Mariana Steiner Farias

A CONSTRUÇÃO DOS 47 RONIN COMO SÍMBOLO NACIONALISTA
Mariana Steiner Farias

O objeto deste ensaio é a construção cultural no entorno do acontecimento histórico conhecido como “A vingança dos 47 ronin”. Segundo Turnbull, “essa versão desavergonhadamente ficcional da história, envolve mudanças de nomes, datas e locais, é universalmente reconhecida pelo que ela realmente é: um clássico drama baseado em um relato ficcional de um acontecimento histórico real” (1970, p. 9)

O relato ocorreu no período histórico japonês conhecido como Xogunato, estima-se que tenha transcorrido entre 1701 e 1703, e foi transformado em um símbolo nacional na era Meiji, quando o governo japonês precisou recorrer ao “Japão tradicional” para “resgatar”, reler, reutilizar e reciclar símbolos, tradições e elementos culturais de períodos históricos anteriores ao período Meiji para criar uma identidade nacional perante a abertura das portas do país para o mundo ocidental.

O relato retrata a morte de Asano Takuminokami, um jovem daimyo, ou seja, um senhor de terras, cujas funções incluíam preparativos rituais e apoio militar ao Xogum. Ele havia sido ordenado pelo Xogum para realizar as festividades dos convidados do Imperador, vindos de Kyoto para visitar Edo. Asano procurou orientações com o conselheiro Kira Kozuke-no-suke, mestre de cerimônias do Xogum e cujo poder de influência era de um nível hierárquico superior. Kira, entretanto, tratou-o com malícia, manchando sua honra de samurai. Incapaz de aguentar o insulto, Asano desembainhou a espada contra ele, sem matá-lo. Na época, era estritamente proibido de sacar a espada dentro do castelo de Edo. Asano foi imediatamente preso e condenado ao seppuku, um ritual samurai de suicídio onde o condenado procura manter sua honra. Sua morte resultou na degradação de seus samurais a condição de ronin, que são samurais que perderam seus mestres. Com isso, os 47 ronin de Asano esperaram por quase dois anos após a sua morte para vingá-lo. Após a vingança, os ronin se entregaram ao Xogum, alegando terem finalizado seu legado como samurai, sendo, também, sentenciados ao seppuku.

Essa história foi popularizada por meio de um kabuki conhecido como Kanadehon Chushingura, a peça surge em 1748, produzido no período Edo. Kabuki é uma forma de teatro muito popular entre todas as classes sociais, fazendo assim, com que um conto que tenha sido adaptado para o formato de kabuki, se tornando extremamente conhecido.

A história dos 47 ronin tem sua importância, também, fora dos kabuki. Em Sengaku-ji – templo budista localizado em Tokyo, onde os restos mortais dos ronin e seu mestre se encontram – ocorrem entre 1 a 7 de Abril e 14 de Setembro festejos pela bravura, lealdade e honra dos ronin. Este ensaio trata da transformação de um acontecimento vingativo, violento e de desobediência ao governante em um símbolo de lealdade, dedicação, paciência e honra. Para isso, deve-se compreender alguns conceitos referentes a “nacionalismo”, “tradições”, “reciclagem de tradições” e “símbolos nacionalistas” em cada um dos períodos apresentados, Xogunato e Meiji.

Benedict Anderson (1983) define a “nação” como “uma comunidade política imaginada – e que é imaginada ao mesmo tempo como intrinsecamente limitada e soberana”, sendo imaginada como uma “imagem de comunhão” entre os seus membros, mesmo que esses conheçam apenas uma pequena parcela dos integrantes de sua “própria nação”.

