O JAPÃO E O OLHAR SOBRE O “OUTRO”: O NEGRO EM PERSPECTIVA
Felipe Adriano Alves de Oliveira
O presente ensaio tem como proposta inicial apresentar brevemente os estereótipos que envolvem a imagem construída do negro pelos ocidentais, como uma herança de um pensamento eurocêntrico amplamente disseminado nos séculos de ampliação do poder europeu, principalmente após seu estabelecimento no continente americano, onde é o foco do artigo. Ainda nesse sentido, é apresentada uma das resistências culturais africanas como meio de manutenção dessa cultura e do reconhecimento de seus valores, além das influências que tem marcado as sociedades americanas.
O ensaio propõe também a apresentação contextualizada de uma forma panorâmica da história do Japão já no final do período Tokugawa. O ensaio discorre brevemente abordando os processos da aproximação japonesa com os Estados Unidos já após os anos de 1945, bem como o envolvimento cultural entre eles, tendo como foco principal a análise da imagem do negro apresentada diante da perspectiva japonesa por meio do entretenimento, sendo eles os mangás, animes e o ambiente que envolve estilo musical.
A construção de uma imagem nos moldes eurocêntricos
O termo “estereótipo” caracterizou-se inicialmente com intuito de estabelecer uma forma, um padrão por meio da representação, mas aos poucos tomou uma conotação negativa o que possibilitou o fortalecimento do preconceito e a descriminação. Santoro (2014) esclarece que essa forma de estereótipo se forma com sentido de preconceituar, o que acaba prejudicando uma pessoa, um ofício, ou determinados grupos sociais. Os meios de comunicação de massa como a televisão e internet propiciam propagandas ou até mesmo músicas, filmes, seriados e animações que são elementos do entretenimento, em que tais agentes ou certas atividades são submetidas a representações estereotipadas de forma caricata (SANTORO, 2014).
Pessoas que não pertencem a determinados lugares sendo então estrangeiros ou até mesmo migrantes, são vítimas desse processo, vistos como “estranhos” acabam sendo caracterizados seja pelo sotaque, pelos comportamentos, ou características físicas com objetivo de selecioná-los e subjugá-los. Na atualidade é comum observarmos essas ações, no Brasil, por exemplo, os migrantes provindos da região nordeste são descriminados pelos costumes ou sotaques pelas demais regiões do país, nos Estados Unidos, os imigrantes latino-americanos, africanos e asiáticos sofrem com ações xenofóbicas e às vezes violenta, o que resulta em um ambiente hostil para ambos, e isso pode ser analisado também nos demais países tais como europeus.
Um dos grupos étnicos que mais sofrem com o preconceito no ocidente sendo representados de forma estereotipada pela mídia são os negros, tendo uma força maior nos países americanos, sendo o continente que mais recebeu contingente de africanos escravizados para mão de obra a partir do século XVI (SILVA, 2012). Não é preciso citar infinidades de exemplos culturais do quanto que a influência africana tenha se consolidado de forma significativa em nosso continente, influenciando desde as miscigenações até mesmo nos idiomas, seja inglês, francês, espanhol ou português.
Claramente o continente americano sendo dominado e ocupado por europeus e seus descendentes deixaram marcas culturais e principalmente a herança de conceitos, sendo uma delas o eurocentrismo. Os indígenas e principalmente os negros vistos como instrumento de trabalho sofreram uma tentativa de supressão de suas culturas, e foram retratados séculos mais tarde de forma caricata em anúncios publicitários do século XIX até a segunda metade do século XX como forma de inferiorizá-los. Apesar de que ainda hoje alguns meios de publicidade os apresentam de forma preconceituosa, mas discreta, já que medidas são tomadas para evitar esse tipo de propaganda.
Nesse sentido, de acordo com Alakija (2012, p. 120), a mídia pode ser um produto nocivo dependendo da forma que ela apresenta determinadas pessoas, pois altera os comportamentos e compromete a identidade do grupo em questão. Por mais que atualmente os negros tenham alcançado conquistas em participações cinematográficas de destaque, programas de televisão, e na música, ainda há muito para trabalhar em prol da conscientização étnico-social. Mas tais conquistas foram possíveis por meio de manifestações, apelos, lutas constantes para encontrarem o seu devido lugar (BORGES, R. C; BORGES, R. 2012).
Todas essas marcas da constante luta dos negros pela sua valorização e reconhecimento participativo na sociedade americana no geral, são representadas tanto no meio cinematográfico quanto nas animações inspiradas em histórias em quadrinhos, sempre com um adendo crítico social, aproveitando dessa forma o impacto que as mídias e o entretenimento têm na sociedade como uma maneira de conscientização (GUERRA, 2011).
Pelo menos esse é o ponto de vista ocidental, mas e o lado oriental? Essa é uma questão que precisa ser abordada, já que a cultura afro-americana em nome da luta contra a discriminação no ocidente – tal como o Hip-Hop - tem ultrapassado as barreiras geográficas graças ao desenvolvimento da informação e o fortalecimento da globalização.
O negro no entretenimento japonês
“Padre Alexandre trouxe um escravo [...], era tão negro quanto aos etíopes ou os que estão em Guiné [...]. Quando chegou a casa, a cidade inteira correu para vê-lo (escravo) [...]. O Padre Organtin levou-o a Nobunaga que fez uma grande festa, ele não acreditou que a cor da pele fosse natural e que uma pintura tivesse feito na pele, mas depois de havendo feito o escravo se despir completamente, considerou e reconheceu a veracidade [...]”. (SOLIER, F. 1627, p. 444, tradução nossa).
