Katty Cristina Lima Sá

“MUÇULMANOS X CRISTÃOS”: A CRIAÇÃO DO INIMIGO DA AL-QAEDA E A EDUCAÇÃO PARA O ÓDIO 
Katty Cristina Lima Sá

A Al-Qaeda foi fundada no Paquistão em 1989 pelo saudita Osama Bin Laden [1957-2011], e diferente de grupos extremistas islâmicos como a Jihad Islâmica Egípcia, não desejava agir em âmbito nacional para a instauração de um governo islâmico local. Seu campo de atuação transcende as fronteiras nacionais do mundo islâmico com o objetivo de expulsar as interferências ocidentais naquela região, sendo os principais pontos de sua agenda política: a] o fim de Israel e a criação de um Estado palestino; b] a retirada de tropas americanas da Península Arábica; c] o fim dos governos considerados apóstatas [renunciadores da religião] por apoiarem os EUA, como a Arábia Saudita, Egito, Jordânia e Kuwait [BRAGA, 2009, p 211].

Em suas três décadas de existência a Al-Qaeda passou por diversas transformações ideológicas, estruturais e estratégicas a começar pelo alvo de seus ataques: durante a década de 1990 estavam direcionados a alvos norte-americanos no Oriente Médio e nordeste da África, como foram os casos dos ataques as embaixadas norte-americanas no Quênia e Tanzânia [1998], e ao destroyer USS Cole da Marinha dos Estados Unidos na costa do Iêmen [2000]. A partir do 11 de setembro de 2001, o campo de operação se estendeu ao Ocidente e aos seus cidadãos, como visto nos ataques de Madrid [2004] e Londres [2005].

Escolher um alvo não é um algo feito ao acaso, sendo necessárias justificativas que expliquem suas razões e significados, principalmente quando “dirige-se contra pessoas remota ou absolutamente não envolvidas nos processos conflituosos em curso” [SILVA, 2004, p.181], ou seja, civis não combatentes. A partir disso, presente trabalho, analisaremos a apresentação dos países ocidentais como inimigo da Al-Qaeda e como isto legitima a morte de civis em seus atentados através da Inspire Magazine, periódico produzido pela franquia da organização na Península Arábica para instruir na realização ações terroristas no Ocidente. Para tanto, atentaremos ao histórico de transformações desta rede terrorista, a história política do Oriente Médio, em especial no tocante as intervenções dos Estados Unidos e aliados na região a partir da segunda metade do século XX e ao processo de construção do outro-alvo dos Fundamentalismos expressa por Francisco Carlos Teixeira Da Silva [2004].

Embora tenha sido planejada para ser um exército mujahidin [de “guerreiros santos”], a Al-Qaeda se estruturou como uma rede composta por grupos terroristas e indivíduos simpatizantes que agem de modo independente entre si e em relação ao núcleo da organização. No entanto, os todos permanecem ligados pelo juramento de fidelidade feito antes a Bin Laden e agora ao seu sucessor Ayman Al-Zawahiri [1951-], ou simplesmente por se sentirem contemplados pelos ideais e táticas propostas pela organização [BARBER, 2011]. Deste modo, ela deve ser compreendida como “uma rede de informações, de financiamento, de logística e uma espécie de caixa de pensões e salários para militantes e suas famílias, em especial para aqueles que se transformam em mártires de Alah” [SILVA, 2009, p.13]

Esta estrutura descentralizada começou a ser moldada durante a década de 1990 com o firmamento de alianças entre Bin Laden e grupos jihadistas locais no Oriente Médio [MIGAUX, 2007], porém foi acentuada com a Guerra do Afeganistão [2001-] e a destruição de campos de treinamento e do quadro de comando da Al-Qaeda pelas forças armadas dos EUA. Como afirmou Peter Bergen [2007], tal reformulação estrutural não deve ser compreendida como um enfraquecimento, pois permitiu a organização flexibilidade para sobreviver em contextos variados, ainda que lhe tenha sido tirado os meios necessários para o planejamento e a execução de grandes ações como o atentado as torres do World Trade Center.

Com isso, as operações no Ocidente passaram a ser atividade de pequenas células ou de “lobos solitários” –  terroristas que agem  sem ligações com grupos extremistas. Como exemplo deste último, temos os atentados na Maratona de Boston no ano de 2013 e contra os editores do periódico francês Charlie Hebdo em 2015. Destacamos estes dois casos pela existência de uma característica presente em ambos: seus autores tiveram como guia para os atentados a Inspire Magazine.

Confeccionada pela Al-Malahem Midia, setor midiático da AQPA, a Inspire foi lançada em junho de 2010 e, até o momento em que este texto está sendo escrito, conta com dezessete edições, sendo a mais recente de Agosto de 2017. O periódico é confeccionado em inglês e no formato PDF, o que permite a leitura em vários tipos de aparelhos eletrônicos e sistemas operacionais.  Nela são disponibilizados vários assuntos relacionados a jihad [nesse contexto entendida como a guerra santa para defender o Islã [THACKRAH, 2004]], como análises das táticas utilizadas e resultados de ações terroristas, homenagens aos mujahidin mortos, interpretações de clérigos extremistas acerca de tópicos da doutrina islâmica, técnicas para o planejamento e execuções de ataques terroristas no Ocidente entre outros. Todos os textos são assinados por nomes proeminentes da AQPA e/ou por pessoas próximas a Al-Zawahiri.