Segundo Anne-Marie Thiesse (1999), a criação do nacionalismo é composta de vários elementos de um “check list” dos itens “necessários”. Um desses elementos apresentados pela autora é o Bildungsroman, onde a narrativa de formação do país é elaborada, dando um cenário e uma narrativa aos heróis e símbolos nacionais escolhidos. É a forma como o país será representado, a identidade que ele apresentará para si e para outros. No caso deste ensaio, a era Meiji utiliza dos “ heróis nacionais”, representados pelos 47 ronin, para auxiliar na elaboração do nacionalismo japonês.

Ao analisar o surgimento e a criação de uma nação, deve-se ter em mente que os elementos que a formam foram cuidadosamente selecionados, deixando assim, outras características e elementos esquecidos.

Utilizando as ideias de Hobsbawm (1997) em “A invenção das Tradições”, pode-se concluir que a “tradição” é uma forma de “continuidade em relação ao passado”, onde a “continuidade” pode ocorrer de forma artificial quando essa “tradição” está ameaçada ou perdida, ou de forma mais natural, quando ela é reciclada ou adaptada as mudanças na comunidade, sem perder sua essência. O período Meiji busca essa “continuidade” das “tradições” japonesas ao sentir que as mesmas estão ameaçadas pela cultura “ocidental” que estava sendo apresentada e absorvida pelo “Japão” em formação como nação.

Para que a tradição possa se tornar inventada, deve ocorrer uma ruptura entre o período em que ela era ativa e o período em que ela foi resgatada e reutilizada. Ao analisar o caso dos 47 ronin, deve-se entender que a “cultura samurai” ainda existia e estava em conflito com a nova forma de governo Meiji.

Mas, o que é um samurai?
Os “samurais” tiveram sua origem aproximadamente em 930 d.C. Eram originalmente coletores de impostos e servidores civis do império. Tinham ainda a capacidade de lidar com o campesinato, seja for força ou por respeito.

Apenas no século X o termo “samurai” recebe um significado, e o indivíduo samurai passa a ter funções militares, onde todos que tivessem condições de seguir os ensinamentos do Kobudo – conhecido como “arte marcial samurai” - seguir a moral da época e atender, por contrato, as demandas de seu senhor feudal.

O termo “samurai” significa “aquele que serve”. Seu papel era seguir rigidamente e moralmente seu dever para com os senhores feudais e o Imperador, em troca de pagamentos em terras, arroz ou privilégios, o que posteriormente facilitou sua transformação em uma classe social de alto nível.

É importante ressaltar que a “moral” do período se baseava em o indivíduo realizar e seguir as “regras” e atividades que sua classe social e seu trabalho demandavam. Caso isso não fosse feito, o samurai seria castigado e sentenciado ao seppuku.

“No período de Tokugawa, o seppuku era usado para punir guerreiros que haviam cometido ofensas graves. Mas era considerado uma maneira digna de morrer; de fato, samurais cometiam rituais de suicídio por livre e espontânea vontade para defender sua honra, para provar sua sinceridade ou protestar contra ações injustas de seus superiores”. (HANE, 1992, p. 29)

Xogunato do clã Tokugawa
Para melhor entender a utilização dos 47 ronin como símbolo nacional, uma rápida explicação sobre a era Tokugawa e a era Meiji é necessária.

O Xogunato de Tokugawa inicia em 1603, quando o jovem daimio Iyeyasu Tokugawa auxilia no golpe contra o Imperador e assume o poder como Xogum. Iyeyasu passou a governar com punho de ferro, implantando medidas que dificultaram a tomada do poder por apoiadores do Imperador e outros. Neste período, o Japão acaba tendo duas capitais, Kioto, onde vivia a família do Imperador e Yedo (atual Tóquio), onde ocorriam todas as decisões administrativas. A estrada que unia as capitais passou a ser ocupada militarmente.

As alianças entre os daimios, foram enfraquecidas, afinal, “como os daimios fossem a eterna ameaça ao bakufu, coagiu-os a passarem um ano sim um ano não em Yedo. Essa ausência dos grandes senhores de seus castelos tirava-lhes grande parte da força e os dividia” (PALMARY, 1959, p. 39).

