HISTÓRIA DA ÁSIA E INTERDISCIPLINARIDADE NA EDUCAÇÃO BÁSICA: UM DUPLO DESAFIO
Cyanna Missaglia de Fochesatto
A interdisciplinaridade atualmente é uma palavra que se encontra irrevogavelmente aliada ao ensino. Proliferam pesquisas e trabalhos que colocam a interdisciplinaridade no centro da atuação decente como forma de dinamizar e enriquecer a educação. Observa-se ainda que este aspecto passou a ser contemplado há alguns anos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) fomentando o diálogo com outras disciplinas. Muito mais se aprende – especialmente na área das Ciências Humanas – quando se relaciona a disciplina e a matéria ministrada à outras áreas do saber. O ensino da história da Ásia vem recentemente crescendo na preocupação dos formadores educacionais, pois é recente a obrigatoriedade desta disciplina nos currículos escolares. Fato esse que colaborou, entre outros fatores, para colocar em discussão as falhas curriculares, indo desde a sua construção e seleção das disciplinas até uma visão – ainda – extremamente eurocêntrica de ensino da história. Há apenas alguns anos a história da Ásia, juntamente com história da África e o ensino de Libras, vêm sendo pensados dentro da perspectiva de novas formas de adaptação curricular que abordem estes temas, embora as próprias licenciaturas apresentem uma dificuldade em situar seu ensino nesses eixos, já que as formações de docentes especialistas nessas temáticas apresentam-se deficitárias.
As exigências oriundas do MEC fizeram muitas licenciaturas reformularem seus currículos na busca de adaptar o ensino às essas novas demandas, enfatizando principalmente as relações étnico-raciais, o que claramente se configura em um avanço quando se visa uma educação integradora, humanizada, questionadora e reflexiva. No entanto, um dos problemas configura-se na formação de especialistas nestas áreas – África e, especialmente, Ásia, no Brasil. Portanto, é nesse contexto que buscamos abrir o diálogo para verificar alguns pontos sobre o ensino da história da Ásia na educação básica, sempre trazendo o olhar interdisciplinar dentro do debate, uma vez que é patente a relevância deste processo para pensar um ensino e uma educação de qualidade. Assim, esta breve reflexão configura-se em duas vias de análise, ou melhor, configura-se num duplo desafio. O primeiro seria o desafio de ensinar a história da Ásia para alunos da educação básica e o segundo seria relacionar este ensino à interdisciplinaridade. Pois, se esta palavra está diretamente ligada a uma nova visão de educação e ensino, torna-se também um desafio na formação profissional encontrar cursos de níveis superior que estejam colaborando de forma efetiva para o desenvolvimento de docentes interdisciplinares.
O desafio de ensinar uma história asiática, enquanto as próprias graduações são precárias no ensino e na formação profissional de seus professores, eleva a reflexão para além da sala de aula escolar, pois uma boa formação, e também a busca de uma formação continuada seria o caminho para que o ensino desses “novos” conteúdos possa ser pensando de forma mais assertiva em diversos pontos. Como exemplo podemos citar a elaboração de um plano de ensino que possua um olhar menos generalista e voltado quase que completamente à uma visão eurocêntrica sobre questões tão particulares e complexas como se apresentam no enorme continente asiático. E, nesse caso, reforça-se a importância da interdisciplinaridade – tanto na formação do docente quanto do discente – para ensinar uma história oriental, considerando que ela perpassa pelas artes plásticas, literatura, teatro, música, matemática, sociologia, antropologia, geografia e inúmeros eixos de análise que só podem ser compreendidos de forma mais ampla quando se utiliza as diversas áreas do conhecimento como suporte. Enfim, são vastas as possibilidades de diálogo com todas as disciplinas que colaborem para uma dinâmica do conhecimento e do entendimento do mundo e da cultura asiática pelos alunos.
