não exitei a vir neste espaço. Minha indagação é a seguinte: Será que falta muito para alcançarmos essa representatividade do mundo Oriental, ou ainda esse peso Ocidental ainda vai imperar por muito mais tempo, principalmente nas bases curriculares? Falo a longo prazo.
    Eduarda Oliveira Silva
    eduardaoliveira1986@gmail.com

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    1. Oi Eduarda,
      O que vejo é uma ligeira mudança em andamento... Alguns grupos já estão se organizando para estudar Ásia. Todavia, são iniciativas que as vezes já nascem sob a ótica do exclusivismo, ou do eruditismo, entre outros ismos.. É melhor do que nada, mas já é um começo. Penso, porém, que em se tratando de Brasil, uma lei sobre ensino, ou menos, uma cadeira de História Asiática nos currículos seria o começo ideal.
      =)
      No mais, fico feliz de saber que meus textos estão servindo! Agradecido de coração pela lembrança! =D

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  49. Prof. André,
    Primeiro quero parabenizá-lo pelo excelente texto, nos propondo uma boa reflexão sobre os problemas que se colocam diante dos estudiosos do Oriente. Acredito que você já conheça as iniciativas da UFMG, através do Instituto Confúcio e também do Centro de Estudos Indianos. Sendo que esse último tema, possui um acervo específico que se encontra abrigado na biblioteca da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG (biblioteca onde trabalho atualmente). Tive meu primeiro contato com o tema orientalismo, quando estive fazendo um levantamento temático de publicações no Journal des savants durante o período da Segunda Guerra Mundial. E artigos apareciam recorrentemente. Como não era objeto da minha pesquisa aprofundar nos textos, não terei condições de explicitar o conteúdo dos mesmos. Quando você fala sobre não conseguir publicar os textos em periódicos científicos, me fez lembrar da minha própria área de origem; sou bibliotecária e mestre e doutora em Ciência da Informação, e como terminei recentemente meu doutorado, busquei uma revista para publicar o resultado da minha pesquisa. Mas ele foi recusado já por dois periódicos, mas não por que é um artigo ruim, mas por que tive tanto como objeto como metodologia, elementos “estranhos” a área, a qual se diz interdisciplinar. Portanto, eu compartilho de sua inquietação, e deixo aqui uma pergunta: Qual seria o mecanismo ou solução para o debate maior acerca do orientalismo tanto nos currículos de história quanto na pesquisa e publicação das reflexões?

    Um abraço,
    Letícia Alves Vieira
    leticia.alves@gmail.com

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    1. Oi Letícia,
      Insistir, sempre. Ocasionalmente, encontramos docentes receptivos a temas diferentes. Precisamos encontra-los, é construir trabalhos seguros e bem embasados. Aos poucos, a consistência científica prevalece, apesar de todas essas barreiras. É difícil, nem sempre dá certo. Mas se não continuarmos a produzir, aí a coisa não engata. É um trabalho de formigas. Mas já está começando. =)
      André

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  51. 你好 André!
    Quando li seu texto, me identifiquei muito. Parece que limpei a alma, vi que não sou mais a maluca que achei que fosse. Conheci o Oriente através dos animes, mas eu comecei a entender por causa do Kpop, quando eu tinha uns 14 anos. Aí depois conheci a moda japonesa, as famosas lolitas, o estilo "kawaii" em si. Até então eu estava superficialmente inserida nesse meio. Mas foi apenas em 2014, quando entrei na faculdade de História, que comecei a ver com outros olhos. Eu havia acabado de ler uma novela chamada "Flor da Neve e o Leque Secreto", de Lisa See, e o livro me mudou completamente. Eu me apaixonei pela história das mulheres chinesas, e queria saber mais. A própria autora me apresentou historiadoras maravilhosas da área, mas daí vem os obstáculos que você diz no seu texto: não tem artigo traduzido, não tem nada para ajudar. Eu ia fazer meu TCC sobre os "lírios dourados", mas desisti. E eu ia desistir de tudo, até o dia que eu conversei com uma chinesa de um restaurante aqui na cidade. Quando eu disse que queria pesquisar a história dela e de mais um milhão de mulheres na China, ela ficou muito feliz, quase se emocionou. Para mim é a minha motivação lembrar disso. Eu realmente não quero desistir. Obrigada por escrever isso, eu digo isso tudo do texto sempre, e até meu pai que é historiador fica sem entender e acha que é devaneio meu por causa dos "kpop" (risos). E vamos a pergunta:
    Diante do quadro de imigrações de povos orientais para o Brasil (como chineses e pessoas do Oriente Médio) aumentando cada vez mais, como você enxerga a importância de um melhoramento no ensino da história oriental nas escolas? Como você acha que podemos contribuir para a inserção desses imigrantes e no entendimento dos mesmos através do currículo escolar?
    Abraços mil, espero resposta.
    Beatriz Ribeiro Roesler

