MITANI: O REINO PERDIDO
Priscila Scoville
Ao pensarmos em grandes reinos da antiguidade alguns nomes logo vem à mente. Entre os orientais, pensamos em hititas, fenícios, persas, babilônicos, assírios e, muitas vezes, egípcios, mas Mitani não é um nome comum a nós. A própria Academia ainda está redescobrindo essa região. Destarte, Mitani foi uma das maiores potências no Antigo Oriente Próximo durante o século XIV AEC. Por isso, busco, aqui, trazer um panorama sobre a História de Mitani e seus estudos. Este trabalho é parte resultada da minha pesquisa de mestrado e visa apresentar Mitani, suas particularidades e suas possibilidades, apontando caminhos para o estudo da sociedade mitânia.
Os debates acadêmicos
Pesquisadores interessados em Mitani enfrentam alguns obstáculos em diferentes âmbitos, e, mais do que superá-los, deve-se entender que muitos desses empecilhos não poderão ser, ao menos por hora, resolvidos.
Para além dos limites da própria História enquanto disciplina, outros elementos criam fronteiras específicas quando se pretende traçar uma trajetória de Mitani. Até os dias atuais, por exemplo, não conhecemos a delimitação geográfica exata deste reino, nem sequer sabemos onde foi situada sua capital, Washukanni. Temos, é claro, algumas estimativas. Sabemos, por exemplo, que Mitani se localizava ao norte da Mesopotâmia e ao leste da Anatólia. Washkanni, possivelmente poderá ser encontrada, após escavações, na região da atual Tell Fakhariyah. Outras cidades reais, porém, já foram encontradas, como a antiga Taide, hoje chamada de Tell al-Hamidiya, situada no norte da Síria, perto da fronteira com o Iraque e a Turquia [EVANS: 2008, p. 195]. Uma estimativa das fronteiras de Mitani no momento de sua maior extensão pode ser visto no mapa a seguir:
In: VAN DE MIEROOP, 2007, p. 151.
Como podemos perceber, Mitani estava situado em uma região que hoje enfrenta disputas e confrontos, o que dificulta a expedição de campanhas arqueológicas e pesquisas na área. Consequentemente, os estudos de campo são interrompidos e novas documentações ou vestígios não são encontradas.
As fontes disponíveis, portanto, são limitadas e, em muito, dependem de referências estrangeiras sobre o reino. Dentre estas referências, o conjunto que reúne a maior documentação em linguagem hurrita (língua oficial) descoberta até hoje foi encontrado em Amarna, no Egito [FREU, 2003, p. 9]. A necessidade de referências externas para o estudo de Mitani, nos reflete outra dificuldade a ser enfrentada pelo pesquisador, como afirma Jacques Freu:
“conhecido por fontes exteriores ao seu território, Mitani, não poderia se apresentar, até agora, como objeto nem como a entidade política que as pesquisas indiretas tornaram possível [de se conhecer] por meio das numerosas menções feitas em textos egípcios, hititas e assírios” [FREU, 2003, p. 15. Tradução da autora].
Isto é, não podemos entender toda a complexidade de Mitani somente pelo que outros locais nos apresentam. O trabalho de Freu é um dos poucos disponíveis atualmente que se focam na História de Mitani e não nas relações entre mitânios e outros reinos. Contudo, dada a realidade das fontes, não podemos ignorar os contatos exteriores, e por isso as Cartas de Amarna (cuja tradução em português está disponível em SCOVILLE, 2017), e outros documentos de teor parecido são comumente referenciados.
Além da limitação de materiais, tanto em relação à documentação como a trabalhos que abordem o tema, Mitani ainda é alvo de debates sobre sua própria identidade étnica.
Existem referências a povos de territórios chamados de Mitani e Hurri. Há, ainda, outros nomes, como Nahrin e Hanigalbat, que hoje entendemos como variações locais para Mitani. Contudo, a discussão sobre Hurri ainda é mais acalorada.
A ideia de que Mitani e Hurri eram territórios separados foi proposta por Goetze. Segundo ele, Mitani foi uma unidade política incapaz de unificar os territórios hurritas, tendo, então, que dividir a região com Hurri [GOETZE, 1957, pp. 67 – 68]. Em contrapartida, a teoria mais aceita, defendida por pesquisadores como Freu e Liverani, afirma que Hurri e Mitani são o mesmo território, sendo o primeiro o nome que representa a realidade étnica (por abrigar povos hurritas) e o segundo a qualidade política [LIVERANI, 1962].
Acredita-se que Mitani tenha se formado a partir da união de povos hurritas, presentes na região, e grupos indo-arianos, que teriam chegado no norte da Mesopotâmia no mesmo momento em que os cassitas entravam na Babilônia (no século XVI AEC). Os indo-arianos teriam formado a aristocracia de Mitani, enquanto a população teria origem hurrita.