A citação acima se refere à obra do padre jesuíta francês François Solier, na qual narra os acontecimentos que envolveram a visita do padre jesuíta italiano Alexandre Valignano ao Japão em 1579, onde se encontrou com o daymio Oda Nobunaga. Durante essa visita o padre Valignano trouxe um escravo africano que de acordo com Solier (1627), era de Moçambique. O fato que deixou os padres jesuítas surpresos foi a admiração de Nobunaga com relação à cor da pele do africano chegando a solicitar que este se despisse por duvidar da veracidade de sua cor, além da curiosidade dos moradores da província onde o africano esteve hospedado com os padres (SOLIER, 1627).
Obras acadêmicas em japonês, programas de TV, e mangá como a obra de Kuruso Yoshio (1968) intitulada “kurosuke”, descrevem que Nobunaga se interessou pelo africano chamando-o de “Yasuke”, e que fez parte da guarda pessoal aprendendo técnicas do uso de espadas. O Diário de Notícias de Portugal postou em seu site no dia 29 de março de 2017, um projeto cinematográfico da Lionsgate tendo como base para a narrativa fílmica a história de Yasuke.
Tais fatos mostram a diferença do olhar dos japoneses sobre o negro com relação ao olhar do europeu marcado pelo eurocentrismo. Ora, os europeus já tinham um longo histórico de relações comerciais com os africanos além do tráfico de escravos na África, enquanto os japoneses apenas mantinham relações com seus vizinhos Coreia e China, permanecendo “isolados” com o restante do mundo. De fato o contato com povos de outras etnias eram novidades, sendo que os portugueses como um dos primeiros europeus a terem relações com os japoneses foram recebidos com admiração por uns e suspeita por outros (HENSHALL, 2014). O que temos aqui é uma sociedade que via os estrangeiros como uma unidade “desconhecida” sendo suas diferenças étnicas motivo de novidade tanto com relação aos europeus quanto com Yasuke enquanto africano.
Determinados fatores tendo como resultado a expansão do cristianismo e o descontentamento da população considerando a estadia portuguesa, e a nova religião como ameaças, contribuíram para que o Japão se fechasse quase que completamente à presença estrangeira durante o período Tokugawa, mais precisamente na primeira metade do século XVII. O fechamento à presença estrangeira foi algo que fez com que o Japão iniciasse seu renascimento econômico-social e também cultural. As artes floresceram como parte do entretenimento, sendo a pintura um dos que mais se destacaram, por exemplo, os e-makimono e ukiyo-e (pintura em rolos de papel e em madeira respectivamente) se baseavam na representatividade cotidiana da vida, desde a natureza até na política (LUYTEN, 2000).
Mas a “pax nipônica” começou a ruir pelas crises na estrutura política e econômica, o que resultou resumidamente na reabertura para o comércio com os estrangeiros e o início de uma nova era, a de Meiji, facilitando a entrada do Japão na corrida imperialista, se estabelecendo posteriormente como uma das potências mundiais. Novamente durante a Era Showa o país viu sua potência abalada pela Segunda Guerra Mundial, e a transformação do “deus Imperador” Hirohito em um humano comum, o que permitiu mais uma nova fase na história do Japão (HENSHALL, 2014). Dessa vez, essa fase além de recolocá-lo como uma das potências econômicas, marcou a aproximação com outra potência, os Estados Unidos, permitindo a influência ocidental em todos os campos da sociedade japonesa, Henshall (2014) coloca como uma “ocidentalização” do Japão.
Já no final do século XX, extensas transformações no processo da comunicação e da tecnologia da informação ultrapassaram todas as fronteiras entre países, fazendo com que a distância entre eles fosse praticamente nula, iniciava-se o período da cultura da informação, o que garantia a interação em tempo real entre pessoas em qualquer lugar do mundo (LÉVY, 1999; JHONSON, 2001; BRIGGSS; BURKE, 2006).
O extenso conjunto de conhecimento digitalizado e disponível ao acesso transformava o conceito de cultura garantindo a popularização das produções voltadas ao entretenimento, é nesse ponto que surge o termo “cultura pop” que ganhou força no início do século XXI, e se caracterizou como uma cultura em torno do entretenimento, classificada por Adorno (2002), como indústria cultural, sendo a “cultura pop” um termo mais popular para se referir às produções que ganham mais popularidade (STOREY, 2009; ADORNO, 2002).
Diante disso o Japão veio a se destacar também com as produções voltadas ao entretenimento, e já o fazia inicialmente com os mangás logo após a sua expansão tanto no oriente quanto no ocidente após a década de 1950, que com a popularização do termo cultura pop veio a fazer parte dos elementos que compõe a chamada, “cultura pop japonesa”, e são eles os tokusatsu (séries de heróis japoneses), anime (animações), mangá (histórias em quadrinhos japonesas), jogos, filmes, e músicas (LUYTEN, 2000; 2014).