Atualmente diversos estudos apontam que a utilização de diferentes fontes, temas, metodologias, disciplinas condicionam um ensino de qualidade na área da história, especialmente em terrenos poucos explorados como é o caso da história da Ásia, que embora desperte curiosidade, pouco ainda se produz na historiografia brasileira sobre o tema. Contudo, os problemas da formação docente, aliados a diversos outros fatores acabam por apresentarem um quadro desmotivacional no ambiente escolar. Seria possível pensar a interdisciplinaridade como uma ponte para um entendimento mais completo do conteúdo. Pois, através dela, torna-se possível fomentar um ensino mais crítico e globalizante, e os alunos mais conscientes e questionadores da sua própria realidade, especialmente quando conseguem fazer vínculos e associações com outras culturas e sociedades. Nesse caso, é possível observar que: “[...] a interdisciplinaridade implica, portanto, alguma reorganização do processo de ensino/aprendizagem e supõe um trabalho continuado de cooperação dos professores envolvidos”. (POMBO, 1993, p. 13). Os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio incentivam o uso da interdisciplinaridade como catalizador para explicar, compreender, intervir, mudar, prever, e até superar o saber – o que apenas uma disciplina sozinha muitas vezes fica impossibilitada. Ao estudar a interdisciplinaridade aliada a história ambiental, Enrique Leff (2000) destacou a importância de uma prática multidisciplinar que parte do diálogo colaborativo entre os diferentes saberes e formações disciplinares:
“A interdisciplinaridade implica assim um processo de inter-relação de processos, conhecimentos e práticas que transborda e transcende o campo da pesquisa e do ensino no que se refere estritamente às disciplinas científicas e a suas possíveis articulações. Dessa maneira, o termo interdisciplinaridade vem sendo usado como sinônimo e metáfora de toda interconexão e “colaboração” entre diversos campos do conhecimento e do saber dentro de projetos que envolvem tanto as diferentes disciplinas acadêmicas, como as práticas não científicas que incluem as instituições e atores sociais diversos”. (LEFF, 2000, p. 22).
O ensino da história asiática por si já se configura em um grande desafio uma vez que especialistas em história oriental são poucos no Brasil. O ensino da Ásia muitas vezes acaba ficando relegado a pequenos recortes e algumas atividades deslocadas – quando o tema não é ministrado como uma história menos importante e afastada da realidade do aluno, esquecendo que esse trata-se do maior continente da Terra, e que é possuidor de uma cultura peculiar, de um modo de vida que desperta a curiosidade, de produções artísticas ricas em termos de arquitetura e artes plásticas, de distinções comportamentais, estruturas políticas, econômicas e sociais que são complexas de compreender, especialmente por apontarem tantos elementos diferentes em relação – especialmente – ao continente americano. Essa carga de informações acaba, por motivos diversos, muitas vezes, caindo no erro de criar estereótipos ou simplificar uma cultura que passa longe de ser homogênea, aliás, como qualquer outra cultura ela é possuidora de particularidades específicas de sua formação estrutural, geográfica e social. Mas, ainda no pior dos cenários é possível que a má formação profissional, aliada a uma formação que não é estimulada a ser continuada, que não é valorizada e aos demais fatores que formam o atual quadro docente no Brasil, possam vir a criam preconceitos sobre as diferenças culturais, especialmente a asiática, por ser tão “distante” da brasileira, em termos geográficos e culturais, e causar estranhamento. É possível perceber uma dificuldade inclusive na produção de materiais didáticos de apoio para o ensino de uma história da Ásia de qualidade. Por ser uma região tão grande e tão peculiar, muitas vezes encontram-se simplificações e erros que partem de determinados sensos comuns de todos os tipos, quando não julgam e condenam aspectos da cultura asiática, sem dar as bases para um ensino crítico.
É preciso determinados cuidados para tratar de temas como por exemplo, o imperialismo, o colonialismo europeu na Ásia, bem como sua partilha, o resultado das Revoltas e das Guerras, como a Revolta do Cipaios na Índia, a Guerra do Ópio na China e demais conflitos armados, tal qual o impacto de todos esses eventos ainda nos dias de hoje no continente asiático, cuidado especialmente no ensino de forma deslocada do restante das sociedades. Por isso, sempre se faz necessário associar os processos políticos, sociais e econômicos, ocorridos em qualquer ponto do planeta, à realidade do aluno. Essa barreira só se vence através do intenso diálogo entre as diversas áreas do saber. E, talvez por isso, ocorra uma dificuldade maior em entender uma história asiática e vinculá-la não apenas ao presente, mas também relacioná-la de forma crítica a realidade dos alunos. O processo de colonização deixou um amplo rastro de pobreza visível ainda nos dias atuais, e não foi diferente no continente africano e na América do Sul, sendo este um desafio de ensaiar sem cair nos sensos comuns e principalmente em um ensino acrítico da realidade que os processos políticos deixaram em alguns países ao longo dos últimos séculos. É necessária uma grande sensibilidade para tratar essa e outras temáticas referentes ao ensino da Ásia e, portanto, a relevância de um ensino interdisciplinar e que se utiliza de diversas fontes, como filmes, documentários, imagens, documentação torna-se fundamental para enriquecer a educação visando diminuir as lacunas nos conteúdos e no entendimento das matérias. Nesse caso, atenta-se que: “[...] os alunos já chegam à escola com um acúmulo de experiências vivenciadas em múltiplos espaços, através das quais podem elaborar uma cultura própria, uns ‘óculos’ pelo qual vêem, sentem e atribuem sentido e significado ao mundo, à realidade onde se inserem”. (DAYRELL, 1996, p. 140). Dessa forma, o ensino de uma história asiática crítica é fundamental, tanto do ponto de vista do conteúdo quando da própria necessidade de não subestimar a capacidade de entendimento do docente em nenhum espaço e em nenhuma área do conhecimento. Está posto o maior desafio: um ensino da história da Ásia interdisciplinar, crítico e relacional.
