Maicon Roberto Poli de Aguiar

O ORIENTE MÉDIO ATRAVÉS DO CINEMA: DIÁLOGOS A PARTIR DAS REPRESENTAÇÕES PRODUZIDAS NOS ESTADOS UNIDOS
Maicon Roberto Poli de Aguiar

O debate acerca do outro é uma das questões que mais urge em nosso cotidiano, principalmente no contexto de crise econômica, política, social e cultural em que nosso país e o mundo estão inseridos. É nesse momento que alguns grupos com agendas próprias, compartilhando de interesses particulares acima do bem coletivo, discursam com palavras de ordem contra inimigos por eles apontados, generalizando culturas e povos, incentivando a xenofobia e praticando atos de violência. O outro é visto como o culpado pelos problemas e para tanto deve ser extirpado, humilhado, ter sua dignidade desrespeitada, a fim de atender os princípios morais de um determinado grupo, o qual se auto intitula defensor do que é o certo e combatente do que foge de sua linha de pensamento ou tradição.

Saber sobre o outro exige tempo, pesquisa, diálogo e análise. Compreender o outro é um ato de investigação que não pode ser respondida por um artigo de revista, uma notícia de jornal, um documentário de televisão ou um comentário compartilhado numa rede social. É necessário analisar os diversos discursos produzidos, nas mais diversas fontes de informação, pelos próprios autores ou por aqueles que transformaram os mesmos em objeto de estudo. É fundamental identificar seus lugares de fala, com todos os seus interesses e concepções. E todo esse processo leva tempo, que muitas vezes não é permitido em sua totalidade, dada a forma como muitos, em especial os (as) estudantes, lidam com o mesmo atualmente. Mais do que nunca, a

“realidade de hoje exige cada vez mais que os sujeitos saibam lidar com uma imensa gama de informações que invadem diariamente sua vida cotidiana, de forma desconhecida para nossas gerações precedentes. Lidar com o impacto desse fluxo acelerado de informações e, principalmente, dar-lhes um significado, ou seja, interpretá-las, integrando-as em sua visão de mundo, é uma tarefa inevitável dos sujeitos modernos”. [GUARESCHI, 2006, p.29-30]

O discurso sobre o outro deve ser compreendido dentro do seu contexto, visualizando-se o que se apresenta de dentro para fora das culturas em questão, mas principalmente, nos interesses de representação do outro feito por agentes externos. Quando lidamos com uma região como o Oriente Médio, o primeiro embate se configura na delimitação desse espaço. O mapa abaixo apresenta as principais versões acerca dos países que se inserem na região. Essa diferença não foi construída ao acaso, ela consiste numa seleção feita a partir de critérios estabelecidos não apenas de forma geográfica, como também política e economicamente. Em torno dos eventos atrelados à temática ‘Primavera Árabe’, relacionar as estruturas governamentais de alguns países do Oriente Médio em sua divisão tradicional, com países da parte norte continental da África, atrelada à uma divisão proposta pelo G8 – grupo que engloba, teoricamente, as oito maiores economias do mundo – foi uma escolha desenvolvida e, que para o público sem uma compreensão mais fundamentada pode ter servido para a mesma classificação de países em guerra pertinentes à divisão tradicional.


https://pt.wikipedia.org/wiki/Culin%C3%A1ria_do_Oriente_M%C3%A9dio#/media/File:GreaterMiddleEast2.png

Ao abordarmos uma outra região, suas culturas, devemos ter em mente que a relação que as mesmas tiveram entre si e com a nossa própria cultura ou região trazem vestígios de disputa. O olhar sobre o outro muitas vezes traz o embate de valores, o desejo de domínio, que muitas vezes ultrapassa o limite do bom convívio, o que permite o surgimento da violência, da guerra e da exploração. Segundo Albuquerque, precisamos entender que a história da

“dominação espacial capitalista é uma história geopolítica, mas também uma história de colonização ou de catequese de subjetividades. O capitalismo coloniza não apenas os espaços externos aos homens, mas coloniza seus corpos, suas mentes, suas subjetividades. A região não é uma realidade natural, econômica ou política apenas: ela é uma construção cultural que se faz a partir e levando em conta estas outras dimensões do sublunar”. [ALBUQUERQUE, 2008, p.60]

A partir disso, é perceptível que o historiador e/ou o professor-historiador tem em suas mãos uma tarefa das mais importantes: trazer essas questões para debate. Há muito tempo compreendemos que a escola não mais se configura no único espaço de acesso ao conhecimento. Os meios de comunicação, a rua, a família e as demais instituições concorrem diretamente com a sala de aula na elaboração dos saberes que estudantes das mais diversas culturas e classe sociais internalizam sobre as temáticas que permeiam o seu cotidiano. Cabe ao professor abordar os conceitos, questionar as verdades ditas absolutas, desconstruir os discursos que defendam a supremacia de uma cultura sobre a outra. Com base nos argumentos de Jörn Rüsen, Maria Lima afirma que,