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    1. Oi Bea,
      Simplesmente não desista. =)
      As vezes pode dar uma fraqueza mesmo, mas... Todas as ferramentas que você desenvolver para contribuir com seu estudo [do tipo: não tem texto? eu traduzo. Preciso aprender outro idioma? vou lá estudar. etc] vão consolidar seu papel e sua atuação como pesquisadora. Daí, a coisa deslancha. Kpop é um tema tão válido quanto rock ou economia ou literatura; basta apenas que mostremos aos outros o porque isso é tão importante para uma cultura [afinal, nenhum brasileiro questiona a validade do samba como cultura, não é?].
      Dito isso, é possível que a imigração modifique esse panorama escolar e conteudista sim - se a visão reducionista de educação não for vitoriosa, claro. Temos mesmo uma escola pública em Niterói que tem aulas de chinês. A coisa engatinha, mas já vai andar . Mas precisamos insistir, e continuar tentando produzir.
      Laozi dizia: 'sábio é aquele que, por não saber que algo era impossível, foi lá e fez"
      =)

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  52. Boa noite Professor! Parabéns pela discussão.. Acredito que esse é um tema extremamente importante a ser discutido e ampliado cada vez mais. Enquanto lia, percebi que essa problemática se aplica também ao campo das artes. Sou graduanda do curso de Licenciatura em Arte, e por mais que minhas aulas sobre História da Arte tenham sido ótimas, raros foram os momentos em que a Arte Oriental apareceu ou foi citada. Depois de um tempo, esse fato começou a me deixar inquieta, tanto que me levou a escolher discutir a Arte Oriental em meu Trabalho de Conclusão de Curso e futuramente em um mestrado. Além disso, estou tendo certa dificuldade em encontrar materiais acadêmicos que abordem o assunto, exatamente pelo fato de não se ter o interesse em dialogar, escrever e publicar sobre. Existem, mais ainda são poucos, o que por um lado torna a pesquisa mais relevante ainda, e por outro dificulta na falta de referências para a base do trabalho.
    E pensando na questão da escola, como li em alguns comentários, é raro o Oriente ter "vez" nas aulas de História e Filosofia, o mesmo acontece nas aulas de Arte. Nas DCE's consta que o conteúdo sobre a Arte Oriental deve ser trabalho, mas na prática isso dificilmente acontece, o que é uma pena e certamente deve ser mudado.
    Jienefer Daiane Marek

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    1. Oi Jienefer,
      mas tenho que visto que o campo das artes está até com vantagens sobre História ou Filosofia, por exemplo. Afinal, não se discute se os chineses "tem ou não tem arte", por exemplo, como se faz em Filosofia [se eles tem ou não filosofia, como fala a conferência de Jana Rosker].
      Falta, claro, conhecimento e material - embora já tenhamos textos e livros bem bacanas em português, ou mesmo em línguas estrangeiras acessíveis. Aos poucos, será possível disseminar isso nas escolas também, ensinando técnicas de pintura, de modelagem, ceramismo...conteúdos já previstos em nosso currículos, mas acompanhados de técnicas e concepções asiáticas, que dão o link para as teorias. Enfim, nas ocasiões possíveis, encontrar as brechas para que possamos contemplar essas outras experiências. =)
      André

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    2. Agradeço pela resposta Professor. E acredito que aos poucos essa realidade vai mudar, e vamos ter mais discussões, além de bons trabalhos escritos e publicados sobre o assunto.. Enfim, não podemos perder o foco e o interesse frente as dificuldades que esses novos assuntos nos trazem.
      Abraços!

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  53. André,
    Leio seus texto a mais de 10 anos, e compartilho das mesmas angustias. É preciso falar mais sobre tudo isso para evidenciar a situação, de modo que os problemas sejam apontados com cada vez mais clareza, e soluções sejam tomadas com mais eficiência.
    Ao mesmo tempo, lendo Anísio Teixeira, observa-se que no Brasil não há tradições bem estabelecidas de estudos "desinteressados" ou em produção de "ciência pura/teórica", mas em formação técnica ou de ciência aplicada. Vejo isso também como um empecilho para estudos históricos e culturais relacionado à Ásia serem socialmente legitimados em nosso país. Tanto é que não temos cursos, e quase não há disciplinas de "estudos asiáticos", "estudos chineses" ou "estudos coreanos".
    Pensando nisso, a partir do seu tópico "Divulgar ou Publicar?" surgiu a questão:
    Além do trabalho que já tem sido feito academicamente em universidades e pesquisadores de forma autônoma (publicações), não seria útil buscar outras ferramentas, como técnicas de marketing e financiamento privado de pesquisa, para o fomento de estudos sobre culturas asiáticas no Brasil (divulgação)?