Como mencionado anteriormente, a consolidação das relações entre Estados Unidos e Japão nos pós Segunda Guerra veio a se fortificar, e assim como boa parte dos países do ocidente, a cultura norte-americana também influenciou a sociedade japonesa, e os mangás são uma amostra disso, pois os personagens ganharam características físicas ocidentalizadas, traços esses realizados pioneiramente por Osamu Tezuka na década de 50 (LUYTEN, 2000). Essas características foram passadas para os animes já que estes estão diretamente relacionados com os mangás enquanto adaptação.
As caracterizações dos personagens dessas duas produções possibilitaram a introdução de negros como personagens de destaque em suas narrativas, e são diversas produções das mais variadas temáticas onde eles estão representados. Fazendo uma análise sobre como os personagens negros são retratados nessas produções alguns deles são apresentados como exímios lutadores e no manejo de espadas, como em Bleach com o personagem Kaname Tousen, e Zommari Runereaux, Afro Samurai com o protagonista Afro, e Naruto Shippuden com o personagem Killer Bee. Vale destacar que esse gênero de mangá/anime é ambientado no Japão feudal.
Os personagens citados ocupam postos de importância e são retratados com princípios que se baseiam nos princípios do bushidô, que valoriza a autodisciplina, o fortalecimento da mente, do corpo e do espírito para alcançar seus objetivos. Todos os personagens negros assim como os demais, seguem esses princípios de moralidade, seja nesse gênero apresentado ou em outros que valorizam o “ser japonês” (Yamato Damashii) (LUYTEN, 2000).
Portanto, a representação do negro nos mangás e nos animes se dá de uma forma que o coloca na condição típica de um japonês, “niponizando-o”. Essa relação se aplica dessa forma, pois a visão que os japoneses têm sobre o negro não é uma visão eurocêntrica, que como se sabe, resultou em representações carregadas de estereótipos com sentido de subjugá-lo. Como mencionado, a experiência social, e os valores japoneses foram completamente diferentes da dos europeus.
Para Eisner (1989) e McCloud (1995), as experiências de uma determinada sociedade ao longo de sua história influenciam na mentalidade e ficam visíveis em suas produções artísticas, sejam elas cinematográficas ou quadrinísticas. Chartier (2002) esclarece que o processo de representação se dá por meio das características que uma sociedade carrega, ou seja, suas vivências. É exatamente por esse motivo que as produções da cultura pop japonesa são muitas vezes vista com singularidade.
Outra manifestação que ocorre na sociedade japonesa voltada à música e estilo Hip-Hop são as do grupo chamado “B-Stylers” em que os jovens se identificam com a cultura afro-estadunidense tendo apreço pelo Rap. Eles se vestem, se comportam, e alteram o visual para ficarem parecidos com negros, utilizando métodos de bronzeamento de pele e modificações no penteado (STOFFELS, 2014).
Tal comportamento social baseia-se no sentido de identidade, onde determinada pessoa ou grupo adere determinada postura de acordo com aquilo que mais lhe agrada com objetivo de fornecer identidade própria, com maneiras próprias de se expressar, ou de se vestir, oferecendo uma distinção dos demais (BAUMAN, 2012).
De certa forma há uma percepção distinta do olhar japonês sobre o negro, representando-o de uma maneira que o insere em seu modelo de vida como ocorre nas produções narrativas dos animes e dos mangás, desconstruindo assim um estereótipo criado por um modelo etnocêntrico como a do europeu, e remodelando-o conforme os princípios que a sociedade japonesa está adequada tradicionalmente, ao mesmo tempo em que esse “outro”, ou seja, o negro é motivo de admiração por determinado grupo social como abordado brevemente sobre os B-Stylers. Isso não significa que todos os japoneses têm essa facilidade em assimilar a figura do “outro”, a resistência é rigorosamente presente para boa parcela da sociedade, principalmente para aqueles mais conservadores.
Referências
Felipe Adriano Alves de Oliveira é graduado em História pelas Faculdades Integradas de Itararé (FAFIT).
ADORNO, T. Indústria Cultural e Sociedade. São Paulo: Paz e Terra, 2002.
ALAKIJA, A. Mídia e identidade negra. In:_____. BORGES, R. C. da S; BORGES, R. (orgs). Mídia e Racismo. Petrópolis: De Petrus et Alii, 2012.
BAUMAN, Z. Cultura e Identidade. In:_____. Ensaios sobre o conceito de cultura. Rio de Janeiro: Jorge Zahar ed. 2012.
BRIGGSS, A; BURKE, P. Uma história social da mídia: de Gutemberg à Internet. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.
CHARTIER, R. A História cultural entre práticas e representações. Algés (Portugal): DIFEL, 2002.
EISNER, W. Quadrinhos e arte seqüencial. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
GUERRA, F. V. Super Heróis Marvel e os conflitos sociais e políticos nos EUA (1961-1981). (Dissertação), Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2011.
HENSHALL, K. G. História do Japão. Lisboa: Edições 70, LDA. 2014.
JOHNSON, S. Cultura da Interface. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
LÈVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34 Ltda, 1999.
LUYTEN, S. M. B. Mangá – O Poder dos Quadrinhos Japoneses. São Paulo: Hedra, 2000.
MCCLOUD, S. Desvendando os quadrinhos. São Paulo: Makron Books, 1995.
SANTORO, E. Estereótipos, preconceitos e políticas migratórias. Revista de Estudos Constitucionais, Hermenêutica e Teoria do Direito (RECHTD): Unisinos, vol. 6, 15-30 de janeiro-junho 2014. p. 16.