Além dessas medidas, o Xogum decidiu tornar os limites entre classes mais rígidas, para que houvesse um maior controle e uma menor comunicação entre elas fora da relação servo-senhor. No caso dos samurais, o Xogum transformou-os em uma classe social, uma casta, onde o título era passado de geração em geração, acabando com a possibilidade de qualquer indivíduo se tornar um samurai.

“Uma das separações mais importantes era a que existia entre samurais e os não samurais. Os samurais representavam apenas cerca de 6% da população e incluíam sobretudo burocratas, porque, de facto, foi nisso que se tornaram. Os não samurais estavam basicamente divididos entre os que viviam no campo e os que viviam nas cidades”. (HENSHALL, 2008, p.81).

O período Tokugawa durou 210 anos, com aberturas e fechamentos das portas japonesas para o mundo “ocidental”. Ainda no governo de Iyeyasu, ocorreu uma breve abertura, quando houve uma melhoria na frota marítima japonesa com a ajuda do capitão inglês William Adams. Com a constante pressão do mundo ocidental e do cristianismo, as postas haviam sido fechadas de forma brusca. Segundo Palmary “Os descendentes de Iyeyasu iriam levar o feudalismo e o isolamento japonês a um excesso que, por uma contradição clássica da História, abriria por fim o Japão inteiramente ao mundo” (1959, p. 41).

Em 1750, a escolaridade japonesa cresce, apesar de as classes sociais mais baixas terem possibilidades menores de obter uma educação básica. Mesmo assim, o número de instituições educacionais básicas cresceu, já a educação dos nobres e samurais se torna mais refinada, com o foco nas artes. Realizavam-se torneios poéticos, sendo o poeta mais famoso na época o samurai Basho. Foi um período de “paz”, quando os samurais acabaram perdendo sua função militar, predominando funções administrativas e cerimoniais.

A pressão industrial europeia e americana aumentou. Em 1792, os russos tentam invadir Hokaido sem sucesso, mas deixando o Xogum alerta. Nos anos seguintes, a costa japonesa passa a ser fortemente armada. A crise econômica e agrária que atingia o Império piorou, os intelectuais e os comerciantes queriam a abertura das fronteiras japonesas para o “Ocidente”, e a nobreza estava descontente, em suma, o Xogum perdeu todo seu apoio.

“Os daimios, cansados da mão de ferro do Shogunato Tokugawa, começavam a rebelar-se. Os samurais, com 200 anos de paz, viam a perda do gume das catanas juntar-se à própria pobreza. Os chomins prosperavam mas sabiam que o intercâmbio mundial iria transformá-los de mercadores ricos em comerciantes milionários. Os intelectuais sentiam-se inquietos com a inferioridade científica japonesa ante os milagres que a técnica européia criava. Os políticos, sob a influência filosófica de Motori e Hirata, viam na pobreza do Imperador a marca da ururpação do clã Tokugawa. O povo, sabendo vagamente das conquistas políticas da Revolução Francesa, começava a amadurecer políticamente. A família imperial, cansada do astracismo político, da penúria econômica e da prisão sem grades em que vivia, aguardava com impaciência a queda do Bakufu” (PALMARY, 1959, p. 50)

Neste mesmo período, a China estava perdendo a guerra contra a abertura dos portos para a Inglaterra, que utilizava o ópio e o vício chinês como arma principal. O temor japonês de passar por algo semelhante cresceu, fazendo com que, de muito malgrado, aceitassem o Tratado de Kanagawa em 1854 com os Estados Unidos da América. “O tratado, junto com outros que se lhe seguiram, concertados com nações europeias, punha fim às perseguições religiosas, abria os portos japoneses ao mundo e dava extraterritorialidade aos nacionais dos países signatários” (PALMARY, 1959, p. 51)

Assim ocorre a abertura completa das portas japonesas para o “mundo ocidental”, apesar disso, ainda há uma resistência em relação aos novos costumes. Em 1868 morre o Imperador Komei, assumindo seu filho Meiji. “O novo imperador torna-se a esperança do país” (PALMARY,1959, p.52). O último Xogum abdica e “entrega” o poder administrativo ao novo Imperador, Meiji.