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    1. Oi Matheus! =)
      Olha... É uma caminho válido. Mas por experiência própria, a vulgarização tem sido um meio mais efetivo, no momento, de levar ao grande público um olhar sobre a Ásia. Revistas de banca de jornal, por exemplo, são bem receptivas a artigos de divulgação sobre Ásia [até pq eles vivem de variedades de materiais]. Livros mais acessíveis ao público também. Muitas vezes fazemos livros grossos, enormes e chatos para os pares... E esquecemos que o leitor comum, justamente, pode ser despertado por elas e investir depois em aprofundar-se.
      Volto, porém, a primeira frase: acho válido sim. Qualquer contribuição para a difusão da área é bem vinda.. No Brasil, no entanto, ainda não vi muito da tradição de benemerência que alguns países asiáticos tem. Não saberia ao certo como fazê-lo. =)
      abraço!

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    2. Obrigado pela resposta.
      Concordo que publicações por meios mais populares e linguagem mais abrangente é o melhor caminho de divulgação no momento.
      Sobre não saber como fazer o que perguntei, é exatamente isso que noto também. Nós, das humanidades, temos pouco conhecimento (e interesse) em conhecer meios e técnicas de divulgação para além do tradicional acadêmico. Acredito que precisamos mudar isso, e estou começando a buscar sanar essa falta em mim.
      Abraços!

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  54. Para Tais, Romulo, Larissa, Thiago, Onésimo, Roziane e Carolina;
    Tocamos novamente nesse ponto: como resgatar essas histórias asiáticas? E como trazê-las para o nosso mundo educacional?
    Jack Goody teve um livro maravilhoso traduzido para o português: "o roubo da história", em que ele chama a atenção para a necessidade de desconstruir todo o modelo cronológico e cultural que temos em mente hoje. Goody nos mostra por quanto tempo a Ásia foi fundamental na ordem geopolítica do Globo, e que a impressão histórica que temos da primazia eurocêntrica é, antes de tudo, um momento na história - mas não o foi sempre.
    Uma leitura de Goody já poderia nos ajudar bastante e pensar o que podemos trazer de novo pro âmbito educacional. Todavia, vejo hoje estudantes que são capazes de ler Goddy apenas por questões teórico metodológicas - como já fizeram com Said também. Aí fica difícil, rss...
    Estudar, planejar e trazer isso para o âmbito escolar e universitário. É assim que começamos, e assim que pode dar certo. =)
    saudações!
    André

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    1. Onésimo dos Santos Maximiano Filho13 de outubro de 2017 às 02:00

      Interessante a sua colocação Prof. André. Este processo de desconstrução, para uma futura reconstrução, deixa bem claro os objetivos eurocentristas, outra técnica que reparei, foi a de dar menos importância para determinada cultura, com o intuito de valorizar a minha.Creio como você que trazendo tas debates para a universidade já é um bom começo!!

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  55. Ola boa tarde no meio referente a pesquisa e muito dificil falar desta cultura entao devemos salienta que para mudar esse fato deve se criar projetos no meio social para conscientizar a população desta cultura, mas talves esse ponto seja desconhecido por muitas pessoas. Carlos Ryan Silva de Araujo

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  56. Camila Regina de Oliveira12 de outubro de 2017 às 09:29

    Olá
    Primeiramente devo dizer obrigada e parabenizar pela iniciativa do evento, e espero que aconteçam mais edições futuras.
    Não há como negar o problema da escassez, e por que não dizer, pré-conceito aos estudos orientais no Brasil, que até pouco tempo atrás nem ao menos falava muito sobre a Africa.
    Simpósios, introduçao aos estudos orientais nas escolas, eventos que apresentam e difundem a filosofia, história e cultura oriental são raros, e muitas vezes extremamente mal divulgados. E quando acontecem parecem se centralizar em India, China, Japão e alguns países arabes.
    No texto mesmo é mencionado a problematica da divulgação, como a linguagem acessivel. Sabemos que para um estudo mais profundo é importante essa familiarização com a lingua e principalmente cultural.
    Em relação a massa, podemos observar uma cultura popular asiática difusa entre os jovens no Brasil( por exemplo: animes japoneses e k-pop no entretenimento), e outra mais espiritual e religiosa, mas não há um aprofundamento sobre a História e cultura tradicional dos países asiaticos. Por outro lado, a mesma introdução dessa cultura popular levam muitos a se interessarem mais profundamente e escolhem a Asia como tema de estudos. O senhor não acha que essa introdução da cultura popular no cotidiano do brasileiro, possa ser uma das chaves necessárias para a construção e fortalecimento da tendência de estudos orientais?
    E qual sua opinião pela maior escassez de estudos por países como Indonésia, Filipinas, Myanmar, Tailândia e outros do sul asiático não apenas no Brasil mas mundialmente falando?