Essa perspectiva, porém, não pode ser confirmada e estudiosos ainda discutem sobre o grau e as formas de influência indo-ariana em Mitani. A teoria sobre reis indo-arianos é defendida com argumentos que apontam para a presença de elementos linguísticos, em especial em relação aos nomes destes reis, e para deuses estranhos aos hurritas no panteão. Entre as divindades podemos encontrar, por exemplo, Mitra, Varuna, Indra, e os Nasatyas, descritas em correspondências hititas [Kbo 1.1. In: BECKMAN, 1996, pp. 37 – 50].
Em relação aos nomes reais, Garelli [1982, p. 144] e Wilhem [1989, p. 18] apontam a influência indo-arianda, explicando-os por meio do Veda: Artatama (Ṛta-dhāma), que significa “aquele cuja residência é a lei divina”; Parsashatar (Para-sastar), “o que castiga os inimigos”; e Tushratta (Tuiš-ratta), “o que possui o carro de esplendor”. A presença de nomes indo-arianos, porém, não reflete um domínio cultural. Nesse sentido, a língua oficial e a maior parte dos nomes (inclusive o de alguns membros da família real) são hurritas.
Wilhem [1989, p. 18], em contrapartida, aponta que o próprio contato de mensageiros com outros povos (e línguas) poderia ser uma explicação para a existência de nomes indo-arianos em um território hurrita. Já a pesquisadora Podany [2010, p. 154], aponta que a maioria dos reis mitânios tiveram nomes hurritas antes de assumir ao trono e muitos membros da família real tinham nomes que homenageavam os deuses hurritas. Aliado a isso, temos a pouca expressividade de deuses indo-arianos na religião [WILHEM, 1989, pp. 18-19; e PODANY, 2010, p. 155].
Para Von Dassown [2014, pp. 12-13], por outro lado, não há material linguístico suficiente que ateste, ou não, um domínio indo-ariano. Uma possibilidade é a ocorrência de um costume. Nesse caso, os reis não seriam indo-arianos, mas descendentes que se consideravam hurritas. Nesse sentido, os nomes representariam uma tradição, não a realidade individual [PODANY, 2010, pp. 154-155]. Outra possibilidade, é que não haja uma relação direta, mas que, por algum motivo, esses governantes queriam se identificar com indo-arianos, e os nomes, seriam usados como elemento de distinção social [MARTINO, 2014, p. 69].
A teoria mais bem aceita, porém, como apontada por Podany [2010, p. 154] e Freu [2003, pp. 16-17], é a de que rei mitânios descendiam de grupos falantes de alguma língua parecida com o sânscrito. Tais grupos teriam se assentado no norte da Mesopotâmia em meados do século XVI AEC.
A formação de Mitani também é alvo de discussão entre os pesquisadores. Uma hipótese afirma que o reino já existia de forma concreta e influente no final do século XVII ou início do século XV AEC. Contudo, as fontes desse período não nos trazem o topônimo “Mitani”, apenas mencionam o “rei das tropas hurritas”; “o inimigo hurrita”; e “as tropas de Hanigalbat” – sendo essa última usada apenas em uma referência babilônica [MARTINO, 2014, pp. 62-63].
Uma segunda hipótese, por outro lado, defende que um vácuo de poder criado no norte da Síria, no século XVI AEC, teria possibilitado o surgimento (e fortalecimento) de Mitani. Segundo Martino [2014, pp. 64-66], a população hurrita anterior a esse momento, apesar de organizada, não formava um grupo unitário, tendo diversas tribos sob diferentes regimes. O autor aponta que quando o rei hitita, Hattusili I, encontrou resistência na Síria durante suas campanhas, ele contou com a ajuda de um rei hurrita de Tikunani. Aliado a isso, temos a ausência do topônimo “Mitani” e uma grande variedade de títulos para governantes hurritas. Esses fatores nos levam a crer, então, em uma fragmentação do território. A primeira referência a Mitani, como tal, na tumba de um funcionário egípcio, Amenenhet, sendo Mitani colocado em referência ao reinado de Tothmés I.
Uma breve história
Traçar a História de Mitani é, então, uma tarefa difícil. A obra de Freu [2003] a divide em seis momentos principais: formação (c. 1560 – 1500 AEC), desenvolvimento imperial (c. 1500 – 1450 AEC), crise (c. 1450 – 1430 AEC), apogeu (c. 1430 – 1340 AEC), final do império (c. 1340 – 1325 AEC), e fragmentação territorial entre assírios e hititas (c. 1325 – 1260 AEC).