O Império Meiji
Oficialmente, a era Meiji começa em 1867, com as portas do Japão abertas, novas possibilidades políticas e reformas em todas as áreas. Ocorre uma tentativa frustrada de transformar o Japão em uma democracia capitalista, os samurais mais tradicionalistas se uniram em uma causa comum: evitar a entrada total do “Ocidente” no país, causando uma guerra civil.

Apesar disso, o Imperador conseguiu criar diversos ministérios, criar um sistema monetário – cuja moeda era o yen – os impostos passaram a ser cobrados com mais facilidade e organização, facilitou o comércio internacional e organizou o ensino básico para todo o Japão, “O Imperador decreta que a educação deve visar o amor à pátria e a veneração ao trono” (PALMARY, 1959, p.59). Começou uma forte campanha para que a população em geral aprendesse o máximo possível com o mundo Ocidental, além de contratar estrangeiros para auxiliar na modernização do país, “Contrata-se ingleses para as estradas de ferro, alemães para a medicina e higiene pública, americanos para a instrução, italianos para a arte. Por sua vez, a nata dos estudantes do país é enviada à Europa para aprender tudo que possa interessar à nação” (PALMARY, 1959, p.58) e implantou o serviço militar obrigatório.

Com essa última medida, os samurais perdem seu status social de guerreiros e deixaram de ser uma classe social, uma casta. “A lei de serviço militar obrigatório deu uma sacudida nos antigos samurais, pois ela questionou sua razão de ser, o significado de sua existência como classe privilegiada” (DUUS, 1976, p. 81). “Em 1876 todos os estipêndios foram obrigatórios e os samurais foram finalmente proibidos de usar as duas espadas que, há séculos, os separaram da gente comum. A abolição do samurai como uma classe estava completa. ” (DUUS, 1976, p. 83). Tornaram-se, então, magnatas da indústria e integrantes do governo.

Em 1904, o Japão entra em guerra com a Rússia e vence, mas o período de “paz” japonês estava oficialmente acabado. Em 1912 morre o Imperador Meiji.

Samurai em dois tempos
Ao analisar o caminho do samurai no último Xogunato e na era Meiji, deve-se analisar alguns fatos importante.

Os samurais “perdem” sua função militar pelo longo período de “paz” durante o Xogunato, por isso, acabaram virando burocratas, administradores e mestres de cerimônias. “As suas guerras passaram a ser meras guerras de papel” (HENSHALL, 2008, p. 87).
Com essa crescente perda de importância militar, surgiu uma imagem romantizada do samurai.

“Durante os anos de paz no período Tokugawa, os filósofos guerreiros começaram a formular o que consideravam o modo ideal de conduta para o samurai. Claro que, mesmo antes de Tokugawa, uma conduta do que é certo e errado tinha sido definida, e era esperado do samurai viver esses princípios de dever, lealdade, integridade, honra, justiça, fidelidade e coragem”. (HANE, 1992, p. 28)

O Bushido (O caminho do guerreiro) era utilizado como “guia” para o samurai voltar a seguir os passos de guerreiro, inspirado nessa visão romantizada dos samurais. “Ao narrar contos de guerreiros que estavam envolvidos nas batalhas de poder no período Heian e posteriores, os contadores de história geralmente idealizavam a conduta do guerreiro, descritos como cavalheirescos, altruístas e heroicos. ” (HANE, 1992, p. 28).

Uma definição que deve ser deixada bem clara é a da “moral”, que neste caso “não é uma questão de bem e de mal, mas de fazer o que é esperado, no contexto das relações sociais e da ordem” (HENSHALL, 2008, p.88).