A publicação se propõe a expor “as injustiças impostas à comunidade islâmica pelos Estados Unidos e governos aliados”, seja através das guerras que possuem como arena de batalha o Oriente Médio, ou com as “tentativas de destruição da cultura islâmica e dos ensinamentos de Alá” [Inspire Magazine, n° 08, 2012, p.09. Tradução nossa]. Além disso, também oferecer táticas para o ataque ao Ocidente. Deste modo, o público-alvo da Inspire são os “mulçumanos, porém ocidentais”, como são chamados os recém-convertidos ou os filho de imigrantes islâmicos que nasceram ou residem desde a infância no Ocidente e não possuem conhecimentos aprofundados na religião islâmica.

A escolha por destinar-se a pessoas com pouco conhecimento religioso foi explicada no manual para o recrutamento lançado pela Al-Qaeda do Iraque [AQI] em 2009, onde se justificou a predileção por candidatos “não-religiosos” por acreditar que estes se adequarão mais fácil ao discurso fundamentalista que lhe será ensinado, uma vez que não sabem como contestá-lo. A Inspire não se propôs a ser um manual para a versão mais conservadora e extremista do Islã, mas apresenta interpretações com esta tônica para justificar a realização de atos terrorista ensinados pela mesma a um público que considera “inexperiente”, “uma vez que ao viverem fora de sua região ancestral precisam abdicar de parte de sua tradição religiosa, para torna-se um ‘moderado’” [Inspire Magazine, n° 08, 2012, p.09. Tradução nossa].

Segundo os editores da Inspire, o Ocidente desvia os muçulmanos dos costumes da religião ao impor sua forma de governo e de comportamento. Isto vale tanto para os que estão em países islâmicos como para aqueles que residem na América ou na Europa. No entanto, não são os hábitos “imorais”, como a liberdade sexual e o uso do álcool, que incitaram esses porta-vozes da Al-Qaeda, e sim questões de ordem política, como as guerras no Oriente Médio e a situação dos palestinos. Em tornos destes temas é ressaltada a ideia de que a democracia e os direitos humanos são armas para “ferir a ummah” [comunidade muçulmana].

Assim, constantemente artigos como a “A Message to our muslim brothers in America” [Uma mensagem para nossos irmãos na América], de Abd Allah Al-Murabit publicado na décima sexta edição da  Inspire [2016,p.36-37], ressaltam que episódios como a Invasão da Somália [1993], a Guerra na Líbia [1973], e a crise humanitária provocada pelo embargue econômico americano ao Iraque em 1990 foram resultantes de intervenções norte-americanas e de seus aliados – França, Inglaterra, Austrália, Arábia Saudita etc. – que levantavam o ideal de defesa  da liberdade e a democracia.  Em outro texto, Ibrahim bin Hassan afirmou: “a ‘justiça’ americana manifestou-se por si mesma quando o povo iraquiano sofreu a invasão e foi morto, detido, torturado e teve sua honra violada aos milhares” [Inspire Magazine, n° 16, 2016, p. 42] .

Os argumentos para o ódio não ficaram restritos a questões longínquas no tempo ou no espaço em relação público-alvo da Inspire.  Os casos de intolerância contra muçulmanos que residem no Ocidente foram citados como a comprovação de as sociedades americanas e europeias não toleraram os islâmicos e seus costumes mesmo que estes sejam “moderados” para se adequar a realidade laica e democrática. Lembremos que nos últimos anos houveram várias manifestações de intolerância contra muçulmanos em todo mundo, expressas em ataques contra mesquitas no Canadá e em Londres em 2017 e nos discursos de políticos ligados a extrema-direita, como francesa Marine Le Pen e o presidente norte-americano Donald Trump.

Ainda o argumento central da Al-Qaeda para seu embate com o Ocidente seja em maior parte político e econômico, o uso de precedentes históricos longínquos, e anacrônicos, para fundamentar seu discurso de ódio não foi renunciado. Deste modo, as desavenças entre os extremistas seguidores de Al-Zawahiri e os governos ocidentais possui a mesma explicação dos casos de intolerância contra muçulmanos que vivem em sociedades ocidentais: o ódio “natural” entre Ocidente e Oriente, ou cristãos e muçulmanos, provenientes das Cruzadas ocorridas entre os séculos XI e XIV.

Nas edições analisadas não foi encontrado um texto especifico que se dedique a fazer uma analise aprofundada acerca da analogia entre as Cruzadas e as ações de contraterrorismo atuais. Essa ideia perpassa os artigos e se manifesta na recorrente utilização do termo “cruzado” para nomear políticos e as forças armadas ocidentais.