    Camila Regina de Oliveira

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  57. O ensino de História no Brasil é de uma forma geral pautado numa visão eurocentrica. Visto que conhecemos mais sobre a Europa do que mesmo a formação dos países americanos. É comumente sabido que é mais fácil ensinar sobre a Europa, a formação dos países, as guerras, do que tratar do Oriente. Digo isto nao por predileção, mas sim porque desde que começamos a estudar o foco brasileiro esta na Europa. E por esta razão indago, como o professor de história irá abordar o orientalismo em suas salas de aulas? Visto que muitas vezes esse mesmo professor mal estudou o assunto na graduação. Não tem material suficiente e por vezes o livro didático da escola em que leciona não traz elementos suficientes que o permitam uma releitura daquilo que nos passaram como exótico, incomum.

    Gigliele Pereira fontes

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  58. Boa tarde, parabéns pelo excelente texto, eis a minha pergunta: Como se deu esse processo histórico de "invenção" do oriente? O que levou a definição de um "lado" oriental?

    TAYNNAN ROBERT DE OLIVEIRA BARROS

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  59. Boa tarde, quais as medidas cabíveis que a academia brasileira, de forma geral, deve tomar para diminuir, ou mesmo excluir, esse abismo existente entre ocidente e oriente e assim ajudar a combater o preconceito e a falta de informação sobre o "lado oriental"?

    TAYNNAN ROBERT DE OLIVEIRA BARROS

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  60. Olá André. Seu texto é ótimo para contextualizar os embates da própria academia, tanto pelo reconhecimento dos pares como na disputa por espaço linhas de pesquisa e cadeiras docentes. Como a discussão acerca da inserção de temáticas relacionadas ao "mundo oriental" está ocorrendo na formação da Base Nacional Comum Curricular?

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  61. Juciana Pereira Lustosa12 de outubro de 2017 às 13:11

    Boa tarde, parabéns pelo texto professor André, depois de ler seu texto, fique a pensar como poderemos aprofundar nosso conhecimento sobre o "Oriente", se não existe uma lei que possa amparar as pesquisas e trabalhos referentes ao tema, haja vista que você mesmo retrata no seu texto a escassez de especialistas na área?

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  62. Olá, Primeiramente gostaria de te parabenizar pelo teu texto que é simplesmente maravilhoso. Claro, não posso esquecer de dizer sobre teu trabalho [Projeto Orinetalismo] que está sendo fantástico, dar a cara a tapa em um país que simplesmente banaliza e se nega quando o assunto é o ensino sobre países orientais. Eu como um graduando do curso de história e amante da cultura japonesa me sinto desamparado em meio a profissionais que não possuem interesse em estudos voltados ao Japão. Minhas perguntas são: De que forma eu posso intervir em meu curso de graduação, tornando tangível que estudos Orientais sejam alvo de interesse entre outros graduandos e professores?
    E, em todo esse tempo de projeto quais foram os resultados mais gratificantes desde a sua criação? Houve algo que tu pensou "nossa, isso realmente me deixou feliz"?

    Breadelyn Corrêa Pires

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  63. O fato da falta de estudos, tradução e outros problemas é algo constante pelo que eu percebi. Sou "marinheiro de primeira viagem" na História Oriental, mas gostaria de saber se existem estudos relacionados ao gênero ou sexualidade desses povos em qualquer período?

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  64. Olá! Parabéns pelo texto, achei bem produtivo, tivemos uma discução sobre este assunto em sala de aula ainda esta semana.
    Sinto este mesmo problema quando procuro fontes sobre a visão arabé das cruzadas, afinal faço um trabalho sobre este tema. Tento publicar algo neste contexto e não consigo forma para isso.
    Vi que mas suas referencias utiliza-se Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente de Edward Said mas o livro 1492 o Encobrimento do outro, não ajudaria a explicar a criação do oriente?
    Afinal a Europa só poderia se demonstrar como mais evoluída e civilizada se menosprezasse o outro, por isso ela cria o Oriente, como algo pouco civilizado e exótico.
    Afinal quando se faz uma pesquisa sobre o Oriente é sobre assuntos exóticos. Temos esta visão também do mundo árabe.

    Desirèe da Silveira Pelufa

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  65. Boa noite,

    Gostaria de tirar tanto uma dúvida quanto fazer uma reflexão. Como estudante da UnB, no nosso currículo temos a matéria obrigatória de História da África, que mesmo durando um semestre, já aproxima os graduandos do continente.

    No entanto, não há um ensino direcionado ao oriente, somente em matérias optativas, ofertadas anualmente. O mesmo ocorre no Ensino Médio, onde História da África é previsto pelo MEC mas não um profundo estudo do Oriente.

    Minha pergunta é: Como professores e alunos de universidades, como podemos aproximar os graduandos a esse mundo (para que ele possa ser levado ao Ensino Médio e fundamental) e como podemos incentivar a busca por especialistas em Oriente para que a academia possa se virar para esse lado da história?