A provável origem de Mitani é datada, então, de meados do século XVI AEC, quando, supostamente, grupos estrangeiros teriam chegado na região. Essa estimativa se dá porque os primeiros registros indo-arianos, até hoje encontrados, são dessa época, tendo se intensificado no século seguinte [GARELLI, 1982, p. 145]. Aparentemente, o primeiro rei mitânio foi Kirta, encontrado em referências bibliográficas, mas sem documentação ou comentários aprofundados, possivelmente por falta de vestígios. O primeiro rei de quem temos registros é Parattarna I e, de antes dele, Shuttarna I, do qual só possuímos um selo usado posteriormente por Shaushtatar. [MARTINO, 2004, p. 36]. Uma datação específica para o reinado desses reis inicias é complicada, estima-se que Kirta seria de algum momento entre 1600-1560AEC; Shuttarna I de cerca de 1560 AEC; Parattarna, c. 1500 AEC; e Shaushtatar, c. 1475 AEC.
Mesmo partindo apenas de aproximações, podemos entender que o momento de expansão mitânia acontece em um período de choques no Oriente Próximo. Na Babilônia os cassitas formavam uma nova dinastia; os hititas expandiam suas fronteiras em todas as direções; os egípcios lidavam com os últimos resquícios hicsos e lançavam militares campanhas ao leste. Mitani, portanto, esteve, desde seu surgimento, intimamente ligada com embates militares e, tendo desenvolvido uma noção diversa, conseguiu prevalecer e crescer rapidamente.
“Os cassitas não aparentaram ter tido algum projeto para os territórios ao redor deles de nenhuma forma, e a ideia de conquista dos hititas, até então, era para atacar, saquear e sair. Tothmés I era agressivo, mas ainda não tinha um sistema bem-sucedido para impor seu governo nas terras estrangeiras. Os reis de Mitani, em contraste, claramente queriam controlar um império, permitindo que reis vassalos permanecessem no trono enquanto controlava – e compensava – esses vassalos por meio de negociações formais” [PODANY, 2010, p. 156. Tradução da autora].
Com essa abordagem, o território mitânio se expandiu e, em adição, tributos de diferentes cidades chegavam a Mitani, contribuindo para um rápido enriquecimento local e segurança para seus subordinados. Mitani, assim, logo se tornou um reino perigoso para os seus vizinhos, Hatti e Egito, em especial. Mitani possivelmente teria acabado de conquistar a Síria quando Tothmés I iniciou suas campanhas na região.
A relação com Hatti se manteve conflituosa, mas o Egito logo formou uma aliança com Mitani. Os acordos diplomáticos entre reis egípcios e mitânios aconteceram desde, pelo menos, os tempos de Artatama (c. 1400 – 1375 AEC) e Tothmés IV (c. 1400 – 1390 AEC), segundo nos informa Tushratta (c. 1352 – 1335 AEC), em uma das Cartas de Amarna [EA29, linhas 16-20. In: SCOVILLE, 2017, pp. 203-2012].
A natureza das relações entre Egito e Mitani pode ser estudada a partir das Cartas de Amarna. Contudo, essa documentação ainda é bastante limitada: temos apenas cartas enviadas por Tushratta, rei de Mitani, ao Egito. As correspondências, porém, ainda podem nos relevar alguns aspectos dessa amizade, que, aparentemente, teve altos e baixos.
Tushratta se correspondeu com os faraós Amenhotep III (c. 1390–1353 AEC) e Akhenaton (c. 1353–1336 AEC), além de uma carta enviada para a Rainha Tiye. A análise das cartas pode nos levar a algumas conclusões. Destaco, aqui, apenas um aspecto: o apelo militar [para debates maiores sobre a análise das cartas ver SCOVILLE, 2017]. Isso porque, como dito, as relações com Hatti não eram amistosas, deixando a região sob ameaça constante.
Os desentendimentos com Hatti são evidentes, por exemplo, em uma correspondência do rei hitita Suppiluliuma I (c. 1344-1322 AEC), que relata conflitos nas margens do Eufrates [CTH 51, KBo 1 1. In: BECKMAN, 1996, p. 38]. Guerras, porém, custam caro e exigem muitas pessoas. Nesse sentido, uma relação amistosa com o Egito era vantajosa, uma vez que esse reino possuía uma forte equipe militar, tendo conquistado grande parte da Síria, e era conhecido como um fornecedor de ouro para o Oriente Próximo.
Podemos entender, então, que Tushratta pretendia manter a aliança com o Egito como uma forma de segurança militar, diante a um confronto iminente, mesmo que as cartas não mencionem o assunto de forma direta.
Não cabe a este trabalho o aprofundamento no modo como as relações se desenvolveram, contudo, cabe dizer que Hatti e Mitani, de fato, tiveram embates diretos. O primeiro deles foi repelido por Tushratta, mas o segundo chegou de surpresa, por um caminho não esperado. Consequentemente, muitos territórios mitânios foram sendo agregados às terras hititas [LIVERANI, 2016, p. 405].