A realidade do ensino é exposta principalmente quando encontramos as dificuldades de tratar determinados temas. Atualmente é um desafio ser professor em um país que parece retroceder a passos largos em relação a uma educação – especialmente pública e de qualidade. No entanto, o foco desta breve reflexão se situa no ensino da história asiática e na relação desta com a interdisciplinaridade. Tratamos, dessa forma, essas questões como um duplo desafio. O desafio de ensinar aquilo que muitas vezes não estamos formados ou preparados, sem cair no engano de simplificar e generalizar questões tão amplas como a cultura asiática; e, o outro desafio seria ensinar uma história asiática usufruindo de diversas fontes e disciplinas, buscando uma visão mais ampla através de um trabalho interdisciplinar, uma vez que os estudos mais recentes, incluindo aí as indicações e referências do Ministério da Educação (MEC) e da elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) que o ensino interdisciplinar agrega, dinamiza, enriquece e estimula uma educação de maior qualidade.
O ensino de uma história asiática não é trabalho fácil, tampouco o ensino de uma história da África, tudo aquilo que se afasta da cultura vivenciada é um desafio de se entender. Nesse caso, o apoio de outras disciplinas, a busca de cursos de especialização e de extensão que estejam relacionados as novas demandas curriculares – focando no ensino étnico-racial e no ensino da África e da Ásia – pode ser uma forma de não cair em pequenos erros que ocorrem ao longo do processo de ensino-aprendizagem. A busca constante por fontes de informações diversas, a “sede” de saber docente e discente é o caminho mais seguro para traçar um ensino qualificado e também em fazer resistência àqueles que teimam em desqualificar o papel do educador em nossa sociedade. E, por fim, nada mais enriquecedor, em termos de cidadania e humanidade, do que o ensino crítico de diferentes culturas. Sendo essa a base da tolerância, do conhecimento e do debate.
Referências
Cyanna Missaglia de Fochesatto é graduada em História pela PUCRS; Especialista em Estudos Culturais nos Currículos Escolares Contemporâneos na Educação Básica, pela UFRGS; Mestre em História pela Unisinos e Doutoranda em História pela Unisinos, onde é bolsista CAPES/Prosup. Possui interesses na área da educação e ensino, imagens e história.
E-mail: cyanna.mf@gmail.com
BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: História. Brasília: MEC/SEF, 1998. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf> Acesso em: 20 ago. 2017.
DAYRELL, Juarez. A escola como espaço sócio-cultural. In. DAYRELL, Juarez (Org.). Múltiplos olhares sobre a educação e cultura. Belo Horizonte: UFMG, 1996.
LEFF, Enrique. Interdisciplinaridade em ciências ambientais. São Paulo: Signus Editora, 2000.
POMBO, Olga. O Conceito de Interdisciplinaridade e Conceitos Afins. In: POMBO, Olga; GUIMARÃES, Henrique M.; LEVY, Teresa. A Interdisciplinaridade: reflexão e experiência. Lisboa: Texto Editora, 1993.
Olá, Cyanna. No seu texto você destaca dois desafios a serem destacados: “desafio de ensinar a história da Ásia para alunos da educação básica e (...) relacionar este ensino à interdisciplinaridade”. É certo, que como você mesma destaca, há uma lacuna nos cursos de licenciatura quando o assunto é disciplinas relacionadas à história da Ásia. Esta por sua vez, já começa a aparecer nos livros didáticos nos últimos tempos, e muitos professores que não tiveram essas disciplinas na graduação muitas vezes apresentam uma resistência à essas conteúdos. Você fala do desafio da interdisciplinaridade, mas a meu ver não ficou bem explícito como deve ocorrer essa interdisciplinaridade no ensino de história da Ásia na educação básica. Você pode explicar melhor como pode haver esse diálogo com outras disciplinas? Quais seriam as disciplinas da educação básica que seria possível dialogar com a história? Que temas podem ser trabalhados pelas mesmas de (dentro dos conteúdos história da China, Japão e Índia – que aparecem nos livros de história) forma a haver uma maior aproximação entre professores e alunos aos conteúdos relacionados à história da Ásia?
ResponderExcluirMárcio Douglas de Carvalho e Silva
Bom dia!