Segundo Bruno Mendelsk de Souza [2012], essa terminologia tem por objetivo explicar uma situação contemporânea através de fatos do passado, como estes fossem atemporais e naturais, ou seja, procura-se criar uma visão de que “sempre foi assim” [SOUZA, 2012].  Com isso, o sentido político e de segurança nacional das atividades militares de contenção ao terrorismo islâmico é substituído pela versão de uma guerra religiosa entre Ocidente e Islã, que envolvem inocentes e os separam em muçulmanos contra cristãos e judeus.

Tornar o passado atemporal e o ódio naturalizado justifica o processo de desumanização do inimigo, onde se despe a vitima de sua individualidade e de suas qualidades [SILVA, 2004]. Deste modo, enxergar-se apenas o “nós”, os “fiéis” providos das qualidades consideradas humanas que lutam pelo estabelecimento da religião contra a tirania, contra os “outros”, considerados o antônimo do primeiro.

Uma vez feita a dicotomia, todos aqueles que não concordam com a ideologia expressa pela Inspire perdem o direito a vida. Pela frequência que este assunto aparece na revista, percebemos que não é uma temática fácil de ser assimilada pelos calouros da Al-Qaeda.  O tema apareceu em questões enviadas por leitores, perpassou artigos que não tem como foco este assunto e, já foi debatido por pelo menos dois autores – tendo em vistas as edições analisadas – em três textos separados publicados em edições diferentes. Tanto Anwar Al-Awlaki [1971-2011] na oitava edição, quanto Hammed al-Tameemi nas décima sexta e na décima sétima edição realizam sua argumentação acerca deste tema com citações da sharia [conjunto de leis islâmicas] e em trechos de textos de pensadores islâmicos medievais.

Al-Tameemi [Inspire Magazine, n° 16, 2016,p. 29] afirmou que seus textos eram uma resposta ao aumento no número de operações realizadas por Lone Mujahidin [mesma definição de “lobos solitários”] e tinham o objetivo de tirar o temor  de futuros mujahidin em cometer algum pecado ao alvejar civis durante sua operações.  Depois de dividir os “infiéis” em quatro categorias expressas na sharia, al-Tameemi afirma que só aqueles com quem foi selado um acordo de paz não são considerados alvos legítimos, o que não vem a ser o caso dos americanos e europeus do século XXI, que segundo o texto iniciaram  “a luta e o ataque contra os muçulmanos”, estimulando uma jihad defensiva [Inspire Magazine, n° 16, 2016,p. 29]

Já Anwar Al-Awlaki [1971-2011], em “Targeting the Populations of Countries that are at War with the Muslims” [Mirando as populações de países que estão em guerra com os muçulmanos] afirma que é preciso atacar as sociedades “infiéis” para que elas “despertem” e se voltem contra seu governo, como foi com a Espanha, cuja opinião publica forçou a retirada de tropas do Iraque após os atentados de Madrid em 2004. Se após o ataque persistir o apoio da população ao governo, ela se torna efetivamente culpada e considerada como combatente, pois na lógica apresentada na Inspire toda a nação que concordou com as decisões empregadas pelo seu presidente de algum modo participou ativa e conscientemente do confronto:

“Mas todos [os estudiosos islâmicos] concordam que se as mulheres, idosos, agricultores, comerciantes ou escravos que participam da guerra com qualquer esforço contra os muçulmanos, seja com a participação real na luta, contribuição financeira ou parecer, tornam-se alvos legítimos”. [Inspire Magazine, nº8, 2011, p. 22.  Tradução nossa].

A partir dos textos publicados na Inspire, percebemos o esforço para tornar qualquer cidadão ocidental um combatente, e assim, justificar sua morte em atentados terroristas. Mesmo mulheres, idosos e crianças que não participam ativamente das decisões políticas acerca dos conflitos internacionais são colocados como alvo porque não há espaço para o individuo, mesmo para aqueles que discordam da política externa de seu país ou que não discriminam muçulmanos por sua nacionalidade ou escolha religiosa. Há apenas a homogeneização de um grupo com características adversas àquelas consideradas desejáveis pela Al-Qaeda e seus simpatizantes e participantes ativos do processo que gerou o mal-estar entre a população islâmica.

Se voltarmos na história política recente do Oriente Médio, perceberemos que ela está repleta de intromissões estrangeiras, a começar pelas fronteiras nacionais decididas pelo tratado franco-britânico Sykes-Picot de 1916. Com o processo de descolonização da região após a Segunda Guerra Mundial [1939-1945] os novos Estados que surgiram “adotaram, ou foram exortados a adotar, sistemas político derivados dos antigos senhores imperiais, ou daqueles que os haviam conquistado” [HOBSBAWM, 1995], ou seja, o capitalismo norte-americano ou o comunismo soviético. Entretanto, Francisco Carlos Teixeira da Silva [2004] aponta que esses sistemas políticos e projetos de modernização foram falhos em solucionar os problemas sociais e econômicos do Oriente Médio ao mesmo tempo procuraram diluir valores tradicionais das comunidades locais.

