Katia Maria Paim Pozzer

ALTERIDADE E IDENTIDADE NO IMPÉRIO ASSÍRIO
Katia Maria Paim Pozzer

Car@s leitor@s: infelizmente, a Prof. Katia não pode participar dos debates, por uma série de razões difíceis que requisitam sua atenção imediata. Tornamos público o nosso agradecimento à prof. Pozzer pela sua contribuição ao Simpósio, e informamos que todas as perguntas feitas ao seu texto foram registradas e aferidas para presença. Agradecemos igualmente a tod@s @s leitor@s por suas contribuições, que tornaram esse debate rico e proveitoso!
Obrigado!
C. Org. SimpOriente 2017

Introdução
A historiografia sobre a antiga Mesopotâmia nos apresenta uma sociedade integrada com uma cultura e uma linguagem comum, mas isto está longe de corresponder a verdade histórica. As fontes epigráficas e iconográficas nos mostram uma grande diversidade étnica e cultural que ocupava o território que convencionamos dar a unidade de Mesopotâmia. Ali viveram povos diferentes, nômades e sedentários, que entraram em guerra muitas vezes, ao longo dos três milênios de história antiga na região, como os sumérios, acádios, babilônicos, assírios, amorritas, elamitas, cananeus, fenícios, cassitas, hurritas, hititas, entre outros. Portanto, podemos afirmar que o “homem mesopotâmico” nunca existiu! Como afirma J.-J. GLASSNER (2002, p. 24): “a Mesopotâmia é uma terra de mestiçagem, as culturas que ali existiram são culturas mestiças”.

Observamos que nesta história de longa duração, a Mesopotâmia oscilou entre a unificação e a atomização do poder e isto teve consequências culturais importantes como: o bilinguismo praticado na metade sul, onde dominavam o acádico e o sumério; a sobrevivência de textos antigos graças às escolas e suas práticas pedagógicas de recopiar as grandes séries de listas lexicais, listas de presságios de hepatoscopia e astrologia, textos religiosos, literários e históricos e a constituição de bibliotecas que conteriam “o saber universal” por reis assírios que edificaram grandes impérios. Nas ruínas de Nínive foi encontrado o corpus literário mais completo e melhor preservado, composto, sobretudo, de textos da tradição babilônica, graças à grande empreitada de reunião da documentação sapiencial e religiosa feita pelos reis assírios sargônidas. O exame detalhado da biblioteca de Assurbanipal, em Nínive, mostrou que a maioria dos textos eram de caráter literário ou mitológico e a maior parte das bibliotecas oficiais ou privadas possuíam longos excertos ou a integralidade das grandes obras literárias mitológicas babilônicas: Enûma Eliš, Epopeia de Gilgameš, Epopeia de Erra, A descida de Ištar aos Infernos, Atrahasîs, entre outras. Todos esses documentos são obras que evidenciam esta importante diversidade cultural, étnica e linguística que existia na região.

O império neoassírio foi um Estado multiétnico composto por inúmeros povos e tribos de origens diferentes (POSTGATE, 1992). Não obstante sua diversidade étnica, ele foi uma entidade política uniformemente estruturada com limites bem definidos. Os reis assírios consideravam "a terra de Aššur" como um território unificado e em expansão. Para o mundo exterior, ele era da mesma forma considerado como um todo aglomerado, monolítico, cujos habitantes foram identificados como assírios, independentemente de suas etnias.

O Imperialismo Assírio: algumas considerações teóricas
A Assíria estava localizada na região da planície entre o norte do rio Tigre e do rio Eufrates, conhecida como a Alta Mesopotâmia. Importantes cidades desta região, como Nínive, Arbela e Aššur foram reunidas no II milênio AEC para formar o estado assírio (Fig. 1). A fase considerada de apogeu do império foi de 721 à 630 AEC, sob os reinados de Sargão II, Senaqueribe, Esarhadon e Assurbanipal. Neste período, conhecido como “pax assyria”, a Assíria dominou as potências rivais e estabilizou a organização interna do império. A superioridade do poder militar que garantiu a hegemonia assíria, estava baseada na ideia da vontade do deus Aššur em realizar estas conquistas (Fig. 1). A expansão assíria foi construída em termos morais e teológicos: era correto e apropriado que os povos vizinhos se submetessem à autoridade assíria, pois isto era sancionado pelos deuses. E a resistência à soberania assíria era entendida como resistência à vontade divina e castigada duramente.