ExcluirMárcio,
Agradeço a leitura e as questões. Penso que o ensino interdisciplinar da História da Ásia ainda é um desafio, então espero conseguir responder algumas de suas colocações. A interdisciplinaridade pode ocorrer através de projetos educativos neste tema que envolva disciplinas como Geografia, Literatura e Artes Plásticas. Considerando que ocorreu um fluxo significativo de imigrantes Japonese no Brasil no início do século XX, penso que existem aspectos culturais que são de fácil abordagem. Por exemplo, em Geografia seria possível trabalhar questões da parte física comparando com o Brasil e o impacto desses aspectos na mudança de vida dos imigrantes, especialmente na alimentação, já que influência climática e ambiental impacta também a agricultura e a produção de alimentos; nas Artes Plásticas temos artistas que foram influenciados por pintores chineses como o caso de Guignard que fez uma mescla entre a cultura de Minas Gerais e elementos do oriente. Acho que esses seriam caminhos iniciais e possíveis para uma construção de diálogos interdisciplinares. Espero ter respondido um pouco das suas questões.
Abraço.
Cyanna Missaglia de Fochesatto
Excelente texto. Estou na licenciatura em História e pretendo me especializar em história asiática, e um dos grandes desafios que prevejo é justamente relacionar o conteúdo de história asiática com a realidade dos alunos, principalmente da rede pública de ensino. Tendo isso em vista, teria como citar um exemplo de como fazer esse tipo de relação?
ResponderExcluirAss.: Alessandro Henrique da Silva
Bom dia, Alessandro,
ExcluirPrimeiro te parabenizo pela escolha da tua especialização. Penso que relacionar a história da Ásia aos aspectos da realidade dos alunos possa se fazer de diversas maneiras atentando para o nível/série de cada turma. Um exemplo seria abordar questões de gênero. Como a situação vulnerável das mulheres na Índia – com níveis alarmantes de violência – comparando o Brasil, que igualmente se destaca nesse caso. Poderias abordar as relações de gênero e as políticas e leis usadas para inibir esses casos de forma comparada, uma vez que a violência é, infelizmente, parte do cotidiano de nossos alunos. Outros temas talvez possam ser relacionados a alimentação, aproveitando para abordar questões da geografia sobre as diferenças climáticas que influenciam na agricultura. O que os seus alunos comem? Como é em outro continente como o asiático? Quais as implicações sociais, geográficas e culturais da alimentação na vida cotidiana desses alunos e na vida dos alunos indianos, chineses.... Bom, são apenas algumas ideias que me surgem agora, mas se ao longo da semana eu for pensando em outras coisas vou postando, e se tiveres outras ideias traga para a discussão também. Essas trocas somente enriquecem nossas práticas docentes. Obrigada pela leitura e um abraço.
Cyanna Missaglia de Fochesatto
Obrigado pela resposta. Realmente são boas abordagens que podem ser feitas em sala de aula. Outras abordagens que pensei foi justamente o que podemos aprender com os povos asiáticos, tendo em vista sua cultura milenar, principalmente no que se diz respeito no respeito ao próximo e ao espaço público. Ainda preciso aprofundar meus estudos, mas com certeza são abordagens que serão interessantes em sala de aula. Obrigado novamente e um grande abraço!
ExcluirQuero parabenizá-la pelo excelente artigo, é um tema que exige muita reflexão e sua pesquisa abordou de forma clara as dificuldades e a importância da História da Ásia.
ResponderExcluirUm ponto importante que você destaca é: "Mas, ainda no pior dos cenários é possível que a má formação profissional, aliada a uma formação que não é estimulada a ser continuada, que não é valorizada e aos demais fatores que formam o atual quadro docente no Brasil. (...) É possível perceber uma dificuldade inclusive na produção de materiais didáticos de apoio para o ensino de uma história da Ásia de qualidade."
Exige-se um preparo adequado, um estudo que colabore para a compreensão do tema, que ficou claro em sua citação a seguir: "A busca constante por fontes de informações diversas, a “sede” de saber docente e discente é o caminho mais seguro para traçar um ensino qualificado e também em fazer resistência àqueles que teimam em desqualificar o papel do educador em nossa sociedade."
Minha dúvida é: Pensando na dificuldade do professor ao aproximar-se deste conteúdo, em sua formação acadêmica, como o mesmo deve preparar-se? Tendo em vista que há a dificuldade de encontrar materiais didáticos para aplicar este estudo. Quais ferramentas o professor pode utilizar para lecionar este tema?
Att
Ediliz Aparecida Ferreira da Silva.