SILVA, A. da C. e. Um Brasil, muitas Áfricas. Revista de História da Bibioteca Nacional. Ano. 7, nº 78, março 2012.
SOLIER, F. Histoire Ecclesiastique Des Isles Et Royaumes Du Japón. Paris, 1627. Google e-books: Disponível em: <
https://books.google.co.jp/books?ei=eJjFUe3tK4SEkgXlxoGICQ&hl=ja&id=pQE_AAAAcAAJ&dq=Histoire+Ecclesiastique+Des+Isles+Et+Royaumes+Du+Japon&jtp=444#v=onepage&q=Histoire%20Ecclesiastique%20Des%20Isles%20Et%20Royaumes%20Du%20Japon&f=false>. Acesso em: 15 jul. 2017.
STOREY, J. Cultural Theory and Popular Culture: An introduction. Sunderland: University of Sunderland, 2009.
Artigos da internet:
Informação do Diário de Notícias, disponível em:< http://www.dn.pt/sociedade/interior/historia-do-primeiro-samurai-negro-vai-para-o-cinema-5757474.html>. Acesso em: 17 jul. 2017.
STOFFELS, T. “B-Stylers” are japanese teens who want to be Black. VICE. Disponível em: <https://www.vice.com/en_us/article/9bzqdp/b-style-japan-desir-van-den-berg-photos>. Acesso em: 20 jul. 2017.
Uma das grandes dificuldades para o afro descendente brasileiro na atualidade, trata-se da dificuldade de se auto declarar e de aceitar as suas raízes e identidades culturais e históricas. Conforme o exposto no artigo, como a cultura pop nipônica pode contribuir em sala de aula para a valorização da identidade afro brasileira sem reforçar os estereótipos raciais que ainda persistem no imaginário sociocultural brasileiro?
ResponderExcluirWander da Silva Mendes.
Olá Wander, sobre a questão de aceitar as identidades culturais que se mesclam em nossa sociedade principalmente os elementos da cultura africana, é difícil no sentido do olhar que temos sobre o "outro" sendo esse olhar uma construção eurocêntrica, como expliquei no artigo, há uma distinção importante entre nós brasileiros (ocidentais) e os japoneses (orientais), enquanto temos uma visão distorcida e opressora que se enraizou durante séculos sob a tutela dos europeus, os japoneses por outro lado não a tiveram, você bem sabe que tentaram (espanhóis e portugueses) no século XIV forçar uma dominação contra os japoneses, e isso não foi possível, tanto que em vários momentos o Japão tornou-se o imperialista ou colonialista ao invés de colonizado, por esse motivo o Japão se ateve em construir a sua imagem perante os estrangeiros do que o inverso, então fica difícil comparar com eles pois são realidade totalmente diferentes, mas voltando ao sentido da pergunta, até daria sim utilizar a cultura pop japonesa como exemplo, com sentido de mostrar o quão irracional é apostar em um preconceito formado tradicionalmente por mentalidades que nos tempos presentes deveria ser descartado, ou seja, reforçar a diferença do olhar entre os ocidentais e orientais sobre o negro por meio do ensino de história utilizando diversos animes como exemplos. Um recurso que seria interessante seria visitar comunidades quilombolas ou qualquer outra comunidade que vivenciam tradições religiosas, musicais, alimentares ou memorialísticas (museus) por exemplo, e mostrasse de perto a realidade dos negros, ou seja, por meio da experiência, essas duas realizações poderiam iniciar um processo de conscientização, sem dúvidas há muito para ser feito, é isso.
ExcluirFelipe Adriano Alves de Oliveira
Agradeço pela resposta foi muito esclarecedor o ponto de vista do seu artigo. Tenho o intuito de contextualizar as suas idéias em sala de aula,pois aqui na região norte do paraná a presença e a valorização da cultura japonesa na sociedade local é muito forte, porém enfrentamos comumente grandes dificuldades e resistência ao problematizar as questões referentes aos africanos e afro brasileiros, neste aspecto o seu artigo nos será muito útil por apresentar a possibilidade de uma abordagem dinâmica intercalando a cultura japonesa já muito enraizada na comunidade local e o papel histórico do negro.
ExcluirA desconstrução da imagem do negro em todas as sociedades é de suma importância, mesmo rogando das antigas premissas de que somos todos iguais, a criminalização devido a cor da pele, é no mínimo provinciana. Devemos como profissionais de história, ajudar na construção do olhar sobre o outro com respeito às identidades.
ResponderExcluirLidiane Álvares Mendes
Sem dúvidas Lidiane, o Japão o faz de forma "inconsciente", não fazem porque querem acabar com o preconceito, mas fazem porque admiram a cultura do outro por ser distinta, a realidade deles foi diferente da nossa, então em nossa sociedade ocidental isso precisa ser colocado em prática de uma forma muito mais eficiente e que conscientize é claro, ainda mais porque o preconceito que temos foi fruto da exploração e discursos eurocêntricos.