Fig. 1 - Mapa da região da Mesopotâmia.
Fonte: adaptado de
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c1/Map_of_Assyria.png


Todos os territórios e povos conquistados estavam incluídos no império assírio, na categoria de cliente ou de província, porém havia uma diferença entre a identidade nacional e étnica assíria e a identidade do império assírio. Um povo que mantivesse uma relação de clientela era visto, política e ideologicamente, como inferior, já os povos conquistados e anexados como uma província, tornavam-se parte integrante do império assírio e eram assimilados à identidade étnica assíria (BEDFORD, 2009, p.61). E esta prática é referida por vários soberanos assírios, como testemunha este texto dos Anais de Sargão II (Fuchs apud LIVERANI, 2008, p. 192):

“Gente das quatro partes do mundo, de língua estrangeira e de idioma incompreensível, habitantes de montanhas e de planuras, todos os súditos da luz dos deuses e senhor de tudo, eu os transportei por ordem de Aššur meu senhor e pelo poder de meu cetro. Eu os fiz se tornarem de uma só língua e os insidiei ali. Designei-lhes assírios como escribas e vigilantes, capazes de lhes ensinar o temor de deus e do rei.”

Segundo LIVERANI (2008, p. 192): "O objetivo final é uma assimilação linguística, cultural, política o mais completa possível, de modo a transformar os vencidos em assírios". Mas do ponto de vista local, das populações conquistadas, isto representava um processo de perda de identidade cultural extremamente grave. Antigos centros urbanos importantes, com uma produção econômica e cultural próprias passavam para a condição de simples centros administrativos provinciais, tendo por função a arrecadação de recursos humanos e materiais para a capital do império, perdendo assim sua autonomia e identidade cultural.

Multiculturalismo e Identidade
No final do III milênio AEC os mesopotâmicos criaram uma imagem da terra e de seus habitantes segundo a qual existiria um centro urbano altamente civilizado, povoado de seres humanos, ao qual se oporia uma periferia subdividida em quatro zonas orientadas segundo os pontos cardeais e que seriam povoadas de bárbaros. Esses últimos eram caracterizados segundo critérios negativos: viviam fora dos espaços domésticos, tinham pouca inteligência, suas línguas eram balbúcios confusos, ignoravam a agricultura, os alimentos cozidos, as bebidas fermentadas e a etiqueta à mesa, desconheciam as casas e as cidades, assim como as sepulturas, e não manifestavam nenhum respeito pelos deuses. (GLASSNER, 2002, p. 93-94). Assim, no império assírio esse conceito foi retomado e atualizado, tendo os assírios como o centro da "civilização".

Um exemplo de documento que faz uma importante distinção entre assírios e não-assírios, ao abordar a questão da presença de tropas auxiliares de origem estrangeira no exército assírio, é uma carta enviada ao rei Sargão II. Nela a presença de elementos de origem estrangeira evidencia que o exército teria sido transformado, ao longo do tempo, em um organismo plenamente multiétnico. Trata-se de uma carta enviada por um oficial à Sargão II, enumerando os efetivos no acampamento de Mazamua, cidade situada na fronteira oriental que separava a Assíria dos territórios dos Manaeus (FALES, 2010, p.145-151):

“Para o que se refere a ordem que o rei, meu senhor, me deu, "faça uma revista das tropas de Mazamua e escreva-me", (então): 10 carros, 2 carroças de transporte, 10 arreios de cavalos; 10 arreios de mulas: um total de 20 arreios, 97 cavalos de sela, 11 cocheiros de carro (mukil appāte), 12 "terceiros homens" [da equipe do carros] (tašlišu), 10 chefes de carro (mār dammaqūte); 53 cavalariços (susānu); [20] chefes de arreios (rab urāte) - no total 106 homens de carros. 161 cavaleiros (ša pethallāte), 130 cavalariços (susānu); 52 zunzurahhu: no total 343 susānu (?). 8 lacaios, 12 talhadores, 20 copeiros, 12 lojistas, 7 padeiros, 10 cozinheiros: um total de 69 domésticos. 8 sábios (ummānu); 23 condutores de asnos; 1 oficial de serviços de informações; 80 soldados de infantaria (kallāpu). No total 630 assírios. 360 gurreanos; 440 itueanos. Total geral, 1.430 homens da tropa do rei, incluídos aí aqueles que estavam lá antes e aqueles de me trouxeram ajuda no campo” [trad.nossa].