“o homem só pode viver no mundo relacionando-se com a natureza, com outros homens e consigo mesmo se não tomar esse universo como dado puro. É preciso que o ser humano interprete em função de suas intenções e se sua ação, espaço dentro do qual se representa algo que difere da própria realidade. A conjugação de interpretação, intenção e ação constitui o sentido da história na vida humana prática e, para o sujeito, ela ganha sentido quando é importante e significativa para entender e para lidar com circunstâncias da vida contemporânea”. [2014, p.61]

Desta forma, pensando a importância de trazer a temática ao debate, para além dos poucos conteúdos específicos, em que a disciplina histórica aborda a região do Oriente Médio, inserimos a mesma dentro de um projeto inter e multidisciplinar intitulado ‘Festival de Cinema’, anualmente desenvolvido pela Escola de Ensino Médio Professora Elza Henriqueta Techentin Pacheco, localizada na cidade de Blumenau/SC. Neste, uma determinada temática é debatida com todas as turmas da unidade escolar através de obras cinematográficas selecionadas pelo corpo docente, envolvendo concomitantemente a realização de diversas atividades como a elaboração de pesquisas, produções textuais e audiovisuais. Este ano, a temática central selecionada foi ‘Diversidades’, tendo como uma das sub-temáticas a ‘Diversidade Cultural no Oriente Médio’.

A metodologia de desenvolvimento de todo o projeto partir da realização de um questionário inicial, como parâmetro acerca dos conhecimentos trazidos pelo corpo discente acerca da região, o qual diagnosticou que a grande maioria dos (as) estudantes reproduz um conjunto de discursos construídos a partir de estereótipos veiculados pelos jornais, revistas, redes sociais, bem como por séries e filmes produzidos nos Estados Unidos. Essas representações se configuram num posicionamento, – construído dentro do contexto em que foram produzidas – colaborando muitas vezes com interesses de Estado ao atrelar à região a um constante espaço de conflitos causados pelas disputas econômicas (terras/petróleo) e religiosas (cristãos x judeus x muçulmanos), invisibilizando outros cotidianos e culturas. Desta forma, precisamos reconhecer que os

“melhores espectadores do mundo não podem interpretar senão os programas que podem ver. Sua capacidade interpretativa é, de outro lado, submissa a limites internos. Esses limites são os registros culturais disponíveis ou indisponíveis às diferentes comunidades interpretativas. A recepção depende de um leque de recursos culturais que o espectador pode dispor ou não dispor”. [DAYAN, 2009, p.67]

Com os resultados levantados a partir do questionário aplicado, construímos um primeiro diálogo acerca da região, debatendo os mapas e reportagens impressas ou televisionadas pela imprensa brasileira. A premissa inicial era reconhecer como os discursos vinculados a essas fontes contribuíram para a perpetuação de uma visão estereotipada acerca da região, impossibilitando qualquer concepção que não atrelasse àquelas populações à guerra, à religião ou ao petróleo. A primeira distinção que enfatizamos para iniciarmos a desconstrução da falácia da cultura única, reconhecendo as identidades dos mais diversos grupos inseridos na região foi de que

“nem todos os árabes são muçulmanos, e nem todos os muçulmanos são árabes. Assim, de um modo geral, são árabes aqueles que se identificam com a língua, a cultura e os valores dos árabes, e são muçulmanos aqueles que seguem a religião do islã, fundada por Maomé”. [GRINBERG, 2000, p.100-101]

A análise das notícias trouxe a percepção que as principais informações trazidas pelas mesmas relatam a ocorrência de algum conflito, seja este o ataque suicida de um homem-bomba, a retaliação governamental ou de um grupo terrorista, porém de forma rápida, superficial, banalizando a situação como se fosse corriqueira e comum ao dia-a-dia das populações inseridas na região. Segundo Edward Said, a partir de uma ampla análise em obras literárias, documentários e nos noticiários

“o árabe é sempre mostrado em grandes números. Nada de individualidade, nem de características ou experiências pessoais. A maioria das imagens representa fúria e desgraça de massas, ou gestos irracionais [...]. Espreitando por trás de todas essas imagens está a ameaça da jihad. Consequência: o medo de que os muçulmanos (ou árabes) tomem conta do mundo”. [2007, p.383]

Num segundo passo de desenvolvimento do projeto, inserimos uma análise de fontes com base nos discursos produzidos por palestinos e israelenses acerca do conflito que atinge ambos desde meados do século XX. O objetivo dessa etapa era compreender as razões do conflito a partir de pontos de vista distintos inseridos dentro dos dois lados da guerra, de maneira a desconstruir a pretensão de verdade única de um discurso ou de outro. A partir desse diálogo, coube aos estudantes posicionarem-se acerca da temática, construindo uma dissertação-argumentativa que abordasse a temática a partir da figura abaixo, buscando analisar os princípios e ações empreendidas por todos os atores envolvidos.