ExcluirFelipe Adriano Alves de Oliveira
Boa Tarde, o artigo é interessante e esclarecedor em muitos sentidos, mas chamo a atenção de que há ainda referências preconceituosas e racistas no meio "cultural" japonês, apesar dos vários casos de positivação, é comum termos a cor da pele negra como significante de perversão ou sexualidade exacerbada, as "gyarus" ou "gals" e as imagens dos "Dark Elfs" são um exemplo, geralmente tendem para esse lado, e também ligadas a personagens femininas. Creio que isso serve mais como provocação da minha parte do que como um adendo mais consistente ao problema, seria necessário uma análise quantitativa e qualitativa mais abrangente para para ter uma noção melhor de como a figura "negra" é representada e significada.
ResponderExcluirA "xenofobia" é um problema também, dessa forma é preciso avaliar se é de fato um problema "racial" ou "xenófobo conforme a obra.
Daniel Félix Alves
Boa tarde Daniel! Obrigado pelo elogio. Bom vamos lá, acho que talvez eu não fui tão claro a respeito da xenofobia em meu texto, até porque expandiria ainda mais o assunto se reforçasse isso no contexto oriental, veja bem, não apenas os japoneses têm um conservadorismo de suas tradições e o preconceito para com o estrangeiro, mas coreanos carregam esse sentimento, os chineses... enfim, são sociedades que tiveram pouco contato com ocidentais, pois muito deles eram voltados ao comércio, isso antes do imperialismo, já com o imperialismo o sentimento xenofóbico se tornou mais forte devido ao processo de opressão e desrespeito para com as tradições orientais, além da violência muitas das vezes com que o europeu se colocava perante essas sociedades, isso é um fator inegável, precisamos como historiadores nos colocarmos sob a ótica das sociedades orientais.Olhando por essa ótica é compreensivo o "medo" que eles ainda reservam contra os estrangeiros, obviamente em nossa atualidade, ou seja, no mundo globalizado isso é um problema, a criação de fronteiras, o excesso de conservadorismo e ações violentas nesse meio, é sim um grande problema,mas voltando ao Japão, com relação ao negro como já expliquei nos comentários anteriores, e no texto, o negro é colocado apenas como mais um estrangeiro, a experiência que os orientais têm com essa relação racial envolvendo os negros é diferente da nossa visão, não se esqueçamos disso. Eu já pesquisei a respeito do estilo "Gyaru" e não há conotações racistas e preconceituosas como você colocou, as gyaru podem ser colocadas mais como uma resistência ao padrão tradicional da mulher japonesa do que algo preconceituoso, elas se apropriam do estilo de vida glamoroso das norte-americanas tais como as de Los Angeles, ou Calofornia (cabelos claros, olhos claros, pele bronzeada, e consumistas) muito projetada em filmes, o que torna esse estilo entre as japonesas como meio de atenção e diferencial. Sobre os Dark Elfs também não vi essa relação de preconceito (posso estar equivocado). Quanto a análise que você me sugeriu sim, estarei fazendo pois esse é um dos meus temas que utilizarei em minha dissertação, e sim será abrangente. No demais estarei disposto a responder outras dúvidas que você tiver. Abraço!
ExcluirFelipe Adriano Alves de Oliveira
Obs: acabou duplicando minha resposta, desculpas.
Boa tarde Daniel! Obrigado pelo elogio. Bom vamos lá, acho que talvez eu não fui tão claro a respeito da xenofobia em meu texto, até porque expandiria ainda mais o assunto se reforçasse isso no contexto oriental, veja bem, não apenas os japoneses têm um conservadorismo de suas tradições e o preconceito para com o estrangeiro, mas coreanos carregam esse sentimento, os chineses... enfim, são sociedades que tiveram pouco contato com ocidentais, pois muito deles eram voltados ao comércio, isso antes do imperialismo, já com o imperialismo o sentimento xenofóbico se tornou mais forte devido ao processo de opressão e desrespeito para com as tradições orientais, além da violência muitas das vezes com que o europeu se colocava perante essas sociedades, isso é um fator inegável, precisamos como historiadores nos colocarmos sob a ótica das sociedades orientais.Olhando por essa ótica é compreensivo o "medo" que eles ainda reservam contra os estrangeiros, obviamente em nossa atualidade, ou seja, no mundo globalizado isso é um problema, a criação de fronteiras, o excesso de conservadorismo e ações violentas nesse meio, é sim um grande problema,mas voltando ao Japão, com relação ao negro como já expliquei nos comentários anteriores, e no texto, o negro é colocado apenas como mais um estrangeiro, a experiência que os orientais têm com essa relação racial envolvendo os negros é diferente da nossa visão, não se esqueçamos disso. Eu já pesquisei a respeito do estilo "Gyaru" e não há conotações racistas e preconceituosas como você colocou, as gyaru podem ser colocadas mais como uma resistência ao padrão tradicional da mulher japonesa do que algo preconceituoso, elas se apropriam do estilo de vida glamoroso das norte-americanas tais como as de Los Angeles, ou Calofornia (cabelos claros, olhos claros, pele bronzeada, e consumistas) muito projetada em filmes, o que torna esse estilo entre as japonesas como meio de atenção e diferencial. Sobre os Dark Elfs também não vi essa relação de preconceito (posso estar equivocado). Quanto a análise que você me sugeriu sim, estarei fazendo pois esse é um dos meus temas que utilizarei em minha dissertação, e sim será abrangente. No demais estarei disposto a responder outras dúvidas que você tiver. Abraço!