Os gurreanos e os itueanos são etnônimos que correpondem, respectivamente, à pessoas de origem nômade da região à leste do Tigre e à um conjunto étnico arameu que tinha combatido no baixo Tigre para Tiglat-phalasar III. A documentação nos permite afirmar que tropas estrangeiras faziam parte do exército assírio desde o século IX AEC, muito anterior ao comumente aceito como sendo o período de Tiglat-phalasar III (745-727 AEC) o período da iniciativa de integração de estrangeiros nas forças armadas assírias, como o pioneiro na constituição do império.

A iconografia dos relevos assírios do I milênio AEC apresenta esta diversidade étnica da Mesopotâmia sob inúmeras formas. A principal delas é composta pelos relevos que tratam da guerra, onde diferentes populações são retratadas: soldados estrangeiros mortos nos campos de batalha; população civil capturada e deportada; soldados e oficiais assírios; eunucos da comitiva real, reis estrangeiros; funcionários assírios e alguns exemplos de representação de mulheres, quase sempre como cativas, algumas acompanhadas de crianças e, mais raramente, as rainhas assírias.

Julian READE (1972, p. 87-112 apud FALES, 2010, p. 146, n. 100) foi o primeiro a identificar a presença de elementos estrangeiros auxiliares no exército assírio nas representações dos baixos-relevos. Os critérios desta distinção eram simples: os soldados que portam um elmo pontudo eram assírios, os que tinham um elmo de outro tipo ou não tinham elmo, com os cabelos presos por uma fita e portavam saias curtas de franjas faziam parte das tropas auxiliares. Segundo o autor, os gurreanos e os itueanos eram mencionados juntos em vários textos, devendo-se identificá-los como lanceiros auxiliares e arqueiros auxiliares, respectivamente.

O detalhe abaixo (Fig. 2) apresenta uma diversidade étnica na composição do exército assírio. Trata-se do relevo conhecido como "A Batalha de Lakiš".


Fig. 2 – Relevos de Lakiš
Fonte: Museu Britânico, Londres - Foto da autora

Esse relevo, com cerca de 18m de comprimento e 2,7m de altura, foi descoberto por Henry Layard em 1853 e está, atualmente, no British Museum, em Londres. Esta é a série mais longa e mais detalhada dos relevos assírios que retratam a conquista de uma única cidade fortaleza. Estes relevos se referem as batalhas realizadas com o objetivo de conter a revolta palestina contra os assírios em 705 AEC, quando os exércitos do Egito, da Fenícia, da Palestina, sob o comando de Judá, estiveram envolvidos na rebelião. (OTZEN, 1979, p. 258).

O tratamento dado aos prisioneiros e aos deportados é mencionado em inúmeros documentos, sejam eles epigráficos ou iconográficos - as inscrições reais e os baixo-relevos. Assurnazirpal II (883-859 AEC) foi o primeiro monarca a relatar estas práticas e narrar as deportações sistemáticas de populações das regiões conquistadas. Todos os outros soberanos que se seguiram continuaram realizando narrativas similares. Mas é preciso analisar criticamente estes documentos, pois há uma boa dose de propaganda política e os dados numéricos parecem muito exagerados. (ODED, 1979, p. 41)

Um exemplo desta propaganda é o texto que encontra-se nos Anais de Assurnazirpal II, linhas 109-115 (TALON, 2001, p. 29):

“Eu me aproximei da cidade de Uda, fortaleza de Lapturi, filho de Tupusi. Eu sitiei a cidade e a conquistei por meio de brechas, de torres e todos as máquinas de sitiamento. Eu passei pela armas 1.400 de seus guerreiros e capturei vivos 780. Eu fiz sair [da cidade] 3.000 prisioneiros como butim. Eu empalei os soldados vivos sobre estacas no exterior da cidade, a uns eu os ceguei, o restante, eu os desenraizei e os deportei para a Assíria. Eu fiz minha esta cidade”. [trad.nossa]

Identidade e integração
A deportação, para os assírios, era muito mais do que um deslocamento de populações servis. A deportação era a incorporação de novos indivíduos à sua sociedade, que passavam a pertencer, também, à sua cultura e religião. Observa-se que as deportações não se referem somente à família real e à corte palatina, que por acaso são tratadas à parte, mas também à população agropastoril, das vilas e das pequenas cidades ("homens e mulheres, grandes e pequenos"), ainda que houvesse especial atenção no registro de competências de trabalho de caráter especialista (LIVERANI, 2008, p.192).