Aliado a isso, temos uma virtual instabilidade interna em Mitani e Tushratta é assassinado possivelmente por um dos seus filhos, ainda que apoiado por forças estrangeiras [FREU, 2003, pp. 133-138]. A partir desse momento, a ascensão no trono mitânio se torna uma disputa constante entre hititas e assírios. Os hititas tiveram a vantagem inicial, mas paulatinamente a Assíria foi ganhando espaço, em especial por estar em uma posição geográfica mais estratégica. [LIVERANI, 2016, p. 405]
Foram apenas três séculos de História, mas Mitani, ainda assim, deixou sua marca. Graças a esse reino, a cultura hurrita, até então deixada em segundo plano, pode ser unificada, fortificada e difundida. Além disso, Mitani contribuiu com suas técnicas militares e novas formas de organização do Oriente Próximo, sendo atribuída aos mitânios, por exemplo, o uso de bigas puxadas por cavalos – tecnologia essa disseminada a ponto de se tornar um marco “patrimonial” do Oriente Próximo.
Novos caminhos
Muitos são os obstáculos no estudo de Mitani, mas também, muitas são as possibilidades. Uma vez que as limitações sejam aceitas, podemos trabalhar com diferentes aspectos que temos disponíveis, desde elementos partindo de representações estrangeiras e correspondências até o estudo da tradição hurrita, por meio de territórios como Nuzi. É claro, o estudo direto é dificultado, mas podemos entender alguns fenômenos a partir desses estudos externos e, elencando os dados, criar uma noção de como seria a vida dos mitânios – esperando que, um dia, a arqueologia nos apresente novos documentos.
No começo deste texto, comentei sobre a Academia ainda estar dando seus primeiros passos em relação aos estudos mitânios. Isso resulta em uma quantidade tímida de trabalhos sobre o tema e, como dito, muitos trazendo questões sobre os contatos com Mitani (como foi o caso da minha própria dissertação de mestrado). Contudo, isso também significa que muitas coisas ainda podem ser expandidas e abordadas e que cada novo olhar contribui para o amadurecimento das pesquisas.
Estudar as sociedades antigas nos propões diferentes formas de se pensar a vida e a existência humana. Quanto mais pudermos entender os moldes antigos, mais poderemos, também, entender a nossa própria trajetória. Por mais que Mitani tenha sido um reino esquecido por muitos anos, e redescoberto apenas recentemente, ele teve um impacto fundamental na vida dos antigos e no próprio desenvolvimento do homem, como apontado anteriormente. O fato de não termos materiais suficientes sobre ele certamente dificulta, mas não nos impede de tentar entendê-lo. O estudo do passado é incessante e, como afirma Marc Bloch, “o bom historiador se parece com o ogro da lenda. Onde fareja carne humana, sabe que ali está a sua caça” [BLOCH, 2002, p. 54]
Referências
Priscila Scoville é mestra em História e bacharela em História Memória e Imagem pela Universidade Federal do Paraná.
Representante do Association for Students of Egyptology - ASE.
E-mail: pcnlscoville@gmail.com
BECKMAN, Gary M. Hittite Diplomatic Texts. Atlanta: Scholars Press, 1996.
BLOCH, Marc. A Apologia da História ou O Ofício do Historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor Ltda, 2002.
EVANS, Jean M. The Mitanni State. IN: ARUZ, Joan; BENZEL, Kim; EVANS, Jean M. (eds.). Beyond Babylon. Art, Trade, and Diplomacy in the Second Millennium B.C. Nova York: The Metropolitan Museum of Art, 2008, pp. 194-196.
FREU, Jacques. Histoire du Mitanni. Paris: L’Harmattan, 2003.
GARELLI, Paul. O Oriente Próximo Asiático: das origens às invasões dos povos do mar. São Paulo: Pioneira, EDUSP, 1982.
GOETZE, Albrecht. On the Chronology of the Second Millennium B. C. (Concluded). Journal of Cuneiform Studies - JCS. v. 11, n. 3, 1957, pp. 63-73.
LIVERANI, Mario. Hurri e Mitanni. Oriens Antiquus, v. I, 1962, pp. 253 – 257
LIVERANI, Mario. Antigo Oriente. História, Sociedade e Economia. São Paulo: Edusp, 2016.
MARTINO, Stefano de. The Mittani State: The formation of the Kingdom of Mittani. IN: CANCIKKIRSCHBAUM, Eva; BRISCH, Nicole; EIDEM, Jesper (eds). Constituent, Confederate and Conquered Space. The Emergence of the Mittani State. Berlim: De Gruyter, 2014, pp. 61–74.
MARTINO, Stefano de. A Tentative Chronology of the Kingdom of Mittani from its Rise to the Reign of Tušratta. IN: HUNGER, H.; PRUZSINSKY, R. (eds). Mesopotamian Dark Age Revisited. Wien: Verlag der Österreichischen Akademie der Wissenschaften, 2004, pp. 35-42.