Existia ainda uma influência do séc. XVI sobre as ações de certos samurais, o Zen. Este era um estudo que se baseava em pensamentos profundos e meditações longas sobre o nascimento e a morte,

“infelizmente, essa crença reforçou a atitude de “sangue frio” dos samurais sobre o assassinato de pessoas, apesar disso, idealmente, o samurai deveria se comportar de forma compassiva e magnânima” (HANE, 1992, p.29).
“Havia alguns no Japão dos Togukawa que perambulavam pelo país, causando perturbações aos aldeãos e inquietando as autoridades. Os quarenta e sete em questão, no entanto, são vistos como a encarnação das virtudes do samurai” (HENSHALL, 2008, p. 87)

Conclusão
Com base nos conteúdos apresentados acima, conclui-se que a imagem do samurai já havia sido perdida no período do Xogunato, sendo então reinventada neste mesmo período. Com o início da era Meiji, a necessidade de criação de símbolos e heróis nacionais foi gigantesca, o que incentivou uma busca no passado por estes elementos.

Os samurais continuavam existindo no período do Império Meiji, o que resulta em uma falsa ilusão de uma reciclagem direta da imagem dos samurais, portanto, dos 47 ronin. No caso dos 47 ronin, acabou sendo um elemento que ”restaurava” o “caminho do samurai”. Por ter existido uma perda do “real samurai” ainda no Xogunato, a era Meiji utiliza uma reciclagem de uma tradição reinventada baseada no causo da “vingança dos 47 ronin”.

Referências 
Mariana Steiner Farias, aluna da graduação em bacharelado em História da PUCRS.
mariana.steiner@acad.pucrs.br

ALLYN, John; TURNBULL, Stephen. 47 Ronin. Singapore: Tuttle Publishing, 1970.
ANDERSON, Benedict. Imagined Communities: Reflections on the Origin and Spread of Nationalism. Rev. ed. ed. London: Verso. 1991.
DUUS, Peter. The Rise of Modern Japan. Boston: Houghton Mifflin Company, 1976.
HANE, Mikiso. Modern Japan: A historical survey. Boulder: Westview Press, 1992.
HENSHALL, Kenneth G.. História do Japão. Lisboa: ed. 70, 2008.
HOBSBAWN, Eric; RANGER, Terence. A invenção das Tradições. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.
PALMARY, Luiz. Pequena História do Japão. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1959.
THIESSE, Anne-Marie. A Criação das identidades nacionais: Europa, séculos XVIII-XX. Anos 90, Porto Alegre, n.15, 2001/2002.

8 comentários:

  1. Mariana,

    Belo texto sobre um tema que me agrada. Concordo com a tese central: o episódio da vingança dos 47 serviu na construção da tradição inventada do samurai. Peço que encare as seguintes sugestões num espírito construtivo e aproveite o que lhe for útil:

    1. Eiko Ikegami, The Taming of the Samurai é uma obra excelente que trata do mesmo problema da transformação de guerreiros em burocratas e, se não falha a memória, também analisa os 47 ronin. Se não leu, recomendo sair correndo atrás. :-)

    2. O início do xogunato Tokugawa. Ieyasu não era nada jovem em 1603 - era um sobrevivente do sengoku jidai ativo desde a época do Nobunaga, trinta anos antes. E não houve golpe contra o imperador, que há séculos não tinha muita influência política além de dar títulos aos principais caudilhos. O golpe de Ieyasu foi contra Hideyori, filho menor do reunificador do Japão, Hideyoshi (para todos os efeitos práticos, um xogum que nunca utilizou esse título).