No I milênio AEC o império assírio e o babilônico praticaram uma política para dominar os povos vencidos: a deportação massiva. Os reis assírios a partir de Tiglat-Piliser III sistematizam esta prática antiga. O objetivo era quebrar toda resistência nacional operando uma vasta integração. É assim que os habitantes de Sidon partem para a Assíria, os de Samaria para a bacia do Habur, na Síria do norte, 150.000 arameus da Babilônia do sul são dirigidos para o nordeste, os babilônicos vão habitar a Samaria onde encontram os árabes, etc. As populações deportadas reencontram suas famílias, seus hábitos e conservam seu status, mas são desenraizadas. Kalhu é povoada de arameus e de sírios; Dur-Šarrukin, segundo as palavras de Sargão, acolhe pessoas orginárias de todas as partes do mundo e falam todo o tipo de línguas. [Há indícios que a prática da "deportação cruzada" (pessoas de diversos lugares sendo deslocadas ao mesmo tempo) teria envolvido cerca de 4,5 milhões de pessoas entre 830 e 640 AEC (LIVERANI, 2008, p. 193)]

As regiões assim povoadas eram arruinadas pela guerra e era feito um grande esforço para ampliar as terras cultivadas. Em todo o lugar os sítios em ruínas são reconstruídos, às vezes embelezados e aumentados antes de serem reocupados. Assim a questão da segurança do império tornava-se um prolongamento econômico. Esta política é testemunha do esforço de integração dos reis assírios: os deportados são tratados como assírios, tanto no plano jurídico como no plano social, pois são estrangeiros vencidos.

É a partir de Senaqueribe que a terminologia das inscrições oficiais muda e não faz mais referência a integração dos estrangeiros, eles agora são contabilizados como butim de guerra. Fica claro que trata-se de um tipo de escravidão, ainda que não exista o termo específico para designá-lo.

O Estado neoassírio do século X ao VIII AEC parece ter sido capaz de manter um aparato administrativo que, embora apoiado em um certo bem estar social e identidade étnica, era baseado em uma crença religiosa unificada no culto de Aššur. Os elevados tributos, que garantiram uma base estável para a manutenção deste aparato estatal, estavam integrados no sistema de vassalagem e dependência da dinastia real e do culto de Aššur, que era deliberadamente introduzido no panteão dos povos conquistados. O sistema hegemônico estava ligado à questão da força e do prestígio do império, isto é, ao seu poder (BEDFORD, 2009, p. 54). No entanto, podemos questionar o quanto, efetivamente, a massa da população do império compartilhava a identidade assíria?

Acreditamos que, muito antes da ascensão dos nacionalismos no século XIX, as sociedades antigas já possuíam uma concepção de identidade nacional que estava associada à ideia de uma identidade coletiva nacional e relacionada à subjetividade do indivíduo e suas origens étnicas.

PARPOLA (2004, p. 6) afirma que as identidades nacionais e étnicas não eram exclusivas ou excludentes, pois a maioria dos habitantes das cidades era multiétnica. A extradição de fugitivos e refugiados políticos era uma cláusula padrão nos tratados da Assíria e um tópico recorrente na correspondência administrativa. Estes documentos evidenciam que o termo "território da Assíria" denota áreas permanentemente incorporadas no sistema provincial da Assíria, ao contrário dos Estados Aliados e dos não-vassalos, que tinham suas próprias fronteiras.

A presença de comunidades étnicas no país de acolhimento poderia ter ajudado a manter as identidades étnicas de imigrantes e seus descendentes, mas não pode retardar ou reverter o processo de assimilação. A consciência étnica está relacionada com a educação, de modo que as pessoas educadas podem cultivar uma identidade étnica herdada ou adotada após o limite crítico de três gerações (PARPOLA, 2004, p. 7, n13). Esse processo também está relacionado com a discriminação social e a perseguição, pois as minorias étnicas oprimidas e perseguidas podem desenvolver identidades mais fortes do que as outras não perseguidas.

Segundo PARPOLA (2004, p. 8), não há dúvidas que a Assíria permaneceu como uma sociedade multiétnica e muitas das suas minorias étnicas parecem que mantiveram suas identidades, ao menos em certa medida, até o fim do Império. Inúmeros documentos legais de Aššur, Nínive e Katlimmu, de períodos mais recentes, mencionam cidadãos assírios identificados, a partir de seus nomes, como egípcios, judeus, árabes, anatólios e iranianos. Contudo, é preciso questionar quanto esses nomes étnicos refletem uma verdadeira consciência étnica. A partir do VIII século AEC em diante, etnônimos como: Arbāyu para "árabe", Mādāyu para "Meda", Muṣurāyu para "egípcio", e Urarṭāyu para "Urarteano" aparecem frequentemente como nomes de pessoas totalmente assirianizadas, indivíduos ricos em altas posições sociais e políticas.