PODANY, Amanda H. Brotherhood of Kings. How international relations shaped the Ancient Near East. Nova York: Oxford University Press, 2010.
SCOVILLE, Priscila. Queremos nos amar como irmãos: uma análise historiográfica das cartas de Amarna e das relações entre Egito e Mitani entre c. 1390 – 1336 AEC. Dissertação de Mestrado. Curitiba: UFPR, 2017.
VAN DE MIEROOP, Marc. A History of the Ancient Near East ca. 3000-323 BC. Oxford: Blackwell, 2007.
VON DASSOW, Eva. Levantine Polities Under Mittanian Hegemony. IN: CANCIKKIRSCHBAUM, Eva; BRISCH, Nicole; EIDEM, Jesper (eds). Constituent, Confederate and Conquered Space. The Emergence of the Mittani State. Berlim: De Gruyter, 2014, pp. 11-32.
WILHELM, Gernot. The Hurrians. Warminster: Aris and Phillips Ltd, 1989.
Como se dá essas limitações citadas no texto acima,sobre pesquisas com relação a Mitani,tanto do ponto de vista histórico e arqueológico ?
ResponderExcluirGizeli Pantoja Soares Lobo
Olá, Gizeli.
ExcluirA principal limitação das pesquisas históricas é a escassez de fontes. Como só possuímos documentos externos ao reino, todas as interpretações e informações ficam vinculadas a um segundo ou terceiro agente. No caso das Cartas de Amarna, que comento no texto, nossas interpretações sobre Mitani vão se limitar ao que o rei mitânio queria apresentar para o rei egípcio. Isso significa que as interpretações do reino por si só são dificultadas e as pesquisas na História estão sempre limitadas nesse sentido, ou até encontrarmos mais documentos.
Isso nos leva a um segundo problema, que é a limitação na Arqueologia. Como o território, que se estima ter sido Mitani, hoje é uma zona de guerra, as pesquisas de campo são dificultadas, além de perigoso, existe uma série de implicações políticas que não permitem escavações extensas no local. Ainda mais por não sabermos, com certeza, as fronteiras e a extensão do território.
O que acontece, então, é um problema em loop.
Sem vestígios, a história fica limitada; com as pesquisas limitadas, o entendimento sobre aquele reino não avança; sem informações mais precisas, não se pode escavar; sem escavação, não se encontram novos vestígios.
Claro, isso é uma forma simplificada de explicar a questão, mas acredito que já apresenta um panorama bom sobre as limitações.
Priscila Scoville
Boa tarde,
ResponderExcluirPelo que vi no mapa, o reino de Mitani está inserido nos territórios de Israel e de Palestina. Gostaria de saber se há por parte dessas etnias um uso dessa história, em que Israel se utilizaria da ideia de união entre Hurri e Mitani para se justificar e se a Palestina utiliza o discurso de separação para justificar sua separação. Caso a resposta seja não, algum país utiliza o reino de Mitani na sua agenda política?
Daniel Borges da Fonseca
Olá Daniel!
ExcluirDe fato é uma questão interessante e, admito, não conheço muito sobre como acontece a representação étnica para esses grupos.
Mitani hoje pegaria parte da Turquia, da Síria e do Iraque, mas eu nunca vi alguma discussão desses grupos nesse sentido. Acredito que, por não ter durado muito tempo e ter sido redescoberta apenas recentemente (em termos históricos), Mitani não fez parte de uma criação de identidade nacional - tal qual Grécia e Roma fazem para os povos orientais.
Por outro lado, já vi, em diversas ocasiões, armênios procurando se representar como herdeiros da história mitânia, mas nunca me aprofundei nesse aspecto para saber até que ponto vai essa vinculação.
Priscila Scoville
Apenas uma correção: "tal qual Grécia e Roma fazem para os povos ocidentais"
ExcluirDesculpe pelo equívoco.
Priscila Scoville
Boa noite, Priscila
ExcluirObrigado por responder à minha pergunta! Você disse que não se aprofundou na questão dos armênios, mas se for possível, poderia me explicar um pouco sobre?
Daniel Borges da Fonseca
Olá Daniel,
ExcluirA relação dos armênios, ao menos pelo que eu já vi, não é acadêmica, mas um impulso popular. É fácil encontrar, por exemplo, vídeo no Youtube sobre Mitani que tenham origem armênia e tente apontar uma continuidade até a atualidade. São criações simples sempre, nada com uma base sólida.
Desculpe não poder ajudar muito com essa questão.
Priscila Scoville
Olá Priscila,
ExcluirNão peça desculpas! Já foi de grande ajuda! Muito obrigado!
Daniel Borges da Fonseca
Boa tarde,
ResponderExcluirNa sua citação "Os reis de Mitani, em contraste, claramente queriam controlar um império, permitindo que reis vassalos permanecessem no trono enquanto controlava – e compensava – esses vassalos por meio de negociações formais” [PODANY, 2010, p. 156. Tradução da autora]. Não se teria que problematizar o conceito de vassalagem? Uma vez que ele é um conceito medieval e seu reino é anterior a Cristo?