ResponderExcluirFelipe Adriano Alves de Oliveira
Sou grato pela resposta, como coloquei no meu comentário foi mais uma "provocação" do que uma constatação ou hipótese firmada em dados mais claros, parti de pressupostos da minha experiência como consumidor de animes, mangás e LN, e claro que posso estar também equivocado também, outro ponto que não coloquei é justamente quem produz e quem consome, ou seja para quem as obras são direcionadas, talvez tive contato com obras que precisam desse teor apelativo e seguem padrões que talvez eu posso ter extrapolado. Mais uma vez agradeço pelo seu texto e aguardo os resultados de suas pesquisas futuras.
ExcluirAtt,
Daniel Félix Alves.
É interessante notar como diferentes circunstâncias moldam diferentes pensamentos.
ResponderExcluirRessalto, também, o quanto as diferenças físicas nos ocidentais são chamativas para os japoneses. Afirmo de forma anedótica, já que desconheço trabalhos científicos sobre o assunto, mas professores ocidentais que trabalham no Japão chamam demais a atenção das crianças, que querem tocar os cabelos cacheados e geralmente se impressionam com a estatura e composição corporal, já que os japoneses tendem a ser menores e mais magros que os ocidentais.
Personagens negros em mangás tendem a ser muito habilidosos fisicamente, altos e corpulentos.
Naton Joly Botogoske
Olá Naton! Sim, muito bem colocado, estava vendo um vídeo em que um negro foi para a coreia do sul, todos ficaram abismados porque ele tinha um tom bem escuro de pele, era alto, e as crianças passavam a mão em seu cabelo, alguns pediram para tirar fotos, e realmente quanto o Japão essa admiração é presente, por isso meu interesse em fazer esse trabalho e futuramente minha dissertação.
ExcluirFelipe Adriano Alves de Oliveira
Bom dia,
ExcluirTive a grande oportunidade de fazer uma viagem turística à Índia há poucos anos e me deparei exatamente com essa situação, digo, com a estranheza que o "outro" causa.
Os indianos tem em geral um biotipo e uma forma de se vestirem e atuarem bem definidos, assim, eu, como descendente de portugueses, era visivelmente alguém "de fora".
Nos municípios menores não era raro alguém pedir para tirar uma foto ou para apertar minha mão. Em certa ocasião, uma mãe pediu para que eu segurasse seu bebê no colo para que ela pudesse nos fotografar.
Muito obrigada pelo texto !
Adriana Leones de Almeida
É interessante como o modo de visão muda as coisas, eu na minha ignorância, sempre achei que o negro era discriminado no Japão, e o texto nos prova o contrário, é claro que devem existir exceções, mas acredito que são pontuais. para mim foio surpresa o negro aparecer Niponizado ou na mesma condição social dos japoneses. Parabéns pelo belo texto!
ExcluirOlá Daniel! Gostei do texto, só acho que você poderia dar uma olhada na rica bibliografia existente em inglês sobre racismo no Japão é a história do negro no Japão. Procure, por exemplo, “Race, Ethnicity and Migration in Modern Japan: Imagined and imaginary minorites”, editado por Michael Weiner, tem dois textos ótimos que podemos servir de porta de entrada para entender melhor está bibliografia. Bom trabalho! Ass: Rômulo Ehalt
ResponderExcluirFala Rômulo! Opa é Felipe meu nome rs, que bom que gostou do trabalho! Obrigado pela recomendação, estarei dando uma olhada, caso tenha mais em mente pode me passar, abraço!
ExcluirCaro Rômulo, o autor do texto, Felipe Adriano, está mesmo de parabéns, vou anotar aqui sua sugestão que também servirá para mim, apesar da opinião já reiterada pelo Felipe creio que alguns esteriótipos ou ideias "preconceituosas" ainda aparecem, por isso outras visões e opiniões são válidas até mesmo para informar e fundamentar melhor as discussões.
ExcluirAtt,
Daniel Félix Alves
Parabéns pelo texto Felipe, se o tivesse lido antes teria aproveitado algumas referências e comentários para minha apresentação da banca no mestrado. Sempre tive curiosidade de sabe como seria a visão dos japoneses em relação a África e aos negros, realmente o japonês é um povo singular. Parabéns mais uma vez Felipe.
ResponderExcluirOlá Luciano Ferreira! Obrigado! Que bom que gostou! Pois bem, é um tema novo aqui no Brasil e por essa novidade tem muita coisa para se discutir, por isso pretendo ampliar ainda mais esse estudo. Abraço!
ExcluirÓtimo trabalho, tu saberias indicar além de mangás, filmes que possamos usar durante nossas aulas na Educação Básica nessa perspectiva de perceber os diversos olhares de culturas asiáticas, como a japonesa, sobre as afro-descendentes? Desde já agradeço. Leonardo Moura Campani
ResponderExcluirObrigado pelo elogio Leonardo! Olha, no momento apenas essas obras que citei, estou ansioso para que saia o filme sobre Yasuke, mas creio que esse gênero seja pouco explorado em obras como filmes, agora se tratando de animes e mangás teremos um repertório considerável, é isso.
ExcluirFelipe Adriano Alves de Oliveira
Seu trabalho é muito interessante, nós traz um novo olhar sobre o Japão com relação aos negros,o que não ficou tão claro para mim,foi a porcentagem da população Japonesa que tem algum tipo de preconceito racial e também daqueles como foi citado no texto que possui admiração , qual a probabilidade de um negro sofrer discriminação por um Japonês conservador ?