Bom dia Ediliz,
ExcluirAgradeço muito sua leitura e os comentários. Ainda é um desafio enorme encontrar material de qualidade sobre história da Ásia, inclusive que possua um olhar menos eurocêntrico. Penso que a busca do docente, quando possível, pois temos que considerar todo o quadro de desvalorização atualmente, possa recorrer a cursos de extensão e especializações sobre este tema. Outras formas seria buscar esses materiais na leitura de diversas fontes. Vi alguns artigos neste mesmo simpósio abordando fontes como Mangás, filmes produzidos na Ásia mesmo, sem a visão hollywoodiana sobre aspectos sociais e culturais de sua sociedade, literatura, etc. Penso que qualquer material que enriqueça a reflexão docente é bem-vindo, seria muito bom também a criação de um espaço virtual, um site, um blog, uma comunidade, onde pudéssemos dividir fontes e materiais sobre o tema com diversos professore de diferentes localidades do país, não achas? Fica uma ideia para refletimos. Um abraço e mais uma vez obrigada pela leitura.
Cyanna Missaglia de Fochesatto.
Boa Noite.
ExcluirConcordo com seu pensar, devemos nos apropriar de diversas informações e criar mecanismos que colaborem para o aprendizado eficaz. Achei interessante a criação de um espaço virtual para compartilhar ideias, conforme citado, seria de grande valia. Obrigada por sanar minhas dúvidas. Belo artigo, aprendi muito a respeito do tema abordado.
Gratidão.
Ediliz Aparecida Ferreira da Silva.
Boa noite!
ResponderExcluirNos Estados Unidos, países europeus e latino-americanos o ensino de História da Ásia é mais avançado em relação ao Brasil em termos de materiais, estudos e pesquisas acadêmicas? Nestas regiões há um diálogo satisfatório entre a História e as demais disciplinas, ou o desafio é geral, atingindo todos os docentes?
Taís Cristina Melero
Olá Taís,
ExcluirTe peço desculpas e vou ficar te devendo essa resposta. Prefiro não te responder, pois poderia falar alguma bobagem em relação ao ensino da Ásia em outros país. Meu recorte espacial fica no Brasil apenas, não tenho essa informação para te passar. Me desculpe e obrigada pela leitura.
Um abraço.
Cyanna Missaglia de Fochesatto
Bom dia! Como professor de História veio uma dificuldade em ensina a história oriental, uma vez que nossos livros didáticos sofrem a influência do eurocentrismo. Como podemos fazer para melhorar essa situação?
ResponderExcluirOlá Benito,
ExcluirNão tinha ainda lido a sua questão e mais ou menos respondi ela logo a cima. Mas reforço aqui. Concordo com você é muito complicado encontrar material de qualidade. Pensei que seria bem interessante a criação de um espaço, um site, um blog, uma página no facebook, algo que pudéssemos compartilhar fontes, leituras, material didático e principalmente experiências sobre o que funciona ou o que não funciona numa sala de aula quando a temática é ensino da Ásia. Acho que seria uma forma de fortalecer laços com docentes do país inteiro interessados em construir uma comunidade colaborativa de ensino e contornarmos um pouco as deficiências na área. O que achas?
Um abraço e obrigada pela leitura.
Cyanna Missaglia de Fochesatto.
Bom dia, primeiro parabéns pelo trabalho apresentado aqui! talvez pela razão de o Brasil ter uma grande diversidade de povos asiáticos habitando o seu território como chineses, japoneses, árabes, coreanos entre outros traz uma certa facilidade ao tratar do tema em alguns centros urbanos onde há populações dessas etnias habitando e convivendo com a sociedade de uma forma geral, O docente deveria utilizar como método de aproximação entre as culturas atividades extra classe como visitas a centros culturais, casas de abrigo de imigrantes, mesquitas e outros templos religiosos etc. mas minha pergunta é a seguinte: essa dificuldade em compreender a Ásia e suas especificidades não tem como causa a distorção midiática com relação ao tema, pergunto isso porque me parece que embora não são muitos mas já há professores atuando para difundir a História asiática de forma problematizada mas ainda assim a distorção de fatos nos jornais e em novelas é gritante.
ResponderExcluirDavis Alves dos Santos
Olá Davis,
ExcluirObrigada pela leitura e pela questão. Acho que trouxeste um ponto importante, o desserviço que muitas vezes os meios de comunicação conseguem fazer para a educação, especialmente quando se trata de observar culturas distintas. Penso que a dificuldade de compreender a Ásia e suas especificidades não tem APENAS a distorção midiática com relação ao tema. Acho que vai desde as dificuldades culturais de aceitar o que é “diferente” de nós, até a falta de interesse em ler e pesquisar outras sociedades. Mas, com toda certeza as mídias, muitas vezes, são extremamente equivocadas, criam estereótipos e acabam fomentando um determinado imaginário sobre as comunidades asiáticas. Não problematizam, pesquisam e caem no censo comum, no simplismo e, inclusive, fomentam preconceitos. Está questão que tu trazes é mais um dos muitos desafios que os docentes têm que enfrentar no ensino.