Daniel Borges da Fonseca
Olá Daniel!
ExcluirDevido ao curto espaço de texto, não encaixei essa problematização. Mas sim, é importante não confundir com o conceito medieval.
Na minha dissertação eu apresento esse ponto. As pesquisas estrangeiras sobre a diplomacia na Era de Amarna, sempre tratam os reinos subordinados como vassalos, usando esse termo em específico. Eu, particularmente, procuro usar "subordinados" ou "subjugados" no lugar.
A vassalagem nesse período é a submissão de um rei à outro, mediante a um juramento. Caberá, então, ao submetido ser leal e enviar tributos. O rei que domina, em contrapartida, garante a segurança local. A lealdade, porém, era frágil e dependia mais da proximidade com a zona de influência de um Grande Rei do que quem o domina. Isso porque a submissão acontecia mediante a uma proposta: se tornar subjugado ou morrer.
O debate sobre esses reinos menores é bastante extenso, por isso falo aqui de forma breve, mas fico a disposição.
Priscila Scoville
Boa noite Priscila,
ExcluirObrigado por responder a minha pergunta! Como posso ter acesso a sua dissertação?
Daniel Borges da Fonseca
Olá Daniel,
Excluira dissertação está disponível no meu Academia.edu (https://ufpr.academia.edu/PriscilaScoville)
e no site da PPGHIS da UFPR (http://www.humanas.ufpr.br/portal/historiapos/files/2017/02/Priscila.pdf)
Priscila Scoville
Olá Priscila,
ExcluirMuito obrigado!
Daniel Borges da Fonseca
Boa noite!
ResponderExcluirGostaria de fazer três perguntas
1) Apesar da relação diplomática mantida entre Mitani e Egito, em algum momento tais reinos entraram em conflito direto?
2) A biga foi inserida no Egito através do contato dos egípcios com os mitânios? Ou o aperfeiçoamento do uso?
3) Tendo em vista as Cartas de Amarna, a relação da rainha Tiye com esse fenômeno diplomático, a figura da mulher, para Mitani, tem alguma singularidade nesse sentido? Ou isso parte mais do papel da mulher na sociedade egípcia, em particular da ação de Tiye. E claro,tendo consciência das dificuldades em desvendar a História de Mitani, minha pergunta se encaixa mais como uma curiosidade.
Olá Jéssica!
ExcluirVou pontuando as perguntas para facilitar.
1- Sim, houveram conflitos diretos, em especial na época de Tothmés III, que foi o momento que esses reinos estavam se expandindo. No período diplomático, porém, não há registro de embates diretos. Contudo, há, em um painel de Luxor, uma imagem de Amenhotep III dominando mitânios, mas acredito que isso não seja em um confronto programado entre os reinos, apenas um evento de vencer inimigos que, por acaso, eram mitânios.
2- A biga foi inserida no Oriente Próximo através de Mitani, mas não há (ou eu não conheço, pelo menos) registros de como ela chegou no Egito. Pode ser que tenha sido pelo contato direto com Mitani ou por algum outro grupo que já tivesse tido esse contado anteriormente. Mas ela foi aperfeiçoada no Egito, para que atendesse as necessidades geográficas do local, já que o tipo de solo difere. Para que se tenha uma ideia, o próprio uso de cavalos só de iniciou no Egito com os hicsos, que levaram esse animal até lá. O Egito, até então, se mantinha, de certa forma, alheio ao exterior. Mantinham-se contatos comerciais, procurando materias como lapis-lazuli, madeira de boa qualidade, prata, etc., mas o intercambio cultural era muito menor até a chegada (e expulsão) dos hicsos.
3-Sobre a mulher mitânia é difícil saber, não conheço documentos que abordem o tema. Mas Tiye é sim um caso especial. Vou responder isso em duas partes.
Em primeiro lugar, a mulher na antiguidade egípcia e babilônica (que eu conheço, mas possivelmente nas sociedades semitas em geral) possuíam diversos direitos e eram importantes para a sociedade - ser mãe era um ato fundamental, quase mágico, por isso elas eram muito respeitadas. Claro, não nos mesmos termos que os homens, mas existem leis que as defendem. Eu tenho um artigo sobre isso, aplicado ao caso egípcio, no Cadernos de Clio - posso te passar se te interessar.
Em segundo lugar, a gente pode perceber que a Tiye era especial. Tanto para os egípcios como para o exterior. Explicações para isso, de forma simples são: Tiye é a única rainha citada pelo nome nas cartas enviadas ao Egito (com exceção das princesas enviadas, claro)e ela é a única que recebe uma carta estrangeira. E mais do que isso, ela recebe a carta quando Nefertiti é a rainha do Egito, e ela não é, sequer mencionada em nenhum texto. O texto da carta enviada para Tiye, ainda, mostra que ela era uma profunda conhecedora dos assuntos políticos (se acreditarmos que Tushratta fala a verdade).