http://www.carlosgeografia.com.br/2014/07/e-se-fosse-no-brasil.html

Com uma maior fundamentação teórica acerca da região, o que incluiu a indicação de obras cinematográficas produzidas na região, tais como Lemon Tree [Eran Riklis, 2008] e Cinco Câmeras Quebradas [Emad Burnat, Guy Davidi, 2011], selecionamos para o dia específico da temática, dentro da semana do projeto ‘Festival de Cinema’, na qual as atividades escolares regulares são interrompidas para a exibição de filmes e vídeos que servem de base para o debate, os filmes Paradise Now [Hany Abu-Assad, 2005] e Filmes Ruins, Árabes Malvados: como Hollywood vilificou um povo [Jack Shaheen, 2006], além do vídeo The DNA Journey. A utilização dessas obras leva em consideração a perspectiva atual da prática historiográfica, na qual

“nenhum documento fala por si mesmo, ainda que as fontes primárias continuem sendo a alma do ofício do historiador. Assim, as fontes audiovisuais e musicais são, como qualquer outro tipo de documento histórico, portadoras de uma tensão entre evidência e representação. Em outras palavras, sem deixar de ser representação construída socialmente por um ator, por um grupo social ou por uma instituição qualquer, a fonte é uma evidência de um processo ou de um evento ocorrido, cujo estabelecimento do dado bruto é apenas o começo de um processo de interpretação com muitas variáveis”. [NAPOLITANO, 2005, p.240]

Em Paradise Now é retratada a estória de dois rapazes palestinos que são recrutados para um ataque suicida em Tel Aviv, capital israelense. A abordagem principal utilizada a partir do filme foi a desmistificação da visão – muito presente nos discursos coletados a partir do questionário inicial realizado com os (as) estudantes – de que aqueles que executam tal ato são desprovidos de sentimento ou de opinião própria, sendo meras marionetes nas mãos de grupos extremistas que os usariam a fim de alcançar seus objetivos econômicos e de poder. Das falas exibidas através do filme, selecionamos algumas como contraponto aos discursos produzidos pela mídia televisiva ou impressa, principalmente quando um dos protagonistas acusa o mundo de ver, passivamente, as atrocidades que ocorrem na região, não agindo para impedir a continuidade das mesmas.

A mesma dinâmica utilizamos com o filme de Jack Shaheen. Focamos as discussões acerca dos estereótipos apresentados pelo próprio documentário, abordando as mais diversas representações pejorativas acerca das populações do Oriente Médio. Em Filmes Ruins, Arábes Malvados: como Hollywood vilificou um povo, baseado no livro do mesmo diretor, torna-se evidente o quanto “as representações possuem uma energia própria, e tentam convencer que o mundo, a sociedade ou o passado é exatamente o que elas dizem que é”. [CHARTIER, 2011, p.23]. De maneira gritante, outras vezes de maneira sutil, os mesmos estereótipos são constantemente reproduzidos. Nas palavras do próprio diretor:

“‘Árabe Land’, um parque temático mítico e, em ‘Árabe Land’, você sabe, você tem a música de suspense, você tem o deserto. Começamos com o deserto, sempre o deserto como um lugar ameaçador. Nós adicionamos um oásis, palmeiras, um palácio que tem uma câmara de tortura no porão. O Pasha fica lá em suas almofadas luxuosas, com um harém de donzelas circundando ele. Nenhuma das donzelas do harém conseguem agradá-lo então eles raptam a heroína loira do Oeste que não quer ser seduzida. Quando visitar ‘Árabe Land’ devemos estar conscientes do kit Ali Baba. O que temos, temos os mestres de propriedade de Hollywood indo ao redor e eles estão revestindo as mulheres em calças transparentes, roupas de dança do ventre, eles estão dando os vilões árabes cimitarras - você sabe, essas longas, cimitarras longas. Vemos pessoas se deslocando ao redor em tapetes mágicos, encantadores de turbantes incitando cobras para dentro e fora de cestas. A ‘Árabe Land’ do passado é ‘Árabe Land’ de hoje”. [SHAHEEN, 2006]

Por fim, utilizamos o pequeno vídeo The DNA Journey, a qual realizou um experimento com pessoas de diversas culturas e países, questionando previamente as mesmas sobre suas origens e posteriormente lhes apresentando um mapa de seus laços culturais através de uma análise genética. A abordagem científica, trouxe à tona a percepção de como podemos estar conectados com as mais diversas culturas e povos, incluindo àqueles que julgamos, aparentemente, muito distantes de nós.

A análise das obras cinematográficas não encerra a discussão, apenas insere a discussão no cotidiano do corpo discente, abrindo o caminho para que percebam que

“o que chamamos de “realidade”, e que se coloca no plural, concerne às elaborações práticas conduzidas pelas diferentes narrativas dos diferentes polos do poder. [...] Cada qual com sua realidade, cada qual com sua narrativa. Isso coincide ou não. Isso se confirma. Isso se disputa. Mas continuamos no domínio da narrativa, em representações”. [COMOLLI, 2008, p.100]

Há muito por conhecer ainda acerca dos povos do Oriente Médio – e sobre nós mesmos –, o que não pode ser reduzido a um pequeno conjunto de informações repetidas por uma mesma gama de veículos de imprensa e estúdios de cinema. A guerra existe, as consequências ruins que dela resultam também devem ser vistas, mas a região e a população nela inserida é muito mais ampla e diversa. Precisamos deixá-los serem ouvidos, pois assim muitos estereótipos se esfacelarão. Precisamos ver para além de nossas diferenças, precisamos exercer a atitude cotidiana de estranhar aquilo que nos é dito sobre o outro, precisamos conhecer melhor o outro, para assim conhecermos melhor a nós mesmos.