    Atenciosamente,

    André Luis Ferreira da Rosa Junior

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  66. Caro professor André

    Parabéns pela exposição!
    Na graduação, eu cursei uma disciplina chamada História da Ásia. O docente responsável não era declaradamente um especialista no tema e cumpria a tarefa ingrata de ofertar um componente curricular para o qual não havia professor titular nem outros interessados em ministra-lo. Lembro de que o docente se queixava da escassez de bibliografia sobre a história daquele continente. O fato é que a disciplina não supriu muito o meu “desconhecimento” sobre a temática.
    Gostaria de saber se há títulos da “historiografia oriental” traduzidos para português e também se, do ponto de vista metodológico, é possível identificar diferenças profundas entre o fazer historiográfico oriental e o ocidental.
    Grato,

    Fernando Santana de Oliveira Santos

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  67. Parabéns o texto tá maravilhoso, nos faz pensar o por que disso está acontecendo ? Por que os livros didáticos não aborda ?ou quando aborda e pouco ? Quais livros recomendaria ,para se trabalhado em sala de aula?

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  68. Bom dia professor,primeiramente gostaria de parabenizar você pelo excelente texto. Você poderia destacar o problema das fontes em si. Pois esse tema me parece muito relevante, porém, não encontro fontes boas para trabalhar com Oriente.Você poderia recomendar alguma bibliografia ou outro tipo de fonte? E há que se deve essa falta de material em sua opinião, ao desinteresse ou à falta de conhecimento para estudar o tema? Obrigada.
    Att, Valeria Taborda de Almeida.

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  69. Bom dia professor, parabéns pela sua iniciativa. Publiquei uma artigo neste evento que fala da falta de material da historia do Japão nos livros didáticos. Os próprios autores de livros escolares tem desinteresse em produzir material referente a história oriental e asiática, deixando o material superficial e não quando sem conteúdo nenhum. Obrigado por compartilhar sua experiência conosco. Gostaria de perguntar qual o maior problema enfrentado pelos professores quando existe a falta de material nas escolas para trabalhar história?

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    1. Oi Sander,
      Antes de tudo, agradecemos sua presença aqui, no Simpósio! =D
      Essa falta de material existe sim, mas não é tãooo absurda como era há dez anos atrás. Já existem textos e fontes pra gente trabalhar sim. Temos é que dar uma olhada, procurar. No mais, lembro que a saga de Harry Porter era traduzida aqui no Brasil por um grupo de jovens que fazia isso antes mesmo da editora lançar a versão oficial! Não estou estimulando a pirataria, rsss, mas, quando há um interesse sincero, também sabemos correr atrás. Fiz um texto para o fim dos debates que contempla um pouco isso.
      Sander, mais uma vez, obrigado por você topar o desafio de escrever sobre Ásia. =)
      abraço,
      André Bueno

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  70. Bom dia, gostaria de parabenizá-lo pelo excelente texto. Tudo que percebo sobre a falta de estudos sobre a história dos povos orientais no nosso país foi retratada no texto. Na verdade sinto que quando ensinamos história antiga ou medieval quase nada falamos sobre os povos do oriente, não por falta de vontade, na verdade me falta conhecimento e material apropriado. No próprio ensino superior onde conclui a licenciatura em História não me recordo de ter aprendido esta disciplina. Por isso, este simpósio é de grande importância para o tema. Gostaria de lhe perguntar por que o Brasil trata a história oriental de forma omissa? Grata. Joice de Souza Avelina Costa.

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  71. O olhar para o Oriente existe mais no mundo acadêmico, dessa forma, qual seria a ótica e a metodologia possível para um professor de ensino básico discutir mais sobre o Oriente, sem cair nos esteriótipos existentes? Como fazer essa desconstrução dentro de do ensino básico sem ter muita abertura para o Oriente nas discussões escolares?
    Monielly Suelen Gomes Barboza

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  72. Não tinha parado para pensar na questão, e achei muito grave a situação do Brasil nesses estudos. Ótimo artigo.
    Já morei no Japão, e lá conheci um brasileiro que havia residido na Europa e vivia dizendo que o Japão era feio e que na Europa “se tomava um banho de cultura”, fato que vai de encontro ao intensivo estudo das culturas européias
    Sempre discordei de seu ponto de vista e buscava mostrar o outro lado, mas não adiantava, e para não me indispor, deixava passar.
    Neste aspecto, como podemos mudar este panorama individualmente, mesmo longe dos estudos científicos?

    Luiz Adriano Zaguini

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  73. Será que buscamos algo entre um "orientalismo" e uma "asiologia"? Esta armadilha da linguagem que ao mesmo tempo possibilita e limita nosso aprendizado do mundo e nossas análises conceituais...
    Sempre muito proveitoso ler seus textos e refletir sobre as questões que vc aponta. Obrigada!
    Bruna Soalheiro

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  74. Como você acha que o estudo do Oriente deveria ser estimulado nas escolas?
    Julia Piovesan Pereira

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  75. Olá professor André. Gostei muito do texto, como estudante de história e filosofia é sempre rico saber que minhas posições em relação às diversidades de perspectivas e temas encontram ecos, ainda que parcos mas existentes. A iniciativa desse simpósio acho que já dá uma boa oxigenada na mentalidade de muitos, o que tende a se intensificar. Parabéns pela insistência e resistência.