Todo este processo gerou uma massa de indivíduos que não se sentem beneficiados pela modernização imposta pela globalização ao mesmo tempo em perderam a proteção que a tradição lhes proporcionava [SILVA, 2004, p. 183]. Mesmo aqueles imigraram para o Ocidente e que se mostram mais abertos a se apropriar de elementos do mundo globalizado são excluídos da sociedade globalizada quando são vitimas de xenofobia e intolerância religiosa em países que exaltam justamente as ideias de liberdade e respeito.

O sentimento de despertencimento e a desestabilidade política no mundo islâmico que abriram espaço para os fundamentalismos desde a década de 1980 foi canalizado pela Inspire Magazine para ensinar e guiar possíveis Lone Mujahidin que residem no Ocidente a atacar seu próprio país e, com isso, ferir aqueles que financiam “balas e mísseis que penetram os corpos e casas dos oprimidos muçulmanos palestinos” [Inspire Magazine, n° 08, 2011, p.03. Tradução nossa] e realizam ações de ódio contra muçulmanos.

Ainda que a Inspire afirme que o ódio entre cristãos [ocidentais] e muçulmanos seja natural, ele é sim ensinado para os intolerantes de ambos os lados através de uma “educação autoritária” [SILVA, 2004, p.139], violenta, repressiva, agressiva.

Referências 
Katty Cristina Lima Sá é graduada em História pela Universidade Federal de Sergipe e integrante do Grupo de Estudos do Tempo Presente [GET/UFS]. Email: katty@getempo.org Orientador: Prof. Dr. Dilton Cândido Santos Maynard [PPGED/UFS]

Fontes
AL-MALAHEM MIDIA . Inspire Magazine – Targeting Dâr al-Harb populations, nº8, 2011.
AL-MALAHEM MIDIA. Inspire Magazine –  9/17 Operation [edição especial], nº 16, 2016.

BARBER, Victoria. The Evolution of Al Qaeda’s Global Network and Al Qaeda Core’s Position Within it: A Network Analysis. In: Perspective of Terrorism, volume 9, nº 06, dezembro de 2016. ISSN 2334-3745, p. 02-35
BERGEN, Peter; HOFFMAN. Bruce; SIMON, Steve. A Al-Qaeda então e agora. In: GREENBERG, Karen [Org]. Al-Qaeda. Lisboa: Editorial Estampa, 2007, p. 29-54
HOBSBAWM, Eric. A Era dos Extremos – O breve século XX [1914-1991]. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
MIGAUX, Philippe. A Al-Qaeda. In: In: CHALIAND, Gérard; Blin Arnaud. The history of terrorism: from from antiquity to al Qaeda. Londres: University of California Press, 2007a, págs. 314-348.
QA'IDY, Abu Amru. A Course in the Art of Recruiting: A graded, practical program for recruiting via individual da'wa. Edição eletrônica em inglês. Disponível em http://www.onemagazine.es/pdf/al-qaeda-manual.pdf. Acesso em 15/10/2016.
SILVA, Francisco Carlos Teixeira. Revoluções Conservadoras, Terror e Fundamentalismos: Regressões do individuo na modernidade. In: SILVA, Francisco Carlos Teixeira [org.]. O Século sombrio: guerras e revoluções do século XXI. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. P.123-180.
 __________. Os Estados Unidos e a Guerra contra o terrorismo. In: ZHEBIT, Alexander; SILVA, Francisco Carlos Teixeira da [org.].  Neoterrorismo: Reflexões e Glossário. Rio de Janeiro: Gramma, 2009, p.11-40.
SOUZA, Bruno Mendelsk de Souza. A construção do conceito de inimigo nos discursos de Bin Laden no período de 1996 a 2004, 2012, 283 f. Dissertação de Mestrado – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais. Porto Alegre, 2012.
THACKRAH, John Richard. Dictionary of Terrorism. Nova York: Routledge, 2004.

25 comentários:

  1. Katty, Bom dia, tenho uma curiosidade. Na historia recente dos Estados Unidos, muitos cidadãos americanos se converteram ao islamismo, em alguns movimentos negros americanos, da década de 60,70 e 80, vemos muitos mulçumanos, tais como o lutador Cassius Clay, que se tornou Muhammad Ali.
    Se você souber gostaria de saber como se deu o fim desse suposto islamismo americano, tendo em vista que hoje o islã não é bem visto por americanos em solo americano.

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  2. Olá, Adriano. Em minha pesquisa não me aprofundei em como ocidentais, aqui me referindo a europeus e norte-americanos, perceberam e percebem a religião islâmica e, infelizmente, não me deparei com nenhum autor que trate especificamente desta questão. Também não foi parte de meus objetivos a analise dos movimentos ao qual você se refere. Por conta disso, não me sinto capaz de oferecer uma resposta que solucione plenamente sua dúvida, no entanto, espero que os dados apresentados abaixo te ofereçam alguma ajuda.
    Segundo os dados apresentados pela Pew Research Center este ano (http://www.pewresearch.org/fact-tank/2017/08/09/muslims-and-islam-key-findings-in-the-u-s-and-around-the-world/), a percepção dos americanos em relação ao Islã varia de acordo com as inclinações políticas. Por exemplo, 63% dos republicamos entrevistados acreditam que a crença maometana é a mais propensa ao extremismo, entre os democratas esse percentual cai para 26%. Compreender como isso se reflete no número de conversões e quem são os convertidos também é difícil, pois os dados sobre o crescimento da população muçulmana na América do Norte e na Europa não se referem aos novos adeptos para explicar o crescimento do Islã no Ocidente, e sim as altas de imigração e de natalidade das mulheres islâmicas.