Além disso, Tiye foi deificada e adorada como deusa ainda em vida, uma coisa que não era comum nem mesmo aos reis egípcios.
Adoro falar sobre ela, e não quero me estender demais, então para resumir. Não podemos dizer como as mulheres eram tratadas em Mitani, mas em âmbito diplomático elas aparecem apenas em como propostas de casamento que firmam alianças - não parece haver uma relevância feminina tal qual Tiye conquista. Tiye é um fenômeno a parte. Eu fiz minha monografia de final de cursos sobre a importância política de Tiye e Nefertiti, se quiser, também, é só pedir (anos se passaram e hoje eu acredito que muito ainda poderia ser incluso no trabalho, mas estou sempre a disposição).
Priscila Scoville
Boa tarde.
ResponderExcluirGostaria de perguntar sobre as discussões acerca da origem dos hurritas. Se haveria, por exemplo, alguma relação étnica e linguística com povos caucasianos. E se, por sua vez, haveria alguma relação entre os antigos hurritas e os curdos modernos, já que estes vivem quase na mesma região da antiga Mitani.
Também quero levantar a questão da cronologia da história de Mitani. Ela depende, em grande parte, das fontes disponíveis dos outros povos da Antiguidade? Em especial, há uma relação vital de dependência com a cronologia convencional do Egito? Se sim, na sua opinião, seria correto datar (ainda que por estimativas) certas civilizações antigas, como Mitani, com base em convenções e postulados daquelas que nos são mais bem conhecidas pela maior quantidade de fontes (nesse caso, sobretudo o Egito)?
Ass.: Daniel Roberto Duarte Granetto.
Olá, Daniel!
ExcluirSão ótimas questões!
As discussões mais recentes sobre os povos hurritas acredita numa associação, ainda que temporalmente distante com o Cáucaso, tanto em relação étnica como em questões linguísticas. Um pesquisados que se dedica a esse assunto é o Georgio Buccellati, destaco o trabalho "When were the Hurrians Hurrian? The Persistence of Ethnicity in Urkesh".
Como comentei para o Daniel Borges da Fonseca, eu não conheço associações entre os povos atuais com os mitânios (apenas uma valorização vinda pelos armênios). Contudo, acredito que a continuidade genética desse povo não exista, da mesma forma que acontece com o Egito. Os antigos habitantes dessa região não são descendentes dos antigos, no caso egípcio isso é certo, no de Mitani, uma crença particular minhas.
A questão de cronologia é mais problemática. Não possuímos, até o momento, nenhum registro hurrita que demarcasse o tempo ou algum evento (como eclipses) que nos ajude a entender a decorrência de eventos. Assim, é feita é uma sincronia entre os reis mitânios, babilônicos, hititas, etc. Justamente por isso, a cronologia depende desses outros reinos e do interesse desses reinos em representar Mitani. A primeira referência a esse reino foi feita no Egito de Tothmés I, mas não é possível traçar coisas anteriores. Se, então, a cronologia, precisa ser montada a partir da referências, precisamos de parâmetros mais certos. A exemplo das Cartas de Amarna, citadas no texto, Sabemos que Tushratta foi contemporâneo de Amenhotep III e Akhenaton, e traçamos uma cronologia baseada nisso. Enfim, sobre isso, recomendo um texto de Stefano de Martino, chamado "A Tentative Chronology of the Kingdom of Mittani from its rise to the reign of Tusratta".
Pessoalmente, acredito que devemos usar o que temos e, nesse sentido, se possuímos apenas as referências externas, então que as usemos da melhor forma possível, mas sejamos abertos a entender que as vezes tudo o que vimos pode estar errado. Por mais que as datações não sejam precisas, elas possuem uma metodologia rigorosa para seu estabelecimento. Não vejo mal em partir de outras regiões, pelo contrário, acredito que uma visão de mundo integrado, nos ajuda a compreender melhor os modos dos antigos umas vez que eles estavam em contato, influenciavam e eram influenciado pelos outros...
Priscila Scoville
Boa noite!
ResponderExcluirParabéns pelo excelente trabalho. Como disse no início do texto, em relação aos grandes reinos que conhecemos, "que nos vem a mente" seria por conta do eurocentrismo? Nas fontes que se tem acesso, apresenta algo relacionado as questões, características culturais, comerciais?