Referências
Maicon Roberto Poli de Aguiar é professor da Escola de Ensino Médio Professora Elza Henriqueta Techentin Pacheco; graduado em História pela Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB); mestre em Ensino de História pela Universidade Estadual de Santa Catarina (ProfHistória/UDESC); membro do Laboratório de Didática de História (LADIH).
Mail: maicon_poly@yahoo.com.br

ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de. O objeto em fuga: algumas reflexões em torno do conceito de região. In: Revista Fronteiras. – Dourados/MS, v. 10, mº 17, p.55-67, jan./jun. 2008.
CHARTIER, Roger. Defesa e ilustração da noção de representação. In: Fronteiras, Dourados, MS, v. 13, n. 23, jan./jun. 2011.
COMOLLI, Jean-Louis. Ver e poder: a inocência perdida: cinema, televisão, ficção, documentário. Trad. Augustin de Tugny, Oswaldo Teixeira, Ruben Caixeta. – Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008.
DAYAN, Daniel. Os Mistérios da Recepção. In: Cinematógrafo: um olhar sobre a história. Jorge Nóvoa, Soleni Biscouto Fressato, Kristian Feigelson (orgs.). – Salvador: EDUFBA; São Paulo: Ed. Da UNESP, 2009.
GRINBERG, Keila. O mundo árabe e as guerras árabe-israelenses. In: REIS FILHO, Daniel Aarão; FERREIRA, Jorge; ZENHA, Celeste. O tempo das dúvidas: do declínio das utopias às globalizações. O século XX. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000. p.100-131.
GUARESCHI, Pedrinho A. Mídia e Cidadania. In: Conexão – Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul, v. 5, n. 9, p. 27-40, jan./jun. 2006.
LIMA, Maria. Consciência histórica e educação histórica: diferentes noções, muitos caminhos. In: Ensino de História: usos do passado, memória e mídia. Marcelo De Souza Magalhães, Helenice Aparecida Bastos Rocha, Jayme Fernandes Ribeiro, Alessandra Ciambarella [orgs.] – São Paulo: FGV, 2014.
NAPOLITANO, Marcos. A história depois do papel. In: Fontes Históricas. Carla Bassanezi Pinsky [org]. – São Paulo: Contexto, 2005.
SAID, Edward W. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. Tradução Rosaura Eichengerg – São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
SHAHEEN, Jack. Filmes Ruins, Árabes Malvados: como Hollywood vilificou um povo. Jack Shaheen. E.U.A. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Im5qQ9s-ohA>. Acesso em: 20.02.2015.
The DNA Journey. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=aCyhIhVfUYQ>. Acesso em: 26.01.2017.


30 comentários:

  1. bem, gostaria de parabenizar pelo texto, acredito que precisamos fomentar em sala de aula, debates em torno da utilização do cinema, bem como dos filmes para fazer o aluno compreender de uma forma proveitosa os conteúdos da disciplina histórica. mas eu gostaria de saber como trabalhar com filmes orientais em sala, sabendo que a maioria dos alunos (pelos menos os meu são) fugitivos da geopolítica? De que maneira poderíamos utilizar os filmes orientais em sala, a fim de obter um melhor aproveitamento das aulas por parte dos alunos?

    Att,
    Adauto Santos da Rocha.
    Graduando em história- UNEAL.

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    1. Olá Adauto. Suas questões são bastante pertinentes. Primeiramente, temos o desafio de problematizar a linguagem e a estética da grande maioria das obras cinematográficas produzidas pela indústria estadunidense. As nossas salas de cinema são massivamente ocupadas por estes filmes, que acabam impondo um padrão de "qualidade", de modelo estrutural de narrativa. Nossos estudantes pouco tem acesso à obras de outros países, até mesmo dentro de seus lares através da televisão ou da internet. Há décadas somos consumidores da indústria estadunidense e, em determinados segmentos buscamos copiar esse modelo como um todo - concepção, produção, distribuição, divulgação - dentro do cinema brasileiro. A minha primeira sugestão é questionar esse modelo e instigar nossos estudantes a compará-lo com outros. Nesse caminho, as obras produzidas nos espaços orientais já tornar-se-iam objetos de estudo. Obter essas obras, dubladas ou legendadas já é um desafio, mas ultrapassado esse obstáculo, sugiro a observação pontual de trechos das obras, selecionados para a discussão específica das temáticas desenvolvidas em aula e, talvez num segundo momento, sugerir aos estudantes a visualização completa da obra. Selecionar inicialmente, obras menos densas, não tão complexas, também auxilia no sentido em não criar uma resistência a um modelo diferenciado. Entendo que para cativarmos os estudantes para o cinema, é tanto quanto para leitura: começamos pelo simples e aprofundamos com o tempo. Vamos discutindo! Obrigado!