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  76. Car@s;
    Antes de tudo, quero a agradecer a presença de todos vocês aqui. Embora possa parecer clichê, mas sem vocês, esse simpósio não existiria, simplesmente! Mas como vocês devem ter percebido, é uma oportunidade encantadora de trocarmos conhecimento, bater papo e aprendermos. Para os comunicadores, é gratificante saber que finalmente seus textos foram lidos, e debatidos! E para Leitor@s, aquela oportunidade de fazer a pergunta que a gente queria...finalmente existiu! =)

    Bem, tentarei dar conta, nesse último momento, das questões que foram colocadas.
    Em alguns casos, as perguntas já foram contempladas nas minhas repsostas anteriores [e por isso peço que dêem uma olhada nelas, pra que não sejamos repetitivos] =)

    Todavia, uma dúvida recorrente é: como fazer acontecer? Como trazer a Ásia para o chão das escolas e universidades?

    Uma lei? Pode ser. No caso de História da África deu certo, mas por uma razão fundamental: o pessoal estudou, e lutou para implementar isso. Então, temos que estudar. E estudar para estarmos prontos. Temos que estudar não porque uma lei nos obriga, mas porque queremos aprender. Até porque, as últimas leis que o governo anda decretando querem, de fato, é fazer com que estudemos cada vez menos, em favor de um 'direito de escolha'... Quem tem pouca opção, tem pouca escolha. Quem não tem opção, não tem escolha. E para termos opção, temos que estudar, conhecer, variar.

    Então, trazendo para o âmbito de aprendizagem... Quem foi em busca? Quem saiu atrás de um livro sobre Índia, China ou Japão para saber como é? Infelizmente, somos muito acomodados. Esperamos que as informações venham mastigadas, para que possamos reproduzi-las. Dizemos:"não podemos fazer, porque não tem uma cadeira, porque não tem no livro didático, porque não tem isso ou aquilo..." E desde quando - se quisermos - precisamos seguir a risca esas orientações/determinações? Logo o brasileiro, o "rei do errado" [uma ironia, ok?], resolve ser certinho, e seguir a risca, justamente, as indicações do que é apenas necessário [isto é, fazer menos?]? Ou seja: para começar a falar sobre 'orientes', basta começar a falar. Basta começar a ler uns livros, pensar em bolar aulas sobre, e ir fazendo.
    [continua]

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  77. "Certo, mas a gente não corre o risco de falar bobagens?" Claro, e em todos os campos da história dá pra se fazer isso. A questão, porém, é que temos bons materiais sobre Ásia disponíveis, mas precisamos correr atrás dessas bibliografias. Nesse sentido, o Projeto Orientalismo tenta dar conta de algumas dessas expectativas. No entanto, em termos educacionais, a visita ao Projeto é bem baixa, se comparado com outros "blog's de sucesso". A ideia, porém, foi preparar o campo para um evento como esse - e para projetos que virão! =D

    "E qual a didática?" A mesma que temos usado sempre, nas aulas - desde que funcionem, claro! rsss Não precisamos realizar malabarismos pedagógicos para trabalhar a Ásia no Brasil; apenas, precisamos visualizar o que, e como, ensinar. vejam: não penso que um curso escolar ou universitário deva formar obrigatoriamente especialistas em Sinologia ou Niponologia. Mas, deve dar-lhes condição de escolher, se querem fazer isso ou não.

    Por isso, os estudantes devem ter acesso aos elementos básicos. Podeos lecionar de forma temática, por exemplo. Felipe Armesto, no seu livro "Ideias que mudaram o mundo", faz isso de maneira brilhante, comparando como certas ideias surgiram e se densenvolveram em várias parte do mundo.
    Podemos usar expedientes que englobam o contato das civilizações, como a Rota da Seda. Podemos também abordar, de forma básica, o quadro dessas civilizações, como Wang Tao faz com 'Descobrindo a China', ou Sérgio Bath fez com 'Japão ontem e hoje'. São livros pequenos e agradáveis que nos dão boas ideias.

    Somente depois de começarmos a fazer é que alguma coisa acontece. Infelizmente, nem vi cogitarem a inserção de China, Índia ou Ásia no BCN. Quando aparecem, só na hora que o 'Ocidente descobriu', uma vez no século 16, outra no século 20.

    Assim, estudar a Ásia é uma questão de princípio: afinal, se temos uma preocupação minimamente humanizante com o mundo, então, nos cabe sair da redoma, e promover um estudo mais consciente sobre tudo e todos. Os milhares de preconceitos que existem por ai só podem ser combatidos, efetivamente, com educação. Ensinar Ásia no Brasil é um laboratório fascinante de experiências - mas é, fundamentalmente, uma necessidade ética.