ResponderExcluirGizeli Pantoja Soares Lobo.
Obrigado Gizeli Lobo! Bom, colocar isso em números acredito ser um trabalho penoso, além claro, de demandar um período extenso, suporte para pesquisa, e o mais importante estar no país, o que pretendo muito, por isso pretendo ampliar esse assunto no mestrado e dependendo no doutorado, e se eu tiver essa oportunidade de ir para o Japão essa experiência será de suma importância. Mas colocando em uma questão qualitativa do assunto as pessoas que se interessam por cultura de outra nação é reduzido, são minorias, (mesmo o Japão ter assimilado grande parte da cultura ocidental, como a norte-americana, por exemplo) e se tratando da cultura negra, esse número cai ainda mais. Sobre sua última pergunta, a probabilidade de um negro ser discriminado por um conservador é a mesma proporção de outro qualquer estrangeiro, agora, ser discriminado por racismo tal como entendemos, não posso lhe dar essa informação, sabemos que esse tipo de preconceito sobre o negro não é compatível com a experiência deles, pois não passaram pelo uso de mão-de-obra africana como aqui na América, se for basear por isso, é praticamente nula. Agora, racismo contra orientais, isso é altíssimo, coreanos e chineses são alvos constantes de preconceito, tanto que os japoneses deixaram marcas dolorosas nesses países durante o imperialismo até a Segunda Guerra. Espero ter ajudado! Abraço!
ExcluirObrigada
ExcluirBoa Tarde Felipe, ótimo texto, me esclareceu muito! Talvez pelo fato de ser negra tenha me identificado ainda mais com o seu texto!
ResponderExcluirA minha pergunta é:
De acordo com seu texto: "Os personagens citados ocupam postos de importância e são retratados com princípios que se baseiam nos princípios do bushidô, que valoriza a autodisciplina, o fortalecimento da mente, do corpo e do espírito para alcançar seus objetivos. Todos os personagens negros assim como os demais, seguem esses princípios de moralidade..."
Eu queria saber, primeiro se existem personagens femininos negros nesse tipo de literartura japonesa e se existem são retratados da mesma forma que os masculinos ou recebem um tratamento diferente?
Elaine Silva de moura
Oi Elaine! que bom ter gostado do texto! Obrigado! Sim existe personagens negras, mas em número menor, são poucos animes/mangás que abordam, alguns deles são Naruto Shippuden e Boruto, contendo traços mais próximos dos negros, com estilos de penteados sendo alguns compatíveis, há um anime chamado Macross e a personagem Claudia LaSalle também se aproxima dessa característica, outros animes elas são retratadas um pouco diferente, com cabelos extremamente lisos e compridos e claros em algumas, olhos também claros, mas apenas o tom de pele que permanece, mas não deixam de ser negras, claro. Muitas delas são retratadas com certa sensualidade, apesar que muitas personagens femininas são retratadas dessa forma, isso dá margens para discussões sobre a sexualização da mulher, mas isso já é uma outra discussão, enfim, elas também ocupam posições "privilegiadas" assim como os homens, fora essa questão da sensualidade feminina, não há estereótipos preconceituosos em ambas partes. Abraço!
ExcluirFelipe Adriano Alves de Oliveira
Ótimo texto Felipe, traz um tema pertinente, o olhar ao outro, estas novas perspectivas teóricos-metodológicas impulsiona narrativas que corroboram com a valorização e visibilidade aos negros.Mas o imaginário brasileiro ainda são carregados de estereótipos e preconceitos na relação a cor da pele. Este olhar oriental na colocação de personagens negros, nos permite um debate critico a cultura racista que ainda permeia o nosso cotidiano. Felipe você já levou esta temática a sala de aula?
ResponderExcluirLucivaine Melo da Silva
Olá Lucivaine! Sim muito boa colocação, sem dúvidas é um debate que podemos utilizar como um modo de comparação, ocidente/oriente. Eu ainda não levei essa visão em sala de aula pois é um tema novo, no começo deste ano dei início a pesquisa, e ainda está sendo trabalhada, mas em breve pretendo levar em sala de aula, será um bom debate para com os alunos, abraço!
ExcluirFelipe Adriano Alves de Oliveira
Olá Felipe. Seu texto serve muito bem como ponto de partido para traçar um comparativo com outras culturas, percebendo os preconceitos construídos e vislumbrando ações de valorização da diversidade cultural africana e afro-brasileira. Na sua opinião, essa "niponização" do negro nos animes/mangás ocorre da mesma forma com coreanos e chineses, tradicionalmente rivais em conflitos e no setor econômico historicamente? Obrigado!
ResponderExcluirOlá Maicon! Obrigado! Então, cada sociedade acaba tendo um olhar diferente, mesmo possuindo pontos históricos semelhantes, tais como as do "Extremo Oriente", sobre o Japão até consigo ter essa visão, pois a pesquisa encontra-se em andamento e já tem uma base, mas referente a essas outras sociedades não possuo nenhum tipo de informação (ainda), mas pretendo me aprofundar nessa questão. Abraço!
ExcluirO que seria essa construção de uma imagem nos moldes eurocêntricos?
ResponderExcluirO que levou os japoneses a fechar completamente o país para os estrangeiros na primeira metade do século XVII?
O que é cultura pop?