    Peço desculpas por não ter oferecido a resposta desejada e agradeço pelo interesse em meu trabalho.

    Atenciosamente,

    Katty Sá

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    1. Katty. Muito obrigado por sua atenção, adorei o texto. Eu é que peço desculpas por ter saído do debate, agradeço pelo link. fique com "DEUS".

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  3. Olá,Katty! Muito bem pontuado o seu artigo.Nestes dias falava para alunos de 7º ano sobre essa diferença entre ser muçulmano,árabe e extremista.Por quê? A sociedade puritana está aí julgando mesmo até àqueles que nada tem a ver com o terrorismo.E isso se aplica também ao Brasil:ser baiano,nordestino é ser analfabeto,desprovido de cultura e valores.Como quem o suposto Jeca de Monteiro Lobato não evoluiu e vive em todo nós do nordeste.Enfim,precisamos ser a vez e a voz de quem não é respeitado e nem "tolerado".

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    1. Olá, Ivanize. Obrigada pela leitura e interesse no meu trabalho! Tive essa mesma experiência em sala de aula para o 1º do ensino médio. Ao colocar no quadro a palavra "Islã" e perguntar o que vinha a mente quando eles leram essa palavra, as três turmas para quem dei aula se lembraram de "terrorismo", "bomba", "suícida", "Al-Qaeda" e afins. Ninguém citou "Maomé", "Meca" ou coisas mais relacionadas a religião em si. Resultado: a primeira aula sobre Islã na Idade Média tratou de história do terrorismo (desde o fim do século XIX) para diferenciar religião, extremismo e terrorismo.

      Em tempos complicados como estes é muito reconfortante saber que existem professoras como você, que se preocupam em mostrar a tolerância aos alunos.

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  4. Eu gostei do texto, especialmente no que você expõe o alvo da revista - jovens, filhos de imigrantes muçulmanos no ocidente. Isso vem completar o que já me parecia óbvio, especialmente pela sua conclusão - o despertencimento gera uma busca pela identidade que é encontrada em um retorno as origens e cultura familiares pela via do extremismo. Acho interessante se você continuar sua pesquisa pelo eixo: isolamento das comunidades islâmicas na Europa/busca por uma identidade junto ao crescimento do extremismo religioso. Muito bom o artigo e se houver algum consideração a mais, ficarei feliz em ler. Parabéns!

    Robson de Almeida Junior
    Graduando em Pedagogia - UENF

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    1. Caro Robson,

      Agradeço a leitura tão atenciosa e os elogios.

      Como historiadora, preciso me ater às fontes para o desenvolvimento de minha pesquisa. O tema que você propôs é muito interessante, mas infelizmente não disponho de documentos para tal análise.

      Meus trabalhos analisam as revistas jihadistas e os conceitos por elas apresentados. A Inspire, por exemplo, foi o tema de minha monografia de graduação (este texto é um tópico dela). Uma seção daquela foi o objeto de análise de meu capítulo com o Prof. Dr. Dilton Maynard no livro “Extremismos no Tempo Presente” (Ed. Autografia, 2017) e foi intitulado "Open Source Jihad: a revista Inspire, a Al-Qaeda e a pedagogia do extremismo (2010-2013)”, onde analisamos a seção que ensina as táticas para a realização de um atentado terrorista – como o ocorrido na Maratona de Boston em 2013.
      Espero que meu texto tenha proporcionado uma leitura proveitosa.

      Atenciosamente,

      Katty Sá.

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  5. Tratar sobre Muçulmanos versus Cristãos, Oriente e Ocidente respectivamente, é complexo. Ao estudarmos sobre vemos que essa relação é tênue e remonta antes do início das Cruzadas. A priori podemos identificar uma postura de superioridade do Ocidente para com o Oriente, um posicionamento tomado sobretudo a partir do conhecimento de tecnologias desenvolvidas por esses povos orientais. Podemos dizer que tanto um lado quanto o outro possuem uma ambição de tornar-se “maior”, “superior” e utilizam de meios econômicos, políticos e religiosos como base argumentativa e justificatória para medidas tomadas por seus representantes, consequentemente por seus adeptos. Uma manobra onde tenta-se criar um perfil pejorativo do outro, como sendo ele o “grande vilão”, isso percebemos nitidamente quando se trata do Oriente. A imagem que o Ocidente construiu, e sustenta até hoje, é de um Oriente como uma grande “ameaça mundial”, “terroristas”, consequentemente no meio social qualquer pessoa que trajar vestimentas orientais e/ou ser adepto a religião islâmica recebe um tratamento preconceituoso e logo é associado ao terrorismo. Ora, falando assim parece que o Oriente nada mais é do que a vítima nessa história, um terrível engano, seu artigo mostra que não. Através do meio midiático, a Inspire Magazine, temos uma construção de que qualquer ser que fuja dos parâmetros estabelecidos, no caso pela Al-Qaeda com base nos preceitos religioso do Islã, é um inimigo que deve ser combatido. Algo que me deixou chamou a atenção é a ausência de um Ocidente que também contribui para tal posicionamento do Oriente, no caso a Al-Qaeda mencionado no trabalho, o que me remete muito a essa imagem pejorativa criada pelos ocidentais. Pode-se até alegar que a Al-Qaeda promoveu um grande sentimento de “ódio”, entretanto não se deve ignorar as circunstâncias que resultaram nisso, de forma algum tento justificar tais atos cruéis e desumanos, apenas problematizando um processo que parece estar apagado da História, aqui menciono novamente as Cruzadas, mencionados no texto como sendo “anacrônico” quando utilizado pelo Oriente como argumento favorável a sua causa. Artigos como esse não seria mais um reprodutor de um Oriente puramente negativo, que ensina apenas o ódio e que busca uma supremacia mundial onde seu modelo social, com base em uma religião, seria o modelo por excelência e tudo que difere deve ser exterminado?
    Bruno Silva de Oliveira