    Fica o convite para todos! =)

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    1. Boa sua resposta ao Leo,...e melhore ainda as sugestões de não ficarmos esperando soluções, mas sair a campo exercitando e apresentando a Ásia com as literaturas que encontram-se à disposição; acrescento que minha experiência sobre Oriente é fruto dos filmes de Bruce Lee, entre outros, de Daniel San, Senhor Miag, do descobrimento da pólvora, "Quem quer ser um milionário", AS AVENTURAS DE PI,e as várias vezes em que apresentam os Indianos como bons em Matemática,...esqueci de citar ainda Hiroshima e Nagasaki. Seria Hiroshima e Nagasaki, uma das respostas-exemplos do "OSTRACISMO", do oriente na sociedade Ocidental??? (não sou rei, sou AUGUSTUS) - Edson Barcelos Augusto

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    2. Ótima questão! também penso assim, que devemos buscar e fazer acontecer! Obrigada pela oportunidade de ler os textos aqui e para quem como eu conhece pouco, saber mais pistas.

      Um abraço,

      Letícia Alves Vieira
      leticia.alves@gmail.com

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  78. Olá, professor. Gostei muito do seu texto e gostaria de saber se você poderia me dar sugestões de autores e/ou livros sobre o assunto, principalmente sobre história indiana, pois me interesso demais pela temática e é difícil de encontrar textos acadêmicos que abordem sobre isso, como você já bem sabe. Desde já, obrigada :)
    AMANDA MARTINS OLEGÁRIO

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  79. Primeiramente parabéns pelo texto André Bueno. Seu texto vai de encontro com as experiências que tive ao realizar meu TCC sobre história do Japão, é muito bom saber que existem outras pessoas que tiveram as mesmas impressões que tive com relação a academia e o publico de forma geral, estes aparentam possuir uma visão um tanto quanto desvalorizadora sobre temas com relação a estudos sobre o Oriente.

    Minha pergunta para você é a seguinte. Um dos últimos tópicos do seu texto se refere a publicação e a divulgação. A publicação possui característica um tanto quanto mais acadêmica e a divulgação uma característica mais popular. Você concorda com a produção de uma mesma obra, porém em formatos diferentes para direcionamento para públicos diferentes?

    Essa é uma questão que surgiu para mim durante a minha graduação. Alguns dizem que este seria um caminho melhor para a divulgação da História para o grande publico, outros dizem que este caminho é uma forma de banalização da História. Não concordo com esta visão, pois para mim ela elitiza a História como se ela pertence somente a academia. Gostaria que você delineasse o seu pesamento em torno desta questão.


    Daniel Franco de Oliveira

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  80. Boa tarde, Professor Bueno! Gostei de seu texto, mas quando responsabliza a Humanas, deixo-lhe. a seguinte pergunta; enquanto de humanas somos responsáveis ou somos também responsáveis sobre em manter o "Oriente" no ostracismo para nos "OCIDENTAIS" se sim, não seriamos reprodutores inconscientes de uma situação planejada antes mesmos que despertassemos ser de humanas???
    (não sou rei, sou AUGUSTUS) - Edson Barcelos Augusto

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  81. Oriente realmente é um termo bastante genérico, que notamos também quando pensamos em África, como se não fosse um continente com povos e culturas diversas. A resistência em falar do Oriente ocorre só no Brasil ou nos países ocidentais de uma forma geral? Na sua opinião é uma resistência na cultura ocidental que ainda é pautada numa visão eurocêntrica e não encontram motivo forte suficiente para se dedicar a esse tipo de estudo ou você também observa uma falta de interesse de público, interesse mercadológico ou algo nesse sentido?

    Ass.Nathálya Ferreira Raseira

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  82. Gostaria de parabenizar você pelo excelente texto! Recentemente fiz uma Pós Graduação em História Contemporânea e houve um módulo sobre a História do Oriente, lemos Edward Said entre outros autores! Na minha visão o fato de termos uma educação eurocêntrica e com forte influencia dos EUA o assunto Oriente ainda não é aprofundado nas escolas e quando são discutidas apenas são colocadas as discordâncias entre árabes e israelenses. Desejaria, qual foi seu metodologia de estudo? Desde já agradeço. Marcely Lobato

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  83. André, boa tarde!
    Professor, diante do exposto sobre a resistência do tema, quais caminhos podemos traçar para abordar a história oriental dentro de sala de aula quando notamos a pouca ou quase nada abordagem do tema nos livros didáticos?
    Att,
    Dionson Ferreira Canova Júnior

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  84. Logo que comecei a ler já parei na pergunta "Qual a razão da academia não se interessar pelo estudo das culturas asiáticas?"
    Onde estudo, muito se tem discutido sobre a escassez historiográfica na América Latina sobre a América Latina. E admito, estou no segundo ano de curso de História e apenas agora que caiu a ficha sobre o Oriente. Onde está o "Oriente"? E seguindo na leitura, ainda me pergunto, que "Oriente" é esse?
    Bom, mantenho os questionamentos e levarei à sala de aula, pois como o autor também questiona: como isso é possível em um mundo globalizado? Como somos capazes de manter a influência cultural tão restrita?
    No mais, é interessante saber da existência do projeto Orientalismo. Espero que esse Simpósio abra possibilidades e mais projetos pela academia a fora.