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    2. ótimo texto Maicon. Sabemos que o cinema tem um poder de criar estereótipos muito grande. Neste caso, tens alguma dica de sites onde podemos encontrar filmes produzidos pelos próprios árabes? E de que forma podem ser introduzidos na sala de aula para desmistificar preconceitos? Obrigada. Ass, Helem da Rocha Leal

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    3. Oi Hellem. O acesso a filmes produzidos na região é um grande desafio. Muitas vezes, quando os encontro, não possuem legenda, nem mesmo em inglês, que tornaria mais fácil utilizar, pelo menos em parte. Não saberia te indicar um site específico, mas muitos de meus estudantes conseguem baixar esses vídeos com alguns programas específicos. Eu, com todas as minhas limitações ligadas à informática, utilizo-me da plataforma Youtube, tentando encontrar materiais principalmente em inglês e usando o tradutor para preencher as lacunas. Quanto ao uso em sala de aula, além daquilo que dissertei no texto, sugiro a resposta ao questionamento do Sander nessa página. Vamos debatendo! Obrigado!

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  2. Achei interessante o seu texto e abordagem metodológica em sala de aula, como graduando em licenciatura tenho como uma das atividades programadas para este semestre justamente o uso de filmes com proposta similar a sua mas voltadas mais para a África. Senti falta em seu texto , não sei se por escolha teórica ou outro motivo, das questões relacionadas ao "Terceiro Cinema", em especial nas obras de Ella Shohat e Robert Stam, além dos teóricos pós-coloniais e decoloniais, vi que citou Said, entretanto há contribuições muito interessantes que vão além do Orientalismo de Said. A obra "Crítica da Imagem Eurocêntrica" de Shohat e Stam é muito interessante, em especial pela própria vivência e nacionalidade de Shohat que inclui o feminismo e o duplo pertencimento como parte das discussões, creio que será agregador conhecer e se já conhece é interessante utilizar mesmo que para críticar pois é um tema essencial de ser trabalhado.

    Att,

    Daniel Félix Alves - Licenciatura em História - UnB

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Olá Daniel. Confesso desconhecer esses autores. Agradeço imensamente pela sugestão, pois essa obra parece-me que instrumentaliza uma das nossas grandes discussões cotidianas em sala de aula, desde a elaboração de nosso plano de aula, como também nos debates que cercam as temática. Obrigado!

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    3. Maicon, só tive contato com essa obra específica por causa de um projeto de PIBIC que estou participando que também inclui cinema, já te adianto que se quiser comprar é meio difícil de encontrar e cara também, há uma versão em ebook mais acessível só que em inglês. Um problema teórico e metodológico que acho importante é começarmos a utilizar textos fora do eixo América do Norte e Europa como ser fossem as únicas opções, o que é uma boa resposta "deolonial".

      Muito grato pelas suas considerações, no texto e nas respostas aos outros colegas.

      Att,

      Daniel Félix Alves.

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  3. Olá Maicon, em primeiro lugar gostaria de lhe parabenizar pelo trabalho, acredito que toda a iniciativa de abertura de dialogo e principalmente a utilização de fontes não convencionais para tomada de consciência, fundamental para o ambiente acadêmico e escolar. Tenho algumas perguntas: Que perguntas foram feitas no questionário inicial referido? qual foi o resultado das dissertações-argumentativas feita pelos alunos, que conclusões você pode tirar deles e mais importante, quais os caminhos que ainda podem ser percorridos na escola analisada?

    Cordialmente,

    Gustavo Henrique Shigunov
    História - UFSC

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    1. Olá Gustavo. No questionário inicial, as questões aplicadas foram: 01. Quando abordamos o assunto ‘Oriente Médio’, que imagem e/ou informações lhe veem a mente? 02. Que países você lembra quando se fala de Oriente Médio? 03. Em que continente se localiza Israel e Palestina? 04. Por que acontecem os conflitos entre palestinos e israelenses? 05. O Brasil é afetado por esses conflitos? 06. De onde você obteve as informações, que lhe permitiram responder esse questionário até aqui? (Jornais, revistas, músicas, filmes, sítios eletrônicos, livros didáticos, etc.). 07. Você já assistiu a algum filme de guerra no Oriente Médio? Cite aqueles que lembras e os descreva. 08. Você já assistiu algum filme no Oriente Médio, sobre qualquer temática, produzido em qualquer país pertencente ao ‘Oriente Médio’? Cite aqueles que lembras e os descreva. 09. Você já leu algum livro que trata do Oriente Médio? Cite aqueles que lembras e os descreva. 10. Como você imagina o cotidiano das mulheres no Oriente Médio? Justifique. 11. Como você imagina o cotidiano das pessoas ligadas aos grupos LGBTs no Oriente Médio? Justifique. No que se refere às dissertações-argumentativas, é fundamental registrar que ao conceber essa atividade o objetivo era muito mais instigar à pesquisa de fontes diversas acerca do conflito, para além da mídia de massa, instrumentalizando os debates desenvolvidos a partir delas. De qualquer forma, a imagem utilizada foi provocativa, foi questionada e trouxe o debate em torno da empatia ao mesmo tempo. Muitos desses textos foram problematizados posteriormente ao uso das obras cinematográficas, em especial, "Paradise Now". O processo de desconstrução dos estereótipos é lento, demanda um tempo de maturação dos estudantes - cada qual no seu próprio tempo - que ainda precisa lidar com um bombardeamento midiático constante. No entanto, trazer e desenvolver discussões sobre essas temáticas já é um avanço, principalmente dentro desse contexto em que vivemos. Como continuidade, no próximo ano, essa temática será inserida num outro projeto que partirá de obras literárias produzidas na região, mas ainda está em fase de estruturação. Vamos debatendo. Obrigado!