Por outro lado, é inegável que a partir da segunda metade do segundo milênio AEC, a população do interior do sistema provincial do império foi sujeita a um processo contínuo e sistemático de assimilação e integração. A política de deportações em massa introduzida por Assurnazirpal II, do que continuou em uma escala muito maior por Salmaneser III, Tiglat-Pileser III e a dinastia sargônida, mudou completamente o mapa político, demográfico e linguístico do Antigo Oriente Próximo.

Um elemento crucial e notório do processo de aculturação foram as deportações que teriam uma dupla finalidade. Repovoar campos de cidades assírias que haviam sofrido com um acentuado declínio da população devido às campanhas militares, convenientemente instalavam-se grupos de campesinos nos campos assírios adquirindo-se competências técnico-artesanais para os trabalhos de construção e para o funcionamento da corte. (LIVERANI, 1995).

Entre 830 e 640 AEC, cerca de 4,5 milhões de pessoas de todas as partes do império foram retiradas de suas casas e se estabeleceram em outros lugares, principalmente na região central da Assíria e nos grandes centros urbanos. Essas deportações, que originalmente tiveram objetivos puramente políticos e econômicos, acabaram tendo um impacto muito grande nos aspectos linguísticos, sociais e culturais. (ODED, 1979, p. 20).

A partir de meados do século VIII AEC o aramaico tornou-se a língua franca em todo o império (GARELLI 1982). Concomitantemente, a administração assíria começou a utilizar o alfabeto aramaico com a escrita cuneiforme. Escribas arameus escreviam sobre rolos de papiros ou pergaminho, ao lado dos escribas assírios que utilizavam tabletes de argila ou placas de madeira parafinadas (Fig. 3).

Fig. 3 – Escribas em Til-Bosippa (Tell Ahmar), século VIII AEC.
Pintura mural, H: 1, 40m.
Fonte: Parrot, 2007, p. 256

Salientamos que a deportação assíria foi de homens juntamente com suas famílias e eles ainda tendiam a manter a comunidade estruturada dos deportados para transporte e reassentamento dos grupos de acordo com a geografia, e através de acordos nacionais que preservaram afinidades culturais (Fig. 4). Deportavam-se famílias inteiras, comunidades homogêneas, justamente para manter alto o moral e a vontade de viver e de trabalhar. (LIVERANI, 2008).


Fig. 4 – Detalhe, deportados - Lakiš
Fonte: Museu Britânico, Londres - Foto da autora

Conclusão
O estudo do mundo antigo oriental nos mostra a importância das imagens para este povo da antiguidade, os assírios revelam através da arte parietal não somente suas conquistas bélicas, mas sua interpretação do mundo. Através do estudo destas fontes iconográficas pode-se entender que os relevos não são uma tradução pictórica dos textos, mas que existe uma complementaridade, uma associação de dois modos de expressão. Neste sentido se percebe o quanto as reflexões sobre estes monumentos ensejam cotidianamente a pesquisa e a novas interpretações do universo assírio. Para os assírios a arte não era somente o ato de esculpir o alabastro, mas sim de enaltecer o poder da memória a fim de eternizarem-se no tempo.

A deportação foi um dos temas preponderantes dos relevos, pois através da imposição da supremacia, seja na força das batalhas ou nos adornos dos palácios, os assírios assumiam a missão divina de transformar os povos conquistados em assírios, tendo em vista que se consideravam o centro do mundo. A construção da imagem real fazia parte de um discurso impregnado de vitórias que legitimavam a assimilação linguística e cultural imposta.

As deportações maciças das pessoas estrangeiras na Assíria e a reorganização das áreas conquistadas como províncias assírias, trouxeram grande número de novas pessoas submetidas à uma influência cultural direta e crescente. Os povos das províncias recém-estabelecidas se tornaram "cidadãos" assírios (ODED, 1979, p. 81-91). Enquanto o processo de assirianização posto em curso andou mais rápido nas grandes cidades da Assíria central, ele deve ter prosseguido mais lentamente nas novas províncias. Suas classes dirigentes foram deportadas para a Assíria e substituídas por administradores assírios. Suas capitais, que tinham sido saqueadas, foram reconstruídas segundo o modelo assírio de urbanização e arquitetura e suas populações locais foram mescladas com outros deportados provenientes de outras partes do império.