Um abraço.
Cyanna Missaglia de Fochesatto.
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ResponderExcluirPrimeiramente, quero parabenizá-la pela explanação do texto, nos mostra o quão importante é a interdisciplinaridade no ensino da história.
ExcluirGostaria de saber sua opinião de como o professor pode refletir e praticar, além de seu planejamento, a utilização da interdisciplinaridade e a história da asia?
Grato,
Wallysson Klebson de Medeiros Silva
Olá Wallysson,
ExcluirDe alguma forma acho que já fui respondendo essas questões nas primeiras perguntas, mas reforço aqui. Penso que existem vários caminhos para se trabalhar a interdisciplinaridade, mas certamente temos que observar a estrutura da escola e o apoio pedagógico, especialmente se a intenção for criar um projeto em conjunto com outros professores. Mas algumas ideias podem ser na linha da geografia, como aspectos físicos, influência climática e agricultura, bem como o impacto disso na alimentação; nas artes plástica é possível trabalhar a influência da arte chinesa no Brasil, em especial em Guignard. Em sociologia é possível pensar a relações de gênero na história asiática, podendo fazer uma comparação com o Brasil e a realidade dos alunos, se for interesse docente. Penso que esses são caminhos possíveis de trabalhar a interdisciplinaridade, mas também é uma questão que fica em aberto, pois existem muitas outras formas que eu ainda desconheço, a prática docente vai nos ensinando o que funciona ou não na sala de aula. Espero ter conseguido te responder. Agradeço a leitura e um abraço.
Cyanna Missaglia de Fochesatto.
Gostei muito do texto. Trazendo pro âmbito da sala de aula, me referindo ao ensino médio, como nós professores podemos trabalhar com esse recurso com os nossos alunos na tentativas de despertar neles a curiosidade sobre o oriente, que muitas vezes fica a margem do interesse do aluno? E coma a interdisciplinaridade pode ser encaixada nesse sentido.
ResponderExcluirCamila Teixeira de Carvalho Dias
Olá Camila,
ExcluirPenso que no âmbito do ensino médio as questões sociológicas e filosóficas possam ser mais aprofundadas, especialmente relacionando ao contexto histórico e vinculado com aspectos contemporâneos, problematizando o senso comum e os estereótipos reproduzidos em diversos âmbitos. As questões de gênero relacionando à Índia e China podem instigar diversos debates interessantes; as fronteiras étnicas e particularidades identitárias e culturais; a questão da religiosidade asiática. Acredito que utilizando diversos recursos, como literatura, filmes, documentários, análise de imagens, entrevistas, enfim é possível desenvolver um trabalho enriquecedor com o ensino médio sobre história asiática.
Grata pela leitura! Um abraço.
Cyanna Missaglia de Fochesatto.
Olá Cyanna. A inserção da inter e multidisciplinaridade no cotidiano escolar é ainda um grande desafio, principalmente pela resistência dos professores e pela dificuldade da instrumentalização por falta de uma bibliografia mais acessível. Sendo um continente de enormes proporções territoriais, populacionais e culturais, como não cair nas armadilhas das generalizações dentro das temáticas abordadas sobre o mesmo? Obrigado!
ResponderExcluirOlá Maicon,
ExcluirNão cair nas armadilhas e nas facilidades do material pronto produzido que não problematiza e segue estereótipos ainda é um dos maiores desafios. Acredito que só existe uma forma de vencer essas barreiras que é através da constante pesquisa, da formação continuada, da busca por novas leituras e novos autores, na leitura de artigos, documentários e filmes sobre a temática. O professor também tem que ser um pesquisador e ter a curiosidade de investigar e buscar sempre novos olhares. Acredito que participar de seminários, palestras, aulas abertas dentro das academias pode ser uma forma também de criar vínculos e redes com outros docentes que possam mutuamente se auxiliar na construção de um ensino da história da Ásia mais complexo, rico e instigante. Muito obrigada pela leitura.
Abraços.
Cyanna Missaglia de Fochesatto.
Texto excelente. Realmente, a História Oriental é, muitas das vezes, deixada de lado ou utilizada com pouco destaque se comparada ao estudo de outras regiões, que estão com bastante destaque principalmente nos livros didáticos. A realidade está mudando aos poucos, com destaque para a maior inclusão desta perspectiva dentro das universidades. Gostaria de saber Cyanna qual seria as formas de iniciar a tentativa da inclusão dessa historia dentro da sala de aula? Vendo que há uma certa dificuldade nos mais diversos níveis da educação pública, qual seria o primeiro problema a se solucionar para estabelecer essa historia de forma mais igualitária e diminuir o Eurocentrismo?