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    1. Prezado Bruno,
      Não foi o intuito de meu texto descrever ou analisar a visão que o ORIENTE tem do OCIDENTE, nem o oposto. Meu objetivo foi analisar como uma organização terrorista internacional, a Al-Qaeda representada por sua franquia na Península Arábica, constrói a imagem de seu inimigo e justifica a morte deste.
      Se olharmos para a história do terrorismo desde o século XIX, notaremos que as ações não visavam CIVIS, e sim personalidades que representavam o poder estatal. O terrorismo islâmico internacional que aparece no fim do século XX após a Guerra Soviético-Afegã (1979-1989) transfere os alvos para pessoas que pouco poder tem nas decisões internacionais do seu país. Ora, se o Islã proíbe o assassinato, como os grupos extremistas islâmicos justificam a morte as mortes de civis em suas ações? Esta foi a questão que procurei expor em meu trabalho.
      Procurei expor os argumentos expressos em um periódico que se coloca como porta-voz da Al-Qaeda e, espero ter explicado que o termo “Cruzadas” é um artifício dos membros desta organização para criar a ideia de um ódio natural entre cristãos e islâmicos. No entanto, não disse em momento nenhum que estas guerras medievais são as raízes da intolerância que existe atualmente, nem que são as raízes do terrorismo islâmico. Isto não só é anacrônico como caí no “ídolo das origens” expresso por Marc Bloch em “Apologia da História”.
      Espero ter respondido suas dúvidas e peço perdão se algumas informações não ficaram claras, infelizmente o texto tinha limites de tamanho.
      Cordialmente,
      Katty Sá.

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    2. Agradeço os esclarecimentos! Acredito que toda dúvida deve ser questionada,foi o que fiz, até porque sabemos que inúmeras interpretações podem ser obtidas de um mesmo material. Seu material é interessantíssimo e aborda uma temática não somente polêmica, pouco discutida e atual.
      Bruno Silva de Oliveira

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  6. olá! desde já agradeço a informação e parabenizo a iniciativa do simpósio sobre o oriente.

    Quando a CNN e outros meios de comunicação repetidas vezes falam em atentado de organização islâmica , Estado Islâmico ,e mostram a população combatente e não combatentes tendo a mesma característica em vestimenta, da a entender que qualquer um que vista daquela forma ou venha de tal região possa ser suspeito .assim como a Inspire Magazine identifica os infiéis e, por isso, naturalmente pode matar o infiel do ocidente .

    será que a revista Inspire Magazine está produzindo o ódio da mesma forma que a mídia do ocidente ,cito como exemplo a CNN ,produzem o preconceito e também ódio ao falar repetidas vezes que atentados terrorista tem ligação com grupos islâmicos ,fazendo a imagem de que essa religião é um perigo?

    Joseilton Soares Mendes

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    1. Caro, Joseilton

      Há um texto que considero bem interessante, intitulado “A clash of discourses: a compartive discourse analysis on terrorism in The Guardian e Al Jazeera”, onde foi abordado o modo como a mídia, no caso Al Jazeera e The Guardian, tratam casos de terrorismo islâmico e praticado pela extrema-direita. A análise mostrou que, no caso do jornal britânico, enquanto em casos envolvendo o discurso fundamentalista islâmico recorre-se à ideia de choques civilizacional, aqueles relacionados à ativista da extrema-direita sequer é tratado como terrorismo. Isso mostra que há a tendência da mídia do ocidente de fechar a concepção de terrorismo aos atos de extremismo islâmico e, além disso, este é relacionado com toda comunidade muçulmana. Entretanto, o fato das vestimentas de um ativista radical e o resto da população ser igual não quer dizer muita coisa.

      O possível terrorista não usa uma letra escarlate mostrando suas intenções, pelo contrário, ele tenta ao máximo camuflar-se. Se em países islâmicos eles usam barbas ou turbantes é porque nestas regiões este é um traje típico, no ocidente é mais provável encontrá-lo de jeans e camiseta.