O intenso processo de aculturação assim iniciado durou por um período de mais de duzentos anos. Ele foi impulsionado pelos casamentos mistos, pela participação conjunta em expedições militares, pela criação de negócios e pela contínua interação entre todos os segmentos da população, em todos os aspectos da vida cotidiana. Ao mesmo tempo ocorreu o desenvolvimento do aramaico como língua franca e o uso do alfabeto aramaico na administração do Império, e a população, que era originalmente heterogênea, se tornou cada vez mais social e culturalmente homogênea (JOANNÈS, 2001, p. 64). No final do século VII AEC, a Assíria foi dividida em dois grandes grupos linguísticos: de um lado, os que falavam aramaico e, de outro, os que falavam acádico.

O próprio nome do país, "Terra de Aššur", denota a concepção de um reino cuja divindade principal está separada do restante do mundo. Ele era, originalmente, somente uma província em torno da cidade de Aššur, mas cresceu com a adição de novos territórios. Cada nova província foi transformada em parte integrante da original "Terra de Aššur", e seus povos se tornaram cidadãos assírios regulares: tinham segurança e prosperidade, eram iguais perante a lei e podiam apelar diretamente para o rei, se fosse necessário.

A noção inerente de "nós" contra "todos os outros", que veio com esta dicotomia reforçou a ideologia dualista do Império, que viu a Assíria como o reino do deus Aššur encarregado de espalhar a luz da civilização para o mundo que o rodeia. O estudo da construção de identidade no império assírio nos permite concordar com Jan ASSMANN (2010, p. 125) quando diz que:

“Um sistema simbólico comum permite a formação da identidade coletiva, isto é, a consciência de pertencimento a um grupo social, que depende de um saber e de uma memória comuns. É possível incluir neste sistema simbólico não só a linguagem, mas também "ritos, motivos e ornamentos, monumentos, imagens. Tudo pode tornar-se signo para codificar este caráter comum." [trad.nossa]

O objetivo estratégico de longo prazo da Assíria, portanto, não foi a criação de um império sustentado por armas, mas uma nação unida por um rei semidivino percebido como a fonte de segurança, paz e prosperidade. Este objetivo foi conseguido através de uma assimilação e integração sistemática implementada por uma política orientada para atenuar as identidades étnicas dos povos conquistados e substituí-las por uma identidade coletiva assíria.

Referências
Kátia Pozzer é Doutora em História pela Université de Paris I – Panthéon-Sorbonne, docente do Bacharelado em História da Arte e do Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS, Brasil. E-mail: katia.pozzer@ufrgs.br
Uma versão modificada deste artigo foi originalmente publicada na Revista LIMES 27, 2016, p. 11-31.

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SERRES, R.S.; OLIVEIRA, S.T.; SILVA, S.S.; LIMA, J.S.; POZZER K.M.P. A Tecnologia da Guerra nos Relevos Neo-Assírios. In: Revista de Iniciação Científica da ULBRA. n.7, 2008.p. 169-179.
TALON, Ph. Annales Assyriennes. Bruxelles: E.M.E., 2011.

20 comentários:

  1. Bom dia! No Brasil prevalece a história eurocentrica por isso a história do Oriente e do Oriente Médio é pouco estudada. Minha dúvida é com relação ao assírios é a seguinte: como eles conseguiram formar um império com vários povos diferentes?

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  2. Boa tarde! (Os textos da Pozzer lembra minha professora de História Antiga que sempre usa! rsrs)
    A minha pergunta é também em relação à formação desse império com uma diversidade gigantesca de povos diferente, mas com o intuito de entender tal trecho: "O objetivo estratégico de longo prazo da Assíria, portanto, não foi a criação de um império sustentado por armas, mas uma nação unida por um rei semidivino percebido como a fonte de segurança, paz e prosperidade." (POZZER, 2016)
    Porque se tem essa ideia hipotética de "um império sustentado por armas"?
    Eduarda Oliveira Silva
    eduardaoliveira1986@gmail.com

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  3. Boa tarde! Já estudei os assírios no semestre passado, e sempre tinha os percebidos como um povo militar ( tal como foi dito no último parágrafo). Eles eram um povo, como consta a pesquisa, muito mais preocupado em fazer "uma nação assíria", por que são estudados como meros saqueadores e militarizados? E outra pergunta, existia uma diferença até mesmo no processo de aculturação entre classes sociais? Alguma era mais "rápida" que a outra?
    Anna Victoria de Souza Lage
    annavicslage@hotmail.com