    3. A historiografia mais recente atenua o suposto isolamento dos Tokugawa. O contato comercial com a China e diplomático com a Coreia continuaram, além do comércio holandês em Nagasaki. O governo tinha a prática de interrogar os mercadores estrangeiros para se manter a par dos acontecimentos do resto do mundo, e alguns eruditos desenvolveram os "estudos holandeses", importando noções de ciência ocidental através dos livros que chegavam. Um ponto de partida útil, e referência para todo o Japão moderno e contemporâneo: Marius Jansen, The Making of Modern Japan.

    4. Personificar a Era Meiji na pessoa do imperador tem uma dificuldade - ele não tomava a maior parte das decisões. Era o chefe de governo e podia fazer praticamente o que quisesse, mas as políticas de governo em geral provinham da oligarquia que ocupava os ministérios e derivava sua legimitidade da autoridade monárquica. Fazendo uma comparação simplista mas aproximada, ele era o D. Pedro II do Japão. Ver Donald Keene, Emperor of Japan.

    5. Só para ser muito chato: o imperador Komei morreu em 1867, não 1868, e o Japão teve uma guerra contra a China dez anos antes de enfrentar a Rússia. :-)

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    1. Boa tarde Emannuel,
      agradeço as dicas e melhorias, minhas pesquisas sobre história do japão começaram recentemente, ainda estou ampliando meu repertório de leituras, por isso fico feliz pelas sugestões.
      Abraço
      Mariana Steiner Farias

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  2. Excelente texto, Mariana! A utilização do episódio dos 47 Ronins prosseguiu além da Era Meiji. No período que precedeu a Guerra do Pacífico, a imagem de samurais que se sacrificam por uma causa foi resgatada e utilizada no esforço de propaganda militarista. Mesmo o renomado diretor Kenji Mizoguchi dirigiu uma versão da história (Genroku Chūshingura, 1941), encomendada pelo governo japonês como forma de mobilização da população.

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    1. Boa tarde Newton,
      devo comentar que fiquei bem impressionada com a quantidade de mudanças que a imagem do samurai sofreu ao longo do tempo, irei procurar essa obra para poder analisá-la e, quem sabe, utilizar em trabalhos futuros.
      abraços
      Mariana Steiner Farias

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  3. Mariana, boa tarde...parabéns pelo texto! No que tange à analise do surgimento e criação de uma nação e seus valores, é correta a firmação sobre a existência de elementos selecionados e outros esquecidos (ou preteridos) propositalmente? E a quem (ou o quê) o crédito da seleção desses elementos deve ser atribuído? Pergunto isso por considerar o conceito de nação posterior à existência da mesma enquanto comunidade, conglomerado,etc... Abraço!
    Marcelo Dario Bezerra

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  4. Olá boa noite, primeiramente gostaria de parabenizar pelo texto. A forma como foi dividido o tornou bem didático que facilita e deixa a leitura mais clara. Esta visão de construção histórica usada no texto é realmente interessante para pensar como para além dos "fatos históricos" podemos ver reverberações no tempo e que muitas vezes são reafirmados pela historiografia do contexto que lhe faz referencia, seja conscientemente ou não, servindo como forte fator representativo.

    DIEGO ALMEIDA DE SOUSA

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    1. Boa tarde Diego
      fico feliz em saber que o texto ficou didático, por ser uma temática que ainda não tenho muito conhecimento fiquei preocupada de não ter ficado muito claro.
      Caso tenhas o interesse, recomendo a leitura da autora Thiesse.
      Abraço
      Mariana Steiner Farias

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  5. Olá.
    Gostaria de parabenizar pelo texto. A divisão e os autores citados ficaram muito bem dividido e dá uma boa ideia do tema trabalhado. Confesso que li o artigo por causa da curiosidade se iria citar o filme de 2013. Quando vi o filme, fiquei horrorizada com como fazem a retratação do Japão e do Samurai no filme e ao ler o livro (de mesmo nome) de John Allyn (2014) que faz uma introdução histórica sobre a história do mito. E seu artigo ajudou a compreender mais ainda o livro e o mito. Continue assim.

    Jorciane Campos

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