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  4. Oi Maicon, muito bacana seu texto! A cinematografia quando trabalhada da forma crítica como você apresentou pode fazer uma grande diferença qualitativa na aprendizagem de nossos alunos, uma geração muito imagética. A partir desse trabalho você percebe uma mudança de mentalidade concreta nos alunos? Há um mior interesse neles mesmos em buscar mais filmes sobre o tema por iniciativa própria? Adorei seu texto.

    Janaina Cardoso de Mello - Professora Adjunta do Departamento de História da UFS.

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    1. Olá Janaína. Como você mesma afirmou, lidamos com uma geração que muito se fundamenta pela imagem. De um modo geral, o processo foi trabalhoso e desafiador, mesmo com o uso do cinema. Uma parte menor, mais significativa dos estudantes passaram a trazer a discussão acerca da temática ou outras paralelas - como a questão Coreia do Norte X Estados Unidos - para o cotidiano das aulas, de forma problematizada, questionando-se entre si inclusive. Mas alguns ainda reproduzem o discurso midiático, sem a análise de outras fontes. Trata-se de um processo que demanda tempo. Trazer a temática para o debate mais aprofundado, é um primeiro passo. Vamos discutindo! Obrigado!

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  6. Muito boa as ideias que você apresenta, parabéns pelo trabalho. É importante fazer esse trabalho critico não somente dentro das escolas mas fazer com que esse conhecimento se reproduza para mais além. Hoje são muitas informações que chegam até nós que e dificultoso filtrar o que pode ser relevante ou não, você comenta sobre isso no texto e levanta como uma pessoa toma partido baseado na gama de informações que chega até ele. No seu festival de cinema você debateu com alunos essas ideias, como você levaria esses debates para professores, diretores e pais de alunos?
    Alessandro do Rosário da silva

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    1. Olá Alessandro. Sua pergunta é muito interessante. Já é em si um desafio trazer essas discussões para o âmbito da sala de aula, envolvendo aproximadamente mais de quinhentos estudantes, traçando atividades que conduzam à uma reflexão. Se há resistência dos estudantes, principalmente na proposição de leituras mais profundas e na própria seleção das obras cinematográficas, com os demais personagens do contexto escolar é ainda maior. No que se refere aos professores, uma dificuldade é a aproximação das áreas, visto que nem todos os professores se interessam pela temática, tendo inclusive as mesmas limitações epistemológicas e preconceitos trazidos pelos estudantes, em especial, professores fora do âmbito das ciências humanas. O mesmo se aplica para diretores e pais de estudantes, mas no caso dos segundos a maior dificuldade é a participação efetiva na vida dos estudantes, para além da preocupação da relação nota/aprovação/reprovação. Na específica semana do Festival de Cinema, no último dia, toda a comunidade foi convidada para observar as produções de vídeos dos estudantes, no entanto um único pai apareceu. Mas, tentando responder sua pergunta, penso que uma maneira é, em horário diferenciado, criar um grupo de estudos, como um projeto de extensão escolar, para discutir essas temáticas para quem se interessa e se disponibiliza a compreender melhor. Vamos debatendo. Obrigado!

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  7. Olá!
    Parabéns pelo projeto na escola, o oriente é pouco abordado não só dentro das escolas como também nas universidades, minha graduação é muito voltada para a história ocidental, deixando de lado muito da história oriental, não preparando os alunos para dar essas aulas no ensino médio e fundamental. Minha questão é relacionado aos professores. Você notou um interesse deles nessa temática? Eles estavam cientes dos assuntos abordados nesses filmes?
    Att. Larissa Faesser

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    1. Olá Larissa. Quando do início do ano letivo, na semana de planejamento que antecede ao início das aulas com os (as) estudantes, esse projeto do Festival de Cinema é levado ao corpo docente, na qual apresento sugestões de atividades interdisciplinares (História com outras disciplinas), as obras cinematográficas e vídeos pré-selecionados para abordagem da(s) temática(s), bem como, solicito aos mesmos suas contribuições e sugestões. Por princípio do próprio projeto, a seleção dos materiais audiovisuais são geralmente de circuitos alternativos, evitando-se obras comerciais, a não ser que sejam significativas ou para problematização conforme sua aceitação ou status de verdade atribuídos pelo corpo discente. Muitas dessas obras não são, dessa forma, conhecidas nem pelos estudantes nem por meus colegas. Como as indicações ocorrem no começo do ano letivo e a exibição desses materiais ocorre no final de junho, cabe ao professor o interesse e a construção de espaços de disponibilidade para tais obras. Pelo que percebo, a grande maioria apenas acessou essas obras na própria exibição programada. Alguns, por conta de atividades que precisam ser montadas dentro de suas disciplinas junto às temáticas, numa escala junto às séries da escola, até se dispuseram a assistirem aos materiais da temática específica de obrigação. No entanto, para além das ciências humanas principalmente, ainda é um desafio, tanto para com os estudantes, debater essas temáticas com os professores. Vamos debatendo! Obrigado!