ResponderExcluirDiana Almeida
Olá Diana,
ExcluirConcordo com você. Penso que um dos primeiros fatores seria cuidar o material utilizado, fugido das visões totalizantes e eurocêntricas, mas é complicado achar material de qualidade. Além disso, uma forma de introduzir essa temática poderia ser através de fontes imagéticas, como pinturas, fotos, filmes, quadrinhos. Acredito que isso despertaria o interesse dos alunos e seria um ponto favorável para problematizar a história asiática e desenvolver melhor a aula. Espero ter ajudado um pouco. Muito obrigada pela leitura. Um abraço.
Cyanna Missaglia de Fochesatto.
Boa noite Cyanna. Como você pautou, existem desafios para se ensinar a história da Ásia para alunos da educação básica e para relacionar esse ensino à interdisciplinaridade. Sabendo que nossos docentes não recebem uma formação adequada para que esse ensino seja eficaz, ao seu ver, como essa falta de formação/informação poderia ser sanada? E em relação a interdisciplinaridade, como ela funcionária?
ResponderExcluirReginita Cezar dos Santos de Jesus
Olá Reginita,
ExcluirO problema da formação docente deve ser amplamente discutido na elaboração dos currículos das graduações, isso seria o ideal. Mas, enquanto isso não ocorre, penso que o principal caminho é através do próprio docente buscar uma formação continuada por meio de cursos de extensão, especializações, assistindo palestras, seminários e sempre buscando leituras diferentes para poder ampliar seu campo de conhecimento sobre o tema. Já a interdisciplinaridade seria muito importante a elaboração de projetos pedagógicos em conjunto com os outros professores, já citei alguns exemplos a cima, mas poderia ser relacionada a geografia, literatura, artes plásticas, formação étnica, enfim existem vários caminhos que o professor pode escolher e desenvolver com os alunos, abordando um diálogo com essas outras disciplinas. Obrigada pela leitura. Um abraço.
Cyanna Missaglia de Fochesatto
Olá Cyanna,
ResponderExcluirAcho de extrema importância suas colocações. Sou professora há 7 anos e concordo com as dificuldades comentadas ao longo do texto. Acho, porém, que além das deficiências didáticas em relação ao currículo, formação, livro didático, dentre outros, há um pré- conceito tão arraigado culturalmente na sociedade, que seria preciso um trabalho cultural amplo, não só com alunos, mas também com os próprios professores. Tenho verdadeiro assombro quando vejo professores construindo cocares no dia do índio, que não saibam diferenciar japoneses, coreanos ou chineses. Lamento profundamente que um professor de história não compreenda absolutamente nada sobre o problema de castas na índia, que comemore o halloween com entusiasmo, mas que não procure saber sobre ritos africanos ou festas asiáticas, por exemplo. Enfim, minha pergunta e ao mesmo tempo, desabafo, tem relação com essa questão. Creio que nós, professores, e seres humanos de um modo geral, estamos sendo coniventes com essa espécie de rejeição ao mundo oriental. Espero não estar sendo cruel em excesso com os docentes que, com você bem lembrou, na maioria das vezes, não teve a mínima formação a esse respeito. Mas ainda assim, fica a minha questão: será que estamos fazendo o suficiente? Será que nós educadores estamos conseguindo olhar para a questão de forma mais ampla, deixando pré-conceitos de lado?
Atenciosamente,
Beatriz Rodrigues
Olá Beatriz,
ExcluirMuito obrigada pela leitura e principalmente pelas tuas colocações. Penso que o teu desabafo representa as mesmas preocupações de boa parte dos docentes. Acredito que existem sim (e muitos) pré-conceitos contra tudo que é diferente de nós, temos uma dificuldade muito grande de entender a cultura de outros grupos e, devido ao continente asiático ser tão distante de nós cultural e geograficamente, penso que essas questões se afloram. Ao invés de estudar e compreender outras sociedades as pessoas acabam apenas julgando com discursos carregados de estereótipos e preconceitos. Esse discurso infelizmente se propaga entre os alunos e professores. É complicado fugir desta situação, pois ela necessitaria de além de tudo que já está posto no texto e nos comentários de um grande investimento e vontade de transformar o processo educativo em todos os âmbitos, mas está cada vez mais evidente que o investimento na educação não é parte do projeto político do governo. Acho que acabei desabafando também, mas respondendo a sua questão: Acredito que fazemos o suficiente dentro das nossas possibilidades, com certas exceções, vejo uma vontade imensa dos professores de buscar novas formas de atender as demandas educacionais, ainda que seja uma luta diária e solitária. Novamente muito obrigada pela tua reflexão. Um abraço.