JAQUELINE CARDOSO PAIVA
Olá Jaqueline, 1ª pergunta: Essa construção seria os estereótipos que os europeus propagaram. 2ª O Japão se fechou pois viam os estrangeiros como ameaças, mas outros elementos foram essenciais para que isso ocorresse. 3ª A cultura pop é todo o produto do entretenimento que aderem popularidade, enfim, todas essas questões estão no próprio texto de uma forma mais articulada, caso tenha dúvidas a respeito estarei disposto a respondê-las, Obrigado!
ExcluirFelipe Adriano Alves de Oliveira
Bom dia a todos os participantes e mais uma vez agradeço pelo texto Felipe,
ResponderExcluirRecentemente o assunto dos japoneses de etnia mista foi muito debatido pela mídia. Embora os hafus estejam em crescimento demográfico eles ainda representam uma parcela muito pequena da população e sofrem preconceito por serem considerados "pouco japoneses" e ferirem em certo grau uma suposta homogeneidade japonesa.
No seu entendimento, podemos ver nos personagens negros que aparecem na mídia japonesa, conforme citado, uma valorização da cultura africana ou apenas uma queda no preconceito contra "o outro", no caso os estrangeiros e hafus?
Desde já agradeço,
Adriana Leones de Almeida
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirOlá Adriana! Obrigado! Compreendo essa visão dos "hafu", e veja bem, esse processo se encaixa nos dois, tanto na questão da valorização, quanto na queda desse preconceito, nesse caso os fatores globalização e tecnologia da informação foram importantes, o contato com outras culturas e sociedades simplesmente se encontram nas pontas dos dedos, além disso, as ondas crescentes dos movimentos culturais afro aqui no ocidente, junto a popularização fez com que os japoneses sentissem atração por algo nada comum em sua sociedade, ou seja, a importação de uma cultura, no caso o hip-hop foi um movimento cultural atrativo. Diante disso os japoneses veem a cultura afro mais como um fator de admiração e assimilação do que propriamente com teor crítico-social e político, é exatamente nesse ponto que minha pesquisa junto ao texto se mantêm, pode haver novas informações a respeito, mas por enquanto ela se foca nisso. Abraço!
ExcluirFelipe Adriano Alves de Oliveira
Parabéns pelo excelente texto!
ResponderExcluirA questão de esteriótipo é bem mais comum do que se imagina. E o fato dos japoneses terem uma visão bem clara e desconstruída em relação aos negros, me leva a uma questão: Se o Japão, um país o qual a miscigenação não é tão comum, consegue dar uma valorização muito maior aos negros do que o Brasil que tem uma raiz evidentemente africana, ainda há tanto a aprender sobre valorização cultural afro. É possível então, que daqui a algum tempo o Brasil deixe de lado essa pouca valorização e a tomar pelo exemplo do Japão, deixasse evidente que o lugar do negro independe do lugar de onde veio ou da sua história deveras sofrida?
Grata,
Beatriz da Silva Mello
Olá Beatriz, Obrigado! Questão difícil essa sua rs, depende de muitos fatores acredito, mas como professor eu aposto muito na educação, na forma de abordar sobre as culturas que temos, na experimentação, ou seja nas atividades extra-classe, que permita o aluno ter contato com essas comunidades, tocar, sentir aquilo diante de seus olhos, portanto precisa se trabalhar muito bem com isso, então por mais que estamos em crise em várias camadas institucionais do nosso país, pode ser que isso se reverta, a educação dê um salto, e a conscientização política, social e cultural possa melhorar (estou sendo otimista), e esperamos que seja assim. Abraços!
ExcluirFelipe Adriano Alves de Oliveira
Boa noite!
ResponderExcluirPodemos perceber pelo texto que o japonês tenta integrar os negros a sua cultura, dando a entender que eles não deixavam o negro à margem da sociedade. O meu questionamento é se esse sentimento de integração também era dirigido aos outros povos, como o próprio europeu, ou aos seus vizinhos, como Coreia, China e outros?
PAULO ROBERTO PICKLER
Olá Paulo! Sim os japoneses aos poucos estão se abrindo às novidades, de certa forma, se globalizando, apesar de sempre ter zelo pela sua tradição. Essa integração com os ocidentais e até mesmo com os orientais é visível, seja na sociedade (trabalho) ou no entretenimento, mas com esses últimos (Coreia e China) as relações ainda são muito sensíveis devido aos fatores históricos ocorridos no imperialismo até na Segunda Guerra, em que o Japão utilizou de força opressiva para com esses países, então há sim uma certa diferença, pelo menos com os coreanos e chineses.
ExcluirOlá, seria possível trabalhar com essa cultura pop em sala de aula? E quais materiais didáticos poderia ser utilizado para se trabalhar?
ResponderExcluirOlá, seria possível trabalhar com essa cultura pop em sala de aula? E quais materiais didáticos poderia ser utilizado para se trabalhar?
ResponderExcluirDulce Casagrande.
Olá Dulce, sim é possível, principalmente com os mangás (história em quadrinhos japonesas), podem ser utilizados como uma fonte, ou seja, como um produto em que o autor daquela obra colocava sua visão e seus valores, como ele enxergava determinado contexto histórico, sendo que esse próprio contexto serviu como base para suas narrativas, nesse sentidos, os mangás servem como um produto a ser analisado.
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