      Não acredito que seja possível eu realizar uma comparação da CNN com a Inspire, ainda mais em poucas linhas. Mas atente a uma coisa: os jornais não desumanizam comunidade muçulmana (pelo menos nunca deparei com isso, e espero que nunca aconteça) e nem justifica qualquer tipo de assassinato, mas a Inspire sim. Ela apela para a intolerância de alguns grupos contra islâmicos, e em várias ocasiões cita líder da extrema-direita como Marine Le Pen, para produzir mais intolerância. O alvo da ação da Al-Qaeda, o cidadão ocidental que está numa praça, estádio ou show e que nada tem haver com as bombas lançadas pela coalizão norte-americana no Iêmen, perde sua individualidade, sua história e se torna parte de apenas parte de um grupo que por N motivos deve ser destruído.

      Perdão pela resposta um tanto longa, espero ter sanado suas dúvidas.
      Obrigada pela leitura de meu texto.
      Cordialmente,

      Katty Sá

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  7. Olá. Parabéns pelo texto e pela iniciativa. Tenho mais uma curiosidade:
    Como lidar com as diversas "teorias da conspiração" em torno da atuação terrorista e do envolvimento dos EUA nessas questões políticas, de modo científico?

    Rafael Egidio Leal e Silva
    IFPR Umuarama

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  8. Olá, Rafael. Em primeiro lugar quero agradecer a leitura e o interesse por meu trabalho.

    O melhor jeito que encontrei, e que foi aconselhado pelo meu orientador, para lidar com teorias da conspiração é colocá-la sobre a análise histórica. Qualquer historiador trabalha com fatos e estes estão de alguma forma documentados, seja na memória de alguém, em cartas, textos lietários, filmes, jornais, documentos de Estado etc. Se não há nada que fundamente essa teoria, nenhum registro, ela já é descartada deste ponto.

    Caso apareça alguma coisa, cabe realizar a análise crítica das fontes, de forma resumida: provar se ela é ou não verdadeira e para isso o historiador deve usar de todos os artifícios que ele dispuser: conferir a gramática e a caligrafia de um texto, datar o escrito por métodos paleográficos, verificar a fonte onde aquela informação foi retirada (uma coisa é digamos, uma noticia da CNN e outra é a de um blog desconhecido), usar ferramentas para perceber edição de imagens, e a lista segue de acordo com o caso.

    Em síntese para resolver qualquer questionamento do tipo "teoria da conspiração", ou até mesmo negacionista, o historiador precisa ir no âmago dos métodos da sua ciência e mostrar como fez.

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  9. Pode-se afirmar inicialmente que o islamismo foi um grupo politico?
    Há alguma associação dos grupos terroristas de hoje à religião islâmica? Pois eles seguem a lei islãmica (Sharia) e o alcorão?

    Samuel Henrique dos Santos da Silva

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    1. Caro Samuel,

      Grupos religiosos com voz política não são algo incomum, lembremos bancada evangélica brasileira, por exemplo. Existem associações islâmicas em vários países, mas não posso afirmar a força dessas em cada região. No entanto, atente a uma coisa: Islã não é sinônimo de terrorismo e extremismo, pelo contrário, a maioria dos muçulmanos rejeita totalmente o discurso pregado por grupos terroristas como Al-Qaeda, Boko Haram e Estado Islâmico – para este último caso, a comunidade islâmica recusa até mesmo a nomenclatura do grupo, pois não se trata de um Estado Westfaliano, muito menos em sintonia com os preceitos do Islã.

      Grupos fundamentalistas existem em praticamente TODAS as religiões, incluindo cristianismo e judaísmo, e nenhum deles abdicam de uma leitura radical de seus textos sagrados e da intolerância. Jéssica Stern tem uma obra chamada “Terror em nome de Deus” onde ela apresenta grupos fundamentalistas ligados às três grandes religiões monoteístas e mostra que eles possuem retóricas próximas.

      Saindo da esfera comum da religião islâmica e indo para a mais restrita, do extremismo e do fundamentalismo, os grupos classificados como terroristas em geral juram fidelidade uns aos outros. A Al-Qaeda, por exemplo, funciona assim. Ela é uma rede extensa de grupos espalhados por todo mundo que atuam de modo independente, mas que acatam as sugestões do líder da organização, cargo que antes foi de Bin Laden e hoje é de Al-Zawahiri.
      Agradeço seu interesse e espero ter respondido suas dúvidas.
      Atenciosamente,

      Katty Sá.

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  10. Que livros você recomendaria para quem deseja ter um melhor conhecimento do tema do ponto de vista teórico mas também no que se refere a sua história?

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    1. Prezada Lethycia,

      Acho que sua pergunta foi a mais complicada de responder. Para mim, pelo menos, não houve uma ou duas “obras mágicas” que quando li responderam todos os meus questionamentos. Este é um tema muito abrangente e que foi pesquisado por áreas e pontos de vista distintos. No meu caso a parte teórica e metodológica são textos de história, como Peter Burke, René Rémond, Tânia de Luca – ela aborda a metodologia para tratar com periódicos e a Inspire não deixa de ser isso, e Dilton Maynard para tratar das relações entre história e internet. Os textos relacionados ao terrorismo em geral e sua vertente islâmica já são, digamos, outro bloco.