Cyanna Missaglia de Fochesatto
Boa tarde, primeiramente parabéns pelo texto. Uma das suas falas iniciais me gerou um questionamento pessoal, você fala nas dificuldades do trabalho interdisciplinar dentro dos cursos de formação docente, o que é uma realidade em nosso país mas, em que medida essa dificuldade em pensar interdisciplinarmente não é apenas um reflexo do nosso atual sistema de ensino básico?
ResponderExcluirÉ um ciclo que ainda não foi quebrado e que precisa ser, os alunos se formam em um ensino básico que não consegue trabalhar de forma interdisciplinar, chegam às faculdades com aquele pensamento fechado e permanecem nos cursos tendo uma formação fechada dentro de uma área do conhecimento e, quando chegam às escolas, reproduzem os mesmos parâmetros de ensino que tiveram na sua formação básica e superior. Como podemos quebrar isso? Onde devemos focar nossos esforços, no ensino Básico ou no Superior?
Não sei se meus questionamento encaixam na discussão específica da sua pesquisa sobre história Asiática, mas, mesmo assim, precisava expor essa dúvida constante que o seu texto fez renascer nos meus pensamentos.
Grato,
Leandro Moraes Nunes.
Boa tarde, parabéns pelo trabalho, realmente pouco se discuti sobre a história oriental nas salas de aula, inclusive os livros didáticos pouco abordam a temática, você acredita que além das soluções citadas no texto, outra solução interessante também seria esse professor de história desenvolver outros materiais didáticos sobre Ásia desconstruindo certos preconceitos?
ResponderExcluirPriscila de Fátima Costa
Olá Priscila,
ExcluirAchei ótima tua ideia. Em uma resposta para outro comentário eu havia sugerido a criação de um espaço de troca para os professores, como um site, blog, comunidade, enfim, algo que facilitasse a troca de materiais, fontes e metodologias do ensino da Ásia. Seria maravilhoso se junto à isso os professores postassem textos críticos e produzissem material de qualidade. Isso iria se configurar em um enorme avanço. Obrigada pela leitura.
Um abraço.
Cyanna Missaglia de Fochesatto.
Olá Cyanna! O seu trabalho é fundamental para aprofundarmos a construção de uma História da Asia, um campo de trabalho ainda incipiente no Brasil, como disciplina curricular. Parabéns!
ResponderExcluirOlá, Jorge. Muito obrigada pelas palavras e pela leitura do texto.
ExcluirUm abraço
Cyanna Missaglia de Fochesatto
Olá! Achei muito interessante sua colocação, realmente é um grande desafio trabalhar coma história da Ásia, principalmente devido as poucas informações contidas nos livros didáticos. Na sua opinião, será que todos professores estão preparados para trabalhar com o continente asiático de maneira interdisciplinar? Salienta-se que na Universidade o tema é pouco trabalhado nos cursos de História. E nos demais cursos de licenciatura o tema é trabalhado? Qual é a visão da autora em relação a interdisciplinaridade para abordar o ensino da História da Ásia?
ResponderExcluirRoziane Belinski
Olá Roziane,
ExcluirAcredito que não... nem todos... e eu diria até que a grande maioria dos professores não estão preparados para trabalhar uma história do continente asiático de forma interdisciplinar, principalmente pela precariedade do ensino superior nessa temática. Acredito que de modo geral a Ásia é pouco trabalhada em todas as licenciaturas, principalmente porque não se tem muitos especialistas nessas temáticas trabalhando no ensino superior. Essa carência reflete na formação e consequentemente no desempenho do docente. Dessa forma, o trabalho interdisciplinar acaba também sendo um desafio. A formação continuada é um dos caminhos para vencer essas deficiências. Obrigada pela leitura. Um abraço.
Cyanna Missaglia de Fochesatto
Boa tarde Cyanna. Muito bom seu trabalho, realmente é difícil trabalhar com alguns aspectos da história asiática, sendo que há livros que ainda trazem ideias relacionadas a visão dos colonizadores. Para abordar o tema de maneira adequada é necessário pesquisar bastante e levar para a sala de aula vários materiais diferenciados para que os alunos passem a entender a realidade das pessoas que viviam e vivem naquele continente. Como ressaltado no texto, o MEC exigiu que os currículos fossem adaptados a fim de inserir no ensino básico de todas as disciplinas a história da Ásia , porém não ofereceu meios para que houvesse uma capacitação adequada para os professores. Quais meios os professores das disciplinas, inclusive as exatas podem adotar para facilitar o trabalho?
ResponderExcluirInês Valéria Antoczecen.
Olá, quais livros você poderia me indicar a respeito da educação asiatica?
ResponderExcluirDouglas Augusto da Silva
Olá!!!
ResponderExcluirO trabalho desenvolve a reflexão do ensino. Neste sentido, como estabelecer a prática e as metodologias nas atividades interdisciplinares sobre a História da Ásia na Educação Básica?
Julio Junior Moresco