Taynara Zulato Rosa
Olá Taynara,
ExcluirA relação que temos é um tanto abstrata, em parte é por conta do eurocentrismo, já que esses grandes reinos tiveram um contato direto com povos ocidentais, recebendo as devidas referências a eles já na antiguidade. Egito é conhecido por fontes gregas e romanas, por exemplo. Isso acontece, porém, em grande parte, por um outro fator: a majestade desses reinos. Reinos maiores recebem mais atenção na documentação escrita e possuem mais vestígios do que reinos pequenos (muitas vezes restritos a uma só cidade). Por isso, é mais comum falarem-se deles. Além disso, os poderes imperiais hitita, assírio e persa em especial, são bastante chamativos aos olhos de povos ocidentais. Tanto que Roma, posteriormente, vai se vangloriar de suas conquistas territoriais, tendo diversos confrontos com os persas.
Por outro lado, a industria multimídia atual se utiliza desses grandes reinos para criar empasses em filmes, séries, livros, etc. Vemos isso em filmes como "300", por exemplo. Em que o persa se torna um vilão. Essa imagem negativa do oriental, por sua vez, é sim direto do eurocentrismo (ou do Orientalismo), sem relação aos vestígios arqueológicos.
Em relação aos elementos culturais e comerciais, temos algumas formas de expressão, mas que vem de territórios ocupados por mitânios, não sendo eles etnicamente. É o caso dos documentos de Nuzi, que possuem uma série de aspectos legais em relação a casamentos (feitos e desfeitos), venda de casas, adoção, etc. entre eles. São registos burocráticos, apenas validando os atos, não apontando como eles acontecem. Uma outra fonte que eu gosto muito é a Estátua de Idrimi, que se tornou o rei de Alalakh, também sob ocupação mitânia. Contundo, a estátua relata a história dele próprio, com os acontecimentos referentes a sua vida, não tendo uma relação com as questões de Mitani, necessariamente.
Por fim, outra documentação que eu posso mencionar são as correspondencias, tanto as de Amarna, como as de Boghazkoy e da Alalakh, que apresentam alguns aspectos da relação comercial entre esses reinos. Além disso, as correspondências também evocam alguns deuses, o que nos ajuda a pensar na religião mitânia, que tem divindades hurritas e indo-arianas.
Enfim, para resumir, essas questões aparecem em algumas fontes, mas normalmente de forma indireta, uma menção, um aspecto apenas, por isso é preciso fazer uma reunião dessas fontes para que se possa pensar em termos maiores.
Priscila Scoville
Boa Tarde, durante a leitura do texto algumas questões acabaram me surgindo, vou colocá-las abaixo:
ResponderExcluir1) Qual era a escrita utilizada nas cartas correspondidas entre o Egito e o Mitani?
2) Quando você fala no texto sobre os embates Hatti e Mitani, aparece a questão de que o primeiro foi repelido por Tushratta e que o segundo chegou por um caminho inesperado. Qual caminho foi esse?
3) Como eram as relações/disputas pelo trono no império Mitani? Era hereditário, pelo respeito, eleição, conquista, duelos...?
4) Quais seriam as formas de organização que Mitani contribuiu para o Oriente Próximo?
ps: desculpa por tantas perguntas hehe, mas o tema me interessou bastante!
Ana Carolina Martinez
Olá Ana, por distração, enviei a sua resposta como novo comentário (faltou eu clicar em "responder").
ExcluirPeço desculpas por isso e que veja o comentário abaixo do seu para a resposta.
Priscila Scoville
Olá Ana,
ResponderExcluirFico feliz que tenha se interessado pelo assunto, o número de questões não é um problema!
1. A língua é o acadiano, que era a língua franca, utilizada em documentações diplomáticas. Todos os tabletes, então, são escritos em cuneiforme acadiano (ainda que apresentem regionalismos).
2. Esperava-se que Hatti chegasse pelo oeste, passando pela cidade de Kizzuwatna, contudo, o rei hitita foi para o norte e, de lá, atravessou o Eufrates para chegar na capital mitânia. Tushratta ainda conseguiu se sustentar um tempo, mas logo a situação perdeu o controle: Tushratta foi morto (provavelmente por um de seus filhos) e os territórios da Síria passaram a ser conquistados pelos hititas.
3. A ascensão ao trono, como era comum na época, acontecia de forma hereditária. Possivelmente nomeações (apontadas por um rei) também fossem possíveis, mas acredito que, fosse o caso, não deveriam ser comuns.
4. Podemos apontar alguns elementos como a unificação e reforço do elemento hurrita (antes marginalizado), a tecnologia de bigas puxadas por cavalos e a prática de dominar uma região (antes era comum atacar, saquear e sair, mas Mitani, após atacar, escolhe um governante e confiança e propõe segurança em troca de tributos).
Contudo, sem termos os documentos mitânios é difícil analisar o nível de contribuições estruturais (seja cultural ou política) na época. Mas, por outro lado, a disseminação de elementos hurritas na Síria e na Anatólia (mesmo após a queda de Mitani) nos aponta que houve um impacto cultura e sociopolítico.
Espero ter respondido suas duvidas e fico a disposição!
Priscila Scoville