    Nayara Brito Pereira.

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  85. Primeiramente, parabéns pelo conteúdo e contribuições dos colegas.
    Onde podemos consultar fontes seguras sobre história do oriente? Poderia indicar autores?
    Nossa distância da história do oriente se dá, além do eurocentrismo já falado, também pela forma de pensar ocidental, que é diferente da oriental, assim como suas historiografia?

    Att
    Marcelo da Silva Ferreira

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  86. Olá...
    Trabalho interessante André Bueno. Minhas inquietações no ensino de História na educação básica recaem nos conteúdos mínimos propostos no planejamento. São considerados de pouca relevância. Acredito que isso provem da cultura acadêmica. Neste sentido, como estabelecer a discussão e o diálogo sobre o Oriente no Brasil a partir do paradigma eurocêntrico? Como a base nacional comum pode priorizar ou diminuir essa questão?

    Julio Junior Moresco

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  87. Parabéns pelo belo trabalho.
    Gostaria de saber quais os principais problemas encontrados para a inserção do Oriente como conteúdo escolar?

    att

    Felipe David Queiroz Durans

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  88. André Bueno, além dos problemas desenvolvidos no texto, as mudanças propostas pela Medida Provisória n° 746 para o ensino de História no ensino médio podem ser prejudiciais para os "estudos orientais" no Brasil?

    Abraços e parabéns pelo trabalho.
    Vinícius Carvalho

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  89. Boa noite.
    Excelente texto!
    Não pude deixar de pensar na influência que a internet tem sobre o interesse do público em geral por novos temas. Estando na área já há algum tempo, você percebeu um crescimento da atenção dada por recém formados e graduandos a assuntos que normalmente são "abandonados" pela academia?
    Sabemos que os currículos das escolas não abrangem o "Oriente" de forma a dar real visibilidade, mas existem professores que tentam adaptar seus tempos de aula para inserir assuntos que não são vistos com muito interesse apesar da grande importância para mudar a situação atual. Por possuir um conteúdo muito extenso (se formos tomar tudo como "Oriente", o que já foi problematizado), qual seria a melhor saída para esses professores? Quais assuntos, na sua opinião, deveriam efetivamente estar nos currículos? Para quais temas "orientais" os professores deveriam dar mais foco?

    Obrigada!
    Fabiana Costa Biscácio
    Licenciatura em História - UNIRIO

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  90. Na tua opinião, você percebe essa dificuldade de se falar sobre o oriente e sua influência no Brasil devido ao preconceito dos colonizadores ou muito disso vem da "herança" do nacionalismo da Era Vargas?

    Bruna Torman Reseres França.
    História - UFRGS

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  91. André Bueno, parabéns pelo artigo, ele muito me contemplou quando você comenta da dificuldade de profissionais que dominam essas áreas de estudo do ocidente, "não há especialistas para avaliar tais textos; e consequentemente, sem orientações seguras, eles nunca se formarão." Passei por uma situação parecida logo no meu primeiro ano de curso. Um amigo tinha muito intense em estudar a China Antiga, no entanto a unica professora de historia antiga que tínhamos na nossa universidade era especializada em Grécia, orientava no que pudia o rapaz, mas por fim ele acabou abandonando essa pesquisa.
    Numa discussão em classe sobre esse tema, foram abordados o problema do currículo acadêmico que não só no campo da historia como das demais ciências humanas é extremamente eurocêntrico. O semestre que é um período extremamente curto para abordar a imensidão do que foi a antiguidade em varias partes do mundo. A falta de especialistas nessas áreas, e pessoas que se dediquem a tomar frente se necessário de uma pesquisa sozinho.
    Esse problema existe não somente em relação aos estudos da Asia, mas também da Africa e Brasil antigo. Pouco se ouve na academia estudos sobre os povos ameríndios. Na graduação se fala de "índios" na chegada dos europeus as terras continentais , durante a colonização e lutas por liberdade e independência, vale destacar que mesmo esses documentos estão narrados por europeus. Salve os estudos africanos que vem ganhando maior destaque tanto nas escolas quanto na academia, os outros continuam como o senhor mesmo colocou no texto sendo abordados de forma vaga.
    A minha pergunta é, como mudar essa situação? Aumentando a carga horaria do curso, que em geral dura 4 anos? Eu so consigo pensar nesta.

    Desde ja agradeço sua resposta.
    Flávia Cristina Rodrigues de Souza

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