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  4. José Petrúcio de Farias Júnior9 de outubro de 2017 às 15:29

    Prezada Prof. Pozzer

    Grato por nos brindar com a sua conferência em torno dos assírios. É importante destacar que há poucas referências bibliográficas em língua portuguesa sobre diversos temas de História Antiga e, sem dúvida, a sua contribuição ao longo dos anos tem sido muito bem-vinda.
    Para incitar o debate, proponho uma reflexão: como historiador percebo que a relação mútua de solidariedade entre projetos políticos e narrativas mítico-religiosas tem sido destacada pela historiografia.
    A importância quanto à integração político-cultural sobretudo entre o governante, os sacerdotes, os escribas, os soldados têm demonstrado os esforços daqueles que ocupam espaços de poder pela manutenção de uma ordem social (isso inclui o uso da literatura e da arte pública).
    Nesse sentido, o 'outro' e seus modos de agir e pensar representam em geral uma ameaça ou desconforto já que propõe outras visões de mundo e expectativas sobre a vida. Você nos mostra que os grupos étnicos que habitaram a Mesopotâmia perfazem sociedades plurais e multifacetadas que devem ser vistas menos a partir do binômio 'nós' e os 'outros' e mais a partir de processos de integração e assimilação cultural.
    Gostaria de saber em que medida tal interpretação é produto de motivações contemporâneas (de respeito às diferenças e minimização de marcas de exclusão) e se há mais evidências documentais que sinalizam marcas de diferenciação social dos grupos 'federados' dentro do exército assírio. (minha pergunta foi motivada por vários movimentos de resistência noticiados dentro do império Assírio)

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  5. Boa Noite! A minha pergunta tem relação com as anteriores, como se deu a formação desse império? E uma outra duvida é;sobre esse trecho; Portanto, podemos afirmar que o “homem mesopotâmico” nunca existiu! Como afirma J.-J. GLASSNER (2002, p. 24): “a Mesopotâmia é uma terra de mestiçagem, as culturas que ali existiram são culturas mestiças”.
    Gostaria de entender melhor essa parte.

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  6. Boa Noite! A minha pergunta tem relação com as anteriores, como se deu a formação desse império? E uma outra duvida é;sobre esse trecho; Portanto, podemos afirmar que o “homem mesopotâmico” nunca existiu! Como afirma J.-J. GLASSNER (2002, p. 24): “a Mesopotâmia é uma terra de mestiçagem, as culturas que ali existiram são culturas mestiças”.
    Gostaria de entender melhor essa parte.
    Luciana dos Reis

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  7. Boa tarde!Gostaria de tirar uma duvida em relação a língua aramaica, essa teve influencia dos Judeus babilônicos?
    att;
    Luciana dos Reis de Santana.

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  8. Maria Josilda Ferreira da Silva

    Boa tarde professora Katia, gostei muito do seu texto porque traz um conhecimento historiográfico muito rico para o mundo contemporâneo educacional. Embora o mesmos nos apresente uma abordagem histórica de longa duração, ele menciona três conceitos que está sendo bastante discutido nas academias, Alteridade, Identidade e Linguagem. Mas percebo que os termo vem sendo pouco discutidos na escola básica. Como podemos trabalhar esses conceitos no ensino Fundamental e Médio atualmente?

    Maria Josilda Ferreira da Silva

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  9. Não há dúvidas que tal sociedade permanece como uma sociedade multiétnica e muitas de suas minorias étnicas parece que mantiveram suas identidades,está minoria foi sujeita a um processo contínuo e sistemático de assimilação e integração.Prova disto foram a deportações.O Império Assírio nada mais foi do que uma grande diversidade étnica e cultural.
    Indo de encontro a muitos dos caros colegas fica a minha pergunta como um povo formado por multiculturalismo e identidade diversas conseguiram formar um império?

    Roziane Alves de Oliveira

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  10. Olá Kátia. Seu texto é muito rico em informações que muito podem servir para o debate sobre diversidade cultural na atualidade, inclusive para além do próprio espaço geográfico retratado. Dentro da atual historiografia brasileira muitos são os autores que questionam a concepção de miscigenação das três raças - branca, indígena e negra -, apontando para uma sobreposição dos valores do mundo europeu (branco) sobre as demais. Nesse sentido, podemos fazer esse mesmo paralelo com o contexto do caso assírio debatido no seu texto? Obrigado!