      Vou passar só algumas obras, fora aquelas que já citei no artigo acima, que julgo importantes:

      CHALIAND, Gérard; Blin Arnaud. The history of terrorism: from from antiquity to al Qaeda. Londres: University of California Press, 2007.

      HOBSBAWM, Eric. Globalização, democracia e Terrorismo. São. Paulo: Companhia das Letras, 2007

      HOFFMAN, Bruce. Inside Terrorism. Nova York: Columbia University, 2006.

      MAYNARD, Dilton Cândido Santos. Ciberespaço e extremismos políticos no século XXI. In: Revista eletrônica Cadernos do Tempo Presente. Nº 14, [ISSN: 2179-2143] 2013. Disponível em: http://www.seer.ufs.br/index.php/tempo/article/viewFile/2691 /2324. Acesso em 19/02/2017.

      ZHEBIT, Alexander; SILVA, Francisco Carlos Teixeira da (org.). NeoTerrorismo: Reflexões e Glossário. Rio de Janeiro: Gramma, 2009.

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  11. Katty Sá, gostei muito do seu trabalho! Lamentavelmente atentados terroristas já viraram rotina, todo dia em algum canto do mundo, inocentes morrem por ataques terroristas e o fim dessa guerra parece estar longe do fim.
    Recentemente Hemza bin Laden, filho de Osama bin Laden publicou um áudio, onde ele diz que "O despertar é essencial, (...) para apoiar as pessoas da abençoada Síria antes que seja tarde demais."
    Ele já é considerado uma espécie de líder simbólico da Al-Qaeda. Em sua opinião, você acredita, que por ele ser jovem, a figura dele contribuirá para atrair, mais simpatizantes jovens ao movimento radical? Parabéns pelo seu trabalho, e boa sorte em sua caminhada!

    Alisson Amaro Fernandes

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    1. Boa noite, Alisson.

      Agradeço imensamente a leitura de meu texto e os elogios!

      Depois da morte Osama Bin Laden em 2011 a Al-Qaeda passou por outras turbulências, sendo a principal delas a desintegração de sua antiga franquia do Iraque em 2014 que resultou na “criação” do Estado Islâmico. O principal motivo para essa dissidência, apontado pelos seguidores do EI, era que o sucessor de Bin Laden, Ayman Al-Zawahiri era “pacato” de mais e que a Al-Qaeda estava tardando demais na construção de um Califado. Hoje, Al-Qaeda e Estado Islâmico rivalizam, no entanto, o segundo respeita a figura de Bin Laden, e mais do que isso, segure ser a verdadeira portadora do “legado” dele.

      Nesse quadro, acredito que um jovem filho de Bin Laden pode gerar uma renovação de forças da Al-Qaeda, e quem sabe, uma aproximação com outros grupos (a Al-Qaeda há muito sobrevive de suas alianças). Agora, como isso pode resultar no recrutamento de jovens no mundo todo, especialmente no Ocidente é algo difícil de prever.
      Atenciosamente,

      Katty Sá

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  12. Texto muito rico!

    Sobre a informação que a Al Qaeda prefere por "recrutar" membros não religiosos pelo fato de não saberem responder a questões religiosas e ideológicas, gostaria de saber as razões dos adeptos para optarem por este lado extremista, já que a religião islâmica não prega o terrorismo ou algo nesse sentido.

    Ass. Yuri Ilitch Soares Bezerra

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  13. Olá Yuri,

    Segundo o Guia de recrutamento feito por um membro da Al-Qaeda do Iraque, alguém que não conhece pouco ou nada da religião vai aceitar melhor e mais rápido a leitura fundamentalista que lhe está sendo passada. O Guia diz, em palavras próximas a estas, que uma pessoa já religiosa tende a debater mais e isso pode "complicar" a situação do recrutador. Analisar os mecanismos para a sedução pode ser feito, mas compreender como qualquer pessoa aceita esse discurso de ódio, ao ponto de oferecer sua vida para tirar a de outros, é algo que não possui uma resposta objetiva e clara.

    Agradeço o interesse por meu trabalho, espero ter esclarecido sua dúvida e peço-lhe desculpas se não o fiz

    Att.,
    Katty Sá

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  14. Que bilbiografia poderia me indicar sobre?

    Douglas Augusto da Silva

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    1. Olá, Douglas. Sobre o que exatamente você quer saber? Ficou vago.

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  15. Onésimo dos Santos Maximiano Filho13 de outubro de 2017 às 19:10

    Texto maravilhoso, bem articulado e minucioso. Me chamou a atenção no texto a forma que eles usam para recrutar novos terroristas, pessoas que não possuem conhecimento para recusar a tarefa e aceitar que mesmo que a pessoa não seja um combatente comprovado , possa ser transformado. De certa forma isto justifica o erro. Este movimento, mostra que mesmo o extremista, tem consciência de que os atos praticados são condenáveis.

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