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  9. Parabéns professor pelo trabalho. A idéia de uma festival de cinema para debater sobre a cultura de outros povos no caso em particular do seu trabalho o oriente médio é uma excelente idéia. Meu trabalho neste simpósio foi sobre a falta de material sobre a história do Japão nos livros didáticos. A maioria dos livros escolares trabalham o Japão pela ótica de guerras e sofrimento. Seu trabalho me abriu inúmeras idéias sobre trabalhar um festival de cultura japonesa com alunos do ensino médio. Minha pergunta é: sabemos que um dos maiores problemas enfrentados pelos professores é o tempo. Outro fator é trabalhar a interdisciplinalidade e o anacronismo de muitos materiais usados em sala. Como o professor deve se preparar para trabalhar um assunto específico interligando outras disciplinas e tomando cuidado com informações erradas?

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    1. Olá Sander. Sua pergunta é muito pertinente. Realmente, trata-se de um grande desafio. Como é um trabalho desenvolvido ao longo de todo o ano letivo, a fundamentação teórica já precisa ocorrer no ano anterior, acrescendo-se novas leituras ao longo do ano de execução. Como você mesmo alertou, o tempo adequado, dada a nossa realidade no Brasil, é ainda um grande desafio, mas ressalto pela própria experiência em desenvolver esse projeto nos últimos quatros anos, que vale muito a pena. É imprescindível o contato com pessoas que estudam essas temáticas, seja através de textos produzidos ou até mesmo no contato direto com os mesmos, principalmente na obtenção das obras cinematográficas a serem utilizadas, que por si só demandam um enorme tempo de seleção e análise. Uma sugestão prática é começar pequeno e crescer com o tempo. Na primeira edição do Festival em 2014, cujo a temática foi 'Alimentação', o projeto ocorreu exclusivamente em torno da semana de exibição dos vídeos, na superação das resistências de alguns colegas professores e gestores e no envolvimento dos estudantes com o processo. No decorrer das demais edições, 2015 (Consumismo), 2016 (Violência) e nesse ano (Diversidades - Cultural Africana, Cultural Indígena, Religiosa, Gênero e Cultural no Oriente Médio), fui acrescentando gradativamente discussões e atividades que solidificaram o projeto o calendário da escola. A semana em si de exibição dos filmes e vídeos passou a ser não o final do processo, mas parte do mesmo. Hoje desenvolvemos além dos vídeos produzidos pelos estudantes, fotografias, músicas, produção de cartazes. Alguns professores abarcam a proposta e desenvolvem propostas paralelas bem interessantes, outros ainda ignoram ou não se sentem preparados para o debate. E no final do ano, como já ocorreu no ano passado e ocorrerá agora em novembro, um ciclo de palestras com especialistas ou produzidos por estudantes e/ou ex-estudantes é realizado na escola, como simbólico encerramento do projeto no ano. Podemos trocar ideias. Vamos debatendo! Obrigado!

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  10. Boa noite,
    achei interessantíssimo o trabalho que está sendo feito na escola. Meus parabéns por colocar em prática o que é tão falado sobre incentivar a criticidade nos alunos.
    Você acredita que esse tipo de trabalho tem influência no desenvolvimento da vontade do aluno de problematizar o que chega a ele através das mídias ou boa parte deles apenas aguarda que esse conhecimento chegue "mastigado"? De que forma você lida com o desinteresse crônico dos alunos por assuntos do tipo? Você acha que é possível trabalhar os próprios filmes de Hollywood, por exemplo, fazendo as críticas e problematizações junto com os alunos (obviamente tendo trabalhado anteriormente a ideia da influência sobre os discursos da massa)?

    Att,
    Fabiana Costa Biscácio
    Licenciatura em História - UNIRIO

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    1. Olá Fabiana. Ótimos questionamentos. Infelizmente, ao diagnosticar os avanços de todo o processo, ainda prevalece o aguardar pelo "mastigado". Aprender demanda tempo, é trabalhoso, muitas vezes é cansativo, o que afugenta aqueles que não possuem ou não foram corretamente incentivados ao hábito de estudar. Mas, felizmente, projetos como esse despertam uma criticidade maior de alguns estudantes, o que para mim já o torna um sucesso, uma vez que não atingiremos a todos, nem ao mesmo tempo. Lidar com o desinteresse não pode ser encarado como uma tarefa exclusiva do professor, não somos produtores de entretenimento, acredito que até temos que provocar desconforto nos estudantes, trabalhando temáticas que muitos não querem, mas precisam debater, desconstruindo a indiferença ao outro. O comprometimento da família e dos demais colegas professores também são obstáculos para superar o desinteresse. Não existe receita, mas acredito que o diálogo aberto e constante com os estudantes, somado ao intercalamento das aulas regulares com projetos mais práticos sejam um possível caminho para atingir alguns já interessados, tentando despertar alguns outros no processo. Acredito, como também já faço uso de filmes hollywoodianos nessas perspectiva. Até como ponto de partida é bom, pois esses filmes tem uma linguagem/estética que mais comumente é vista pelos estudantes. Posteriormente, filmes de outros países ou estadunidenses mais densos, poderão ser acrescidos. Vamos debatendo! Obrigado!