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  11. Vimos mediante a leitura do texto um esforço por parte dos assírios em construir uma consciência assíria nas populações deportadas e que isso de imediato trazia uma crise de identidade nesses. Apesar de inferir que certamente a capacidade de resistência desses povos cativos se encontrava fragilizada, há relatos, ou mesmo era possível uma insurreição por parte desses?

    Ass: Waldiney da Silva Marinho

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  12. Olá, boa noite a todos e todas.

    As questões que pensei foram as seguintes:

    1. Não seria anacrônico usar o conceito de “bárbaro” para não-assírios? Não sou especialista no assunto mas o termo não é aplicado aos povos que viviam além das fronteiras do império romano?
    2. Quando o texto se refere aos gurreanos e itueanos, afirma também: “A documentação nos permite afirmar que tropas estrangeiras faziam parte do exército assírio desde o século IX AEC...”. Aqui gostaria de contribuir questionando a referência para tal afirmação, considerando que a autora não destacou a informação, a que documentação se refere?


    Airton Fernandes de Matos Filho.

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    1. Não seria anacrônico amigo. A palavra "bárbara" pode se referir inclusive aos nossos dias quando se refere a pessoas que cometem atrocidades aos outros. Tanto aos povos romanos quanto qualquer outro que fossem violentos, agressivos e cruéis no modo de suas conquistas eram sim chamados desse termo "bárbaros" para enfatizar a ideia de selvagem.

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  13. Olá a todos.
    O Império Assírio ainda é pouco estudado nas escolas de ensino fundamental e médio, sempre sendo visto em torno de 2 horas sobre esse tema.
    Geralmente os livros trazem o destaque do poder militar do Assírios, nada consta sobre essa formação cultural de promover a expansão do Império com os povos "conquistados", principalmente com os casamentos e laços de união, como foi citado no texto. Então a principal forma de crescimento e poder Assírio decorreu da sua incorporação dos demais povos.
    Mas como poderemos trabalhar isso em sala de aula sem um apoio com mais fontes?
    A senhora não acha que deveria ocorrer uma reformulação nos livros didáticos no que se refere aos Assírios?
    Tem alguma possibilidade de envio de materiais sobre os Assírios para os participantes desse fórum?
    Obrigado e parabéns pelo trabalho.

    Anderson da Silva Schmitt

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  14. Primeiro gostaria de parabenizar pelo excelente texto que trouxe muitos esclarecimentos sobre o modo de organização do império assírio.Gostaria de saber por que os livros didáticos destacam apenas o caráter violento e guerreiro dos assírios?

    Noádia da Costa Lima
    noadinha07@gmail.com

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    Respostas
    1. Olá Noadia, os livros didáticos com que eu trabalho sim, o destaque principal é a militarização dos Assírios. Geralmente dito como uma nação de servos e não de cooperação com a Katia nos informou, ele não mencionam o processo de identidade que vai sendo criado entre os povos, criando assim a expensão do Império Assírio.

      Anderson da Silva Schmitt

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  15. Boa tarde a todos. Amei o texto. Fonte extremamente importante que vai muito contribuir para meus conhecimentos. A pergunta que faço é a seguinte : como podemos seguir o exemplo assírio de que a união traz privilégios, gozo e harmonia entre diversos povos descrito no texto? Por que temos dificuldade em nos unir na diversidade? Abraços.

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  16. Começo dizendo que sempre me instiga textos sobre a História do Oriente, este então , me causou muito interesse.Minha dúvida este relacionada ao rei Senaqueribe.Gostaria de saber como era a relação dos assírios com os povos conquistados durante o reinado de Senaqueribe.No texto diz que a relação durante este período era como uma escravidão.Gostaria de saber mais a respeito.Quais foram os povos conquistados durante este período?Houv e alguma rebelião? Obrigada.


    Marcia Claudino dos Santos Ranquine

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  17. Boa noite a todos os participantes!!!

    Conforme afirmação da Profª Kátia Pozzer, o homem mesopotâmico, aquele cuja origem seja de fato a Mesopotâmia, nunca existiu, senão como fruto do cruzamento de raças e povos que vez por outra invadia e ocupava as terras daquela região.
    Fato é que, cada um desses povos tem suas características identitárias, traços que os distinguem uns dos outros e que, de certa forma, os torna único. Dentre os muitos povos que ocuparam a Mesopotâmia, quais teriam sido aqueles que mais influências deixaram na população local e quais dessas influências sobrevivem até nossos dias?

    Cordialmente,

    Heni Abdu Addi
    Acadêmico do 1º ano do Curso de História da Universidade Estadual de Maringá - UEM

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