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  11. Bom dia Maicon, é gratificante ler seu texto e os questionamentos feitos a ele. Conheci seu projeto durante o mestrado e é ótimo saber que ele continua e está cada vez maior, isso demonstra que a nossa persistência gera bons frutos. Você comentou algumas vezes nas suas respostas a resistência de colegas, direção e pais em participarem do projeto, você percebeu muita resistência por parte das/dos discentes também? Durante o levantamento de dados realizado junto ao corpo discente você percebeu o agravamento de discursos de ódio (xenofobia por exemplo)? E, pensando nossa dinâmica de mestrado profissional, de que maneiras ele lhe auxilia em seu dia-a-dia em sala de aula? Parabéns pelo texto e pelo trabalho!

    Abraços, Karoline Fin Nunes.

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    1. Olá Karol. A resistência dos discentes é grande sim. Como bem sabes, somos uma voz em meio a uma enxurrada de fontes midiáticas, desprovidas muitas vezes de uma fundamentação adequada ou com uma agenda de interesses próprios, como nos alertou Edward Said. A desconstrução dos estereótipos precisa ser uma ação contínua de debates. A reprodução dos discursos compartilhados principalmente nas redes sociais e nos programas jornalísticos veiculados pela televisão ainda perpetuam preconceitos, gerando os mesmos perigos de "uma história única" trazidos pela Chimamanda Adichie. A xenofobia e os preconceitos regionais - generalizando e promovendo discursos de ódio contra nordestinos, por exemplo, ainda é uma infeliz presença nos corredores escolares e da comunidade, principalmente numa região e, em especial, numa cidade que finge ser uma "Alemanha Sem Passaporte". Mas houve sim avanços, o que nos anima a continuar com projetos nesse sentido. A dinâmica do nosso mestrado profissional sistematizou a organização de nossa prática docente, trazendo claramente as ações do ofício de historiador, que até então eu, particularmente, não imaginava possuir. Os teóricos debatidos, o compartilhamento de experiências docentes e a estruturação mais aprofundada da organização do próprio planejamento, desconstruindo estereótipos (eurocentrismo, por exemplo) e nos trazendo melhores critérios para análise do mesmo, foram as grandes conquistas (conhecimentos e habilidades) que o mestrado profissional nos deixou de legado. Vamos debatendo! Obrigado!

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    2. Karol, cadê seus textos? Estou bastante curioso em ler a sua produção do mestrado! Abraço e tudo de bom pra ti!

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    3. Fiz a pergunta só pra ver seu comentário sobre Blumenau, sei que a realidade na sua região não é nada fácil. Mas realmente a dinâmica do mestrado ajuda muito nos "comos" e "porquês" da nossa prática.
      Meus escritos estão escondidos ainda, mas uma hora eu publico!
      Tudo de bom pra você também!

      Karoline Fin Nunes

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  12. Adorei o assunto que você quis abordar e é muito necessario ser falar sobre isso nesse momento no qual estamos vivendo pois, debate a respeito de outros grupos sociais fora do vivente é um dos assuntos que esta se tornando mais comentado a cada dia , e é por isso que que se deve abordar sobre esse assunto onde estão compartilhando desse interesses pois "o outro sempre é visto como o culpado" dos problemas que estão acontecendo dia a dia. Ao decorrer disso qual é a melhor maneira que poderiamos utilizar essas fontes ( filmes) dentro da sala de aula, onde sabemos que a maioria dos alunos tem uma deficiência sobre o tema e conseguir um melhor entendimento sobre o assunto abordado?



    -- ANA PAULA LIMA CUNHA

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    1. Olá Ana. Acabei respondendo o seu questionamento na resposta ao Sander, mais acima. Se ficou algum questionamento, peço-te que entres em contato novamente. Vamos debatendo! Obrigado!

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  13. Este comentário foi removido pelo autor.

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  14. Olá Maicon,
    parabéns pelo trabalho e atividade e desenvolvida na escola. Em meio a tantos problemas que enfrentamos na educação, é bom saber da existência de pequenos espaços abertos na escola e que são utilizados de forma produtiva. Apenas segue algumas dúvidas, esse trabalho é desenvolvido junto a outras disciplinas, o que é algo bastante satisfatório. No que se refere a área de história, em que momento do ano ela é trabalhada? Existe um período, série e/ou conteúdo em especifico? Gostei da forma que iniciaram a atividade, o levantamento do que é pensado sobre o assunto é muito significativo para a construção do conhecimento histórico. Em reação aos filmes e a visão dos/as estudantes anteriores ao debate, quais foram os apontamentos e imagens sobre as mulheres? Como elas foram representadas em ambas as partes? Atenciosamente, Jorge Luiz Zaluski

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